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quarta-feira, 28 de junho de 2017

TRABALHO E COTIDIANO DOS AGENTES DE POLÍCIA E AUXILIARES DE NECROPSIA DA POLÍCIA TÉCNICA DE RIO BRANCO - ACRE (2016)


Descrição: imagesUNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE - UFAC
CENTRO DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS - CFCH
CURSO DE HISTÓRIA




KELTON MISAEL SILVA NOGUEIRA







TRABALHO E COTIDIANO DOS AGENTES DE POLÍCIA E AUXILIARES DE NECROPSIA DA POLÍCIA TÉCNICA DE RIO BRANCO - ACRE (2016)


















           

Rio Branco-Acre
2017




TÍTULO:
TRABALHO E COTIDIANO DOS AGENTES DE POLÍCIA E AUXILIARES DE NECROPSIA DA POLÍCIA TÉCNICA DE RIO BRANCO-ACRE (2016)

INTRODUÇÃO:

Neste trabalho o propósito é discutir a relevância de duas categorias profissionais que executam um trabalho de grande valia, além de fazer um resgate da memória social, do indivíduo e da instituição, mormente ao se considerar que o objeto de estudo da pesquisa realizada é representado por duas categorias de funcionários que trabalham no DPTC, por estes trazem consigo suas necessidades, emoções, sonhos, satisfação, prazer no trabalho aliado a suas angústias, falta demais apoio dos setores públicos para poderem executar melhor seus ofícios com mais dignidade. Embora, não possamos dizer em hipótese alguma que tais funcionários sejam considerados ”coitados”, pois estes trabalham às vezes com em outros serviços para complementar à renda, sustentam suas famílias e vivem até razoavelmente bem e são sujeitos conscientes de seu papel importante na sociedade e levando em conta que todos um dia irão precisar de seus serviços.
Além de resgatar um pouco da memória e da história deste Órgão de Segurança pretendemos estabelecer e trazer à tona a identidade destes funcionários, trajetórias de vida, seu cotidiano no universo do trabalho que exercem, bem como suas aflições oriundas deste labor que os colocam diariamente em contato com um dos, senão o maior dilema da humanidade, que é sua finitude humana.

O que fica claro é que a memória dessas duas categorias de profissionais (Agente de polícia e Auxiliar de Necropsia) está constantemente sendo alimentadas por fatores estressores e impactantes por conta do trabalho, por tanto, passivo ao adoecimento. Tal como sinta Le Goff sobre a propriedade da memória que pode ter uma carga positiva ou negativa de conteúdo:

A memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas. (LE GOFF, 1990, pág. 366).      
                No primeiro capítulo, colocamos esses dois tipos de profissionais como “Operários da Morte”, de modo que esta gera de fato, se entendermos como um fenômeno que gera diversos operários em seu entorno. E no caso, dois desses funcionários seriam os: agentes de polícia que mesmo não sendo totalmente originário da Polícia Técnica, prestam um grande serviço; e outro seguimento originário do setor, e que é também nosso objeto de pesquisa, formado pelos auxiliares de necropsias. Embora saibamos que na distribuição destes agentes públicos, eles podem exercer trabalhos administrativos, atuar como motoristas, ou quem sabe como auxiliando os peritos criminais. Esses dois cargos têm algo em comum: são cargos subordinados, que se encontram na base da estrutura funcional, portanto, tem uma forte demanda de pressão por parte dos chefes superiores, além de sofrerem no dia-a-dia de seus trabalhos e cotidiano. Para efeito didático dividimos esse estudo em dois tópicos, um para cada, retratando todos seus dilemas, dificuldades da inserção neste ramo de trabalho.
            No segundo capítulo, pretendemos inserir uma discussão sobre violência urbana, fenômeno este que extrapolou no ano de 2016, segundo dados do próprio Instituto Médico Legal de Rio Branco. Vendo assim, os ranços e avanços que tem tido a Segurança Pública no Estado do Acre, sobretudo seu desdobramento no Setor da Polícia Técnica, que sobrecarrega seus funcionários, possuem más condições de trabalho, estrutura material e recursos humanos deixando ainda muito a desejar. Por ser um problema que está na “crista na onda”, está imbricado a qualquer profissional de Segurança Pública ou a qualquer cidadão Rio-branquense. Mas veremos apenas o que está relacionado à Polícia Técnica ou o que afeta diretamente o trabalho das categorias em estudo.
            No terceiro e último capítulo, trataremos da exclusão dessas categorias, das discriminações sofridas, da baixa estima muitas vezes, dos mecanismos de escapes e dispositivos de resistência a um cotidiano tão duro, maçante e de impactos sobre estes profissionais. Embora saibamos que em alguns pontos houveram alguns avanços para essas categorias nas últimas negociações sindicais com o Governo, mas fica nítido que muito há por ser feito ainda. E sabemos também que a maioria desses profissionais gosta do que fazem, apesar dos sofrimentos da profissão, e tem consciência de seu papel fundamental para a sociedade que é: de honra, proteção e respeito através de seus serviços.
    
CAPÍTULO 1 “OPERÁRIOS DA MORTE”: TRABALHO REAL DOS AGENTES DE POLÍCIA CIVIL E DOS AUXILIARES DE NECROPSIA NO DPTC DE RIO BRANCO-ACRE:
1.1    Agentes de polícia, motoristas e auxiliares de perícia no dia-a-dia de trabalho no DTPC de Rio Branco-Acre:
O trabalho real do policial é bem mais complexo do que está determinado por lei. Podemos dizer que é um trabalho mental e manual. Geralmente para ser um bom policial tem que ser arrojado, frio e racional entre tantas habilidades e qualidades que são inerentes a esta função. O policial é reflexo de sua polícia, pois é representante do Estado, e mesmo estando sempre no limite, deve manter uma postura honrosa, exemplar e até educadora.
Optamos para elaborar este trabalho no campo da História social que dá visibilidade para as classes sociais e os grupos sociais, fazendo ‘recorte de relações humanas’, bem como traz a tona os modos de organização da sociedade, os sistemas que estruturam as diferenças, sobretudo, as diferenças sociais, relacionando várias formas de sociabilidade. Pois é através dessa forma de se fazer História que podemos fazer apontamentos de baixo para cima, falar com precisão e dá voz aos excluídos, grupos populares, minorias, sindicatos, marginais, enfim fazer  outra História dessas duas categorias de trabalhadores “subalternos” da Polícia Técnica de Rio Branco – Acre.
Como nos diz Belestreri (2000), que foi Secretário de Segurança Nacional, e costuma em suas palestras defender o policial e tê-lo como um agente envolvido na construção da realidade, uma profissão dentre tantas que verdadeiramente se poderia passar alguma transformação social. Para ele, o policial é eminente educador e que por ele passa as principais questões da sociedade, pois a população que o busca lhe ver como referência ou “um pleno educador”.
Embora muitos desconheçam, mas grandes e muitas são as habilidades que os policiais deveriam ter: emprego adequado no uso de arma de foco, ser proativo, ser flexível, estar propenso à mudança, ter sentido de oportunidade, ser aberto à inovação e à criatividade, ter atitude de suspeição, ser versátil, ser amistoso, ser curioso, ser observador, ser cauteloso, ser gerenciador de crises, ter paciência, enfim, são trabalhos variados que requer habilidades diversas, controle emocional, espírito de iniciativa, sobretudo para trabalhar no DTPC de Rio Branco-Acre.
No DTPC de Rio Branco-Acre, são muitos os agentes com diversas qualidades, competências distribuídas em diversas funções, destes as administrativas, motoristas e auxiliares de peritos, trabalhos na recepção/atendimento e serviços gerais. Existem diversos agentes de polícia desviados de função por diversos motivos, inclusive o de saúde. Mas a função principal dos agentes refere-se à investigar atos ou fatos que caracterizem ou possam caracterizar infrações penais e suas principais funções consistem em: Assistir a autoridade policial no cumprimento das atividades de polícia judiciária; coordenar ou executar operações de natureza policial; executar intimações, notificações policiais; dirigir veículos automotores em serviços, ações e operações policiais; executar demais serviços de apoio à autoridade policial; executar outras atividades decorrentes de sua lotação. No DTPC eles cumprem todas essas funções, além de auxiliarem os peritos criminais nas diligencias.
Com relação ao conceito de Trabalho, diversos são os teóricos que ousaram pensar sobre este termo e prática: desde aqueles que relacionaram o trabalho com escravidão até aqueles que afirmaram que o trabalho seja único e simplesmente fonte de auto realização e proporcionador de autopromoção e felicidade aos seres humanos.
A Bíblia afirma que o trabalho veio por causa do pecado humano, e este agregou o esforço e o cansaço ao trabalho, sendo que pouco importa se isso se dá por tecnologia dura ou leve, rígida e sistematicamente hierarquizada ou não. Pouco importa se os homens inventaram métodos, fabricaram instrumentos, máquinas, robôs para realizar trabalhos mais elaborados com até menos cansaço. O certo é que, o esforço e a preocupação mudam de lugar, mas não desaparecem. O ser humano vai evoluindo em diversas tecnologias, eliminam algumas doenças e dão origem a outras. Então vejamos o que dizem alguns estudiosos abaixo sobre o sobre o assunto:
Para Freud (1930), o trabalho é até mesmo um dos caminhos  melhores para a felicidade. É do através do trabalho que o homem entra em contato com a realidade social, transforma e é transformado por ela. É a partir dacompreensão do mundo do trabalho que podemos compreender a nós mesmos.
Segundo Dejours (1989), o trabalho pode assumir um caráter patogênico ou estruturador.      Patogênico      quando há consequências nefastas à saúde mental do trabalhador. Estruturador quando há condições de favorecê-la. 
Para Ferreira e Mendes (2003), o trabalho propicia como última finalidadea própria sobrevivência física, psicológica e social do trabalhador. É umapossibilidade de expressão da subjetividade individual e da construção de umasubjetividade no trabalho, que permite saúde e não o adoecimento ao atribuir osentido do trabalho como prazer. O trabalho nesse sentido, seria tão somente uma oportunidade de auto-realização, uma forma de se manter-se vivo e feliz.
Segundo Karl Marx: “o trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza” (1980, p.202).
Mas nem todos têm essa visão sobre o trabalho marcada por excesso de otimismo. Vejamos o alemão Karl Marx, afirmavam que o trabalho, quando não é fator de realização humana, é, ao contrário, fator de escravidão e alienação”. (1997, p. 45). Ele dedicou sua vida ao estudo do trabalho e do capitalismo. Segundo ele:

No processo de trabalho a atividade do homem efetua, portanto, mediante o meio de trabalho, uma transformação do objeto de trabalho, pretendida deste o princípio (...) O trabalho gasta seus elementos materiais, seu objeto e seu meio, os devora e é, portanto, processo de consumo. (...) O meio do trabalho é uma coisa ou um complexo de coisas que o trabalhador coloca entre si mesmo e o objeto do trabalho e que lhe serve como condutor de sua atividade sobre esse objeto. Ele utiliza as propriedades mecânicas, físicas, químicas das coisas para atuar como meios de poder sobre outras coisas, conforme seu objetivo. (Marx, Capítulo V - O Processo de Trabalho)

Já Fordismo de Taylor que estabeleceu o trabalho em série e alienado nas fábricas: da racionalização, cujo objetivo é o aumento da produtividade com economia de tempo; toda a produção era cronometrada, pois o operário tinha um tempo estabelecido para executar cada tarefa. Neste tipo de produção, o trabalhador é submetido a um trabalho com gestos rotineiros e não tem qualquer iniciativa: ele não pensa e nem cria, só realiza as funções estabelecidas. É neste sentido que o trabalho se torna uma tortura, fonte de sofrimento para o trabalhador, que se submete apenas porque precisa trabalhar e sobreviver, já que ele não tem a chance de criar ou de transformar nada. E, assim, também é o trabalho moderno, nada proporcionador de saúde e realizador na maioria das vezes, muito menos auto promovedor de felicidades. Mesmo assim ninguém vive sem o trabalho por mais que ele seja muitas vezes explorador em excesso e adoecedor, ele constitui o melhor meio de sociabilidade humana.

Mas voltando aos trabalhos dentro do Departamento de Polícia Técnico-científica exercida pelos agentes de polícia civil. Para Marx existe o trabalho proletário e produtivo ou seja o que produz verdadeiramente a mais-valia na fabricação de determinado produto. Também tem os diversos trabalhos não produtivos que, pode ser qualquer trabalhador: um professor, um bancário, um agente de polícia e tantos outros. Mas o fato é que no Capitalismo Neoliberal quase todas as profissões vem perdendo renda, condições de trabalho e se proletarizando Inclusive os agentes de polícias estão entre ter um emprego proletarizado e o desemprego e proletarização geral.
Assim, podemos dizer que tais agentes de polícias ou mais uma categoria de “Operários da Morte” do DPTC sofre um processo de alienação, adoecimento por conta das precárias instalações e os fatores estressores e outras imposições que estão sujeitos, tal como Marx afirma: quanto menor a alienação de seu pessoal, mais eficiente será a organização. Os operários satisfeitos trabalham mais e melhor do que os frustrados” (1964, p. 9).

Os dispositivos de poder numa visão foucaultiana, ou seja, os constituintes do poder vão compor as formas de controle social, atuando nos espaços visíveis ou não, por meio de mecanismos coercitivos que controlam até os supostamente “loucos” ou “marginais”, ou seja: reprimindo qualquer desvio de conduta. Destarte, a polícia e demais instituições de controle social estabelecem os sujeitos que compõem o negativo da ordem. São estes órgãos que controlam. E que muitas vezes adquirem comportamentos “hitleristas” ou “fascistas”, mas, na verdade não passam de proletários a serviço do “status quo”, a esse respeito podemos afirmar algo parecido na citação abaixo:
Nesse contexto destacam-se os profissionais de segurança pública, que no exercício de sua profissão, desenvolvem atividades que por si só já consistem em risco iminente para a vida. Aliado a isso, poucas condições de trabalho, cobranças dos superiores ou órgãos subordinados bem como da sociedade, acentuam estes riscos e os tornam candidatos em potencial a serem indivíduos doentes física e psicologicamente. (RODRIGUES, 2008, p. 19-20)
            O objetivo é impor a disciplina e transformar pessoas incivilizadas em corpos dóceis. Na realidade são estruturas de adestramentos, e uma delegacia É parte dessa estrutura, tanto para as pessoas detidas, como para os funcionários que, de maneira nenhuma, querem ter semelhanças em suas identidades, mas têm pela condição social, pela dependência que têm do emprego. Tal qual uma espada colocada em diversas pessoas, uma sobre das outra e todos sob o comando da majestade. Ou seja: como alusão a uma passagem do livro Arte da Guerra de Sun Tzu. Em forma de metáfora esta passagem mostra como disciplinar seus “soldados” ou funcionários.
Por mais que queiramos negar vivemos essa eterna vigilância hierárquica que está disseminada em todas as formas de relações modernas de trabalho, inclusive na esfera técnica - administrativa. Onde toda relação social é de poder.
            Analisando, selecionando, interpretando as entrevistas dos agentes, constatamos atos de uma memória oculta que vêm à tona quando perguntados. Essa memória constitui o social, o dia-a-dia de trabalho, o econômico, o cultural, as resistências, as visões de mundo, enfim as representações sociais, tal como uma forma de desabafo destes trabalhadores da área da segurança pública. Nessa ótica:

[...] destacam-se os profissionais de segurança pública, que no exercício de sua profissão, desenvolvem atividades que por si só já consistem em risco iminente para a vida. Aliado a isso, poucas condições de trabalho, cobranças dos superiores ou órgãos subordinados bem como da sociedade, acentuam estes riscos e os tornam candidatos em potencial a serem indivíduos doentes física e psicologicamente. (RODRIGUES, 2008, P. 19-20)
           
            Há quem diga que nunca se trabalhou tanto, isto porque a riqueza e frutos inventivos da humanidade têm se multiplicado, mesmo em meio a uma enorme desigualdade econômica e social alarmante. Todavia, a máquina do “progresso” também é a “máquina da demência” gerando ao mesmo tempo uma sociedade patológica, do desconcerto e da inversão de valores.
Nesse sentido, o serviço policial é considerado o que proporciona ao profissional um grau avançado de estresse.

Daí o fato de a condição fronteiriça vivenciada pelos agentes penitenciários [ou de polícias] torná-los desacreditáveis em alguns contextos extramuros, nos quais, trazer a público sua condição de custodiado pode torná-los depositários de um estigma, num movimento de deslocamento do estigma que originariamente cerca os presidiários. Em um segundo momento, os agentes penitenciários tornam-se passíveis de outro tipo de estigma decorrente de psicopatologias do trabalho, tais como: insônia, nervosismo, depressão, estresse, paranóia, dependências químicas. Donde passam a ser estigmatizados pelos próprios colegas de profissão, pelos quais passam a ser chamados, pejorativamente, de “xaropes”, “beberrões” ou “gardenal”. (SILVEIRA, 2009, p. 8)

Por estarmos vivendo um período de crise nacional, sofremos o efeito desta política Neoliberal. Onde diversos sindicatos encapam lutas corporativistas e um sindicalismo de resultado salarial. Embora louvável lutar por si próprio, por melhores condições de trabalho e por um salário mais justo. O Sinpol-Ac – sindicato dos Policiais Civis do estado do Acre tem uma História de luta, mas não consegui deixar a vida mais confortável para a maioria de seus membros.
Sindicato este, fundado em 20 de maio de 1983, sempre representou um agregado dos servidores da Secretaria de Segurança Pública. Nós enquanto servidores do quadro, com bem menos anos de integração ao quadro de agentes de polícia civil, também não deixamos de ouvir relatos da história deste Sindicato, ao qual já tiveram grandes e honradas lideranças no comandando lutando por várias categorias, ao mesmo tempo, que compõe a Segurança.
Devemos citar aqui a figura do então presidente do sindicato Maurício Buriti, um agente de polícia veterano, que em sua luta atingiu muitas conquista para a categoria como um todo, tais como funções gratificadas e gratificações por risco de vida, ambas não  criadas pelas leis 791 e 792/84.
Passado governos e épocas, Buriti, sempre esteve presente, e claro mais algumas conquistas, em adicionais de destacamentos de policiais para o interior vieram por sua luta e de seus companheiros.
Segundo consta, em um breve histórico em folheto panfletário do Sindicato, sua luta se deu antes mesmo da própria criação da Polícia Civil do Estado do Acre. Fato este ocorrido somente após 1985. Antes disso, quem exercia o serviço de guarnecimento era a grandiosa Ex-Guarda Territorial.
Para a formação do quadro de pessoal da polícia judiciária, que dá-se no Governo de Jorge Kalume, por contrato e sem concurso. No momento da regulamentação da Profissão, a figura de nosso líder sindical estava lá também. Fato este que se deu pela lei nº. 841/85.
Sabemos que houve em anos posteriores, leis regulamentando o ingresso para o exercício das funções de agente de polícia, escrivão e datiloscopista, exigindo ensino médio. Para Delegado foi-se exigido curso superior em Direito. Aos Peritos e Médicos-legista obrigou-se ter Cursos Superiores em suas respectivas áreas.
Posteriormente, assumiu o comando do sindicato o jovem Itamir Lima que efetuou alternância de poder e a abertura para novas ideias, e mesmo representando um novo momento e uma nova geração da polícia civil, e ainda ter definitivamente concluído em sua gestão o PCCR - Plano de Cargos, Carreira e salário, mesmo assim, houveram muitas perdas salariais não supridas, pois o mesmo recusou-se ao ao artifício da Greve e fez uma gestão mais na base da diplomacia.
Entendemos que os policiais civis e até outros policiais deveriam fazer greves quando necessário, para garantir seus direitos, se revoltarem legalmente contra a situação que lhe é imposta. Embora saibamos que sem a polícia é um mundo de caos.
Mas vocês me poderiam dizer que têm tanta gente ganhando um salário mínimo, e esses é que sofrem e precisam mais? É, mas sabemos também que não estão sujeitos a levar balas no peito e ou na “cara”, sujeitos também a viver sempre no limite, à pressões terríveis, junto a fatores estressores, sem plano de saúde se caso acontecer o não óbito em trabalho; bem como tema necessidade de estar fugindo de bandidos ou seja tentar morar de certa forma afastado de tanta bandidagem, correm muito risco, sendo que a média salarial nacional quase não passa de uns três salários mínimos. Ao passo que estão sujeito a todo tipo de doenças, comprar remédios e muitos não chegam nem a se aposentar, pois na média vivem pouco mais de 53 anos, sofrem com doenças arteriais, do coração e mentais e convivem com um salário de miséria, sobretudo em algumas regiões, cito: aqui no Acre onde os bens básicos necessários à vida são altíssimos.
É notório que a polícia vem se modernizando, e sendo composta por novos quadros, e um melhor grau de eficiência em seu zeloso dever de garantir o cumprimento da ordem, da lei e da paz. E dizer isso, não desmerece todos “velhos” companheiros que levaram e levam esta polícia conduzida pelos seus trabalhos e experiências.
Mas será pouco consistente hoje, pois somente este Sindicato, não representa uma frente a um governo de pouca negociação. São muitas pautas e específicas de cada categoria: as falta de reposições de perdas salariais, os desníveis salariais, correção de injustiças, regressões de letras, aumenta de interstícios de tempo, com mudanças, melhores condições de trabalho, assistência Jurídica, luta para diminuir as micro penalidades impostas aos servidores, tal como um resquício do Período Militar Brasileiro, faltou-se efetivar uma lutar por uma melhor assistência médica aos servidores. Ou seja: lutar pela saúde do servidor bem como, a falta de uma série de outros benefícios, inclusive aposentadoria com integridade salarial e outros benefícios trabalhistas que os arautos dos capitalistas e os “abutres e raposas” velhas querem mexer, pois bem sabemos que a luta pelo trabalhador é uma lutar atenta, constante, onde se usam todos artifícios necessários.
Assim, “Se nada der certo”, como dizem os jovens no modismo que sejam policiais civis, agentes de polícia, desviados de funções sendo: vigias de prédio, motoristas de perícias, motorista em qualquer situação, atendentes ao público, auxiliares de serviços gerais, “guardinha qualquer”, como muitos assim os chamam; enfim, “paus mandados”, desvalorizados e outros pejorativos dados à função. E tal como afirmamos entrar para Polícia Civil e assim fazer carreira para quem teve a sorte de estudar um pouco mais, parece ser ainda mesmo essa “barca furada”.
Por outro lado, nesses tempos tortuosos como dizem o poeta: tem muita gente que celebrando e comemorando leis idiotas contra as classes trabalhadoras de quem trabalha ou “trabalhou a vida inteira e agora não tem mais direito a nada”. No fundo sabemos que o policial que trabalha no DTPC são pessoas como tantos outros profissionais ou funções que contribuem cada um na medida de sua capacidade para a investigação, para o estabelecimento da paz, honra das pessoas, do melhor tratamento ao público em geral, e, sobretudo da Segurança Pública.
Há quem diga que nunca se trabalhamos tanto como na sociedade moderna. Isto por que a riqueza e frutos inventivos da humanidade têm se multiplicado, mesmo em meio ha uma enorme desigualdade econômica e social alarmante. Mas a máquina do “ progresso” também é a máquina da demência gerando ao mesmo tempo uma sociedade patológica, do desconcerto e da inversão de valores.
Creio que os grupos de sindicatos e direitos humanos deveriam defender: Trabalho decente! Essa máquina a vapor da era da quarta revolução industrial, pensam apenas em lucros e em máquinas e esquecem o humano.
Em nossa sociedade o comercio têm evoluído infelizmente para meio sofisticados de enganação muitas vezes. E mais e mais pessoas vivem esse mundo do consumismo a flor da pele, mesmo não podendo ainda inserir-se, por isso, trabalhamos, ou melhor, são obrigados a trabalhar intensamente, ocasionando doença de trabalho.
Vivemos num mundo estressado: “no trânsito todos os dias, trabalhar muitas horas por semanalmente, sofrer cobrança do chefe, cônjuge, filhos e amigos, ter problemas com o orçamento, viver  relações familiares complicadas” e outras relações imbricadas uma nas outras, enfim vivemos sob o olho do poder e numa sociedade da servidão e do controle.
Temos missão de sermos proativos em excesso, até o máximo de nossa capacidade, no entanto, não ganharmos suficientemente para suprir todas nossas necessidades vitais. E ainda vivemos em meio a espertalhões que não medem os golpes baixos a nos aplicar, fazendo nos como escada para objetivos escrotos. Todo cuidado é pouco, pois os sem carácter estão em proliferação.
Ainda têm aqueles que não atingindo a maratona do consumo desejado, onde a capacidade do ter torna-se quase infinita e extremamente necessária, ingressam no trabalho informal ou enveredam para pequenos delitos.
O fato é que somos vigiamos e podemos estar classificados sem saber entre “as classes perigosas”. Nada de ócio sem culpa, temos serem homens e mulheres múltiplos. Assim, todo atraso, doença, vida pessoal, não são mais considerados, vivemos sendo castigados por tudo, por qualquer atraso de poucos minutos com descontos, demissão, opressão, humilhação e esporros.
Com efeito, não somos bem humanos, somos sujeitos do sistema de servidão moderna, onde a lei estar contra a justiça em muitos momentos. Onde muitos só nos ver como mão-de-obra, de modo a não poder falhar uma vez. E caso não produza mais a porta é serventia da casa.
Com efeito, não somos bem humanos, somos sujeitos do sistema de servidão moderna, onde a lei estar contra a justiça em muitos momentos. Onde muitos só nos ver como mão-de-obra, de modo a não poder falhar uma vez. E caso não produza mais a porta é serventia da casa. Não podemos deixar de dizer que os policiais não sofram um processo de “prisionização” por estarem em alguns em “cadeiras cativas”, num isolamento que deteriora o cérebro, causando em todas as funções que ocupam doenças psicossomáticas também, além do risco de vida constante. Conforme relatos descritos abaixo:

(...) A saúde positiva estaria associada à capacidade de apreciar a vida e resistir aos rios são os hábitos que contribuem para influenciar o bem-estar pessoal e consequentemente o Estilo de Vida, destacando-se, a atividade física regular, a nutrição equilibrada, o controle do stress, o cultivo dos relacionamentos e os cuidados preventivos com a saúde (NAHAS,2001). " ( RODRIGUES, p. 26 )

Mendes e Leite (2004) chamam a atenção para as respostas fisiológicas do estresse, integradas à vida diária dos trabalhadores nas últimas décadas. Esses ainda dizem que a relação homem-trabalho pode gerar um estresse crônico com aparecimento de sintomas, se a percepção do ambiente de trabalho não for prazerosa e o trabalhador não sentir segurança no seu emprego [...] As principais causas são: o excesso de trabalho, a execução de tarefas sob pressão, a ausência de decisões no processo produtivo, as condições ambientais insatisfatórias, a interferência da empresa na vida particular, a falta de conhecimento no processo de avaliação de desempenho e promoção e a falta de interesse na atividade profissional desempenhada" (RODRIGUES, 2008, p.31)
Por mais que queiramos negar vivemos essa eterna vigilância hierárquica que está disseminada em todas as formas de relações modernas de trabalho, inclusive na esfera técnica -administrativa. Onde toda relação social é de poder.
            Analisando, selecionando, interpretando as entrevistas dos agentes, constatamos atos de uma memória oculta que vêm à tona quando perguntados. Essa memória constitui o social, o dia-a-dia de trabalho, o econômico, o cultural, as resistências, as visões de mundo, enfim as representações sociais, tal como uma forma de desabafo destes trabalhadores da área da segurança pública. Nessa ótica:

[...] destacam-se os profissionais de segurança pública, que no exercício de sua profissão, desenvolvem atividades que por si só já consistem em risco iminente para a vida. Aliado a isso, poucas condições de trabalho, cobranças dos superiores ou órgãos subordinados bem como da sociedade, acentuam estes riscos e os tornam candidatos em potencial a serem indivíduos doentes física e psicologicamente. (RODRIGUES, 2008, P. 19-20)
           
            Há quem diga que nunca se trabalhou tanto, isto porque a riqueza e frutos inventivos da humanidade têm se multiplicado, mesmo em meio a uma enorme desigualdade econômica e social alarmante. Todavia, a máquina do “progresso” também é a “máquina da demência” gerando ao mesmo tempo uma sociedade patológica, do desconcerto e da inversão de valores.
Nesse sentido, o serviço policial é considerado o que proporciona ao profissional um grau avançado de estresse.

Daí o fato de a condição fronteiriça vivenciada pelos agentes penitenciários [ou de polícias] torná-los desacreditáveis em alguns contextos extramuros, nos quais, trazer a público sua condição de custodiado pode torná-los depositários de um estigma, num movimento de deslocamento do estigma que originariamente cerca os presidiários. Em um segundo momento, os agentes penitenciários tornam-se passíveis de outro tipo de estigma decorrente de psicopatologias do trabalho, tais como: insônia, nervosismo, depressão, estresse, paranóia, dependências químicas. Donde passam a ser estigmatizados pelos próprios colegas de profissão, pelos quais passam a ser chamados, pejorativamente, de “xaropes”, “beberrões” ou “gardenal”. (SILVEIRA, 2009, p. 8)

Por mais que o governo federal tenha investido, por certo tempo, na capacitação do policial, concedendo oportunidade deste melhorar a remuneração, desde que concluídos alguns cursos por ano pela internet (SENASP), o fato é que o PRONASCI, um programa de bolsa foi suspenso, além do mais, este não conseguia preparar todos os policiais, pelo fato de muitos não terem acesso a esta oportunidade. A este respeito, Fernando José Morais referindo–se à situação do interesse pelo preparo de policiais na instituição, afirma que:

Isso é positivo por dois motivos, primeiro porque esses policiais mais novos já aprenderam o suficiente com os Agentes antigos sobre a forma como a instituição funciona; segundo porque eles (os policiais jovens) significam “renovação”, já que se formaram sob uma nova sistemática jurídica, e por isso, são mais comprometidos com a Instituição. Isso não significa que os Servidores mais antigos não tenham esse compromisso social e jurídico, mas eles se formaram num tempo diferente, cujas perspectivas eram outras, onde a função primordial deles era defender o Estado e não a Sociedade, como ocorre atualmente. '' (NOGUEIRA, 2015, p 47-48)
Em tais situações o Estresse a que está submetido um policial civil, ou melhor, um agente de polícia seja ele colocado em qualquer setor e mais especificamente no DTPC de Rio Branco-Acre é muito intenso, pois lidam com o sofrimento humano, mesmo que sofrimento e emoções alheias. O que provém muitas vezes de dirigirem no tumultuado trânsito da capital e pelo fato de estarem no limite, arriscando suas vidas e viverem em constante conflito visível e não visíveis. Embora o Estresse seja um constante estado quase que natural para o policial, não é uma doença, por mais que se aumente a cada dia o número de atendidos no NAP – Núcleo de Atendimento Psicológico da Secretaria de Segurança. Quanto a isso, os autores, abaixo torrna mencionar sobre tal assunto:
(...) o estresse no ambiente de trabalho geralmente está relacionado com a organização das tarefas. As principais causas são: o excesso de trabalho, a execução de tarefas sob pressão, a ausência de decisões no processo produtivo, as condições ambientais insatisfatórias, a interferência da empresa na vida particular, a falta de conhecimento no processo de avaliação de desempenho e promoção e a falta de interesse na atividade profissional desempenhada”. (RODRIGURES, p. 31)


A saúde do trabalhador deve ser avaliada dentro dos aspectos ocupacionais físicos, químicos, biológicos, mecânicos, ergonômicos, psíquicos e sociais. Além disso, o trabalhador necessita de uma abordagem holística, visto que, para detectar um individuo doente, o especialista precisa atentar para uma serie de características, como a tarefa executada no trabalho, o ambiente de trabalho, as relações interpessoais, os hábitos de sono e alimentares, a aptidão física, entre outros (MENDES E LEITE, 2004)  (RODRIGUES, 2008, p. 35)


Estes trabalhadores vivenciam em seu cotidiano o embate entre o conjunto de prescrições e exigências para a realização das tarefas, e a disponibilidade dos recursos materiais e tecnológicos, concedidos ou negados conforme políticas institucionais. No confronto entre o que lhes é exigido e os meios de que dispõem para realizá-lo, esses servidores mobilizam seus próprios recursos emocionais, cognitivos e físicos (DE JOURS, 1999) " (RODRIGUES, 2008, p. 37)

Segundo Fernando Morais em sua monografia de 2007, que têm como título: A Educação do Policial Voltada Para a Cidadania: A Aplicação dos Direitos Humanos pelo Servidor Policial Civil, a qual têm as seguintes reclamações e são semelhantes à DPTC de Rio Branco-Acre e de quase todos policiais, sobretudo agente de polícia civis do Acre:

1)“Preparo psicológico do policial devido ao alto índice de stress do trabalho” ; 2)“Melhor qualidade de vida ao Policial (casa própria, material de trabalho e recursos)”; 3) “Investimento na qualificação dos profissionais tanto em relação à qualificação profissional, quanto pessoal”; 4)“Respeito ao Policial, a família do policial civil, remuneração adequadamente e dado o tratamento para que possa exercer sua função com qualidade”; 5) “A administração tem que vir para a Regional ver as dificuldades dos Policiais. Os Policiais do interior trabalham mais do que os Policiais da capital, já que tiram plantão corrido “24hs” e trabalham no expediente”; 6) “O policial deve ser bem remunerado e incentivado a se instruir; o conhecimento deve ser um diferencial para que o policial possa ascender hierarquicamente. Atualmente os policiais não se instruem porque têm dificuldades financeiras. Não podem arcar com os custos da educação e tem que ocupar seu tempo com trabalhos informais para complementar sua renda”; 7) “Remuneração digna ao policial civil”; 8) “Respeito ao Policial, a família do policial civil, remuneração adequadamente e dado tratamento para que possa exercer sua função com qualidade”; 9) “Deveria ser aplicada a norma de “40hs” de trabalho ao Policial Civil, pois no interior ele trabalha em plantões e no expediente”; 10) “Uma reciclagem  para quem teve na CADEPOL(Sic)”; 11) “Nós Policiais, deveríamos ter uma orientação maior com relação a padronização dos serviços prestados por uma unidade policial”; 12) “O Policial estar satisfeito com a vida Policial (...) com Chefia, acreditando que alguém se interessa pela Polícia.”  ( MORAIS, 2007, p. 74-79)


O trabalho é o centro de sociabilidade e de identidade, das rotinas em questão mostram como isso pode construir uma linguagem em que comunicamos uns com outros, sendo isso uma maneira de nos adaptamos a todas as formas de esforço mental e físico.

                        A lógica irônica é que o trabalho o torna adoecedor do próprio e pouco proporcionador de saúde para os trabalhadores. As relações com as maquinas ou instrumentos motores é pela lógica é compreender o que uma determinada maquina ou sistema faz com aquele que a manuseia, os agentes sofrem com isso, eles sabem quem é o causador desse problema, mas não sabem como deve agir e se podem, gerando uma rotina cansativa que aliena e desenvolve no trabalhador/policial uma serie de complexas ergonomias regidas ou relação das máquinas, ambiente aos trabalhadores, como é citado abaixo:

Ergonomia “Física: que lida com as respostas do corpo humano à carga física e psicológica do trabalho”. Tópicos relevantes incluem manipulação de materiais, arranjo físico de estações de trabalho, demandas do trabalho e fatores tais como repetição, vibração, força e postura estática, relacionada com lesões musculoesquelética.
Ergonomia Cognitiva: também conhecida como engenharia psicológica, refere-se aos processos mentais, tais como percepção, atenção, cognição, controle motor e armazenamento e recuperação de memória, como eles afetam as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Tópicos relevantes incluem carga mental de trabalho, vigilância, tomada de decisão, desempenha de habilidades, erro humano, interação humana-computador e treinamento.
Ergonomia Organizacional: ou macro ergonomia, relacionada com a otimização dos sistemas sócio técnicos, incluindo sua estrutura organizacional, políticas e processos. “Tópicos relevantes incluem trabalho em turnos, programação de trabalho, satisfação no trabalho, teoria motivacional, supervisão, trabalho em equipe, trabalho à distância e ética.”  (GUEDES, Leonardo, p. 21)


            Os agentes acabam-se deparando não só com os seus próprios serviços, mas com vários daqueles que não correspondem como a tarefa de auxiliar os delegados, diretores, coordenadores ou chefia dentro da Secretaria de Estado da Polícia, mas acabam obtendo um esforço maior para cumprir diversas funções, além de seu trabalho especifico e inerente de investigar, tal como os que trabalham no DPTC como: motoristas, agentes administrativos, atendentes, auxiliares de peritos, uns são vigilantes de prédios e carros, outros auxiliam no serviço de necropsia no IML. Abaixo temos alguns agentes de policia do DF pensam a respeito sobre suas tarefas que executam além de seu serviço:

1)“Eu acredito que seria exercer a Polícia Judiciária, não somente auxiliando, mas realizando a investigação em si, operação, mandado de prisão, eu acho que seria uma investigação mais ampla. O agente de polícia tem a função de investigador"2) “Bom, as tarefas básicas do Agente é auxiliar o Delegado, essa seria nossa tarefa, auxiliar, mas acaba que a gente faz o trabalho além, que seria o trabalho de investigar. Entendeu? Tudo feito pelos Agentes de Polícia né? Investigação, relatório, oitivas, tudo isso é feito pelo Agente de Polícia, isso seriam atribuições pela lei do Delegado, porque a gente é auxiliar do Delegado, porque não tem muitas funções detalhadas.”3)“Concordo com eles, ainda mais que na legislação, uma que a gente sabe muito bem e está escrito, é dirigir viatura, um caso que é inclusive motivo de “chacota” por causa disso, mas concordo com eles, porque nossa tarefa mesmo, mesmo, se for seguir ao pé da letra é auxiliar o Delegado.”4)“Nunca fomos nem seremos agentes dos outro ou da autoridade policial. Ademais autoridade policial em sentido mais cientifico é todo aquele que exerce o poder da policia. Seja PM, civil ou federal. O agente de policia é para cargo com as atribuições mais complexas, pois vai a campo atrás de provas, autoria, materialidade etc. Este cargo deve possuir nos seus quadros pessoas com conhecimento cientifico e legal para cumprir suas atribuições legais de forma eficiente e eficaz.” (Em: <https://www.facebook.com/groups/EPAspcdf/?ref=ts&fref=ts>)." 5)“É porque na verdade as atribuições do Agente de Polícia ela não é detalhada, salvo em engano são três incisos, a investigação em si é atribuição do Delegado de Polícia. A legislação é muito vaga, na minha opinião, a norma não define, não limita, a gente tem várias atividades que não estão limitadas em lei, nada está escrito como deveria está. Agente exerce um pouco o papel de Escrivão, Delegado.” ( GUEDES, Leonardo, p. 27-41)

Trabalham no DPTC agentes de polícia com expedientes diários, de 6 horas corridas, alguns administrativos e outros operacionais. Porém, existem os plantonistas com escalas de 24h por 72h, sujeitos a diversos fatos que na maioria estão relacionados ao fenômeno da morte, seu desdobramento ou perícia e investigação. Para obtermos uma visão do trabalho na Polícia Técnica de Rio Branco Acre-Acre entrevistamos alguns cinco agentes de polícias e três auxiliares de necropsia tentaram expor a trajetória de suas vidas, bem como seu trabalho e cotidiano no DPTC.
 Das 08(Oito) entrevistas que realizamos com os funcionários do órgão de Polícia Técnica, estes foram quase unânimes, em destacar a qual o tipo de papel deles, falta de condições de trabalho, os fatores estressores e adoecedores do ambiente de trabalho,  falta qualidade de vida, a necessidade de valorização do trabalho que realizam e as precárias condições trabalho, sofrimentos psicológicos e falta de um melhor lazer e melhor salário e muitos outro assuntos correlacionado. Para efeito de privacidade colocamos nomes fictícios para nossos entrevistados, e segui abaixo alguns depoimentos Orais:

Conversamos com agente Daniel sobre o que faz como sindico do prédio e quantos anos trabalha no IML, ele ressalta que trabalha a mais de cincos anos e sua função é na manutenção do prédio que se baseia em providenciar o conserto, suplemento e assistência:

“Na realidade, eu trabalho aqui tem cinco anos e eu comecei organizando arquivos, prestando serviços na secretaria, e hoje não existe oficialmente a função de sindico do prédio, mas eu executo essa função, que é de cuidar da manutenção do prédio, é cuidar de abastecer o material de toda parte material, suplemento do material que seria: tinta de impressora, lâmpadas e verificação de lâmpadas queimadas, ar-condicionado, eu faço essa supervisão não conserto, se existe o problema e providenciou o conserto”.



Cassiano explica como foi à integração do DPTC em um só instituto e a provável data, se isso melhorou o DPTC tornando-o mais acessível às investigações de casos, ele disse que os institutos já existiam sozinhos e havia certa precariedade até porque os casos eram resolvidos em partes de hospitais que havia na época.   

“O DPTC foi criado com a necessidade de reunir os quatro institutos em um local só, são instituto de criminalística, identificação, análise forense e o medico legal, esses institutos já existiam sozinhos, só que todos subordinados pela polícia civil, mas eles existiam em setores separados, né, é, mas como se interligam, são interligados por pesquisa seja uma pessoa morta no IML necessita fazer uma identificação o instituto de identificação ajuda, precisa fazer um exame de DNA para identificar a pessoa, o instituto de análise forense presta esse serviço e a parte de perícia que é descobrir por que essa pessoa, como e por que essa pessoa ter morrido que é a parte pericial, então eles estão interligados né, para fornecer esse serviço, e, por isso a necessidade está em um prédio, só agora a data da criação do instituto, infelizmente não sei a data, eu sei que esse instituto atua a mais de 10 anos”.

Ainda indagamos sobre as questões do instituto e aqueles que trabalham no setor DPTC, ele ressalta um pouco da estrutura do instituto e seus funcionários.

“Em termos de estruturas físicas nos evoluímos muito, unindo esses institutos, apesar de que ainda temos muito que evoluir né, necessidade de material é muito grande e mão-de-obra especializada, o pessoal e todo funcionalismo que trabalha aqui nessa instituição”.

O agente Martinho relata que a partir de 1989, somente concursados poderiam exercer as funções de policial, na verdade isso ocorreu pela falta de mão-de-obra com boas qualificações e formações em diversas áreas. O salário nunca podia ser dado igualmente a cada agente como ele me diz: “... só posso exigir um bom salário se eu oferecer uma mão-de-obra qualificada”.

“A polícia é, alias o estado criou uma lei a partir de ‘89’, deveriam ser admitidos nos quadros do estado concursados, funcionários públicos que deveriam ser concursados sós que isso ‘89’ ate que se estruturasse tudo isso”. “Chegamos ao ano de 202 para que houvesse o primeiro concurso para a polícia civil, primeiro concurso integrado para a polícia civil e militar e isso foi o primeiro curso; só um momento, então é, antes disso o funcionário ele era contratado sem concurso público, com a venda de concursos públicos começou a selecionar melhor mão-de-obra pra se exigir do governo um bom salário é preciso que apresente uma boa mão-de-obra e eu apresente qualificações, bons qualificações para o cargo que eu estou prestando então hoje nos temos é, agentes de polícia civil e funcionários como o superior prestando um excelente serviço a polícia é, então hoje já estamos com PCCR um projeto do PCCR melhorado onde ele visa a qualificação e a melhoria salarial do funcionário, o agente de polícia civil, eu só posso exigir um bom salário se eu oferecer uma mão-de-obra qualificada e essa mão-de-obra ela tá sendo feito o PCCR essa qualificação né, da minhas qualificações e cursos que tenho que são oferecidas”.

Perguntamos ao agente Fernando sobre os problemas existentes na polícia civil e suas possíveis causas, segundo ele o policial deve agir firme e imparcial diante aos fatos e sem nenhum obstáculo como: a família do falecido, sentimentos e principalmente o medo.   

“Ela exige a imparcialidade, o perito tem que ser imparcial ele tem que trabalhar mediante a verdade dos fatos.” “Ele tem que descobrir a verdade dos fatos é, sempre analisando cientificamente né, todas as provas pra que no momento que ele assinar o laudo, o perito ‘fulando de tal’, ele vai levar isso até o fim, ele vai até o fim, então tem que se tomam muito cuidado na realização desses laudos. Na realização para que o laudo saia imparcial mostrando a luz da verdade”.

De tal modo, perguntamos ao agente Laurico sobre a independência da pericia criminal e não mais um órgão que trabalha para a justiça, ele afirma dizendo que existem grupos a favor da pericia se tornar um órgão independente, mas tende colocar “... ela tende balançar um dos lados da balança porque quando uma pessoa comum particular está com um problema e ele logicamente vai ter que a pericia o favoreça” querendo dizer que a verdade dos fatos seria apagada.      

“A questão de a perícia criminal ser um órgão independente é relativa porque tem um grupo que quer, mas a gente entende que, nos entendemos que a pericia ela faz parte justiça, a pericia é um braço da lei a favor da verdade, ela não pode é, trabalhando para a justiça ela se tornar mais imparcial possível, eu acredito que a perícia sendo em órgãos particulares ela tende a balançar um dos lados da balança porque quando uma pessoa comum particular está com um problema e ele logicamente vai ter que a pericia o favoreça, ele vai está pagando, ou seja, á pericia criminal ao seu favor...”.

Perguntamos ao agente Marcelo como é a criminalística, o que deveria melhorar e os funcionários que trabalham nela, ele responde que os peritos criminais arriscam a vida deles em meio dessas investigações sofrendo com a violência e a impunidade.

“Deveria melhorar, porque os peritos criminais trabalham muito pra arriscar suas vidas no local que eles são chamados.” “Pois é, isso que eu falo, a profissão dos agentes, peritos criminais é muito arriscada, nesse caso teria que ter uma segurança mais forte no local do crime pra não arriscar a vida deles”.

Perguntamos ao Juscelino sobre a falta de investimento do setor DPTC e a desigualdade no trabalho, o mesmo apresenta-nos o seguinte quadro, de desestruturação do IML e da Polícia Técnica como um todo:

“Verdade, falta investimento, pessoas melhor para um trabalho de risco, são identificação, criminalística e IML”. “Um local muito contaminado, os profissionais merecem melhor gratificação, deste o agente ao perito criminal”.
      

  
                           





            



1.2     Ossos do Ofício e Realidade Social – trajetórias de vidas no labor e cotidiano dos auxiliares de necropsia no DTPC de Rio Branco-Acre:
O primeiro contato com o IML se deu quando de nossa lotação na Polícia Técnica em 2016, principal recorte temporal no qual mais nos atemos aqui neste trabalho. Percebemos logo que esse espaço da Polícia técnica atrai bastante curiosidade das pessoas que por ali passam ou das pessoas em geral.
Se no primeiro tópico falamos mais sobre a vida dos agentes do DPTC e os dilemas dessa profissão, agora tentaremos retratar a profissão de auxiliar de necropsia e seus dilemas, trajetórias de vidas no labor e seu cotidiano. E dentro desse cotidiano e realidade social observamos possibilidades de adoecimentos psicológicos e também nos deparamos com problemas estruturais de Saúde Pública. Tal como se segue os trecho abaixo:

Eu já fui depor uma vez na Delegacia Legal, 5ª Legal, eu escutei uma piada, um colega pegar minha carteira e falar para o outro assim: “O cara é açougueiro”. Me chamou de açougueiro. Quer dizer, além de atacar um colega de profissão, que ele é tão polícia quanto eu — eu tenho carteira, tenho arma, ele tem carteira e tem arma também, somos colegas, ele tem contracheque, eu tenho contracheque — mas você nota uma espécie de... que não me abala em nada! Denigre ele, que não tem a visão que a Polícia Técnica é importante também. Muito importante. (Auxiliar de necropsia)

Por fim, há ainda a questão da morte, que contribui para a discriminação sentida pelos profissionais do IML no interior da Polícia.

O IML, o nome até espanta, Instituto Médico-Legal, então o pessoal tem pavor, até a própria Polícia tem pavor, eles não vão lá. (Auxiliar de necropsia)

E, no entanto, o trabalho do “patinho feio da Polícia Civil” (definição de um membro da Diretoria) reveste-se de tamanha importância que extrapola a área da Segurança Pública, pois se relaciona com questões de grande interesse sócio-sanitário. No IML está localizado o “ponto final” das expressões sociais violentas. ''

" Estudar a atuação do IML também interessa à Saúde Pública porque a instituição abriga, em seus quadros, profissionais da saúde, realizando exames clínicos em pessoas agredidas ou acidentadas e exames necrológicos em vítimas fatais da violência. O IML está historicamente vinculado ao campo da Saúde e da Medicina Legal, e uma discussão pertinente diz respeito ao seu caráter institucional, que para muitos deveria ser autônomo da Polícia, passando a funcionar como um órgão da Saúde, da Justiça, ou como uma autarquia. (Lorenzo Aldé,2003, p. 12-13)


Sabemos que quase todos os funcionários trabalham de alguma forma com os mortos, mas especificamos aqui o trabalho dos auxiliares de necropsia, que são os passam mais tempo trabalhando no necrotério, lugar este tachado de mal cheiroso, onde muitos não querem de forma alguma ir até lá. Mas os “necrotomistas são servidores policiais que auxiliam na execução de necropsias médico-legais, procedimentos periciais realizados em vítimas de mortes violentas ou de óbitos em circunstâncias suspeitas." (Silva, 2014, p 15).
Com a mesma intenção perguntamos ao Marivaldo, um auxiliar de necropsia, como é sua rotina em um trabalho tão estressante como aquele, ele fala que trabalha a mais de 29 anos como auxiliar sempre mexendo nos cadáveres junto com outros auxiliares que sua maioria já conhece á muito tempo.

“Bem, eu trabalho aqui já faz 29 anos desde quando começou, juntou os institutos e a gente trabalha ali no IML já prestes a se aposentar e, já vimos de tudo, situações difíceis ai em nosso trabalho, nosso trabalho consiste em realmente é, quando chegar o cadáver a gente abrir o cadáver, claro que o medico faz grande parte do trabalho cientifico e a gente abre o cadáver e costura e, é isso mesmo a gente faz diariamente essa luta, não só a gente, e mais 11 auxiliares de necropsia muitos são antigos, uns mais novos, uns que tem quase 70 anos que nem eu e de 30 anos a 11 anos trabalhando e, isso no dia-a-dia no trabalhando como auxiliar de necropsia.”

Indagamos ainda ao auxiliar de necropsia Ronaldo, sobre a estrutura, a grande demanda dos serviços feitos no IML e as dificuldades enfrentadas por esses auxiliares, ele aborda que o IML sofre com isso junto com seus profissionais, com serviços lentos e fúteis e as dificuldades salariais.

“É verdade, o IML na verdade, falta tudo né, as estruturas, os recursos humano, materiais, as estrutura tão tudo sucateadas, precisamos de agentes, é lugar que precisa de mais gente que trabalha com a gente, e quanto à dificuldade que a gente tem é em relação ao salário você já imaginou um auxiliar de necropsia ganhar três mil pra ficar abrindo cadáver, removendo em todas as situações, trazer para fazer o trabalho cientifica, é muito difícil, as categorias são desprezadas, não tem olhado pra gente mesmo com plano, nos temos sido esquecidos e vivendo com muita dificuldade, mas estamos indo, meu tio tá pra aposentar e vai ajudar um pouco.”

Conversamos com a auxiliar de necropsia, Francisca e indagamos como se juntou os institutos qual foi sua colaboração como profissional que viu essas mudanças, ele relata não se lembra, mas afirma que o último instituto a se unificar foi IAF, diz também que a mudança não colaborou muito com as estruturas que continuaram a mesma e seus profissionais.
     
“Bem eu não me lembro de quando juntou tudo, (...) primeiramente a gente sabe que a polícia técnica é, eles faziam exame de delito nos hospitais da cidade, desse tempo todo de serviço não me lembro de bem quando juntou, mas o último que se juntou foi o instituto do IAP né, depois foi botando, botando mais por necessidade só que não tem uma estrutura tão boa como a gente percebe, têm que está sempre inovando tecnologicamente, com as pessoas, um novo material tecnológico, vai crescendo e crescendo a demanda, isso não para é um serviço que todas as pessoas vão precisar é um serviço que quer da gente o controle emocional muito estrutura psicológica né, a gente sabe que alguns amigos, colegas aqui ver sofre, né, com a tensão do trabalho quando se envolve com o cadáver, a família cria uma história que fica difícil para os dois lados da corrente, e pra sair dessa tensão é, brincar, ficar na boa leva isso na brincadeira ou nem olha, outros bebem e vão pro espiritismo e ‘um cacete a quatro’... ”.


Muitos menosprezam em todos os sentidos o trabalho dos auxiliares de necropsias. Entendem como algo como algo que dar até nojo, como sendo um trabalho desqualificado, porém esquecem a imparcialidade que têm, assim com certo grau, de cientificismo é como se fossem os auxiliares “anões” montados em cimas de grandes “gigantes” que são os médicos legistas e outros profissionais quem trabalham e usam o corpo morto como objeto de estudo e investigação. Assim, tal como o autor abaixo nos coloca:

Esse contato forçado com uma atividade estranha ao desejo e aceita unicamente como meio de sobrevivência "condensa de alguma maneira os sentimentos de, de inutilidade e de desqualificação, ampliando-os. Desqualificação indignidade cujo sentido não se esgota nos índices e nos salários. Trata-se mais da imagem de si que repercute no trabalho, tanto mais honroso se a tarefa é complexa... (DEJOURS, 1992, p.51 apud VASCONCELOS, 2000, p. 37)

Num artigo das autoras Vanessa Andrade de Barros & Lilian Rocha da Silva retratando o trabalho e o cotidiano do IML de Belo Horizonte cremos que temos muitas semelhanças quanto a essa profissão em qualquer lugar ou cidade do Brasil. Segue uma sequencia de alguns trechos relacionados à profissão de auxiliar de necropsia:


[...] É... Entrega cadáver, colocar cadáver na geladeira, é... marcar no livro lá o cadáver que saiu e o cadáver que entrou... é... assinar guia de rabecão... [...] é... colher material... apont... registrar o material no livro, colher o material certo... de forma certa. Colher o material... o projétil certo, da forma certa e fechar e lavar o cadáver. Fazer a necropsia. Tirar e colocar o cadáver na mesa. Não éi... muita coisa, não é um trabalho pesado, é muita coisinha que tem que ser feita e o tempo é curto. E tem que ser feita. Então isso demanda uma certa dinâmica do trabalho... [...] o próprio DNA, tem que colher o DNA, faz tudo certinho dentro do saquinho... pra mandar lá pra cima. Protocolar tudo... então são só funções... não é serviço, né?, são funções... [...] muitas funções que tem que fazer durante o período. E isso aí... isso dá volume muito grande. O pessoal reclama disso, que é muita coisa pequena pegar o material aqui e mandar lá que se faz, que é muita coisa que se joga pra cima do auxiliar. [...] nós temos que em cima. Como a gente leva lá em cima, qualquer erro nesse pegar e levar lá em cima lá é culpa do auxiliar. Então é... são essas coisinhas que vão enchendo você [...] que você acaba se estressando, [...] criando tanto problema. (Auxiliar de necropsia) (Vanessa Andrade de Barros & Lilian Rocha da Silva, 2004, p. 322)

Quanto à sala de necropsia que exala um forte odor, também se constitui uma grande dificuldade, sobretudo para quem está iniciando o trabalho... deve-se ter muita atenção para está inovando este setor a todo tempo. Um cheiro forte, marcante, principalmente dos cadáveres em decomposição; manifesta-se concretamente na impregnação dos cabelos, das roupas e do próprio corpo daqueles que trabalham nas salas de necropsia, embora alguns funcionários mais antigos pouco se incomodassem como isso:



[...] no 2º dia que nós estávamos na academia nós viemos aqui, só pra conhecer. Aí eu conheci o cheiro, a imagem eu já tinha... aí eu falei “não vou me adaptar nesse cheiro não...”. A roupa tá suja... cabelo tá cheirando mal... De vez em quando a gente ouve: “Mas tá um cheiro estranho... você foi ao necrotério hoje?”. (Médico legista) (Vanessa Andrade de Barros & Lilian Rocha da Silva, 2004, p. 324)

 [...] principalmente na hora que eu vou tomar banho, que é a hora que eu tiro essa roupa. A impressão que eu tenho é que se eu passar álcool no corpo não vai adiantar. (Auxiliar de necropsia) (Vanessa Andrade de Barros & Lilian Rocha da Silva, 2004, p. 324)

Já em relação ao primeiro contato com o corpo:

[...] o tato, a primeira vez você sente que... a diferença é grande, porque você tá tocando uma coisa fria. A primeira vez que você assusta quando você mexe numa necropsia é toque, é sentir a coisa fria. Você saber que é uma pessoa, essa é a sensação do tato. E tá lá pegando uma coisa fria. E aquela coisa fria que ao mesmo tempo não é um sólido, não é uma coisa dura, que é... tem o lance da carne né, que é... sua maciez, e não é só sua maciez é uma pessoa! [...] O asco, vontade de vômito, isso não aconteceu não, mas a sensação do tato impressionou bastante, no meu caso. (Auxiliar de necropsia) (Vanessa Andrade de Barros & Lilian Rocha da Silva, 2004, p. 325)

É claro que os funcionários que exercem esse trabalho, têm que ser frio, não se envolver com os parentes dos mortos, não entrar na história dele para não se sensibilizar. Para eles chegou algum cadáver no IML, é apenas mais trabalho, por que de forma nenhuma possam ter seu trabalho tachado pejorativamente de “açougueiros”. O morto entrou se tornou objeto de pesquisa e toda ação a partir daí será imparcial:

Todos os dias... é... o problema grande é... a questão é que todos os auxiliares, queiram sim, queiram não, são altamente frios em relação ao trabalho. Então o que chega no necrotério é... não é qualquer coisa que vai derrubar. Chega lá, se tiver 10 casos de tiros, ele tá vendo ali que são 10 trabalhos, ele vai cansar pra fazer aquilo ali. Ele não vê aquilo ali como gente, entendeu, ele respeita sim, mas ele não como gente, ele vê como trabalho. (Auxiliar de necropsia) (Vanessa Andrade de Barros & Lilian Rocha da Silva, 2004, p. 326)


Se você continuar envolvendo, envolvendo que você acaba criando... problemas [...] você tem que poder trabalhar, sair e voltar no outro plantão totalmente pronto pra fazer seu trabalho novamente, e sair novamente, e assim você ficar nessa rotina, né?, na rota do trabalho. Ficar se envolvendo, você sai da rotina, você começa a fazer uma coisa que você não deve fazer... você começa a preocupar demais, se envolver com o sentimento da família, que é terrível, mas é um sentimento que a gente... ele é pegajoso, ele passa pra gente fácil demais, então... ele te contamina... ele te contamina e como você sair desse contágio aí é difícil... então quanto menos você tem esse contato com a história dos cadáveres é melhor... é sentimento, envolve ser humano, a gente tende a solidarizar... [...]. por isso que eu falei que “me ferrei” porque eu acho que eu estava me solidarizando com... o cadáver e com a família do cadáver, mais com a família do que com o cadáver. (Auxiliar de necropsia) (Vanessa Andrade de Barros & Lilian Rocha da Silva, 2004, p. 326)

Existem nessa profissão: dispositivos, artifícios para evitar o lado negativo dessa profissão, tais como caminhar pelo caminho da fé, principalmente muitos adotam o caminho do espiritismo, outros enveredam em bebedeiras... e é comum usar de brincadeira para aliviar a tensão, mas sem dúvida pode ser um levar o funcionário aqui, ao adoecimento mental e físico:

É, por que... é o que eu falei pra você, as pessoas reagem de forma diferente nessas situações, né? Alguns bebem, outros se pegam na fé, aqui antes, o pessoal era muito ligado ao espiritismo então, eles tinham uma explicação melhor pra isso, conseguiram se livrar bem das situações. (Auxiliar de necropsia) (Vanessa Andrade de Barros & Lilian Rocha da Silva, 2004, p. 327)

[...] chega um momento que você estoura... isso leva ao alcoolismo desenfreado, isso leva a um... um tratamento... isso acontece muito, já aconteceu muito [...]. (Auxiliar de necropsia) [...] não que o caso de alcoolismo tem a ver com isso aqui, mas teve os casos de alcoolismo aqui, então a gente pensa que poderia ter uma conexão, então vamos fazer a coisa e não envolver muito, vamos trabalhar direito, vamos fazer o serviço da forma como deve ser feita e isso quanto menos possível você conseguir ou olhar pro rosto do cadáver ou tentar saber a história dele melhor pra você sair daqui... sem precisar beber... você fez seu trabalho e acabou. (Vanessa Andrade de Barros & Lilian Rocha da Silva, 2004, p. 327)

[...] esses momentos revelam o espírito lúdico que, mesmo sendo “espremido”, encontra um canal e uma forma de escoar, como que um espírito lúdico rebelde, o que não permite ser aprisionado e, muito menos, excluído da vida. O brincar é possível e, segundo alguns estudiosos, é um elemento essencial ao espírito humano, uma categoria absolutamente primária da vida e tão essencial quanto o raciocínio. (Vanessa Andrade de Barros & Lilian Rocha da Silva, 2004, p. 327)


               CAPÍTULO 2 AS CONDIÇÕES DE DUAS CATEGORIAS SUBORDINADAS (AGENTES DE POLÍICIA E AUXILIÁRES DE NECROPSIA) DIANTE DA CONSTANTE DINÂMICA DO CRIME EM RIO BRANCO-ACRE:
                   2.1 A falta de estruturação da Polícia Técnica - e o impacto sobre as condições de trabalho dos profissionais deste setor:
Atualmente, a Polícia Técnica de Rio Branco – Acre, dispõe de um diretor geral, o perito criminal Haley Vilas Boas, junto a mais a mais quatro dos institutos de criminalística, de Identificação, Análise Forenses e do Instituto Médico Legal, todos diretores assessores são também peritos, excetuando o último perito citado (IML) que é um médico-legista. Mas sabemos que a Polícia Técnica já teve vários diretores e assessores, e que cada um fez o que deu na medida das suas condições.
O presente projeto tem por objeto de estudo o cotidiano e o trabalho de duas categorias (Agentes de Polícia e Auxiliares de necropsia), sujeitos sociais tidos como trabalhadores “excluídos” ou “subalternos”, no contexto da sede da Polícia Técnica em Rio Branco – Acre.
Para enveredarmos neste estudo optamos pela História Social, pois esta corrente histórica é a que está mais imbricada com outros tipos de histórias, tais como: econômica, cultural, micro história e outras. Além de estar intrinsecamente envolvida com a história oral, haja vista que mesmo sendo um desafio, pois entraremos na intimidade dos entrevistados e da instituição, de modo que há certa intimidação por partes de alguns funcionários ou até certo temor.
Como sabemos a História Social não é inteiramente marxista, mas o nosso propósito é desenvolver uma pesquisa para produzir um texto dissertativo do ponto de vista dos “excluídos” e não voltada aos interesses institucionais, mas sim, uma “história vista de baixo”, com um olhar para as minorias.
Somente assim, poderíamos valorizar essas duas categorias de funcionários, seus modos de vida ou modo de “fazer-se”, trazendo para o cenário da escrita da História, as vidas de pessoas humildes e trabalhadoras da Instituição da Polícia Civil que se encontram na base da hierarquia funcional, entretanto são elas que, efetivamente, se responsabilizam pelo funcionamento da Polícia Técnica de Rio Branco. São classes trabalhadoras que diariamente convivem com suas angustias, medos, resistências, amarguras, pressões, sentimentos depressores, convivência com a finitude humana, e a exposição ao sofrimento alheio no cotidiano do trabalho de elucidação de crimes na capital acreana. No entanto têm prazer no labor, alegrias ou outros dispositivos de negação a alguma pressão rotineira do dia-a-dia no trabalho.
É preciso frisar que grande é a extensão do mundo trabalho, e na Polícia Técnica de Rio Branco-Acre, existem muitas outras categorias que trabalham e convivem com quase os mesmos fatores de estresse ocupacional, são eles: trabalhadores administrativos, funcionários terceirizados, de diversas ocupações. Tendo-se também: os gerentes, diretores deste órgão, sobretudo, os peritos, que são profissionais da linha de frente das perícias, e em quantidade e condições, não de trabalho, mas de qualificação e salários melhores.
Para efeito de delimitação da abordagem e do universo temporal, optamos por dar uma ênfase maior as duas categorias profissionais: agentes de polícia e auxiliares de necropsias no ano de 2016, um ano de pico da criminalidade na cidade de Rio Branco, tendo em vista os confrontos entre as facções criminosas existentes no Estado do Acre, o culminou também com uma maior incidência de assaltos e mortes a pessoas e residências.
Assim, em meio as precárias estruturas existentes, comparando-se com as de outros centros, estes profissionais, enquanto sujeitos sociais vivem nessas teias de relações, de interdependências, onde ora há choques ou conflitos ante o maçante cotidiano de labor, ora convivência harmoniosa forjada nos interesses e semelhanças funcionais, ou de ordem cultural, espiritual, enfim, na dura luta que travam dia-a-dia esses funcionários preferem unirem-se e terem menos divergências aparentes, além do de que diante da dinâmica e aumento do crime, faz - se necessário melhores salários, estruturas, condições de trabalho e recurso material e humano, bem como o uso de tecnologias.
As redes ou teias é o novo formato de composição da sociedade, do mundo do trabalho, o que impõe novas relações que só a micro história pode compreender. Desta forma tem-se a falsa impressão de haver uma classe dominante definida, mas várias, “um micro poder originário de outro micro poder”, como nos diz, Foucault, em seu livro Micro Física do Poder.
              

            Segundo um breve artigo elaborado em comemoração aos 200 anos da Polícia Civil Brasileira, e primeiro documento a falar historicamente dessa Instituição de Polícia Acreana, temos:
A Constituição do Estado do Acre dispõe, também, sobre as atividades pertinentes a Polícia Técnico-Científica. O Departamento de Polícia Técnica foi criado em 1977, tendo como primeiro Diretor o Dr. César Pontes. Sem estrutura adequada, os trabalhos de Medicina Legal eram executados no Pronto-Socorro de Rio Branco. Lá, os Delegados de Polícia Civil nomeavam os médicos plantonistas para realizarem exames de lesões corporais e necropsias. Tal ato era necessário para que os flagrantes fossem realizados sob a égide de provas materiais. ”A prova material é a rainha das provas.”
Nessa época, não eram confeccionados laudos periciais de criminalística, pois não existiam profissionais especializados para o desempenho da função. Somente em 1982 iniciaram-se os primeiros trabalhos de perícia em locais de crime, com a chegada do perito criminal Francisco Belarmindo, recém formado em perícia técnica pela Academia da Polícia Federal.
Em 1983, no Governo Joaquim Macedo, foi construído o prédio do Departamento de Polícia Técnica, o qual era formado pelo Instituto de Criminalística e Instituto Médico Legal. Em meados de 1987, foi construído ao lado do Instituto de Criminalística, o Departamento de Identificação, atualmente denominado Instituto de Identificação. Em 2000, começou a reforma e ampliação do prédio, sendo inaugurado em dezembro de 2001. (. José Wilson; Ana Caida Dourado Verde; Arquilau de Castro Melo; Marcos Vinícius)

ATENÇÃO ORGANIZE ESTA CITAÇÃO, JUNTANDO AS SUAS PARTES E COLOQUE-A EM ESPAÇO SIMPLES, TAMANHO 10.
A REFERENCIA NÃO ESTÁ CORRETA, VEJA NA FONTE E CITE, OS SOBRENOMES, ANO E Nº DA PÁGINA) OS SOBRENOMES EM CAIXA ALTA.
                Este estudo provem também partindo de nossa curiosidade também de quem já elaborou uma monografia em cumprimento da fase final de conclusão do Curso de Bacharelado em História em 2015, retratando o cotidiano da DEPCA de Rio Branco Acre – Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Pois bem, enquanto profissional da área de Segurança Pública do Estado do Acre e ao mesmo tempo Bacharel e Licenciado em  História sempre me importei muito, em estudar os diversos tipos de Controle Social da Violência. REFAÇA ESTE PARAGRAFO DEIXANDO EVIDENTE AS RAZÕES DA ESCOLHA DO TEMA, DESTACANDO A SUA FORMAÇÃO ACADÊMICA; TRABALHAR NESTA ÁREA; E O COTIDIANO DE VIDA E DE TRABALHO ESTRESSANTE QUE OS PROFISSIONAIS ENFRENTAM.
Ressaltamos ainda que, o fato de ter sido lotado no início de 2016, na Polícia Técnica despertou o nosso interesse em trabalhar com a temática acima referida, destacando o ambiente do Departamento de Polícia Técnica Científica – DPTC, por este se constituir um desafio acadêmico que poderá contribuir, não só para se contextualizar o avanço da criminalidade na cidade de Rio Branco, mais, também, o papel da Polícia Técnica no âmbito da Violência Social e, principalmente às relações entre as condições de vida destes profissionais e a ambiência do espaço de trabalho.
Outro aspecto a destacar é o acesso às fontes, tendo em vista que além de contar com vários tipos de laudos, históricos e documentos gerais, poderíamos fazer uso da fonte oral tanto para apreender a visão dos funcionários sobre suas vidas e o trabalho que realizam, e como este é visto do ponto de vista institucional.
     Portanto, além de abordar a violência em Rio Branco, e mesmo as auguras e consequente crescimento de trabalho na atualidade e as demandas em gerais pelos funcionários do órgão a ser estudado também analisariam o ambiente, seu funcionamento, e seu desdobramento nos bastidores da justiça e os problemas que precisam ser superados, a partir da compreensão de que o cotidiano é uma construção das manifestações de sociabilidade, lugar de conflitos visíveis e não visíveis nas relações de trabalho, nas relações humanas e interpessoais, nas relações de solidariedade, por isso, fizemos questão de trazer a tona uma história esquecida de vidas e corpos muitas vezes desvalorizados, como se fossem “lixo”.
            Um trabalho como este que propomos fazer responde a muitas perguntas, inclusive propõe sugestões de melhorias ou de um novo modelo de instalações da Polícia Técnica, com bem mais estrutura e acolhimento, numa perspectiva proativa que atenda as demandas dessa cidade em crescimento. Além de ser um trabalho com um ar de ineditismo, faríamos o resgate da história desse Órgão de Segurança Pública, quase sem história escrita, como tantas outras instituições existentes no Acre.
         Não querendo desprestigiar a honrosa função que cumpre a instituição da Polícia Civil, porém contrariamos um pouco dessa história, mas especificamente a história da Polícia Técnica de Rio Branco, por meio de um olhar prismático de duas categorias e seus dilemas e os atrasos e avanços deste Órgão de Segurança. Tal como a falta de infraestrutura e como estão submetidos seus agentes de sobrecargas em serviços e (DES) proteções.
 Outro aspecto é que percebemos que o ambiente do DPTC é um ambiente estressante, de pressão emocional e tal como a sociedade efetua um trabalho diário, cotidiano, opressor marcado por diversas relações de poder, por diversas políticas internas (de diversos funcionários numa rede hierárquica e outros segmentos envolvidos), bem como diversas formas de representações sociais e culturais, sobretudo, podemos dizer de grupos e subgrupos. Essas representações de poder, coletivas e individuais se dão conforme assinala Roger Chartier:

As práticas são mais especificamente costumes e modos de convivência, os modos de vida, as atitudes, gerando padrões de vida cotidiana; em síntese, os modos de fazer e viver. Já as representações seriam modos de ver; as visões de mundo criadas pelas práticas e criadora das práticas. Assim as representações criam práticas e as práticas criam representações. As representações sociais sobre determinado objeto, ou sujeito, criam práticas sobre o objeto, ou sujeito; de tal modo, as representações passam a ser a própria realidade. (CHARTIER, 1990, p.25)

 Ao consultar a Bibliografia específica ao tema descobrimos que a pesquisa que pretendemos desenvolver se apresenta como um verdadeiro desafio, pois se faz necessário que seja feita uma abordagem enveredando pela História Oral, e como nosso ambiente tem suas complicações, tais como o fato de ser uma área de segurança e que zela pela sua intimidade, há dificuldade de obter confiança e informações. Serão grandes obstáculos nesse sentido.
Mesmo assim, estamos determinados a trabalhar esta temática que dá voz aos “trabalhadores mais excluídos”, sobretudo por sabermos que cada um tem a sua história, enfim são os esquecidos da história. Claro que tem uma história que se encontra perdida, a dos primeiros profissionais, policiais do Órgão/DPTC, conflituoso cotidiano que vivenciam.
                O cotidiano muitas vezes traz concepções pluralizastes ou relativas, tal como: a vida é uma guerra, o que torna a guerra natural ou aceita no trabalho, em casa, na rua, no país e no mundo. Na relação de alteridade e entre a fronteira do outro e do mundo; entre as diferenças diversas e limitações, é que a sua existência, pensamentos e condicionamentos sócio-econômico-cultural e etc..., enfim, em tudo isso é que se dão as construções identitárias. Percebemos que no trabalho, seja ele qualquer as pessoas vivem procurando uma espécie de identidade, para deixar o cotidiano mais dócil. Assim, no DTPC, lugar na maioria das vezes de dissabores, muitas vezes o "enredo" não é nada bom! Tal como descreve Deusdeith Junior em um breve artigo que fala da predominância do cotidiano em nossas vidas:


 É no cotidiano, portanto, que se inscreve a cultura, como um sistema de saberes (dos saberes complexos ao senso comum), lugar onde tudo pode ser reconhecido, como desejável ou não, para as realizações da vida diária. A confirmação de uma visão ideológica da realidade, o gosto artístico, a crença religiosa, os hábitos do dia-a-dia, as possibilidades das relações familiares, com os amigos ou com estranhos, em tudo os saberes prévios do cotidiano nos orienta sobre como agir, o que evitar, aceitar, questionar. (DEUSDEDITH JÚNIOR, ANO?,  p. 3) COMPLETE

Temos várias classes no DPTC, umas sobrepostas a outras que se auxiliam mutualmente ou até trocam farpas, e mais ainda, trocam experiências e cumplicidades. Para comprovamos o que estamos falando, segue abaixo, segundo nosso olhar, e anotação pessoal, em forma de ata, da que foi uma das ultimas reuniões das categorias da Polícia Técnica:

                                                 Aos 26 de Abril de 2017, por volta das 16h20min, no auditório desta mesma secretaria, deu-se inicio com a fala do secretário para todos funcionários que lá estavam, fala esta que durou quase duas horas, onde foi primeiramente colocado que o secretário havia falhado por não ter tido esta reunião antes; e que mesmo assim agradecia o trabalho que a Polícia Técnica havia feito até aqui, e que dividia a culpa pelo fato de algumas questões não estarem indo bem até aqui; falou das necessidades de correção de atrasos, falta, divergências entre funerários, sobretudo entre os peritos-papiloscopistas e peritos criminais, e mesmo ainda com uma estrutura inadequada deve haver uma necessidade de cada um dá o melhor de si e não falhou com serviço  ou deixar de fazer, entretanto sempre em acordo, zelando pelas instituições da Polícia Civil sempre. Contou também a trajetória de uma gestão que luta pelas categorias em gerais. Citou o momento crítico em que vivemos ou de crise financeira. Também houve questionamentos ao final de exposições colocando a privacidade dos órgãos em questão, bem como sua intimidade e problemas de gestão de Departamento; houve até momentos tensos na fala do Diretor Geral, o que demonstrou que há divisões internas. Houve discursos acalorados e entre eles a constante intervenções do secretário. Um dos motivos do desentendimento foi a falta de carros suficientes para cobrir a datiloscopia, e que esta se encontrando em extinção, que possa continuarem a executarem alguns serviços essenciais, como a emissão dos RGs e outros documentos. O secretário confessa que já sabia que ia assumi a Secretária de Polícia Civil com poucos recursos, e ainda perdendo mais ainda, inclusive efetivo (recursos humanos) por conta de aposentadorias. Também houve perdas de CECs e funções de confianças. Além de problemas arcar pontualmente com as empresas que prestam serviços,[...] Dai melhor estrutura ficar difícil ou fase impossível ... Sendo uma gestão mais “política sindical”. { Grifos nossos]
   Obs: esta citação está muito grande, você pode fazer cortes, deixando apenas o q    eu reforça a argumentação que a precede.

         Sabemos que sempre houve sindicalista lutando pela Polícia Civil do Estado do Acre e o Sindicato dos Policiais Civil do Acre – SINPOL-AC, sempre representou um agregado de servidores da Secretaria de Segurança Pública do Acre. Enquanto servidor do quadro, com menos anos de integração ao quadro de agentes de polícia civil, também não deixamos de ouvir relatos da história de grandes policiais da Instituição, ou até mesmo, no seio da família sempre ouvi, como neto de ex-policial, estórias e invenções de policiais que se tornam ícones e mitos, geralmente por suas truculências e brutalidades. Também tem a história da luta do sindicato classista, o qual já teve grandes lideranças no comando, lutando por várias categorias, que ao mesmo tempo  compõe a Segurança. 
                               No entanto, surgiu em meio a essa luta a necessidade de renovação, pois de tanto conversarmos sobre a nossa vida profissional, chegamos à conclusão que temos sido muito desvalorizados ao longo dos anos. O que vemos e sentimos, são nossos direitos sendo tirados, e ficou claro que sofríamos um grande arrocho salarial. Tudo isso nos motiva a almejar um novo tempo na Polícia Civil e mudança da direção das mãos do sindicato, onde assumiu um jovem bastante estrategista, o agente de polícia civil, Itamir Lima.
Era notório que a polícia vinha se modernizando, e sendo composta por novos quadros, com melhor grau de eficiência em seu zeloso dever de garantir o cumprimento da ordem, da lei e da paz, bem como o desvendamento de crimes e aumento de serviços para a Polícia Técnica. E dizer isso, não desmerece todos “velhos” companheiros que levaram e levam esta polícia conduzida pelos seus trabalhos e experiências.
            Por volta do ano de 2003 a 2004, o Estado do Acre foi governado por Jorge Viana, que sempre foi um sujeito autoritário e personalista. Nesta época havia uma determinada categoria concursada de agentes de polícia civil, há menos de um ano, em greve. Ou seja, em um movimento por valorização, já que os seus salários beiravam a um salário mínimo, sendo que entram para assumir um cargo já criado, mas sem ninguém na “letra inicial”, portanto, era dado qualquer valor insignificante.
Passados mais de ano, esses jovens demostraram a qualificação para o cargo, e buscaram a devida valorização. Jorge Viana, por seu lado, que sempre negociou por meio de ameaças assim fez: “Se quiserem é assim, se não eu demito a todos!”. Passados alguns anos, esta classe foi crescendo, se renovando, congregando- se a outras classes afins, e foi aos poucos conquistando direitos, tendo a missão de conquistar vários outros, a exemplo de outras classes e categorias existentes no Acre. Este processo culminou com elaboração dos PCCR, agora em meados de 2017.
É inegável que houve uma fase e trágica, porém hoje os tempos são outros,  menos autoritários. Naquela época, Jorge Viana chegava e dizia que não negociava com categoria pequena, sem força e desunida. E para demonstrar que isso era verdade virava às costas quando não causava algum terrorismo.
               A este respeito o jornalista Élson Martins, na época dizia que: “ A Florestania pode ser um desses símbolos capazes de revolver questões atuais de produção, de educação, de comportamento, de valores éticos, de cultura, do bem estar geral das pessoas.”  Florestania, nesse sentido, assume a identidade local de nosso Estado, que por meio do pertencimento imposto, tem-se nesse termo renovado suas funções integradoras e disciplinadoras.”
Seu irmão Tião Viana, ao prefaciar o livro de um historiador acreano conhecido, faz questão de apegar-se também ao mito do discurso fundador enaltecendo o governo Vianas, que, segundo ele, demagogicamente quase afirma que, qualquer outra força política pode nos apartar do caminho da luz, quando diz:
Ainda hoje, muitas são AS dificuldades que a classe política, comprometida com um modelo de desenvolvimento sustentável e empenhadas em assegurar ao povo cidadania, enfrenta para construir os alicerces de um governo justo e igualitário. (CALIXTO, 2003, PREFÁCIO). 
Pode não ser nem de longe tudo isso, mas o atual governo foi mais pronto à negociação com os trabalhadores, dando-lhes pelo menos um merecido reajuste, em meio à suposta crise do país, em que pese ser apenas uma correção inflacionária, pois estamos ainda muito longe do ideal.
Apesar de tudo, Tião Viana tentou progredir com mais liberdade, e em meio à crise, erros e acertos, fez com “grandes lances”, mostra que não nasceu hoje na política acreana e consegue pelo menos satisfazer momentaneamente alguns sindicatos e algumas categorias.
            E deixará o estado ainda com muitos projetos não realizados, nem de longe. Além de no seu governo inseriu-se aqui a chaga das formações de facções criminosas que não dá trégua a Segurança Pública, sobretudo à população acreana que sofre agora todos os dias e seu governo não deu conta de solucionar essa questão.
 José Elias Chaul, um policial aposentado da Instituição, que passou por quase todas AS funções, sendo agente de polícia, delegado, corregedor, diretor-geral de Polícia e secretário de Segurança Pública, conta-nos às dificuldades iniciais da sua carreira:
 Atuar na polícia de antigamente era muito difícil, primeiro por que tudo era incipiente. O quadro de material humano era muito pequeno e tinha treinamento. A gente trabalhava mais com a raça do que mesmo com a técnica. Não tinha perícia, não nada, a gente saia para uma diligência, por exemplo, e não tinha como a família justiçar e se morreu, morreu no trabalho, né.(Brava Gente acreana: reimpressão. –Brasília: Senado Federal, Gabinete do Senador Geraldo Mesquita Junior. Volume I.)  ESTA REFERENCIA PRECISA SER CORRIGIDA, COLOQUE O SOBRENOME DO AUTOR, ANO DE PUBLICAÇÃO E NÚMERO DA PÁGINA.

 Em relação ao passado, certamente que a Polícia Civil deu passos de qualidade, como observa o ex-policial aposentado Elias Chaul, citando e elogiando a gestão do governador Rui Lino e a gestão atual:
 O Zé Rui Lino foi um bom governador para a área de Segurança Pública. Ele adquiriu equipamentos, viaturas, pouca coisa, mas que serviu muito. E outro, foi Jorge Viana, que olhou com bons olhos, com carinho para as duas polícias do Estado, a Polícia Militar e a Polícia civil. FAÇA A REFERÊNCIA
De fato, em muito melhorou a Polícia Civil, houve reposição salarial e PCCR, isto já na década de 1990 e confirmado em 2017, e entrando em outro milênio (2001), é criada a Lei  Orgânica da categoria, ou das categorias. Logo em seguida, na gestão do governador Arnóbio Marques, tem-se a criação da Secretária de Estado da Polícia Civil,  E, consequentemente maior autonomia na gestão dos próprios recursos, O que de fato contribuiu para maior elucidação de crimes, conforme consta nos dados se estatísticos, excetuando-se o ano de 2016, um dos mais violentos da História do Acre.
            O Departamento de Polícia Técnico-Científica está associado à Polícia Civil acreana, se bem que há um de profissionais, sobretudo peritos que defende sua autonomia e prestam conta ou de trabalho direto para a Justiça. Este Departamento é composto por quatro institutos, que são os seguintes: Instituto Médico Legal; Instituto de Análises Forense; Instituto de Criminalística e Instituto de Identificação. Todos são descentralizados, mas dirigidos pela Direção Geral do Órgão.
            A missão precípua do Órgão está estampada logo na parede de entrada: " Garantir ao cidadão uma investigação rápida e imparcial, por meio do emprego eficiente de técnicas científicas e serviços de inteligência, contribuindo para a efetivação/efetividade da Justiça."
            Em perguntas feitas a alguns funcionários antigos, estes afirmaram que a junção de todos estes institutos se deu na década de 1970 em diante. Outros disseram que o prédio tem por volta de vinte anos. E que antes funcionava lá no palácio das Secretarias no Centro da cidade. Afirmaram também que suas estruturas melhoraram muito, no que pese ainda não existir uma estrutura que acompanhe a dinâmica do crime que sobrevém com o crescimento da cidade de Rio Branco. A este respeito se observa que a Polícia Técnica requer recursos humanos cada vez mais qualificados.
            Observa-se que quem entra no órgão em busca de serviços, depara-se com balcão de atendimento, em que comumente ficam um ou dois policiais para atender o público dando-lhes informações; operando comunicação via rádio sobre os acontecimentos, crimes e acidentes em tempo real; também estes policiais fazem observação diária e prestam segurança predial, do estacionamento e alguns outros serviços improvisados. O fato é que, esses policiais estão quase em desvio de função, pois para atender O público diário, muitas vezes, aflito pela circunstância de perda de seus entes queridos, se faz necessário a presença de alguns profissionais/estagiários, tais como: assistentes sociais ou psicólogos, para está acolhendo as pessoas num momento de perda e dor.
            Costuma-se dizer que o ambiente da Polícia Técnica ou DPTC é local "carregado". Pois se convive com mortos, ou até restos mortais que exaram o cheiro por quase todo o espaço, devido às precárias estruturas, e há ainda, sem dúvida, um constante choro, devido as mortes violentas e inesperadas que fragilizam as famílias, apesar de alguns desses mortos terem pertencido ao submundo do crime.
            No DPTC existem diversos tipos de funcionários: uns com trinta anos de serviço, outros com vinte ou dez, e os mais novatos. Ou seja, dos não concursados aos concursados, mas que ingressaram no órgão em melhor estado, se assim podemos dizer. Mas como é comum na Polícia Civil, não existe uma hierarquia rígida, tais como as de casernas. Por mais que existam legalmente algumas normatizações legais, como se faz presente em todas as instituições, podemos dizer que existe na Polícia Técnica uma organização democrática, mesmo todos estando sujeitos à micros penalidades.
            Com base nas entrevistas com os funcionários, embora existam os pontos negativos que citamos alguns, eles costumam trabalhar com imparcialidade, gostam do fazem, embora sintam –se desvalorizados. Tudo indica que o clima de lideranças democráticas e O baixo teor hierárquico sentido a toda hora, como em outros setores da segurança, junto à experiência e uma boa relação profissional entre todos, colaboram para certo nível de satisfação.
            Observamos que é exigido certos perfis e habilidades para se adequar bem como funcionário do DPTC, tais como: domínio próprio, paciência, controle das emoções, qualidade técnica, equilíbrio mental, iniciativa própria, sociabilidade, decisões rápidas dentre outras qualidades que o cargo requer, além de um bom nível de sensibilidade que não impeça de trabalhar com a tensão e com os mortos.
            Por mais que não seja nosso objetivo direto, compreender a vida dos peritos, temos que dizer que eles poderiam ser os personagens principais deste trabalho, pois comumente têm peritos em todos os lugares do DPTC, e é claro que eles têm também seus problemas e sofrimentos. Estes estão sempre acompanhados de funcionários auxiliares. E fica constatado que esses profissionais (peritos e agentes de polícia) que estão diariamente na rua. Uns sofrem maior tensão devido a violência, embora saibamos que todos sentem essa tensão em seus desdobramentos e exposição à fatores que podem lhes causar diversas doenças psicossomáticas.       
            Percebemos que o ambiente físico pela simples comparação dos Prédios e das estruturas da Secretaria de Estado da Polícia Civil (SEPC) e toda estrutura da Polícia Técnica que fica ao lado são diferentes. Enquanto, a SEPC tem uma estrutura moderna, bem zelada, mais limpa, e com manutenção permanente, até porque na SEPC, fica localizada a cúpula desta secretaria. Nos prédios da Polícia Técnica há certo abandono, um sucateamento, uma não manutenção dos serviços e das estruturas prediais.
            Temos que levar em consideração que há uma hierarquia entre a Secretaria principal e o órgão subalterno da Polícia Técnica, donde se deduz que os diretores que passam por lá cientes de sua limitação, só fazem em sua gestão o que podem. "Vão devagar e sempre!"
            O fato é que a Polícia Técnica ou DTPC - Departamento de Polícia Técnico-Científica nos seus Quatro Institutos recebe muita demanda e cargas de serviços, atendimentos para uma população em crescimento como é a da cidade de Rio Branco. E mesmo com falhas estruturais e estruturantes consegue cumprir com uma meta de serviços e grande escala.
             Há quem diga que o Instituto Médico Legal - IML deveria ser um órgão a parte, pois é um instituto que trabalha de modo mais médico-científico. Ou seja, com corpos, o que requer uma boa estrutura de arquivo, acomodação e procedimento dos corpos, alojamentos de funcionários, dormitórios, refeitório, recepção e outras estruturas. Além domais existem serviços que fazem parte da investigação e outros que não tem nada haver com a investigação. São comuns vermos cenas de funcionários fazendo suas refeições ou dormindo ao cheiro dos cadáveres.
            Apesar do trabalho do IML com os corpos, envolver quase todos os funcionários é notório que são os médicos, e bem mais os técnicos auxiliares de necropsias que seguram no batente efetuando a parte mais dura do trabalho. Vivem em meio À discriminação, com possibilidade de se contaminarem e com baixíssimos salários, dos quais reclamam constantemente.
             Para fazer os serviços de remoção dos mortos, ou restos mortais, é preciso efetuar os devidos procedimentos científicos. Eles têm que ser imparcial, não se envolver com à história do morto ou com a família do morto, para não prejudicar a autópsia ou a qualidade de vida deles. Claro que, existem dispositivos que eles adotam tais como: brincadeiras, obter alguma espiritualidade, e ou quem sabe até fazer uso de bebidas alcoólicas na sua folga.
O fato é que as pessoas não ligam para os mortos, por isso, não valorizam esses institutos ou órgão que trabalham tal como um coletor de lixo, um gari, ou coisa semelhante. Claro que é um ambiente pesado, mas muita gente o considera um ambiente científico, em meio à multidão de curiosos que se apresentam.
Por sua vez, o Instituto de Criminalística é diretamente comandado por um diretor, sempre um perito do órgão, aliás, os peritos dominam esse órgão, auxiliados por agentes de polícia civil, pessoal de apoio administrativo, estagiários, enfim são diversas pessoas vivenciando: o sofrimento alheio, tensão, medo, risco, relação de poder, prazer, sofrimento psicológico, morte e desdobramento da violência. Cada qual do seu jeito, em menor ou em maior proporção.
   Outro aspecto a considerar É o trabalho dos Agentes de Polícia que  trabalham no DTPC que estão espalhados nos diversos ambientes e trabalhos, seja administrativos e operacionais, os chamados agente de rua do plantão que diariamente acompanham os peritos, dirigindo, fazendo a segurança deste ou que sabe atuando como auxiliar de perito. Entendemos que é grande essa carga de responsabilidade, a começar por encarar esse trânsito terrível da cidade, depara-se com o local do crime junto com o perito. São trabalhos variados que exigem  habilidades diversas, controle emocional E espírito de iniciativa. Tanto é difícil, que a maioria é constituída de jovens, porém dotados de experiência, para aguentar o "repuxo".
Para reconstituir um pouco da História e da memória sob um ponto de vista crítico e analítico, é necessário desenvolver uma pesquisa ligada a área de segurança pública, pautada em dados e coletas de depoimentos orais, partindo dos problemas e das indagações do presente para o passado. Assim, temos que encarar esse tema mais atual do que levantar fatos já acontecidos ao longo dos anos. Ou seja: este tema está na está na “crista da onda”, pois estamos atualmente diante de uma forte onda de violência no Acre e no Brasil em geral. E todo esse desdobramento dessa violência instaurada a partir de 2016 implica numa sobrecarga e uma forte demanda de trabalho e estresse sobre os funcionários do órgão em estudo.
Dessa forma, sempre É necessário fazer uma pesquisa diagnóstica para definir o perfil daquele que comete o crime ou delito, o volume e as causas da criminalidade na cidade de Rio Branco. Portanto, é propósito da pesquisa proposta, partir do presente, ou seja, das problemáticas do presente e ir para o passado ainda um pouco recente, na perspectiva de responder as problemáticas na tentativa de contribuir com resoluções para a questão da criminalidade, e também refletir sobre a realidade das categorias desvalorizadas da Polícia Técnica de Rio Branco, que precisa ser valorizada em vários aspectos, o que implica no DPTC recompor seu passado desvalorizado e um presente que está se construindo.
    No campo da pesquisa o projeto proposto pode ser visto como complementação de uma monografia que elaboramos em 2015, no término do Curso de Bacharelado em História pela UFAC, além da motivação de entender os acontecimentos de violência ocorridos no ano de 2016, e como parte das análises que serão ocorridos no ano de 2016, e como parte das análises que serão construídas para trabalhar o cotidiano desses trabalhadores “subordinados” (Agentes de Polícia e Auxiliares de Necropsia), bem como falar do trabalho dos agentes nas delegacias também, Mas, sobretudo, os que trabalham e são lotados na Polícia Técnica de Rio Branco.
 Entendemos que este estudo é necessário, pela originalidade e contribuição historiográfica no que se atém a violência e criminalidade na Amazônia Acreana. E sendo funcionário do quadro da Instituição policial há quase 17 anos, e ser qualificado professor e pesquisador na área de História adquirimos ao longo dos Cursos de Licenciatura e Bacharelado, além de curiosidade científica, muita criticidade de realidade social do Acre, fatores que contribuíram fortemente para a escolha do tema. Por outro lado se evidencia que a História desse Órgão é uma História esquecida, ou seja, a Polícia Técnica não tem registrado e narrado o trabalho que desenvolve e nem reconhecido as contribuições dos funcionários, que por este Órgão têm passado.
 Para resgatar a história do DPTC, pelo menos em parte, essa seria uma História do Imaginário, das mentalidades, social, cultural e etc... mas o foco maior é a História Vista de Baixo, dos trabalhadores, das condições de trabalho, de vida como auxiliares de necropsia, dos agentes policiais, que trabalham na procura de vestígios de crimes ou dos que perderam a vida violentamente, causando perda e transtornos aos seus entes queridos.
 Os agentes de polícia e os auxiliares de necropsias realizam trabalhos diferenciados, porém numa inter-relação. As duas categorias são muito importantes para o mundo-investigativo-policial. No entanto, estranho e negativamente ainda são bem desvalorizados. Para confirmarmos isto, basta vermos a condição dos auxiliares de necropsia, quando falam sobre o contato com os corpos diários, remoção em todos os estados ou situação destes. Além de estarem expostos ao risco de contaminação, discriminação, pressão, baixo salário, condição de vida física e psicológica afetada. Assim sendo será através do trabalho que eles desenvolvem que vamos saber como é o dia-dia dos funcionários e seus dilemas decorrentes do contato brutal com a violência afetada direta e indiretamente.
Para avaliar um IML – Instituto Médico Legal - de uma determinada cidade basta ver o funcionamento da Saúde Pública.
Sabemos que o estado do Acre, não conseguiu desenvolver-se; pelo contrário agora mais populoso, sofre com a fome, miséria e doenças endêmicas ainda. Há quase duas décadas nas mãos do poder dos “Vianas” e mesmo sendo o atual governador médico, podemos ver com tristeza o pouco desenvolvimento nessa área: faltam médicos especialistas; há uma forte demora em atendimento na Fundação Hospitalar (de dois meses a seis meses de espera; faltam muitos medicamentos nos postos de saúde; não há a emergência e o bom tratamento na Huber ou Pronto socorros ( tendo em vista que há PS em construção que virou elefante branco, nunca terminam, enquanto isto muitos pacientes ficam em filas nos corredores) e muitos outros problemas.
Nossa cidade aumentou, cresceu mesmo que desordenadamente, aumentou acidentes de trânsitos que requer bom e rápido atendimento o que nem sempre vemos.
Sabemos como Oswaldo Cruz, há cem anos atrás, observou que esse atraso, pobreza e miséria geram pessoas doentes. E o estado lhes tira o direito a uma vida mais digna e a saúde.
O direito a saúde é o direito a vida que está na Constituição, é o direito de ser humano, de sobreviver. O Estado por sua vez deve elaborar políticas públicas que priorizem o doente sem condições, sobretudo. No entanto, não vemos prioridade da União, estados e municípios.
Ademais nosso tratamento de esgoto é terrível, o que favorecem o aparecimento de doenças. Aqui no Acre existe a UPA- “Unidade de Pronto Arrependimento”. São filas de Arrependimento.  Há pouco tempo precisava que os cidadãos durmam em bancos esperando e enfrentarem o descaso, pior que continua os agendamentos para os “peixes”, longas filas nos postos. Poucos médicos especialistas, ou na verdade médicos escassos na cidade, remédios em faltas nos Postos e muita gente morrendo na espera de cirurgias... Certa vez em trabalho tive a oportunidade de vê a frieza disso no Pronto Socorro, era terrível! Mas aparece na mídia, às vezes aparece, um médico o médico e atual governador, que só tem “peixes”, onde o governo virou cabide de emprego até para filhos de correligionários que não querem fazer nada... O médico chega e diz ter sensibilidade: e o sofrimento nas filas. Essa é a atual Saúde do Estado, e se o IML for igual estamos bem mal ainda.
Há quem diga que a Polícia Técnica ou mais especificamente o IML é uma mistura de Necrotério, “Hospital” e Segurança Pública, além de auxilia funerário. O que vemos é que boa parte desse trabalho é científico e exige imparcialidade, competência, pessoas qualificadas, investimentos de recursos humanos, materiais e inovação tecnológica a todo tempo.

Por outro lado, conversando com alguns funcionários deste órgão ou mesmo observando, sentimos certo descaso dos setores públicos para obter melhores condições estruturais.  São comuns à falta de matérias, insumos e pessoas. Fazem-se as refeições praticamente com os cadáveres, sem um refeitório decente, assim como falta melhor um dormitório. Para todos os funcionários do DPTC é um ambiente sem estruturas sanitárias e higiênicas. De modo que para todos podem existir contaminação ou trabalho penoso.
A Polícia Técnica de Rio Branco-Acre a quem diga que os prédios são pequenos, que faltam viaturas, faltam materiais, cédulas para emitir RG´s, insumos para exames, enfim toda uma inovação tecnológica e investimento em todas as áreas do referido órgão.
De modo que diante de qualquer emergência ou demanda extra por conta do aumento inesperado de ações criminosas, como se deu em 2016 ou por conta de qualquer acidente e incidente jamais estarão preparados diante do acaso ou da própria demanda hoje.



                  2.2 A Des (contenção) da violência diante da dinâmica acelerada do crime a partir de 2016 em Rio Branco:

O interesse pelo referido tema parte das minhas inquietações enquanto estudante do curso de História pela UFAC, onde somos levados constantemente a discutir questões e problemática que envolve nossa sociedade, bem como o fato da minha inserção já há 17 anos nesta Instituição Policial, veio a contribuir com a escolha deste enfoque temático.
Nos últimos anos houve um alargamento da violência em nossa capital, mas especificamente a partir dos anos 70 em diante. Período este que, coincide com o avanço das forças pioneiras agropecuária, forçando a expulsão dos seringueiros para compor às periferias de Rio Branco. Tal como afirma, na apresentação de sua Tese, Domingo Almeida: “Por não oferecer uma infra-estrutura capaz de absorver o expressivo contingente populacional migrante, a capital do Estado, a exemplo das demais cidades receptoras, passou a conviver com problemas diversos nunca antes experimentados ou que jamais haviam atingido tamanha proporção, tais como falta de emprego e moradia, aumento da marginalidade e da prostituição...”
Ainda que se pese outros fatores causadores de violência urbana e outras formas de violência urbana no Acre e no Brasil, também não podemos negar que a pobreza e o desnível social, além da falta de opção de uma vida mais digna, não contribua para essa situação de violência, sem limite, em nossas principais cidades. Por mais que, Rio Branco, ainda que esteja longe de ser uma metrópole, já convive há com sérios problemas de uma cidade grande. A cidade de Rio Branco sofreu e vem sofrendo certo crescimento, embora desordenado e formando uma periferia, impulsionada pela expansão capitalista agropecuária, tal como bem descreve o Professor Airton Chaves da Rocha:

“os bairros de Rio Branco foram (e estão sendo) construídos nas três últimas décadas, problematizando versões, mais principalmente discutindo como se efetivo e está se efetivando“o  fazer” morador urbano de muitas das famílias de seringueiros na luta pela moradia, pela infra-estrutura dos bairros pobres, pelo trabalho, enfim, pelo direito a vida”(p. 49).

É inegável que nos últimos anos o Estado não tenha tido um certo desenvolvimento; mas mesmo assim, não consegue atingir os anseios nas promoções de políticas públicas que alcancem às demandas da sociedade acreana.
O Brasil é um dos países com mais desigualdades, no âmbito social do mundo, e no Estado do Acre não é diferente, dependente de receitas federais, sofre em qualquer tempo de crise do país, proporcionalmente e por ser um Estado não desenvolvido, acaba existindo também muito forte a concentração de renda, de forma que existe muita distância que separa os econômicos, sociais e culturalmente mais providos, dos que são totalmente desprovidos disso tudo. Observa-se, por tudo isso, também que o Estado deixa muito a desejar, no se refere a procurar reverter esse quadro.
Gera-se com isso, uma grande camada de marginalizados. Solo propício, em meio à exclusão, ao preconceito, à miséria, ao acesso fácil às empresas do tráfico de entorpecente, ao desajuste familiar, onde tudo agregado forma um ambiente fértil para que surja a cultura da violência, manifestada de várias maneiras em nossa sociedade.
Em nossa sociedade capitalista onde o consumismo das cidades é intenso, onde a competição é acirrada, e o querer ter é uma espécie de combustível da vida, sendo quase que obrigatório, se não compulsivo; como bem cita Regis de Morais em seu livro sobre o tema em foco, nesta sociedade só pode gerar “aqueles que, não podendo acompanhar a maratona do possuir, transformam a fragilidade que suas frustrações impõem num feroz potencial de agressividade”.
Diante dessa onda avassaladora de violência, que tomou nossas capitais, a exemplo de Rio Branco, segue o discurso policialesco, ou da falta de polícia e da criminalização da pobreza. Vem então, o nosso estudo sobre a atuação da Polícia Judiciária Acreana, ou mais especificamente  sobre a Polícia Técnica de Rio Branco-Acre. Instituição representativa dessa ineficiência do Estado em conter o avanço da criminalidade e dá conta da volta do desdobramento da violência em poucas estruturas do DPTC.
Está claro que os três pilares o da erradicação, prevenção  e promoções de justiça social estão sendo esquecidos.
Isto posto, somos levados a crê que a violência urbana cresce em função da miséria, da pobreza e da ineficiência do Estado que sempre defende interesses do “Status quo”. Não podemos ser inocentes, pois ainda prevalece e arrastam-se as correntes das senzalas em nosso país. E o que é oferecido a nossa sociedade, às nossas classes são: “Educação para as elites, escola para os vadios e violência para todos”, que tem o título de um artigo do professor José Luis Simões.

Sem dúvida, esta Instituição tem seus méritos. Sempre foi uma polícia pouco truculenta, tem fama de honesta, porém ainda muito a se qualificar para sair do atraso e estagnação diante do dinamismo do crime.
Não querendo apossar-se inteiramente do discurso midiático, que coloca as classes pobres e paupérrimas, como “classes perigosas”, colocando-as sempre como propagadoras de violências. Mas dentro de uma perspectiva da crítica imposta ao Estado da qual nenhum pesquisador ao tratar este tema conseguirá fugir por completo, feita por Foucault e outros pensadores.
Falar de Violência Urbana no campo da História é algo extremamente novo, principalmente, tentar em meio a esse assunto descrever duas categorias (agentes de polícias e auxiliares de necropsia) que fazem parte da Polícia Técnica de Rio Branco-Acre, mas não deixa de ser um trabalho que trata da Segurança e da a Polícia Civil acreana. Trabalho este que ninguém até agora, ousou fazer, ou seja, neste trabalho tem um certo ineditismo.
Enquanto servidor do quadro, com bem menos anos de integração ao quadro de agentes de polícia civil, também não deixamos de ouvir relatos da história de grandes policiais da Instituição, ou até mesmo, no seio da família sempre ouvi, como neto de ex-policial,  estórias e invenções de policiais que se tornam ícones e mitos, geralmente por suas truculências e brutalidades.
De forma nenhuma querendo desprestigiar Instituições, com sua função social bem definida, e eficaz no ponto de estratégia de ação contra a violência; na medida que não se combate, em primeira instância, com “flores”, um mal que tanto nos ameaça e nos amedronta, pois o crime não é apenas um aspecto da violência  nas cidades; mas se a vida é um bem de quase maior grandeza, pelo menos deveria ser, é o aspecto da maior importância.
Mesmo assim, pretendo trabalhar esse contraponto entre a Violência Urbana como produto pobreza e do caos das cidades, que saiu de um espaço amigável e tão sonhado por “Péricles na Grécia Antiga”, ou mais especificamente saiu em menos de três décadas de nossa pacata cidade Rio-branquense, para a subversão de uma feroz urbanização capitalista, onde o homem degrada-se a si mesmo, oprime-se e devora-se, ceifando vidas a quase todo momento, sem contar outras espoliações criminosas.
É notório que esta polícia vem se modernizando, e sendo composta por novos quadros, e um melhor grau de eficiência em seu zeloso dever de garantir o cumprimento da ordem e da lei. E como diria Foucault é aparelho do Estado eficaz no disciplinamento punitivo, conjuntamente com outras instituições repressoras. Isto é, aplicar a lei e tornar dóceis os avessos à moral, ao comportamento, valores e regras da nossa sociedade.
Antes de nos debruçarmos para tratar especificamente do tema proposto, devemos primeiramente nos atermos a dados dos IPEA (Instituto de Pesquisa Aplicada, Ed, 2000), que numa coletânea reunindo vários autores mostra, o que tem por título: Desigualdade e Pobreza no Brasil. Tal fato constatado em vários textos.
Em vários capítulos essa realidade está correlacionada com o aumento da violência. No capítulo 16 da edição 2000 do IPEA, denominado: A desigualdade – favela, favelas (p.459) temos a seguinte passagem: “embora a renda e educação sejam dimensões centrais na diferenciação social, não se deve negligenciar a dimensão espacial da desigualdade que se manifesta pelas diferentes modalidades de segregação sócio-espacial.”
Assim, está realidade afirmada não foge a regra aqui no Acre, que há visivelmente um déficit habitacional e de várias outras garantias sociais nos bairros formados pelas periferias da cidade de Rio Branco. No segundo item deste capítulo 16 será colocado esse tecido social:
“Morro da Favela” passou-se ao substantivo “favela”, o qual serviria desde então para denominar os casos cada vez mais frequentes de terra invadida e/ou ocupada ilegalmente por moradias pobres”(IPEA, 2000, p.461).
Diante disto podemos fazer, um breve resumo do quadro geral de violência urbana em torno do Brasil, para posteriormente partimos para o foco de violência local. Pois de posse de dados evidentes demonstrado em dados pelo IPEA, fica razoavelmente fácil constatar que “no Brasil parte do pressuposto” de que a relação entre estrutura socioeconômica e criminalidade é consensual entre estudiosos do tema [que falta] igualdade de oportunidades econômicas e defesa de direitos democráticos – como na reforma individual, mediante reeducação e ressocialização do criminoso para o convívio em sociedade (2000,388).
Nos últimos anos, temos visto um alargamento da violência nos grandes centros urbanos de nosso país. A violência cresce de forma assustadora, pois a impunidade, solo propício para formar grupos de criminosos organizados, aliado à pobreza e juntamente com o déficit do Estado na promoção de políticas públicas de segurança, que atendam a necessidade da demanda crescente da população, causa esse universo de violência. Todos nós somos sabedores, e não podemos descartar que a impunidade assola o país. Tanto que são comuns, hoje em dia, a formação de grupos organizados do crime, que aterroriza a sociedade civil e órgãos institucionais do país, tipo: PCC, Comando Vermelho e outros. Nada é feito no sentido de punição aos autores dessas ações. Assim, não podemos descartar que a impunidade seja um elemento estimulador, para que a criminalidade aumente. Essa impunidade dá-se deste às esferas administrativas e mandantes que poderiam dá bons exemplos, e pelo contrário, costumeiramente mete-se em ilícitos diversos, e não são devidamente punidos. Como acontece com a impunidade nas esferas bem abaixo. Está claro que há ineficiência do Estado, que não consegue elaborar uma legislação mais eficaz, e pô-la em prática eficientemente. Existe ainda falta de políticas de segurança pública mais eficaz, guarnecedoras das fronteiras contra o narcotráfico.
Diante dessa onda avassaladora de violência, que tomou nossas capitais, a exemplo de Rio Branco, segue o “Discurso Policialesco”, ou da falta de polícia e da criminalização da pobreza. Quando na verdade o conceito de “Classes Perigosas” é pré-fabricado pelo discurso da burguesia, da mesma forma que pensa e espalha esses esteriótipos, para afastar as classes pobres ou “médias”.
Da mesma forma segue quanto ao apenado esse esteriótipo  num sistema que vai além do qual  Becaria que já impunha suas severas criticas ao ato de punir. Infelizmente nosso sistema penal é somente punitivo. Assim, favorece ao que está degradação humana, um sistema Lombrosiano que julga pelas questões inatas e de origem social, portanto injusto, desumano.
Em entrevista hoje no Gazeta em Entrevista os comandos representantes da Polícia Civil e Polícia Militar diziam não ter certeza sobre ações de organizações criminosas envolvendo essa sequencia de ataques ordenados por bandidos em menos de 72 horas em Rio Branco. Mas como sabemos o nosso presídio a atuação dos membros da quadrilha (PCC) já havia sido denunciada desde 2012, o planejamento e ações inicial de varias ações criminosas, pela Associação de Agentes Penitenciários do Acre. Fato que o governo fez pouco caso sobre a questão penitenciária e seus problemas diversos. Certamente, o tempo foi passando eles foram se organizando e formou-se de fato escolas do crime. E o cotidiano estabelece os códigos de sustentação do que pode e do que não pode, do que deve e do que não dentro deste determinado ambiente cultural, sendo dessa forma forjados os conflitos que culminam em violência prisional. Assim, mesmo após o ingresso dos agentes penitenciários muitos conflitos cotidianos e violências sempre existiram tal como existe até hoje. Daí aqui em Rio Branco é previsível que tenha se implantado essa facção sobe o pretexto de defender presidiário, manter domínio na cadeia, sustentados por furtos e assaltos e tráficos, inclusive tráfico dentro do presídio. Com efeito, tendo em vista o entre e sai dos criminosos, desde os pés-de-chinelos aos considerados mais perigosos, que ficam fora temporariamente ao dispor da suposta facção. Assim, fica claro que há comércio e organização, onde tudo começa dentro da "cúpula" pensante, com funções bem distribuídas. O acesso à drogas e aparelhos de comunicação é notório, falta então maior controle da segurança. Está por sua vez não está acompanhando a dinâmica do crime. Temos então pelo jeito uma espécie de ações parecidas com guerrilhas urbanas de pequeno porte, onde veículos, ônibus, prédios são ameaçados e atacados, sendo que seus autores estão no meio da sociedade,, dificultando mais ainda a intervenção das polícias, como se para pegar os "peixes" tivesse que derrubar toda água da banheira, ou seja há uma difícil infiltração no meio das populações mais pobres. Com um sistema de punição que pune pouco, muitos já cumprem fora o resto de suas penas, isso quando não prescrevem. Fato que é colaborativo para a implantação dessas facções. É notória uma ação somente repressiva, sem propagar cada vez mais violências na cultura da sociedade. No entanto, percebe-se ainda que falta mais punição, mudar o sistema penal, mudar as leis do país.

O governo naturalmente não quer fazer alarde, mas a situação pode não está controlada ainda. Essas ações são organizadas, segue um boato que podem atacar algumas escolas. E agora como se portar nas ruas? Será que nossos filhos não correm risco ao ir para as escolas? Não quero ser pessimista, mas não creio que numa ação relâmpago conteria anos de falta política de segurança mais arrochada em nosso Estado, bem como tamanha falta de prevenção à criminalidade, agora com ramos em organizações facções com ligações nacionais e internacionais. Todo cuidado é pouco e para os agentes de seguranças (PM, PC e Agentes Penitenciários e seus parentes) há sim risco ainda.
            A Violência Urbana: Produto da Impunidade, da Pobreza e Ineficiência do Estado. Nos últimos anos, temos visto um alargamento da violência nos grandes centros urbanos de nosso país. A violência cresce de forma assustadora, pois a impunidade, solo propício para formar grupos de criminosos organizados, aliado à pobreza e juntamente com o déficit do Estado na promoção de políticas públicas de segurança, que atendam a necessidade da demanda crescente da população, causa esse universo de violência. Todos nós somos sabedores, e não podemos descartar que a impunidade assola o país. Tanto que são comuns, hoje em dia, a formação de grupos organizados do crime, que aterroriza a sociedade civil e órgãos institucionais do país, tipo: PCC, Comando Vermelho, Bonde do 13 e em cada Estado e em cada presídios uma multiplicação facções. Nada é feito no sentido de punição aos autores dessas ações. Assim, não podemos descartar que a impunidade seja um elemento estimulador, para que a criminalidade aumente. Essa impunidade dá-se deste às esferas administrativas e mandantes que poderiam dá bons exemplos, e pelo contrário, costumeiramente mete-se em ilícitos diversos, e não são devidamente punidos. Como acontece com a impunidade nas esferas bem abaixo. Está claro que há ineficiência do Estado, que não consegue elaborar uma legislação mais eficaz, e pô-la em prática eficientemente. Existe ainda falta de políticas de segurança pública mais eficaz, guarnecedoras das fronteiras contra o narcotráfico.
Ainda que sem pese outros fatores causadores de violência urbana no Brasil, também não podemos negar que a pobreza, e o desnível social, não contribuam para essa situação de violência, sem limite, em nossas principais cidades.
            Assim, para haver pelo mesmo uma maior contenção desse nível de violência, tem-se necessariamente que bater de frente na questão social, na questão da impunidade e elaboração de medidas de segurança preventivas e repressivas, de forma que somente quando passamos por mudanças na estrutura legislativa, penal e socioeconômicas do país, é que esta situação se amenizaria. e além da verdade, enquanto tivermos 15% dos mais ricos, sendo detentores de mais de 60% da riqueza do país, teremos sempre que conviver esse aumento incessante da violência em nosso país.
Na maioria dos bairros da capital Rio Branco não existindo praticamente, uma política pública que desfaça as desigualdades sociais, todo dias existem amontoados de crianças e adolescentes ao léu, com tempo ocioso e muitas vezes barriga vazia. Não dá outra: são atraídos para o tráfico e outras bandidagens. Daí ser a violência como estratégia de sobrevivência. O é que existe traficantes tomando o espaço que o poder público não ocupa com projetos, lazer, educação, trabalho.
O Estado na gestão do PT no Acre já a quase 20 anos não tem conseguido desenvolver o estado, poucos são os projetos com esse intento e com sucesso. Por outro lado, os presídios estão cheios, os centros de internações de jovens criminosos também.
A violência em Rio Branco é o pão de cada dia. Se não vejamos o aumento das estatísticas do crime em nossa cidade.
Enquanto isso ouviu pacientemente que a vida está melhorando, talvez para os que nos entraram quase milhares de cargos comissionados com valores absurdos, além de duplo recebimento de ordenados exacerbados.
A verdade é que por mais que queira omitir nos meios de comunicação a mando do governo, esse governo não pegou o eixo da segurança, de uma política com transversalidade em projetos comuns de desenvolvimento em: Educação, Saúde, Cultura, Lazer e Emprego.
Podemos dizer que as coisas já saíram controle mesmo. Eis Faroeste. E não há uma ação e planejamentos que fuja das vaidades e burocratismo de cada instituição competente, tampouco um bom envolvimento da sociedade civil, por falta de estímulos. Mas a violência não perdoa podendo até monta um estado paralelo e como diria o poeta: para o ser humano "sua vida é o trabalho e sem o seu trabalho ele morre e mata".
Em entrevista hoje na Gazeta em Entrevista os comandos representantes da Polícia Civil e Polícia Militar diziam não ter certeza sobre ações de organizações criminosas envolvendo essa sequencia de ataques ordenados por bandidos em menos de 72 horas em Rio Branco. Mas como sabemos o nosso presídio a atuação dos membros da quadrilha (PCC) já havia sido denunciada desde 2012, o planejamento e ações iniciais de varias ações criminosos, pela Associação de Agentes Penitenciários do Acre. Fato que o governo fez pouco caso sobre a questão penitenciária e seus problemas diversos. Certamente, o tempo foi passando eles foram se organizando e formou-se de fato escolas do crime. E o cotidiano estabelece os códigos de sustentação do que pode e do que não pode, do que deve e do que não dentro deste determinado ambiente cultural, sendo dessa forma forjados os conflitos que culminam em violência prisional. Assim, mesmo após o ingresso dos agentes penitenciários muitos conflitos cotidianos e violências sempre existiram tal como existe até hoje. Daí aqui em Rio Branco é previsível que tenha se implantado essa facção sobe o pretexto de defender presidiário, manter domínio na cadeia, sustentados por furtos e assaltos e tráficos, inclusive tráfico dentro do presídio. Com efeito, tendo em vista o entre e sai dos criminosos, desde os pés-de-chinelos aos considerados mais perigosos, que ficam fora temporariamente ao dispor da suposta facção. Assim, fica claro que há comércio e organização, onde tudo começa dentro da "cúpula" pensante, com funções bem distribuídas. O acesso à drogas e aparelhos de comunicação é notório, falta então maior controle da segurança. Está por sua vez não está acompanhando a dinâmica do crime. Temos então pelo jeito uma espécie de ações parecidas com guerrilhas urbanas de pequeno porte, onde veículos, ônibus, prédios são ameaçados e atacados, sendo que seus autores estão no meio da sociedade,, dificultando mais ainda a intervenção das polícias, como se para pegar os "peixes" tivesse que derrubar toda água da banheira, ou seja há uma difícil infiltração no meio das populações mais pobres. Com um sistema de punição que pune pouco, muitos já cumprem fora o resto de suas penas, isso quando não prescrevem. Fato que é colaborativo para a implantação dessas facções. É notório uma ação somente repressiva, sem propagar cada vez mais violências na cultura da sociedade. No entanto, percebe-se ainda que falta mais punição, mudar o sistema penal, mudar as leis do país.
O governo naturalmente não quer fazer alarde, mas a situação pode não está controlada ainda. Essas ações são organizadas, segue um boato que podem atacar algumas escolas. E agora como se portar nas ruas? Será que nossos filhos não correm risco ao ir para as escolas? Não quero ser pessimista, mas não creio que numa ação relâmpago conteria anos de falta política de segurança mais arrochada em nosso Estado, bem como tamanha falta de prevenção à criminalidade, agora com ramos em organizações facções com ligações nacionais e internacionais. Todo cuidado é pouco e para os agentes de seguranças (PM, PC e Agentes Penitenciários e seus parentes) há sim risco ainda.
O problema da segurança pública é genérico antigo aqui no Acre num breve panfleto da OAB: Cidadania e Segurança: Superando o Desafio, percebemos que o sistema de Segurança Pública e suas falhas, faz parte de uma insegurança maior existente na sociedade que:
Assumindo feições próprias, a insegurança está representada em quadros como: desemprego ou insegurança no emprego; a corrupção generalizada; as grandes injustiças sociais; a impunidade, as fraudes previdenciárias e do sistema financeiro; a falta de acesso aos sistemas de saúde e educação; a inexistência de tempo para lazer; a agressão ao meio ambiente; a desagregação familiar; as políticas governamentais ineficientes de apoio à criança; ao adolescente; ao idoso e demais minorias; as poucas oportunidades de subir na vida pelo trabalho honesto; a iníqua distribuição de renda; a falta de crença popular nas instituições públicas; a taxa de agiotagem praticada por indivíduos e instituições; a prostituição infantil; o trabalho escravo envolvendo menores e adultos; a violência na intimidade diária do lar pelo clic da televisão que superdimenciona o ato do crime; o ato bandido; a ação policial; da morte “necessária”...Contudo, numa leitura semiótica, pode-se constatar que o corpo abatido simboliza a violência ainda codificada como violência nas estatísticas oficiais: a fome, a miséria, a desigualdade na distribuição dos benefícios sociais, a tensão permanente entre governo e sociedade, a decomposição dos valores éticos, morais, culturais e jurídicos que, cada vez mais, tornam-se regras de conduta geral plenamente aceitáveis como ‘normais.

 Considerando o exposto acima, a questão sobre segurança pública e a relação dela com o menor infrator é bem mais complexa, vai além do que aplicar penas mais duras. E a Segurança Pública faz parte de um sistema onde:

 [...] as dificuldades de definição de paradigmas para a segurança pública e sua projeção funcional, não se admite além de obscuras quanto à carga de ideologia que encerram, não permitiram um modelo definido que atenda não somente ao Estado, mas também à sociedade. (LEBA, 2001) Em julho de 1999 foi publicado um breve artigo intitulado:

Segurança Urgente! Que começava assim: Por mais que se tente abafar é notório a insatisfação geral da população de nossa cidade com relação ao sistema de segurança pública. Segurança Urgente! E sem dúvida nenhuma este é clamor da sociedade acreana que se apavora com a crescente onda de violência e criminalidade em nossa capital nos últimos dias. O Governo por sua vez, juntamente com a Secretaria de Segurança e Justiça do Acre, infelizmente está deixando muito a desejar na tomada de uma solução urgente para o problema que tanto afligem os acreanos. Sabemos que atual quadro da polícia civil e militar existe uma necessidade iminente de renovação, ou seja, é muito grande a defasagem e despreparo de agente de polícias, assim como de servidores. Estes em sua maioria estão poucos qualificados para exercer essas funções de modo satisfatório. Nas delegacias e, principalmente no Presídio Estadual, as condições de estruturas não oferecem qualidade material e pessoal. Atualmente, os profissionais que estão prestando serviço naquela Unidade de Detenção, (Corpo de Bombeiro e Polícia Militar) são comprovadamente inadequados para prestarem um serviço com qualidade civil-técnica e segurança necessária que proporcione tranquilidade às famílias de detentos que estão cumprindo pena neste Presídio. Além disso, estas pessoas deveriam estar a serviço de toda à população. Com efeito, são comuns as fugas, as denúncias de truculências nesta Casa de Detenção, como no último caso, que culminou com a morte de detento que teve sua cabeça esfacelada por um tiro de fuzil, quando tentava fugir do presídio. (JORNAL O RIO BRANCO – JULHO/1999).

 O trecho deste artigo, acima expresso, demonstrava o estado de desumanidade, pois neste presídio havia sido morto recentemente um preso que teve sua cabeça esfacelada com um tiro de fuzil, quando este tentava fugir do presídio, além de ainda fazer denúncias relacionadas ao caos da segurança, em geral, naquela época. Portanto não podemos negar os processos de rupturas, por meio de uma tempestuosa série de eventos conflituosos. O cotidiano estabelece os códigos de sustentação do que pode e do que não pode, do que deve e do que não está dentro deste determinado ambiente cultural, sendo dessa forma forjados os conflitos que culminam em violência prisional, nos centros de internações de menores infratores. Assim, mesmo entre os agentes penitenciários, agentes de polícias, policiais militares, muitos conflitos cotidianos e violência.
            Perguntando a quase todos funcionário do DPTC e mais especificamente  aos funcionários do IML de Rio Branco – Acre, eles são inânimes em dizer que 2016 foi um ano de pico da violência na cidade, forma inúmeras mortes ocorridas por conta da implantação das facções aqui em Rio Branco ou por conta de sua própria rivalidade. Um ano sangrendo, um ano de violência que não acabou!!! A cidade de Rio Branco está uma insegurança total. Praticamente a facção está dando toque de recolher e cobrando pedágios dos moradores que moram, sobretudo em áreas periféricas. Detalhe, a desestruturação da polícia não acompanha a dinâmica do crime. Só muro de minha casa foi pinchado duas vezes com as insígnias do Bonde do 13, facção super-perigosa.

 Enfim, a cidade de Rio Branco que há tempo deixou de ser a pacata a “Grécia dos tempos” de Péricles, agora seus moradores têm a violência como o pão de cada dia
O jornalista Elson Martins na época e podemos dizer no auge do projeto se referia a “Florestania pode ser um desses símbolos capaz de revolver questões atuais de produção, de educação, de comportamento, de valores éticos, de cultura, do bem está. geral das pessoas”. Esse governo petista, principalmente no último governo parece que perdeu os trilhos, e o seu calcanhar de Aquiles é sem dúvida nenhuma a Segurança Pública. Como resultado de 20 anos de governo que não bateu de frente aos problemas sócias, sobretudo na área da saúde, educação, cultura e tampouco gerou melhores oportunidades para os jovens que enveredaram para o mundo do crime tendo em vista já estarem um inseridos num sistema de exclusão.
Apesar de tudo, Tião Viana tentou progredir com mais liberdade, e em meio à crise, erros e acertos, fez com “grandes lances”, mostra que não nasceu hoje na política acreana e consegue pelo menos satisfazer momentaneamente alguns sindicatos e algumas categorias. E deixará o estado ainda com muitos projetos não realizados, nem de longe. Além de no seu governo inseriu-se aqui a chaga das formações de facções criminosas que não dá trégua a Segurança Pública, sobretudo à população acreana que sofre agora todos os dias e seu governo não deu conta de combater ainda.

Segundo o secretario Emylson Farias, a Segurança Pública melhorou bastante comparado á outros anos, talvez pelo empenho do governo com seus investimentos a esse setor e ajuda da comunidade que aumentou nesse ano (2017). Seguindo a mesma linha de pensamento o secretario Emylson Farias diz abaixo que está contida a onda de ataque e violência que vinha desde 2015. O então secretario diz:

[...] o que governo do Acre fez, nenhum governo ousaria fazer, ressaltando as graves crises econômicas que afetaram diversos estados prejudicando vários setores públicos. Também aborda sobre a diminuição de crimes na capital que vai tranquiliza a vida dos rio-branquenses.” (JORNAL PAGINA 20 – ABRIL/2017).

“Ele ressaltou sobre o crime organizado que está ajudando o tráfico de drogas, mas não por muito tempo até porque as fronteiras são uma grande preocupação para o setor que está colaborando com os policias militares, algo que a polícia federal estaria a fazer, mas com muita dificuldade, colocando também que ele e o estado vão vencer essa situação do PCC e do “BD13”. (JORNAL PAGINA 20 – ABRIL/2017).

“Essa questão trata-se de uma “velha” politica do estado que quer buscar o fim da violência urbana, até porque vemos isso em seus feitos acontecidos somente na capital, mas não podemos discordar de seu papel para a segurança.” (JORNAL PAGINA 20 – ABRIL/2017).

Ao contrário do Emylson Farias, o coronel Ulysses fala que a violência não é controlada, mas sim disfarçada, como se fosse algo fácil esse controle, dizendo que o governo não tem empenho em suas atividades ou mesmo um caráter politico.
Talvez, um problema de mau governo tenha ocasionado isso e a corrupção desenfreada em todo país, sendo o policial uma vítima pelas pressões que eles têm por estarem trabalhando nesses setores e serem considerados inferiores.
<https://www.facebook.com/UlyssesAraujoOficial/>
A Secretaria de Segurança Pública manipulou mais uma vez os dados estatísticos, referente aos números de homicídios, para enganar a população acreana! Parece que virou uma prática comum da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Acre zombar da cara e da inteligência da população acreana, por meio do mascaramento dos números estatísticos, referentes ao número de homicídios registrados no estado.
 Se a Segurança melhorou não foi pelas autoridades, mas pela comunidade que lutou por melhores condições de segurança.

Segundo alguns artigos divulgados em redes sociais das páginas do coronel Ulysses, a Segurança Pública na pessoa do secretario Emylson Farias espalha um excesso de não verdades, pois toda estrutura das policias ainda não conteve a onda de crimes das facções. De modo que a população carece de um serviço por parte do estado que estabeleça a ordem, proteja o povo e a propriedade:

A Secretaria de Segurança Pública manipulou mais uma vez os dados estatísticos, referente aos números de homicídios, para enganar a população acreana! Parece que virou uma prática comum da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Acre zombar da cara e da inteligência da população acreana, por meio do mascaramento dos números estatísticos, referentes ao número de homicídios registrados no estado.<https://www.facebook.com/UlyssesAraujoOficial/>
A população acreana que acompanha diariamente as notícias nos veículos de comunicação do nosso estado, ou por meio dos grupos de notícias do WhatsApp, ficou surpresa com tal declaração, pois não condiz com a verdade. A verdadeira análise dos dados de homicídios do Estado do Acre, sem maquiagem, sem manipulações, sem politicagem barata, sem mentiras e, sobretudo, sem querer enganar e ludibriar. <https://www.facebook.com/UlyssesAraujoOficial/>

Relata ainda em trecho de seus artigos, o coronel da PMAC Ulysses que tanto nas policias militares com civis, os policiais sofrem um grande desgaste e pressão que causa falhas no seu trabalho, além de conviver em um ambiente tão precário, de modo que deixam as instituições vulneráveis, tal como segue abaixo:
No caso do Acre a situação é potencializada, pois atua submetidos à enorme "pressão" que abrange desde as falhas no treinamento técnico-profissional continuado, carga horária excessiva de trabalho para cobrir a defasagem de efetivo, falta de estrutura e investimentos (ontem graças ao Governo Federal o povo acreano foi contemplado com algumas viaturas e coletes), dentre outras mazelas. <https://www.facebook.com/UlyssesAraujoOficial/>


   CAPÍTULO 3 TERRITÓRIO DA EXCLUSÃO – O OLHAR DO OUTRO:
                     3.1 Agente de polícia e auxiliar de necropsia (Trabalho digno) -
O ressignificar da condição de excluído:
            Iniciaremos este capítulo demostrando como se reflete a exclusão em que vivem essas duas categorias, que por serem categorias subalternas têm um duro cotidiano nos seus trabalhos. Isso posto que como sabemos para trabalhar no DTPC o sujeito sobre duplas opressões: social e psicológica devido ao ambiente ser hostil. Se quem vai à uma delegacia já vai por uma necessidade e aflição, agora imaginemos para a maioria das pessoas que procuram o Departamento de Polícia Técnica. E nessa peleja estão na linha de frente muitos agentes e auxiliares de necropsias que além de se depararem com o peso de suas profissões não têm todos seus direitos garantidos e mesmo assim estão realizando uma tarefa útil para a sociedade.
         Nesse capítulo, vamos demonstrar a dificuldade que vem tendo ao longo dos anos, o processo de regulamentação da instituição, leis que a beneficiaram e estabeleceram a instituição. A priori percebemos que os próprios membros da Polícia Civil ainda não têm conseguido enxergar o fenômeno da violência como sendo sócio-político e histórico.
A Polícia Civil centraliza de forma mecânica a criminalidade como tão somente por falta de leis mais duras, afrouxamento do Poder Judiciário, sua burocracia de inquéritos, falta de pessoal e recursos materiais diversos. Sabe-se de fato que desses problemas de falta de melhores investimentos dos governos nesta instituição.
 No entanto, sua missão simultânea a tentar resolver e arrumar a “casa” deverá ser sempre exercer um policiamento democrático, cidadão e de proximidade com a comunidade. Por exemplo, o mapeamento das áreas de exclusão social, dados demográficos e outras informações obtidas em escola, hospitais são fundamentais para conter o avanço da criminalidade. Fundamental também é atingir um grau de despejo do entulho autoritário e passar por um processo de reeducação e incorporação  dos ideais dos direitos humanos.
É notório que esta polícia vem se modernizando, e sendo composta por novos quadros, e um melhor grau de eficiência em seu zeloso dever de garantir o cumprimento da ordem e da lei. E como diria Foucault, queremos saber sua eficiência, na apuração das noticias crimes. Quantos criminosos foram punidos? E Se é um aparelho do Estado eficaz no disciplinamento punitivo, conjuntamente com outras instituições repressoras? Se a Polícia Civil está sendo eficaz em aplicar a lei e tornar dóceis os avessos à moral, ao comportamento, valores e regras da nossa sociedade?
De modo que nessa pesquisa, iremos também de alguma forma verificamos a relação existente entre e o aumento da violência e a formação de suas periferias, as classes pobres e paupérrimas da violência urbana em Rio Branco, que pode ter pouca relação. Porém percebemos a falta de muitas garantias de direitos para a população o que vem a contribuir com este fenômeno.
Nessa fase desenvolveremos explicações sobre as condições dos policiais e auxiliares, acometidos por exclusão social e preconceitos inerentes a sua função, que constatam ou não que a Polícia Civil e consequentemente a Polícia Técnica está ainda aquém do desejado. O que nos levará certamente a respostas do tipo: Faltam investimentos do Estado. Contratação de novos profissionais. Modernização tecnológica. Qualificação de Agentes. Melhorias salariais, melhores acomodações.
O fato é que a sociedade civil já não vê os agentes de policiais e auxiliares de necropsias com bons olhos, sobretudo por serem os que vivem economicamente com mais dificuldades, devido o sucateamento dos setores de seguranças, que têm sofrido por parte dos últimos governos do Acre, que seguidamente elaboram em surdina leis “assassinas” contra direitos dos agentes desta instituição, pois existem desníveis entre seus quadros. Alguns a têm como uma instituição quase falida. Faltam garantias de direitos, menos micro penalidades, diminuírem a burocracia e o autoritarismo interno e externo, enfim romper com o entulho autoritário originários da Ditadura. Até por que uma Polícia Judiciária um Estado de Direito forte.
No entanto, muitas vezes, esses indivíduos são pouco respeitados, por serem pessoas que manipulam os cadáveres, ganham relativamente pouco para obter um melhor bem estar e qualidade de vida. Por mais que alguns participem de investigações que envolve casos tidos como importantes, há um sempre um sentido pejorativos em seus feitos ou seja são os “subalternos”. O estigma ligado ao seu trabalho vai deste sua posição socioeconômica a seu papel institucional para a sociedade. Vemos que se dão pouco valor aos simples funcionários, como “operários da morte” ou de um lixão qualquer, ou um catador qualquer, tal como a citação abaixo nos faz refletir sobre essa estigmatização:

[...] a estigmatizarão e um poderoso mecanismo de exclusão, e, para os catadores, e importante se afastar desses mecanismos para conseguir uma verdadeira inclusão socioeconômica. Em seguida, analisarei as principais estratégias adotadas [...] para se afastar do estigma, sobretudo a abertura de um dialogo e uma colaboração com dois setores simpatizantes entre os cidadãos de classe media e media-alta: instituições educativas e artistas. Os principais interlocutores da (...) reciclarem materiais destinados ao aterro, que e a atividade profissional e a sabedoria que os catadores podem oferecer aos movimentos ambientalistas e aos inovadores sociais da cidade, e também o que degrada os catadores aos olhos de muitos brasileiros de classe media e alta. (O poder do lixo : abordagens antropológicas dos resíduos
, (2016, pág. 63.)

O fato é que para alguns “Policiais” tudo vai bem e obrigado! Ou seja, fica claro o certo desnível entre as categorias. Há quase dez anos um grupo do Sindicato já tinha algumas propostas como anseio e passado todo esse tempo nem 50% foram realizados. Abaixo as seguintes propostas:
1-                  Descentralizar as decisões do SINPOL;
2-                  Estimular a relação socializadora da Polícia Civil, começando pela integração entre seus membros e da Instituição com sociedade;
3-                  Orçamento participativo;
4-                  Lutar pelas de reposições de perdas salariais, e conter os desníveis salariais entre categorias,
5-                  Criação de um informativo mensal ou jornal do Sinpol;
6-                  Utilizar a sede do sindicato para socializar seus membros;
7-                   Promover eventos beneficente, e realizar de torneios esportivos;
8-                  Fornecer Assistência Jurídica ao policial;
9-                  Insalubridade para policial e servidor de apóio;
10-               Mudança de letra de dois em dois anos;
11-               Incorporar adicional noturno;
12-               Profissionalização para todos servidores, tais como cursos profissionalizantes na área, com incentivos salariais;
13-               Lutar pela volta de pagamentos de gratificações por cargos de chefias em gerais ( tais como: Chefe de Posto Policial, Chefe de Cartório, Chefe de Equipe Policial, e Equipes de Investigadores e outros;)
14-               Propor difusão de ensino, estimulando os policiais a darem continuidade em seus estudos;
15-               Propor programa de formação do Governo para policiais, tal como o Pró-Formação dado à Educação;
16-               Ser um sindicato representativo, autônomo, independente, plural, classista e de luta;
17-               Maior participação nos municípios;
18-               Prestação mensal das contas do sindicato;
19-               Acabar com a politicagem e beneficio próprio de pessoas do Sinpol;
20-               Instituir atendimentos médicos e odontológicos aos policiais e familiares;
21-               Fazer convênios com consultórios médicos, livrarias, drogarias e Supermercados;
22-               Lutar pela jornada de 36 horas de semanais;
23-               Confirmar Aposentadoria Especial;
24-               Lutar por melhores estruturas das delegacias e por melhores condições de serviços;
25-               Instituir prisão Especial para policiais, com cumprimento de pena em unidade de nossa própria Instituição;
26-               Propor que ao ingresso aos cargos de médios, seja agora exigido curso superior, como forma de conter desigualdade salarial e tendo em vista o grande contingente  de membros com nível superior;
27-               Incorporar a luta dos policiais civis em nível nacional, onde todos policiais, não passem a ganhar menos de R$ 7.514,00, salário de um policial em carreira inicial, no Distrito Federal;
28-               Exigir pelo menos, cumprimento do pagamento de nossos salários por meio de subsídio, estabelecendo um salário para quem ingressa não inferior à metade do que ganha um de nossos Delegados em Classe Especial;
29-               Auxílio saúde
30-               Auxílio Odontologia;
31-               Auxílio Jurídico;
32-               Auxilio a moradia.

O que vemos é que o não acesso a muitos direitos trabalhadores e jurídicos os fazem um pouco “marginalizados e excluídos” e que esses dois conceitos são interligados e com efeitos causais: Exclusão, marginalidade, no caso da exclusão a que sofrem esses dois grupos de trabalhadores também torna objeto de investigação do presente estudo.

A exclusão social assim compreendida é vivida como meio e como última fase de uma trajetória de vulnerabilidades múltiplas que se combinam, levando a sucessivas rupturas de laços sociais em cinco dimensões da vida humana: econômico-ocupacional, sócio familiar, da cidadania, das representações sociais e da vida humana. (LEAL p. 141, 2010).

Quando falamos em exclusão social, entendemos que a desigualdade social é a causadora de tal segregação, onde vemos oportunidades mais vastas para aqueles que possuem uma renda maior, e oportunidades mais escassas para a camada mais pobre da sociedade, como saúde e educação de péssima qualidade, segurança em alta vulnerabilidade, de um emprego ruim e adoecedor de um trabalho penoso, com pouca qualificação profissional dentre outros fatores que podem ser relatados por cada no contexto rotineiro do DPTC para alguns funcionários, sobretudo: conforme o pensamento de Scheider:

A escassez de serviços urbanos, as más condições sanitárias, o baixo de renda e educação, a baixa qualificação [emprego penoso] a anomia, a desorganização familiar e a falta de participação social, entre muitos traços adotados para caracterizar a pobreza, foram associados à precariedade habitacional das populações marginais. (SCHEIDER, 1987, p.26)

Atualmente, percebemos que o serviço policial constitui um emprego para as baixas patentes, tendo em vista que a maioria dos seus quadros compõe-se de todas as classes sociais para ocupar posições onde haja mais qualidade de vida. Porém, apesar da grande ser “um meio de ganho de vida” desvalorizado e pouco reconhecido, mesmo assim que seja este emprego tem estabilidade, E se constitui um intermediário entre viver com qualidade de vida ou viver na plena “proletarização”. E tal com Marx fala a respeito do trabalho:
A economia política oculta a alienação na característica do trabalho enquanto não analisa a imediata relação entre o trabalhador (trabalho) e a produção. É evidente, o trabalho produz coisas boas para os ricos, mas produz a escassez para o trabalhador. Produz palácios, mas choupana para o trabalhador. Produz beleza, mas deformidade para o trabalhador. Substitui o trabalho por máquinas, mas encaminha uma parte dos trabalhadores para um trabalho cruel e transforma os outros em máquinas. “Produz inteligência, mas também produz estupidez e a cretinice para os trabalhadores (MARX, 2001, p. 113).”

Em relação ao trabalho dos agentes de polícia sejam no DTPC ou em qualquer delegacia da capital do Estado, ou mesmo pelo interior do Acre por completo, estes trabalhos são exercidos em condições precárias, prédios sucateados, grande demanda de serviços, pressões e ambiente de estresse e adoecedor para o profissional, o que resulta que:
 Quanto mais penosa e insalubre forem às condições de trabalho às quais o individuo esteja submetido, maiores são as possibilidades de adoecimento e diminuição da qualidade de vida. Nesse contexto destacam-se os profissionais de segurança pública, que no exercício de sua profissão, desenvolvem atividades que por si só já consistem em risco iminente para a vida. Aliado a isso, poucas condições de trabalho, cobranças dos superiores ou órgãos subordinados bem como da sociedade, acentuam estes riscos e os tornam 20 candidatos em potencial a serem indivíduos doentes física e psicologicamente. (RODRIGUES, 2008, p 19)
Considerando as características especiais do trabalho dos profissionais da segurança pública que é exaustivo e demanda contínua atenção, chamamos a atenção em especial, para o policial civil que ainda passa pela pressão dos prazos de entrega de procedimentos à justiça, disponibilidade de instrumentos de trabalho, quantidade de efetivo profissional, situação física das instalações, recursos materiais adequados, manutenção do espaço físico, etc. (http://www.mj.gov.br/ead). (RODRIGUES, 2008, p. 20)
O trabalhador/policial vive em sua rotina um desprezo por parte da própria instituição que não quer saber de sua responsabilidade para a sociedade ou mesmo sua história, deixando excluídos talvez por não forem formados academicamente ou seque ter uma linhagem cultural. Os agentes de polícia e auxiliares são um sinônimo de “porquice” por isso poucas pessoas convivem diretamente com eles, com medo de contaminações, da violência, mas serão mesmo culpados por sua natureza? Não, isso é da própria instituição e seu trabalho que têm um duro cotidiano que envolve corpos e investigações preliminares, um próprio oficio deles como ele descreve:
Muitos funcionários resumem seu trabalho em [ em abrir e costurar corpos ] sendo que tal denominação sintetiza, na visão de alguns deles, a essência do que vem a ser o cotidiano do trabalho. “Nada e nenhuma exigência, além disso, demarcam o valor do trabalho pela sua simplicidade, ou melhor, pela sua desqualificação” (VASCONCELOS, 2000, p. 36).

            Além disso, os policiais ou quase todos funcionários da Polícia Técnica possuem funções polivalentes, por estar sempre envolvidos nos acontecimentos diários, que não fazem parte de seus serviços prestados no DPTC, que estão entre: dirigir viaturas, fazer remoção de cadáveres, auxiliar nas perícias, analisar e emitir documentos, isto é, toda uma demanda de serviços ligados, sendo que para a maioria detém uma renda muito pequena vista a outros patentes e outros cargos, como uma pobreza no seu  trabalho, onde ninguém praticamente lhes dão o devido cuidado, mas os fazem cuidarem de muitos serviços na maior normalidade que muitas não existe. Abaixo o trabalho prescrito, mas na prática é trabalho real muitas vezes “gigantesco”:
"Agente de Polícia: Responsável pelas atividades relacionadas ao cumprimento das formalidades legais necessárias aos inquéritos, investigações e demais serviços relacionados a apuração de delitos e infrações penais. Poderá desempenhar suas funções em vários setores além do setor de investigação e captura (SEVIC) onde fica a maior parte do tempo na rua, e onde as atividades são mais dinâmicas (entrega intimações e documentos, realiza investigações, etc.) No comissariado, o trabalho é sob o regime de plantão, as atividades desempenhadas são basicamente realizadas em frente ao computador, onde o servidor permanece por longos períodos registrando ocorrências, solicitando laudos" (RODRIGUES, 2008, p.41)

Apesar dos dilemas da profissão policialesca ou de análise de necropsia serem atividades desgastantes pode haver algum prazer nessas funções. Pois segundo os funcionários entrevistados mais da metade afirmam que gostam de sua profissão ou do que fazem. Sem dúvida que é uma profissão surreal, cheia de surpresa para os mais operacionais. Ninguém nunca saberá como iniciará o dia ou como este terminará, o que se espera é que saia tudo bem. Muitos dizem ter nascido para isto, e na verdade o trabalho prescrito não é o mesmo que o real, sendo bem mais cheio de ação. Ou seja sabem que são indispensável ao bem estar da sociedade, à honra, à paz e a preservação da memória dos mortos, à execução da lei. Por isso, não quer dizer que não eles gostem do que fazem algo que está ligado ao prazer-sofrimento:

“Para Dejours (2007), o prazer-sofrimento no trabalho se estabelece como um constructo dinâmico, dialético, resultante do enfrentamento do sofrimento, seja pelo uso de estratégias defensivas, conforme já discutido, que visam à negação ou ao controle do sofrimento, seja pelas estratégias de mobilização coletiva, que ajudam na ressignificação do sofrimento, transformando situações precipitantes de sofrimento em situações geradoras de prazer.” (SILVA, 2010, pg 31-32).


Os agentes e auxiliares de necropsia entrevistados sabem da importância do DPTC, muitos tem prazer em seu trabalho que vai está envolvendo o trabalho com a investigação e descoberta da verdade dos fatos, bem como fazendo um trabalho dedicado, imparcial e digno.  Dialogamos com um o auxiliar Rivelino sobre seu cotidiano e sua trajetória por esse instituto e seus relatos sobre os casos que mexeram todo setor e a historia do DPTC.

É, na verdade as dificuldades são todas no setor, mas porque todo dia acontece né, fatalidades isso é normal no Brasil e Mundo, infelizmente a gente é um país que cresce essa violência, não é um país pacífico em determinada coisas, pra agir em determinado coisas, mas é violento, os casos mais violentos são carro, moto e caminhão, mas caso que até hoje mexeu todo IML , o mais difícil mesmo foi quando o avião da VIP caiu, aquele avião morreu, morreram 34 pessoas, fora os feridos se salvaram poucos e foi aqui perto no Aeroporto, matou gado, saiu arrastando a grama, sei lá quantos gados morreram, tivemos que reunir, na verdade não, foi o governador que era o Jorge Viana, ele reuniu vinte ou mais médicos mandou a avisar todos que tivessem com plantão ou não, todos os auxiliares de necropsia né, chamaram todos: Ambulância, os bombeiros, polícia, todas as viaturas, todo para fazer isso em tempo breve forneceu um rendimento extra com essa ação, mas que não muito...”    



                     3.2 Profissionais técnico-científicos “subalternos”: duas categorias fundamentais para a sociedade – a falta de valorização e o não reconhecimento:

            Todos os profissionais de Polícia Técnica-Científica de Rio Branco são verdadeiramente investigadores científicos não como outros centros do país e nem de longe do “CSI Televisivo” que a mídia nós mostra, onde em meio da ficção e o excesso de violência dos policiais há também muitos recursos dado a polícia, ou seja  a valorização e investimento na instituição policial, assim a Polícia Técnica Rio-Branquense na medida do possível tenha cumprido seu papel em que pese as fracas estruturas materiais e o pouco investimento nos recursos humanos.
            Por mais que sejam profissionais esforçados, forçados e imparciais que dia-a-dia travam um conflito em seu trabalho e cotidiano, lutando com seu trabalho muitas vezes hostil, tem conseguido seus êxitos em meio o não-reconhecimento e falta de valorização e nesse “CSI Tupiniquim” e que a qualidade dos agentes de polícia e auxiliares de necropsia que constituem o objeto de estudo desse trabalho compõem os “subalternos” funcionários de base de um órgão que funciona a passos lentos diante de uma demanda reprimida de serviços a serem realizados diariamente. Tal como relata Ferreira (2007) a rotina diária em tais condições de trabalho como se encontra o setor do IML adere ao um certo constrangimento dos profissionais por serem ambientes abandonados e sem uma infraestrutura, que causa uma certa vergonha de seu trabalho “desleixado” pela sociedade:   
   
" (...) Certamente, na lida diária com estes corpos e com os documentos produzidos a seu respeito, policiais, oficiais de cartório e funcionários do IML-RJ atuaram constrangidos não só por leis e rotinas administrativas, mas também por certas condições de trabalho. Ademais, somando-se a estas condições, trabalharam constrangidos pelas imagens difundidas no senso comum em torno da figura do indigente, do cadáver abandonado e da morte como algo a ser ocultado e afastado. Portanto, se nas fichas que pesquisei pude constatar a efetivação e visibilização da autoridade de certos profissionais, ao mesmo tempo não pude deixar de pensar que esta autoridade necessariamente estava imersa num conjunto complexo de constrangimentos e concepções." '(Letícia Carvalho de Mesquita Ferreira,2007, p.156).


Porém, se é bem verdade que a polícia em meio a desafios, adrenalina e um esforço sobre-humano para fazer um trabalho prescrito, um real trabalho sempre superior a que se pode ou poderia assim, de modo que assim agem todos funcionários indistamente, independente de chefia ou oposição esforçam-se para manter esse órgão em funcionamento. Todo dia é uma luta para obter melhores condições de trabalho. Todo dia é o lidar com o conflito em que vive os homens, onde a vida é uma guerra, uma superação, uma perda ou derrota. Conforme o Aqui algumas falas desses “guerreiros" do DPTC que relatam suas condições de trabalho, o prazer-sofrimento e o preconceito existente:
Assistente de Necrotério – Osvaldo de Campos Quando você tem um corpo em decomposição o fato disso incomoda bastante no local e isso é só  uma das situações.
Assistente de Necrotério – Osvaldo de Campos: As pessoas que estão lá fora quando nós abrimos a porta da geladeira, eles começam á tampar o nariz porque nós trabalhamos com corpos e esses corpos morrem de todo tipo de doença.
Assistente de Necrotério – Osvaldo de Campos: O fato de nós estarmos tão acostumados o melhor perfume para nós é lá dentro e aí fica complicado porque eu não sei se você já percebeu ou você já pode ver que uma carne humana e uma carne que você vê num açougue não tem diferença nenhuma então hoje eu não como carne.
Assistente de Necrotério – Osvaldo de Campos: Os meus filhos até aceitaram o meu trabalho, porque foi dali que eu alimentei eles e tudo que eles têm eles devem primeiramente á Deus depois a mim e a minha profissão.
Coveiro-Eduardo de Lima: O meu padrasto trabalhou aqui quase 25 anos de Coveiro, até meus amigos dizem que ele passou o bastão pra mim, meu padrasto às vezes diz - agora você entrou na minha em? Agora você toma conta.
Fotografo Criminal-Paulo Cavalheiro: Eu trabalho com a morte em plantão e a minha esposa trabalha com nascimentos, fotografa parto e na medida em que eu falo pra ela que em um plantão eu fotografo mais de 5 vitimas e ela fala –Nossa e eu fotografo mais de 6 crianças.
Necromaquiadora – Carolina Maluf: Os meus filhos ficam tirando sarro da minha cara dizendo  -Oh mãe a gente pode ver defuntos?
Perita Criminal – Mara Cristina: Eu falo para meus filhos que pra mamãe isso é um objeto de estudo eles têm um contato maior com isso, obvio porque faz parte do meu trabalho.
Perita Criminal – Mara Cristina: Quando o meu marido chegou ele disse – Oi, tudo bem? Nossa! De onde você veio, você está fedendo! Eu fedendo? Eu sentir o cheiro e você acaba não sentindo.
“OPERÁRIOS DA MORTE. Direção: João Queiroz. Produção: Ana Benoti, Ayla Kimura, Amanda Leal. Edição: Bruno Godoy. Documentário, 23’15’, Disponível em: www.youtube.com/watch?v=2eZHEpks6uE 
                 Devemos dizer que a Polícia Técnica tem como um dos papeis buscar os rastros dos crimes, elucidando vários casos e ocorrências em que tenha prova material, assim é polícia de ação técnica-científica que precisa de uma inovação tecnológica e humana, onde o peso da responsabilidade de seus agentes cresce na medida dos conflitos e fenômenos dos homens e da ação do espaço e natureza. Tal como March Bloch diz o historiador anda traz da carne humana e a história é ação do homem no tempo e espaço, a Policia Técnica nesse sentido também tem essa função, pois deve observar tudo ao seu redor e ser interdisciplinar em um serviço como esse qualificado exige consideração é remuneração qualificada.        
            Para estes funcionários da base, ou seja: agentes de polícia e auxiliares de necropsia o peso se torna maior em seus ombros, pois vivemos num estado subdesenvolvido ou não desenvolvido onde o descaso com a segurança pública é sentido no bolso do auxiliar de necropsia que é obrigado a remover e trabalhar com cadáveres, abrindo e fechando corpos e fazendo todos os procedimentos científicos diariamente por um salário irrisório e pouquíssimo apoio em todo sentido e também. Os agentes de polícia não se encontra num estado agradável também, a riscam suas vidas, tornam-se quase um perito feito das “coxas”, trabalham em prédios sucateados e dormitórios precários, um subgrupo dos grupos policiais. Ressalvando que eles vivem em um conjunto de confrontos nesta instituição, e esta não fornece todos os recursos materiais e assim, se dispõem a trabalhar com seus próprios recursos:
Estes trabalhadores vivenciam em seu cotidiano o embate entre o conjunto de prescrições e exigências para a realização das tarefas, e a disponibilidade dos recursos materiais e tecnológicos, concedidos ou negados conforme políticas institucionais. No confronto entre o que lhes é exigido e os meios de que dispõem para realizá-lo, esses servidores mobilizam seus próprios recursos emocionais, cognitivos e físicos (DE JOURS, 1999) " (RODRIGUES, 2008, p. 37)

Podemos citar um conjuntos de itens que se bem observado e melhorado alguns profissionais ou melhor pelo próprio policial ou setores públicos poderia dá mais anos de vida aos policiais, iremos citá-los alguns e relatar algo sobre cada um, como seguirá logo abaixo:
1)      Qualidade de Vida – esse item é um dos principais e o que o policial não tem mesmo. A Qualidade de vida é um conjunto socioambientais que variam de indivíduo para indivíduo, além de ser produzida por fatores biológicos em um ambiente social. Mas podemos dizer que no caso dos policias existem uma constante tortura psicológica, sobretudo pelas más condições de trabalho, forte demanda de serviço e salário aquém do necessário para suprir todas suas necessidades, observemos o que o autor abaixo nos diz a esse respeito:

 O estudo da Qualidade de Vida no Trabalho em um ambiente policial faz-se necessário por vários fatores, sendo o principal o desenvolvimento da atividade de segurança da nação, necessitando de pessoas preparadas para tal. Muitas vezes, pessoas insatisfeitas com seu trabalho são capazes de praticar loucuras inimagináveis; nos ambientes policiais, devido à pressão de prazo de entregas de processos aos juizados, ao constante perigo de exposição da vida, à corrupção existente no meio em busca de posição social confortável, e o próprio stress social, são motivos para que a qualidade de vida das pessoas seja afetada diretamente, prejudicando assim toda uma sociedade.  (FIGUEIREDO, 2002, p 13)



2)      Estilo de vida – São hábitos e comportamento aprendidos no decorrer da vida ou por um processo de mudança relativa. Podemos dizer que é a identidade do policial obtida por conta de sua profissão, mas isso não é regular, embora te pontos bastante semelhantes. Ultimamente com o aumento da violência e risco de vida tendem a se enclausurar em casa fora do serviço, mas não perdem um pouco desta ligação.

O conceito de Estilo de Vida, para Gonçalves & Vilarta (2004), está relacionado com o conjunto de hábitos e comportamentos, aprendidos e adotados durante toda a vida, capazes de influenciar nas condições de bem-estar e no nível de integração pessoal com o meio familiar, ambiental e social.  De acordo com Oliveira (2005), diante da evidência que o homem contemporâneo utiliza-se cada vez menos de suas potencialidades corporais e este baixo nível de atividade física é fator decisivo no desenvolvimento de doenças degenerativas, sustenta-se a hipótese da necessidade de se promoverem mudanças no seu “Estilo de Vida”. Estilo de Vida Positivo foi o nome dado por Nahas (2001), para a adoção de comportamentos saudáveis, no entanto, Gonçalves & Vilarta (2004), chamam a atenção para o imenso desafio para que as pessoas, situadas em determinada condição social e histórica materialmente definida, se modifiquem e se mantenham em nova condição de práticas saudáveis.  Para os mesmos autores, adotar hábitos novos e saudáveis dependeria de condições preexistentes, capazes de potencializar os efeitos positivos intrínsecos a cada uma delas. Estão elas determinadas pela realidade social em que se vive pela disponibilidade de elementos circunstanciais e ambientais presentes e também da própria estrutura biológica individualizada capaz de favorecer ou dificultar a adoção de estilo de vida saudável, como o processo educacional e cultural, a estratificação social e a decisão pessoal. (RODRIGUES, 2008, p 26)

3)      Estresse – esse item é quase inânime para todos, por estarem sempre no limite, pressão, convivência com o sofrimento alheio no caso dos policiais do DPTC, além da exigência de ser proativo no serviço e executarem mais do que o trabalho prescrito, mas o trabalho real marcado por tensão e imprevisto.

Nieman (1999) define o Estresse como qualquer ação ou situação (estressor) que submete uma pessoa a demandas físicas ou psicológicas especiais. Ou seja, qualquer coisa que a desequilibre. Palavra derivada do Inglês, stress, e que se poderia traduzir como “tensão”. É o conjunto de reações e modificações apresentadas pelo organismo de um mamífero quando em situação de perigo (SILVA E DE MARCHI, 1997). Mendes e Leite (2004) acrescentam que é uma reação natural e espontânea que ocorre em todas as pessoas diariamente, por meio da liberação da adrenalina, hormônio liberado pela glândula supra-renal, e que interfere em todos os sistemas corporais possibilitando o movimento corporal para a luta ou fuga. O objetivo é garantir a sobrevivência e promover a adaptação dos sistemas muscular, nervoso e cardiovascular para manter o equilíbrio interno em situação de medo, raiva, aborrecimento e até de felicidade extrema. Lima (2007) cita Ferreira, quando este define estresse, como sendo o conjunto de reações do organismo a agressões de diversas origens, capazes de perturbar o equilíbrio interno. Em relação ao trabalho ou à ocupação, complementa que podemos entender como estresse ocupacional a reação do organismo a agressões físicas e psicológicas, originarias da tarefa executada pelo profissional. Mendes e Leite (2004) chamam a atenção para as respostas fisiológicas do estresse, integradas à vida diária dos trabalhadores nas últimas décadas. Esses ainda dizem que a relação homem-trabalho pode gerar um estresse crônico com aparecimento de sintomas, se a percepção do ambiente de trabalho não for prazerosa e o trabalhador não sentir segurança no seu emprego. Os mesmos autores ainda dizem que o estresse no ambiente de trabalho geralmente está relacionado com a organização das tarefas. As principais causas são: o excesso de trabalho, a execução de tarefas sob pressão, a ausência de decisões no processo produtivo, as condições ambientais insatisfatórias, a interferência da empresa na vida particular, a falta de conhecimento no processo de avaliação de desempenho e promoção e a falta de interesse na atividade profissional desempenhada”. De acordo com o que foi exposto, não podemos interpretar que trabalhar causa estresse ocupacional, muito pelo contrario, atividades diárias bem organizadas que respeitam os limites do corpo trazem uma grande quantidade de energia e desenvolvem um equilíbrio físico. São os componentes físicos inadequados e a desorganização de tarefas mentais que geram o estresse (LIMA,2007). (RODRIGUES, 2008, p31-32)

4)      Condições de trabalho – Nesse item se dá pelo fato de sabemos que do sucateamento e crise dos serviços públicos. É aquilo que o ambiente de trabalho oferece, seja por um chefe ruim, pelo ambiente, pelo serviço maçante e até indigno.

As delegacias legais, ao que parece, trouxeram avanços e significativas melhorias para o trabalho dos policiais, sobretudo na área da informatização, segundo eles mesmos. Ao tentarmos saber a visão dos policiais acerca de suas condições de trabalho, pudemos perceber
que o nível de satisfação entre eles é maior que o de insatisfação, e duas respostas tiveram como viés a comparação entre as condições de trabalho de uma delegacia legal com as tradicionais, conforme reproduzimos nas falas abaixo:
- “ Boas, dentro das possibilidades.” (Passat)
- “ Satisfatórias.” (Chevette)
- “São ruins. O numero de pessoal por plantão é pequeno e prejudica o trabalho,
sobrecarregando os demais que estão no plantão..” (Maverick)
“ Há sobrecarga de trabalho e as condições são insalubres.” (Fusca)
- “Precárias e o atendimento ao público é estressante.” (Opala)
- “ São razoáveis.” (Fiat 147)
- “ São boas.” (Kadett)
- “ Em comparação às delegacias convencionais, melhorou mil por cento.” (Voyage)
- “ São boas, se comparadas às delegacias convencionais.” (Caravan)
- “ Medianas: nem boas e nem precárias.” (Del Rey)
Mas as melhorias introduzidas pelo Programa Delegacia Legal também
trouxeram uma demanda maior às delegacias, em decorrência das mudanças no ambiente e do melhor atendimento prestado, o que gerou maior sobrecarga de trabalho. Essa sobrecarga é claro, gera insatisfação, pois muitas vezes o número de policiais por plantão é insuficiente para atender as demandas - conforme eu mesma pude presenciar enquanto
estagiária no Programa Delegacia Legal - ocorrendo então, o embate “demanda de trabalho x déficit de pessoal”. Isso faz com que os policiais que estiverem no plantão, tenham que se desdobrar para atender ao usuário, ocorrendo sobrecarga de trabalho, cansaço dobrado e
demora no atendimento. (SILVA, 2010, p30-31)


5)      Reconhecimento – É a não valorização em todos sentidos na carreira: baixo salário, quando dão um sentido pejorativo a função, humilhação, desvalorização pela sociedade civil e pelos autoridades públicas. Isso é muito comum hoje para os policiais, pois parece que a sociedade vai mal e a polícia ruim das penas...

6)      Relacionamentos – É uma forma de se defender conjuntamente de uma situação negativa promovida por indivíduos ou grupos de pessoas mais organizados. Para o policial ele tem o dever de se resguardar mais, porém um bom nível de relacionamento, amizades certas, lazer certo vai leva-lo a obter mais saúde.

O Relacionamento Social é um importante item que compõe a qualidade de vida. O impacto das relações sociais da pessoa, em especial sobre seu relacionamento com a família, no trabalho e no lazer, realização de expectativas e satisfação com a vida sexual, além dos sentimentos de acesso a bons cuidados médicos, amparo da sociedade e apoio dos amigos e familiares é essencial para a realização de uma vida plena (GONÇALVES E VILARTA, 2004). Boff (1999), utiliza o termo convivialidade, como sendo a capacidade de fazer conviver. O mesmo autor ainda chama a atenção para a sociedade contemporânea, dita sociedade do conhecimento e da comunicação, que esta criando contraditoriamente, cada vez mais incomunicação e solidão entre as pessoas. A internet pode conectar-nos com milhões de pessoas sem precisarmos encontrar alguém. Pode-se comprar, pagar contas, trabalhar, pedir comida, assistir um filme sem falar com ninguém, sem precisar sair de casa. Tudo vem à nossa casa via on line. Neste contexto, para que não ocorram os fatores preconizados pelo autor acima, devem-se fortalecer os laços familiares, amizades e atividades sociais, pois esta associação pode trazer melhores benefícios para a saúde do indivíduo. (RODRIGUES, 2008, p33)


7)      Saúde – É a condição física, mental e emocional em harmonia com o bem estar. No caso dos policiais, e embora isso dependa de questões biológicas, parece que eles estes profissionais adquirem doenças psicossomáticas com bastante frequência, tendo vida útil profissional mais curta e de vida segundo pesquisa em torno de 53 anos.

Enfim, podemos abordar uma serie de itens que prejudicam a saúde e qualidade de vida dos policiais, mas o estresse é um ponto em comum para todos os policiais, findando por leva-los ao um sofrimento psicológico contínuo, além de longas jornadas de trabalho, frequente contato com o público e insatisfação de sua remuneração. Tal como se refere o texto abaixo:   
(...) estresse a que são submetidos em seu trabalho, onde esse é entendido como o desequilíbrio entre as demandas do trabalho e a capacidade de resposta dos trabalhadores. Fatores estressores como alta demanda, baixo controle sobre o processo de trabalho, frequente contato com o público, longas jornadas de trabalho, recursos materiais insuficientes, insatisfação com a atividade e a remuneração, dificuldade de ascensão profissional, além da exposição ao sofrimento alheio, a situações perigosas e a problemas familiares, estariam relacionados ao sofrimento ou distúrbios psíquicos nos indivíduos, resultando em afastamentos. (LIMA & MELATTI, 2010, p 481)





CONSIDERAÇÕES GERAIS
Considerações Finais:
Este trabalho partiu da minha curiosidade e questionamentos enquanto pesquisador em História onde somos levados a refletir sobre nossa realidade, mais especificamente sobre os bastidores de uma instituição de segurança. É assim, o aprofundar das chagas de dois ofício existentes e imperceptíveis força de uma estudo mais cuidadoso.
É um trabalho que discorre acerca do estudo da Polícia Técnica de Rio Branco – Acre, mais especificamente sobre duas categorias supostamente subalternas às quais caem muita pressão e trabalho num ambiente considerado hostil. Por isso, não passa de ser uma denúncia das condições de trabalho destes. Um estudo da dinâmica e da ergonomia, da dor e ainda do prazer de exercer essa função digna, mas pouco reconhecido e em certo sentido até desvalorizados em alguns tópicos. Propõe inclusive, um novo modelo do de organizações para favorecer os funcionários do DPTC, com bem mais estrutura e acolhimemento e melhora no atendimento à sociedade.
Mas primeiramente, analizamos a que ponto a vulnerabilidade destas estruturas e condições de trabalho e o aumento da criminalidade contribuem para gerar mais opressão sobre os funcionários desse órgão de segurança. Os Trabalhos reais dos agentes que excede o trabalho prescrito e determinado em lei, e todo seu esforço humano ficam muitas vezes invisível para pessoas comuns, à sociedade civil a sociedade civil parece não ter uma visão muito positiva da Polícia Civil. Essa sociedade assim como todos instituições há tempos vão mal e a Polícia bem mal das pernas...
Além diversas consultas bibliográficas mergulhamos numa percepção da rotina, do cotidiano e trabalho, segundo o “olhar” da própria instituição, por meio da História Oral e História Social, combinado uma pesquisa dos procedimentos documentais do DPTC. Fomos buscar também autores que embasam as teriorias do mundo do trabalho.
Para tentar refazer um pouco da História de um órgão esquecido de uma Instituição de segurança.  É uma pesquisa ligada a área de segurança pública, tema este que está na “crista da onda”, pois estamos atualmente diante de uma forte onda que violência em nosso estado e no Brasil em geral. Então todo o desdobramento dessa violência vai parar na pressão, no intenso trabalho sob pressão e a exposição ao sofrimento alheio. Assim, é sempre necessário, fazer um estudo que venha a levantar o perfil, o volume e as causas desse produto de materialização do crime em nossa cidade. Dessa forma, o intuito é partir do presente, ou seja , das problemáticas do presente e ir para o passado ainda um pouco recente, dando-nos respostas e quem sabe até fazer certas previsões em conexões com os elementos de pesquisas encontrados, na tentativa de contribuir para resoluções ou apenas refletir  essa tem ética.
Por que seria um trabalho de complementação de uma monografia elaborada por minha pessoa em 2015, no término do Curso de Bacharelado em História pela Ufac. Pois se faz necessário uma pesquisa, onde há uma lacuna e muitas relevâncias. Enquanto funcionário do quatro dessa Instituição policial há quase 16 anos, bem como enquanto licenciado e bacharelado em História, adquirimos além da curiosidade, muita criticidade de nossa realidade. Também sabem que a História desse órgão é uma História esquecida, ou seja, A Polícia Técnica não tem História contado e registrado, por mais que seja um lugar de muitas vivência conflituosas ou solidárias cotidianamente.
Para resgatar a história de um órgão de segurança, pelo menos em parte. Essa seria uma História do Imaginário, das mentalidades, social, cultural e etc... mas o foco maior é a História Vista de Baixo, dos trabalhadores, das condições de trabalho, de vida, dos que perderam a vida violentamente e seus ente queridos. Saber qual é o perfil desses mortos e que causa-mortis; Saber como é o dia-dia dos funcionários e seus dilemas desse contato brutal com a violência.  
Diante do exposto acima, poderíamos está perguntado se o IML atualmente teria condições de trabalhar com um caso dessa magnitude? Logo entraríamos na questão da manutenção e sucateamento em que vive o setor, e a principio poderíamos ter uma resposta negativa. Daí a importância de um trabalho como este que questiona e levantar criticas construtivas a uma instituição o mais especificamente ao órgão de segurança que também defende e zela a vida de todos rio-branquenses.


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