Lembro-me quando ele foi prefeito pela primeira vez em Rio Branco, as camisas coloridas eram orgulhosamente compradas pelos eleitores. Daí em diante, se tornou o melhor político e gestor que o Acre teve, pulso forte na segurança, gestor empreendedor na infraestrutura, fez um Acre vencedor! Tem meu voto!
Também me lembro que na época dos governos direitistas antes do PT, chegavam aqui um líder e representante da cúpula do país diziam ao governador: onde está o dinheiro que eu mando pra cá, isso é uma favela.
Haviam muitos roubos: Conta Flávio-Nogueira, Rombo do Banacre e vários políticos enriquecendo ilicitamente.
Jorge Viana foi um Stalinista, governava com mãos de ferro. E o próprio partido sempre foi Stalinista, porém desenvolveu o Acre, e é considerado o melhor governador que o Estado teve.
Vou fazer 44 anos, sou historiador, e meu pai fala muito, além do mais lembro bem a imagem da cidade antes e depois...
Há controvérsias, o Nabor foi o primeiro governador eleito democraticamente após a abertura. Mas era dissidente do MDB e não literalmente da esquerda. Só para disputar criaram MDB e Arena.
*Aqui no Acre houve muito enriquecimentos ilícitos, dinheiros mandados para contas fora, no exterior, escândalos e roubos já citados.
Posteriormente, esses partidos caracterizaram-se de direita, os dois partidos agora pulverizado com diferentes. " Corrupção e bandalheira foram especialidades do PMDB".
Daí em 1999, houve uma espécie derrubada da Hegemonia de diversas oligarquías acreana.
Há controvérsias, o Nabor foi o primeiro governador eleito democraticamente após a abertura. Mas era dissidente do MDB e não literalmente da esquerda. Só para disputar criaram MDB e Arena. Aqui no Acre houve muito enriquecimentos ilícitos, dinheiros mandados para contas fora, no exterior, escândalos e roubos já citados.
REVISTA UNB-INTER LEGERE: GOVERNANÇA NO ACRE:A EXPERIÊNCIA DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DEU CERTO?
Raimundo França, Doutorando em Ciências Sociais
Em 1998, uma coalizão de forças, capitaneada por um partido de esquerda (PT), conquista, através do voto popular, o Governo do Acre e se instala no Palácio Rio Branco depois de sucessivas tentativas malogradas. Com isso, rompe-se um ciclo de décadas de alternância binária no Poder, fosse através do PTB 89 ou PSD, ARENA, PMDB e PDS\PPR\PPB\PP. A eleição do governo do Partido dos Trabalhadores (PT) foi marcada pelo amplo apoio da sociedade civil (sindicatos, movimentos dos seringueiros e organizações não governamentais), que daria sentido à eleição de um governo popular e democrático, ao menos no plano teórico, porque fora eco de luta dos vários movimentos sociais que se arrastavam desde a década de 1970.
Além disso, o PT pretendia ser visto como um partido político, diferenciado daqueles que tradicionalmente tinham ocupado o poder. Essa diferença estaria não apenas no programa (Estatuto do Partido dos Trabalhadores, 2004) que aponta para a superação do Capitalismo, mas também na transformação quanto à concepção de governo, estimulando as classes trabalhadoras, no sentido de uma efetiva participação no Poder. No intuito de compreender esse processo, detivemo-nos, a partir do Modo Petista de Governar (BITTAR, 1992), em investigar, sob que medida estar à frente do executivo acreano constitui-se numa experiência inovadora de governança entre as formas de governar no Acre.
A história revela-nos que as
administrações pretéritas foram, diga-se de passagem, centradas num modelo de gestão autoritária, com pouca ou quase nenhuma participação dos setores sulbaternos, na formulação de políticas, como frisa a maioria dos trabalhos que se dedicam ao tema (FERNANDES, 1999; SILVA, 1999; FRANÇA, 2002). Nesse sentido, priorizamos a primeira gestão do Governo da Frente Popular do Acre, 1999-2002, com foco central para a participação e a gestão do Governo. Para isso, o trabalho foi divido em cinco capítulos.
No primeiro capítulo, Ferramentas de viagem fazemos uma breve discussão do aporte teórico que fundamenta este trabalho, procurando depurar as divergências conceituais sobre o Modo Petista de Governar e Governança, assim como suas aproximações ao objeto de estudo proposto.
No segundo capítulo, Mapeando o rio, procuramos fazer uma reconstituição histórico-social dos principais elementos que caracterizam e dão origem ao Estado do Acre, a partir das obras de autores regionais que têm a Amazônia como foco, para que os tripulantes não se percam no cenário.
No terceiro capítulo, Pintores e pinturas da paisagem, buscamos mostrar aos navegantes mais afoitos as multiplicidades dos atores desse processo, com particular ênfase à construção do Partido dos Trabalhadores e sua chegada ao Palácio Rio Branco, depois das chuvas e tempestades encontradas no caminho, bem como sua mudança de rota no meio da viagem.
No quarto capítulo, Mudando a paisagem, analisamos as políticas adotadas em áreas como: a Reforma Administrativa, Educação e Meio Ambiente, procurando identificar se houve alterações na paisagem.
No quinto e último capítulo, Ancorando o barco, verificamos como ocorreu a participação da sociedade no governo do PT. Caminhar sobre esse terreno de areia movediça que é o 0mundo da política, nem sempre é fácil. Aliás, cremos ser uma das tarefas mais difíceis do gênero humano.
Esta tarefa, por sinal, foi tratada magistralmente por muitos gigantes da literatura política, em obras, como a “Política, de Aristóteles”, “A República, de Platão”, “Utopia, de Thomas Morus”, “O Príncipe, de Maquiavel”, “Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels”. Longe da genialidade desses clássicos, nosso trabalho também se deteve no estudo da política pelas bandas da Amazônia Ocidental, procurando enxergar a novidade política que surge entre as florestas demarcadas pelos índios e pela saga nordestina, que enxergou naqueles rios e florestas uma oportunidade de materializar seus sonhos de um lugar ao sol.
Montamos sobre os ombros dos que nos precederam, encontramos obras empoeiradas nas estantes, outras ainda com cheiro da gráfica. Elas nos ajudaram a traçar um fio condutor desse trabalho; também nos despertaram para uma série de espaços vazios sobre a história política do Acre, como, por exemplo, um estudo mais específico da Região do Vale do Juruá, dos partidos políticos, da imprensa e da cultura política.
Mergulhar nessas obras permitiu-nos compreender melhor as especificidades do processo político no Acre, a organização política administrativa, os modelos de desenvolvimento adotados na região, a cultura política de fundo autoritário, clientelista e patrimonialista que vigoraram na região e, pelo que vimos, ainda não foram totalmente superadas.
Também propiciou-nos um olhar mais meticuloso para a dinâmica dos movimentos sociais no Acre. Essas referências foram fundamentais para que entendêssemos, de fato, o que significava a presença do Partido dos Trabalhadores à frente do executivo acreano e chegássemos a conclusões mais sólidas. Inicialmente, nossa premissa baseava-se na suposição de que os elementos distintivos da gestão do Partido dos Trabalhadores à frente do governo do Acre, caracterizarse-iam pelos pressupostos da participação popular, da inversão de prioridades e ética na gestão dos recursos.
Estas questões que estão presentes em toda a reflexão que utiliza o Modo Petista de Governar, para diferenciá-lo das formas tradicionais de governar no Brasil. Todavia, quando nos detivemos para a análise do material de pesquisa (Plano Plurianual, Plano de Governo, as Leis de diretrizes Orçamentárias, Leis Complementares, Balancetes Gerais, as entrevistas, os jornais), eles nos revelaram que esses princípios não se confirmaram como elemento diferencial, pelo menos na perspectiva do Modo PetistaNonato de Governar.
Afinal, o governo não criou um instrumento de democracia direta para a participação popular. A inversão de prioridades esbarrou nos limites constitucionais. A ética na gestão dos recursos públicos foi abalada por uma série de denúncias da oposição. Por outro lado, podemos afirmar que a gestão do Partido dos Trabalhadores, à frente do Executivo acreano está mais para Governança, no sentido de uma governabilidade democrática, que para o Modo Petista de Governar. Isto porque o Partido dos Trabalhadores conseguiu reformar o aparelho de governo, dando-lhe maior eficiência sob os pilares da responsabilidade fiscal, como ampliando os espaços institucionais e catalisando certas demandas da sociedade civil através de políticas públicas inclusivas.
Em outras palavras, o Governo do PT foi um bom governo, na media em que sua gestão aponta para uma maior incorporação de políticas exigidas por setores subalternos da sociedade. Outra novidade da gestão do Partido dos Trabalhadores foi a adoção da idéia de “Desenvolvimento Sustentável” para a região, pois, ao incluí-la na sua agenda de governo, ele trouxe à tona uma reflexão necessária sobre que tipo de desenvolvimento é possível.
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