UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
KELTON MISAEL SILVA NOGUEIRA
BREVE HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO
BRASIL E ACRE
RIO BRANCO
2023
KELTON MISAEL SILVA NOGUEIRA
BREVE HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO
BRASIL E ACRE
Aprovada em_ de_ de .
RIO BRANCO
2023
ã NOGUEIRA, K., 2023.
NOGUEIRA, Kelton Misael Silva. Breve História da Saúde Pública no Brasil e
Acre. Rio Branco, 2023. 60f. Monografia Rio Branco, 2023.
![]() |
INTRODUÇÃO
Introdução
Neste
trabalho, o propósito é relatar de forma breve o processo histórico da saúde
pública e as analise clinicas, em destaque ao Brasil e a região do Acre. A
motivação para a pesquisa, se deu pelo interesse acerca dos procedimentos
forenses e exames laboratoriais, assim como o ofício do trabalho clínico em
ênfase nas amostra biológicas para a resolução de crimes ligado
ao órgão policial no Departamento de Polícia Técnica-Científica(DPTC-AC), a
qual trabalho no setor, há 20 anos. Também como forma
de conclusão da Pós-Graduação em Analises Clinicas e Microbiologia pelo
Instituto Faveni.
É
fato, que nos últimos anos, houve um interesse assíduo pelo funcionamento dos
sistemas de saúde, em especial, referente aos recursos de diagnóstico, estudo
da evolução de doenças, prescrição de terapêuticas e outras atividades do setor
analítico, isso se deve em maior parte a crise pandêmica ocorridade pela
expansão de COVID-19, ocorrida no período de (2020-2023), que é uma doença
associada a uma classe de viroides, denominado corona vírus, somada a taxa de
contágios e fatalidades que sobrecarregou unidades hospitalares e laboratórios
clínicos do Brasil ao Mundo.
Por
outro lado, aumentou o incentivo a pesquisas relacionadas a epidemias de grande
potencial e também a literatura histórica e científica relacionada a área de
atuação, por isso, a importância do trabalho para uma revisão histórica de
desenvolvimento e progressão do corpo da saúde e pesquisa científica ligada ao
combate de agentes etiológicos de origem microbiana.
Além
de resgastar um pouco da memória e histórias dos órgãos públicos ligados à
Saúde Pública, não somente detido no espaço dos laboratórios, também destacamos
o estabelecimento do Sistema Único de Saúde(SUS), como também a gestão e trabalho
realizado pela equipe clinica: trajetórias, trabalho e cotidiano no Brasil e no
Acre, dentro disso, encontramos apoio no material bibliográfico e fizemos um
levantamento de ideias a ser abordados no trabalho a seguir.
No
primeiro, buscaremos uma analise prévia da instituição, procedimentos
terapêuticos, cuidados médicos e os conceitos de saúde nos primórdios da
Humanidade até a etapa grego-romana responsável pelo “salto” da formação do
saber médico herdado por Hipócrates. Na vinda do caminho, entraremos no período
medieval, com o nascimento dos feudos e estabelecimento da junção das praticas
pagãs e cristãs, como fator-crença para a cura de “moléstias”, as ações de
limpeza e incentivo ao saneamento moderno.
Seguindo
para o segundo capítulo, prosseguiremos com a analise histórica da primeira
metade do século XX, com as iniciativas de pesquisa em campo em colaboração ao
ambiente laboratorial, promovidos pelos pioneiros da Medicina Tropical, tal
como Oswaldo Cruz e Adolpho Lutz e outros, que realizaram expediç~eos para
áreas rurais e distantes dos centros urbanos no Brasil.
Na
buscar de relatar a projeção das endemias e estudo de doenças
infectocontagiosas que ameaçavam o projeto de urbanização republicano, com o
surgimento dos movimentos de limpeza sanitária e desinfecção, que batia de
frente com a camada populacional em estado de pobreza que viviam nas zonas
marginais da urbanização, gerando mobilização de resistência pela tomada e
destruição de suas locações e áreas residenciais, devido de fato de não serem
incipientes para a organização e local jazido da proliferação de doença.
No prosseguir, refere ao terceiro
capítulo, fizemos um recorte histórico referente à região da Amazônia
Ocidental, em especial, ao Acre, nas primeiras décadas com o término do século
XIX, com inicio do Ciclo da Borracha, a qual houve a instalação dos
assentamentos aos longos das margens de rios, que logo configurariam na
formação dos primeiros seringais para extração e coleta do Latex para uso de
empresas gumíferas, que promoveu a vinda de nordestinos devido às árduas secas
do sertão, para trabalho em uma regime de exploração indébita que acabou
minando a vida de grande parte dos “sertanejos”, frente às adversidades do
clima e o acometimento de doenças tropicais.
Assim, fizemos uma trajetória do
surgimento das primeiras unidades de atendimento hospitalar e instalação dos
serviçoes médicos, no tratamento, prevenção e diagnóstico até as reformas nos
anos 60, devido a formalização do Território Federal para o Estado,
prosseguindo até os últimos 10 anos. Por fim, relatamos a respeito da estrutura
e gestão nos laboratório de saúde pública, também buscar entender o modo de
organização das unidades médicas, desde o diagnóstico prescritivo até a oferta
de medicamentos. Assim, acreditamos que o trabalho forneça um olhar de
importância social do assunto da atividade clínica em geral.
CAPITULO
1: A Cura nos Primórdios da Humanidade à América Portuguesa
1.1 Saúde na Antiguidade à Herança
Hipocrática
As
doenças, desde o inicio da Humanidade, sempre estiveram presentes e foram um
desafio para os seres humanos, isso é demonstrado por registros arqueológicos e
pesquisas dos primeiros assentamentos humanos até os grandes impérios, tais
como e Civilizações antigas, ao passo dos nossos dias atuais.
É fato, que o combate dessas enfermidades
requereu impressionante estudo epidemiológico, diagnóstico, prevenção e
tratamento para que possa estabelecer ao indivíduo, o equilíbrio saudável com o
meio, não é a toa que os termos: saúde e doença está entrelaçado ao contexto
cultural, organização social e espacial dos homens (BACKES Et Al, 2009),
diretamente ligado ao desenvolvimento e progressos das sociedades humanos.
No
que tange, a Antiguidade, período histórico que remete a primeira forma de
escrita na Suméria, por volta de 3.500.a.C e parte do Oriente, até o
estabelecimento da civilização grego-romana, nesse sentido, mesmo sendo um
período de tempo e espaço relativamente grande na escala humana tem seus frutos
colhidos até hoje. Embora seja impossível fazer um rastreio do pensamento em
relação às doenças naquela época, parece possível supor, que houve vários
estágios de raciocínio. Por exemplo, o uso de plantas com fins terapêuticos,
uso de tratamentos espirituais com contra-feitiços, encantamentos, poções e
sucção.
A respeito das práticas de alguns
povos antigos, observa-se evidencias do uso de curas, terapêutica primitiva em
geral, práticas cirúrgicas e incisão em geral contra “anomalias” de origem
sobrenatural, em cada caso contendo marcas culturais e simbiologias que reflete
a diversidade cultural humana responsável por modificações na prática do saber
de cura popular, que se desenvolveram ainda mais com o surgimento dos agregados
humanos de 4.000a.C, a qual é de forma breve é dito pelos autores (BACKES Et
Al, 2004, p.114): A doença possui caráter
histórico e social, sendo que a natureza social se verifica no modo
característico de adoecer e morrer nos grupos humanos, havendo diferenças nos
perfis patológicos ao longo dos tempos[...]
Portanto, é evidente que o surgimento das
primeiras civilizações, mas antes disso, observa-se a Magia e Religião, estava
presente nas populações humanas pré-históricas até os povos ameríndios do
Continente Americano, onde como bem observado por (SANTOS ET AL, 1994),
encontra-se registros arqueológicos no uso de técnicas para extirpação da dor e
as práticas de mutilação para tratamento de infecções.
“Em alguns lugares, como na região andina, e oriundas de culturas
específicas, encontram-se mumificações naturais ou artificiais, nas quais
corpos conservados oferecem mais do que os esqueletos para estudo. Tais casos,
no entanto, são relativamente raros no Brasil. Outros testemunhos, como
artefatos, representações artísticas e outros elementos da cultura material,
podem eventualmente exprimir aspectos de interesse paleopatológico,
incluindo-se aí práticas deformatórias,
cirúrgicas, mutilatórias ou anomalias de diversas origens..”(SANTOS Et Al,
1994, p.22)
Assim,
observa-se que a concepção de saúde na Antiguidade para os povos tribais,
estava associada ao culto místico, tendo evolução maior em sociedades
organizadas que forneceram fundação dos “primórdios” da saúde pública, no que
refere as práticas. a
prescrição de cuidados médicos pelo oficio dos sacerdotes e chefes espirituais
até a organização estrutural das cidades, com o esgotamento e limpeza
sanitária.
Em
relação ao desenvolvimento, promovido pela mudança de domínios territoriais do
homem com fim do nomadismo e aumento dos grupos sedentários que promoveu mudanças
nos hábitos culturais, trouxe novas enfermidades, em consequente, a
“profilaxia” da época, tais as cidades-estados na Mesopotâmia e Egito, tal como
os assírios, caldeus e os povos semitas. Muitas referências desses povos podem
ser encontradas em escritas antigas e nos achados que evidenciam a aplicação em
massa de noções de preservação da saúde. Também, é claro que os “discursos” de
conceituação dos termos do saber médico e cuidados ao enfermo estavam atrelados
somente as crenças místicas.
Mas,
ao contexto social, politico e religioso, na adequação do modelo de saúde,
doença e cuidados referente é presente a condição de enfrentamento pelo grupo a
respeito do desequilíbrio sobre as condições de sobrevivência e saúde do povo,
tribo ou sociedades organizadas. Algo que foi modelado pelas civilizações se
nos detemos de uma atribuição antropológica que vise a relação do cuidado do
estado vital à historia social.
“Os modelos de saúde,
doença e cuidado resultam da história social e são herdados culturalmente, não
podendo ser reduzidos à experiência individual, mas envolvem a coletividade,
seus valores e costumes, de maneira que quando um indivíduo adoece, toda a
família se envolve. Dessa maneira, também as crenças e as práticas de cuidado
em saúde nascem e se desenvolvem no contexto social, influenciam-se mutuamente
e fazem parte da dinâmica que proporciona a adaptação do ser humano ao seu
entorno, através da cultura”(BACKES Et Al, 2004, p.118)
Na
florecente arte primitiva da medicina dos povos antigos, de um modo geral, focava-se
em manter conhecimento da pessoa, tratando unidades do corpo físico e a alma, a
qual sofriam influência do domínio cultural presente, quanto ao tratamento e
manejo de recursos da natureza para a cura do paciente, algo que não parece tão
distante à medicina clinica moderna, relacionado ao uso de remédios,
acompanhados da liturgia e imagens.
A
respeito disso, podemos destacar a configuração e meios de cuidados oferecidos,
ainda no Oriente Médio e na Cultura Egipcia, como descrito abaixo:
“Muitas
das práticas cirúrgicas utilizadas nos dias atuais tem sua origem proveniente
de procedimentos cirúrgicos egípcios, realizados a muito tempo atrás. De acordo
com Jurgen Thorwald (1962, p. 57), a cauterização era um procedimento cirúrgico
e ficou comprovado que os médicos egípcios faziam uso do mesmo para tratamento
contra infecções. Nos dias atuais a cauterização também é realizada, como a
cauterização química. Os médicos do Egito também faziam cortes cirúrgicos, com
o uso de pedras afiadíssimas, que se assemelhavam aos bisturis dos dias de
hoje, [...]”(SANTOS Et Al, Ano
desconhecido, p.06)
Nessa
ótica, não podemos esquecer o papel dos babilônios que foram responsáveis por adoção
de pequenas cirurgias para retirada de abcessos. Além das adivinhações e
“consultas” públicas aos deuses, que possibilitavam o diagnóstico de doenças.
“O historiador grego Heródoto afirmou
que todo babilônio era um médico amador, pois era costume deitar os doentes na
rua para que qualquer um que passasse pudesse dar conselhos.A adivinhação , a partir
da inspeção do fígado de
um animal sacrificado, era amplamente praticada para prever o curso de uma
doença. Pouco mais se sabe sobre a medicina babilônica, e o nome de nenhum
médico sobreviveu.”(Disponivel em https://www.britannica.com/science/history-of-medicine)
Foi
nesse período, o incentivo do estudo do corpo e a higiene, junto aos banhos
medicinais que acreditavam possuir propriedades purificadoras, tal como os
egípcios faziam no Rio Nilo,
influenciado da Mesopotâmia com a terapêutica de equilíbrio do corpo e o meio,
no Rio Tigre e Eufrates com sais que aliviava dores abdominais e artrite
nervosa. Algo que a Medicina e o corpo das ciências da saúde, ainda hoje,
recomendam ao cuidado e bem-estar do corpo.
Em,
700 a.C, surgiria a civilização grega ou helênica, localizada no sul da Europa,
mais precisamente por diversos locais ao longo da costa do Mar Mediterrâneo, os
médicos gregos usavam o pensamento racional ao lidar com a Medicina,
transformaram a confiança na intervenção divina para soluções práticas e
naturais(ROSEN, 2004).
A
figura médica, provavelmente mais importante da Grécia Antiga, foi Hipócrates,
médico e filosofo natural que focou no estabelecimento na prática médica da
abordagem natural dos males, a qual postulava a importância de compreender os
modos de saúde do paciedade e a necessidade de harmonia entre o individuo,
ambiente social e natural.
Ele
fundou uma escola, em aproximadamente, 420a.C, junto com a parceria de seus
discipulados, fez contribuições importantes, tais como a elaboração do “Corpus
Hippocratium” com 60 obras médicas gregas, que incluíam um estudo por
compêndios sistemático e descritivo da analise do funcionamento do corpo
humano, até a descrição de quadro “nosológicos” e objeções a respeito da
terapêutica
“A coleção hipocrática
acreditava que certas doenças estavam relacionadas com condições climáticas, e
considerava os humores como constituintes vitais básicos que circulavam através
de vasos entre os órgãos do corpo. Essas ideias são responsáveis pela teoria
humoral, a qual é assinalada como a primeira explicação racional para
investigação e estudo das doenças.”(FLORINI&MANSO, 2021, P.18506)
Enquanto,
ao prelúdio da pesquisa médica, os filósofos Aristóteles e Platão, a
importância do estudo corporal, por ser a forma que alma direciona na passagem
material. A influência da filosofia, nesse sentido, trouxe influência aos
médicos gregos, permitiu aos gregos começar a descobrir o interior dos corpos
humanos, de forma sistemática. Em Alexandria, no Egito, estudiosos começaram a
dissecar cadáveres e estuda-los. As vezes, abriam os corpos de criminosos que
ainda vivos.
O
ponto focal da medicina hipocrática é a crença que a medicina deve ser
praticada com alicerce das ciências naturais, bem presente nos trabalhos
realizados pelos médicos com observação e reconhecimento dos sintomas, com
associação com causas ambientais, trazendo consigo a importância do tratamento.
Assim, desse modo, o médico hipocrático tinha base suficiente para a época na adoção,
do que hoje, denominamos como prática clinica e inspirou a cultura romana.
Na
Roma Antiga, a saúde era baseada nos preceitos hipocráticos e a regulamentação
da saúde pública era um pilar em Roma, enfrentando necessidades práticas com as
questões sanitárias das grandes cidades, resposta a surtos infecciosos no
território romano, a manutenção do poderio militar e cuidados de saúde com os
altos funcionários.
No
que tange ao Estado Romano, no período da república, foram instituídos a
criação de sistemas de abastecimento de água por cistenas, pois havia a crença
que o manejo saudável dos recursos hídricos estava diretamente relacionado à
preservação da vitalidade e bem-estar dos cidadãos, instituindo leis
relacionado de proteção e limpezas de fontes aquíferas.
“Inicialmente, a manutenção dos aquedutos e a
distribuição da água ficavam sob a responsabilidade dos censores e dos edis.
Sob Augusto nomeou-se uma comissão, composta de um curador, de nível consular,
e dois assistentes, de nível senatorial. Sob Cláudio", criou-se o cargo de
procurator aquorum, seus ocupantes, provavelmente, faziam a maior parte do
trabalho administrativo. A comissão dispunha de um quadro permanente de, no
início, duzentos e quarenta escravos especializados, legados por Augusto; a
esses, Cláudio adicionou quatrocentos e sessenta outros. Entre esses trabalhadores
havia pedreiros, ladrilheiros, castellarii, para os reservatórios, villici para
os canos, e supervisores (ROSEN, 2004, p. 58)
Entre
os doutores da área médica, houve a instituição dos banhos públicos para
higiene pessoal e áreas destinadas à eliminação de dejetos, essas medidas de
infraestrutura colaboram para a vida dos cidadãos da época, evitando doença,
exceto os escravos.
Houve,
também a criação de sedes para encaminhamento de enfermos com profissionais do
período, sendo responsáveis pelo levantamento de sintomas, praticas de cura e
cultos de adoração aos deuses, assim como os gregos, aos deuses relacionado à
fertilidade e saúde. Em relação a contaminação de doenças infecciosas, entre
vários, se destacam (IDEM, 2004) a difteria, varíola e gripe acometida com
letalidade maior à camada pobre e rural, a maioria dos tratamentos médicos
oferecidos com exclusividade aos funcionários do governo, também era ofertados
aqueles que fossem encaminhados para os batalhões do exercito.
1.2
Saúde na Idade Média e Período Moderno
Pois, como Império, com a extensão dos
limites estendendo desde as áreas itálicas, o norte da África e parte do
Continente Asiático, sua economia estava ligada a conquista de novos
territórios e manter o estado de saúde das tropas. Algo que foi mantido do
apogeu à queda em 472 d.C., com as invasões bárbaras que o destitui a
organização administrativa das cidades e promoveu a ruralização com início do
período da Idade Média (472-1456)
“No Ocidente, durante o primeiro periodo medieval-a chamada "Idade
das Treves" (500-1000 aC)-em geral enfrentavam-se os pro- blemas de saúde
em termos mágicos e religiosos. Fontes pagas e cristas forneciam o terreno para
o supernaturalismo da Idade Média ocidental. Vellos costumes e ritos pagños
sobreviviam, e eram usados para resolver problemas de saúde dos individuos c du
comunidade. Ao mesmo tempo, o cristianismo afirmava a existência de una conexão
fundamental entre doença e pecado: a doença seria uma punição pelo pecado.
Considerava também, como causas de doenças, a possessão pelo diabo e a
feitiçaria Em consequência, diante de problemas de saúde usavam-se a oração, a
penitência e a invocação dos santes.”(IDEM, 2004, p. 62)
A
Idade Média na Europa Ocidental, representou um salto prodigioso, com a etapa
de ruralização da população até meados da segunda metade do século XIV e
desenvolvimento da entidade religiosa do Cristianismo e poder ao representar a
esfera da Igreja Católica, nesse sentido, o conhecimento adquirido pelas artes
médicas greco-romanas e a cultura celta, foram inseridos em contexto de
reavaliação e quase censura devido as práticas estarem contra os princípios
cristão e a Biblia, por exemplo, a dissecação de corpos, foi considerado esta
associado ao pecado da necromancia, prática de contato com os mortos.
A
higiene, foi discriminada em alguns casos, devido a nudez presente no banho,
algo proibido e negligencia pelas classes pobres, a não ser tivesse condições
financeiras para arcar com sua própria fossa sanitária e pagamento de tributos.
Assim,
o conhecimento acadêmico estava restrito aos mosteiros, o que imperava era a
pratica religiosa, a qual as enfermidades e moléstias estavam associadas a
maldiçõs hereditárias, pecado e negligência do contato para Deus. O conceito de
saúde e doença, estava associado à pratica religiosas. O conceito de saúde e
doença, estava associado à prática religiosa.
“Na
Idade Média, as causas das doenças retornam ao caráter religioso. No entanto,
no final desse período, com as crescentes epidemias, retoma-se a ideia de
contágio entre os homens, sendo as causas a conjugação dos astros, o
envenenamento das águas pelos leprosos, judeus ou por bruxarias.”(BACKES Et Al,
2004, p.117
Mesmo
assim, escritos e seus autores, tais como de cunho aristotélico, foram
considerados do tipo “pagão justo”, portanto, o ensino das artes de cura nos
mosteiros e universidades ligada a Igreja, adaptassem no currículo escolástico
aos monges e médicos licenciados, embora não fossem prioridade na formação do médico
em meados do século XIV.
Parte
da medicina na Idade Média teve suas raízes em práticas pagas e do folclore
local frente ao desenvolvimento das cidades e a prospecção do contagio de
doenças ligadas a precariedade sanitária nas ruas, que possibilitavam males
cólera e disenteria. Além das doenças, era enfatizado os cuidados do corpo
doente, a população buscava tratamento com a figura dos barbeiros
especializados em práticas de sutura, retirada de abcessos e métodos de
sangria, a qual tratava na retirada e eliminação do sangue, de forma a permitir
a saída do agente patógeno.
O
oficio dos barbeiros e cirurgião-mor pendurou na Europa Ocidental, até o final
do século XIX. Enquanto, nas classes abastadas, tiveram acesso aos médicos e
padres, além do tratamento médico havia a realização de sermões, orações aos
enfermos e mensagens de confiança na crença da salvação em Jesus Cristo.
Enquanto a população, representantes religiosos e monges forneciam conselhos
gerais sobre os cuidados higiênicos e fé no combate às “forças” malignas. No
final do século XV, temos inicio da Idade Moderna, marcada pelo Renascimento e
valorização do conhecimento científico, que permitiu descobertas científicas
importantes, o impulso das reformas protestantes , que questionaram as autoridades
eclesiais da Igreja Católica, fundando o protestantismo, somado ao incentivo a
exploração marítima, sendo essa comanda pela Marinha Espanhola e Portuguesa,
essa última traria a descoberta da “Terra das Palmeiras”, que veremos no
próximo capitulo
CAPITULO
2: Da Chegada da Família Real Portuguesa ao Institutos de Analise Clinica
2.1 Das Artes de Curar da Colônia às
Instituições de Pesquisa Microbiológica no Brasil no final do século XIX
No
período das Grandes Navegações, o empreendimento realizado na busca de novas
rotas comerciais marítimas, o empreendimento realizado na busca de novas rotas
comerciais marítimas, onde houve um impulso da descoberta de novas terras,
permitiu que no dia 15 de abril de 1500, fosse descoberto a “Terra de Vera
Cruz”, denominado pelo mensageiro da tribulação, Pero Vaz Caminha.
No
primeiro momento, estabeleceu contato com os povos indígenas que mantinha as
mais diversas configurações culturais e hábitos sociais, não é a toa os
costumes e choque cultural, permitisse um olhar curioso e enfadonho, mesmo que
o lado europeu estivesse mais interessado na exploração, havia um sentimento
salvacionista pela comitiva religiosa, quanto aos habitantes, promovendo uma
missão “civilizatória”.
As sociedades indígenas causara surpresa nos seus hábitos e as mulheres
usando trajes praticamente nus, levavam ao o europeu, a sensação de um paraíso,
onde o tempo parou e era sua obrigação ocupa-la e quem saber trazer a
justificação da fé e a salvação daquelas almas, pelos menos era que pensavam os
religiosos, em destaque como definido pela autora, sobre o cotidiano da vida
dos tupinambás, povo predominante no litoral brasileiro. Tal como relata
abaixo:
“Nas terras do além-mar, os costumes heterodoxos eram vistos como
indícios de barbarismo e da presença do Diabo; em compensação, os
bons hábitos faziam parte das leis naturais criadas por Deus. O que
os conquistadores fizeram, então, foi uma comparação das verdades próprias do
mundo cristão com a realidade americana. A cultura indígena foi descrita a
partir do paradigma teológico e do princípio de que os brancos eram os eleitos
de Deus, e por isso superiores aos povos do novo continente.”(DEL PRIORE, 2004,
p.43)
No decorrer da formação das unidades
coloniais destinado à exploração e povoamento desordenado quanto a invasão
territorial em terras indígenas marcadas pela violência, muitas vezes buscavam
apoio na rivalidade das tribos para imposição de atos de tomada deles como mão
de obra escrava, em casos dos que promovem reações violentas, eram duramente
reprimidos.
Não
podemos esquecer, o elemento da propagação de doenças do Velho Mundo, em muitos
casos, de forma proposital, pois sabemos que as caravelas eram um lugar
propicio para a vida de agentes microbianos devido as condições de umidade e
precariedade na limpeza no seu interior e nas áreas portuárias de embarque, que
permitiu que doenças comuns, viessem a tona nas regiões tropicais que dizimou
populações indígenas inteiras, devido a condição patológica e a falta de
resistências orgânicas existentes nesses povos, devido a falta de proteção
imunológica quando comparados aos europeus.
“Eles
acabaram “disseminando enfermidades que se tornaram doenças epidêmicas, por
atingir grande número de pessoas ao mesmo tempo, doenças antes desconhecidas no
Mundo Novo, tal como gripe, sarampo, varíola, tuberculose, ‘mal de câmaras’
(disenteria), febre amarela, pneumonia epidêmica, cólera, tifo, etc[...]Assim,
foi através do contato com os conquistadores europeus que as doenças se
desencadearam de forma arrebatadora na América indígena, pois os íncolas eram
totalmente vulneráveis às novas doenças europeias, africanas e asiáticas que
foram introduzidas após 1500.”(BAIDA&CHAMORRO, 2011, p.14)
No
curso do estabelecimento do Brasil Colonial com organização das faixas
territoriais nas Capitanias Hereditárias, responsável pela produção de
Cana-de-Açucar, envio de especiarias e missões promovidas pela catequização
pelos membros ligado a Igreja, buscando fieis no Novo Mundo, havia da
construção das primeiras vilas com a criação de postos de segurança, casa
residenciais, unidades comerciais e coleta de impostos e áreas portuárias,
promovido pela implementação dos governos-gerais, iniciado por Tomé de Souza,
em 1548.
Nessa
ótica, os passos dados para a formação da “gente brasileira” (DEL PRIORE,
2004), ainda sob o status de colônia, fora alargados, muito embora ainda fosse
um território reservado ao povoamento e expedições em busca de metais preciosos
e especiarias, sendo proibido a implementação de prédios educacionais,
biblioteca e atividades de incentivo ao comercio local, sendo legitimada pelas
autoridades locais.
Em
relação a composição da sociedade formada por comerciantes, servidores
públicos, pequenos latifundiários, indígenas, religiosos e escravidão, os
meandros do cotidiano e modos de vidas de diferentes grupos étnicos permitiram
uma “miscigenação sociocultural”, assim estabelece que foi necessário a adoção
de modelos de saúde, saber população e identificação com a terra, permitiram
gerar condições de sobrevivência na colônia.
Devido
ao fato do Brasil, restringir apenas ao conjunto de exploração, não houve a
presença formal do profissional médico institucionalizado, desse modo, a
população colonial, se via na prontidão de estabelecer o saber popular e as
artes de cura, se valendo do conhecimento dos povos tradicionais, tal como o
indígena, no uso de plantas com propriedades medicinais e misturas
terapêuticas, com a união do eixo cultural africano, em que ambos traziam os
símbolos de chefes espirituais e misticismo, muitas vezes ignoradas ou desprezo
pelas elites regionais. Tal como relata abaixo:
“A farmácia doméstica contava com um uma rica
variedade de espécies cultivadas nos quintais. O alecrim era considerado
poderoso contra raios e usado para afastar feitiços. Folhas de figueira tinham
que ser respeitadas: não podiam ser queimadas em casa onde tivesse criança em
fase de aleitamento. O rosmaninho, o sabugueiro e o alecrim colhidos na manhã
de São João livravam a casa de enfermidades [...]. Vários regulamentos vetavam
aos leigos o exercício da medicina tornando os curandeiros, homens e mulheres,
personagens perseguidas.”(DEL PRIORE, 2016, p.65)
A presença e trabalho dos curandeiros e benzedeiras, era
vista com olhar depreciativo, em especial a classe religiosa e conservadora da
colônia portuguesa, possuía aversão ao uso da cura popular por confundi-las às
práticas satânicas e bruxaria, que levou em 1536 até 1821, a promoção do Tribunal do Santo
Ofício, instituição criada em Portugal em 1536, com o objetivo de julgar e
punir os crimes contra a religião católica, que levou a formação de inquéritos
e processos associados a pessoas que estivesse comportamentos não-cívicos,
peculiares e gestos fora de ordem, geralmente associados aos cristãos-novos, os
judeus. Mas também incluía mulheres mais velhas, prostitutas e escravos. Em
relação ao exercício inquisitório sobre as artes de cura popular, se destaca:
“Entre
os casos mais emblemáticos, consta o uso do aparato inquisitorial para
perseguir curandeiros acusados de bruxaria34, o que resultou em relativa
atividade do Santo Ofício em Portugal em pleno século XVIII, período em que sua
atuação já refluía em outros espaços europeus onde fora tradicionalmente presente,
a exemplo da Espanha.”(DE FREITAS & DANIEL NOGUEIRA, 2022, p.07)
Esse cenário
de rispidez contra a cultura de curas tradicional fosse combatida por
mosteiros, a maior parte da população colonial, dos mais pobres até
representantes locais, tinha confiança nos métodos artesanais de benzedeiras e
curandeiros do que médicos formados na Europa, a qual tornaria difícil a
inclusão do saber médico europeu no Brasil
A presença dos boticários e residências de médicos, só
entrariam em pauta, a partir de meados do século XVIII, onde casos de endemias
tropicais, tais com a febre-amarela, nos 1686, em Recife
e casos isolados da febre tifoide e tuberculose, provocaram o sentimento
de preocupação quando a estabilidade da troca comercial do Brasil, e a promoção
oficial de praticantes do curandeirismo, que levou ao acirramento entre o
conhecimento acadêmico, apoiada pela elite colonizadora e o prático da saúde e
artes médicas no Brasil, do lado da população colonial, em quase um século,
desde 1500.
“Em
contrapartida, o que se nota como um dos resultados dessa aproximação de
agendas é a progressiva criação de instrumentos legislativos e fiscalizatórios
que, ao mesmo tempo em que tentavam regulamentar o mercado da cura no reino e
no além-mar, procuravam garantir o prestígio hierárquico dos praticantes da
medicina de origem acadêmica frente a cirurgiões, boticários e, com especial
ênfase, praticantes das medicinas tradicionais. Quanto a esses últimos, não
foram raras as situações em que a atuação legislativa tomou ares abertamente
persecutórios.” (IDEM, 2022, p.3383)
Nesse sentido, observa-se o prelúdio de mudança da posição
tradicional do Estado, que solidificaria com a chegada da Familia Real
Portuguesa, por uma atuação coerente para manunteção do controle e organização
administrativa da colônia, uma vez que nessa época, houve a eclosão de
movimentos emancipacionistas, como a Inconfidência Mineira, em Minas Gerais e
Baiana, na Bahia, que buscavam mesmo com a divergência do status social das
liderança, que buscavam a separação do Brasil, quanto colônia e promoção de
ideias para formação de um Estado Nacional, atento ao clamor dos cidadãos para
mudanças promovidas em todas esferas da sociedade, entre eles as melhoria nas
condições de saúde.
De forma a
atender a satisfação, foram estabelecidos um regimento geral dos delegados
e juízes comissários do cirurgião-mor e físico-mor no Estado do Brasil, foi
promulgado em 16 de maio de 1744, intensificando a fiscalização do exercício
das artes de curar na colônia e elaboração da Junta de Protomedicato, que
estabeleceu a pratica médica e incentivo do exercício de atividades de
cirurgiões-barbeiros, sangradores, dentistas e parteiras.
Ademais,
a adoção de um modelo de saúde preventiva, com a eliminação de espaço insalubre,
fiscalização de produtos e comércio, regulação das atividades portuárias com
incentivo a limpeza primaria de embarcações. Por conseguinte, oficializou as
atividades dos profissionais médicos, tais como o físico-mor, nas atribuições
de diagnóstico, exames, avaliação dos corpos de doentes e receituário dos
pacientes. Em relação, os cirurgiões, estavam responsabilizados para ofícios
manuais nas práticas de sangria, cauterização de feridas e uso de produtos fito
terapêuticos, pois administração de medicamentos internos era proibidos para
uso de médicos enviados para Colônia.
Assim,
chegamos em 1808, pela primeira vez, em toda história, um monarca e seus
súditos, tocariam os pé nas colônias conquistada, o estabelecimento da Família
Real Portuguesa gerou medidas de mudança da condição de colônia para Reino
Unido e Algarves, além da formação e reconhecimento do Estado Brasileiro com a
criação do Jardim Botânico, Biblioteca Nacional e as escolas de medicina, como
a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, ano de 1808 e a Academia Nacional, no ano 1829.
Por
conseguinte, é notório a afirmação de saberes e práticas douta, como se oberva
no aumento considerável nas turmas de alunos nas cadeiras de medicina e
farmacêutica, junto com o interesse dos profissionais de assistência pública e
residentes médicos na formação especializada. Quando, formados, recebiam a
oportunidade de estabelecerem boticários, para sua atividade clinica. O
contexto dessas reformas, estavma ligados ao planejamento de espaço e combate a
insalubridade nas cidades europeias que aconteceram no séculos XVII e meados do
século XIX (ROSEN, 2004).
Por
outro lado, a imposição do Estado e sua Burocracia, no que tange a
Independência Brasileira, em 1822, até o final do período imperial preferiu em
cobrir o papel da manutenção das crenças e terapêuticas naturais, diretamente
vinculadas as camadas populares, esse processo estava diretamente ligada à
população escrava africana e a herança da medicina ameríndia. Assim, um
acirramento da disputa do “curandeirismo” oficializado, vários médicos
acreditavam as feiticeiras no rol da depreciação e não obstinados ao progresso
cientifico, que abrir as asas, pelo menos, da daquelas que podia pagar,
portanto, devendo ao órgão governamentais na interferência quanto a ação e
procedimentos, considerados duvidosos.
Um
exemplo, que é destacado por (DEL PRIORE, 2014) é o rito das práticas africanos
e descendentes de escravos, que era popular entre a população mais pobre na
América Portuguesa até meados de 1850, que envolviam o expurgo de “demônios”
que tomavam posse do corpo e misturas de ervas, com cachimbos, chás
orgânicos e cultos místicos.
Portanto, de forma a afastar do olhar das
autoridades e tribunais eclesiásticos presentes, os praticantes das artes e
feiticeiros, usavam para isso do sincretismo religioso, na atribuição da
religião católica, predominante na época, para as religiões espirituais com
aglutinação de ritos africanos, oriundo da África Central. Além, do recurso de
proteção que poderia fornecer, caso fossem acolhidos com o papel dos cuidados
dos seus senhores e seus familiares.
Por fim,
embora, hoje temos uma consideração a respeito do papel da influencia africana
nas primeiras manifestações do saber popular no contexto de evolução do Estado
Nacional no século XVIII e XIX, com grandes massas de africanos providos para a
mão de obra na economia açucareira até cafeicultura. Pois, segundo (SOUZA Et
Al, 2011, p.13) “A influência africana é pouco
conhecida, mas não menos relevante. Entre eles, quando alguém adoecia é porque
estava possuído pelo espírito mau e, um curandeiro se encarregava de expulsá-lo
por meio de exorcismo e pelo uso de drogas de origem vegetal, mas muitas vezes
também provenientes de animais.
Sob essa
ótica, a promoção de medidas sanitárias e priorização da uso das atribuições
que os estudos de medida, poderiam fornecer aquela sociedade escravocrata no
limiar do século XIX, não puderam conter diversas endemias que assolavam as
zonas urbanas, da qual sabemos fruto da desqualificação profissional a respeito
da zonas rurais e no tratamento das pessoas associadas ao ambiente rural, mesmo
que houvesse reclamações sérias até mesmo de grandes proprietários que os
riscos que podiam fornecer, principalmente em fatalidades, como a alta taxa de
mortalidade entre adultos e parcela infanto-juventil do Império Brasileiro.
A
doença, que elencava, como a patologia que figurava nos centros urbanos da
época de 1850-1880, foi a Febre Amarela, como sabemos existe uma variedade de
arboviroses, que são transmitidos pelos insetos hematófagos, t pelas instancias
de áreas florestais, acredita-se que o agente vetor responsável pela “epidemia”
da época, possa ser causada por gênero Aedes Aegitpics, presente na regiões da
Africa Central, tal com Angola, Senegal e parte dos Congo, devido a vinda de
escravizados, a qual um grupo de insetos, deve ter sido alojado, com relativo
sucesso, uma vez que a insalubridade e umidade, com acumulo de agua parada, era
presente nos navios e embarcações de mercadorias
Sua
prevalência ocorreu na região do norte paulista, causando uma mortandade de
alta escala para os padrões do período, assim podemos observar as consequências
sociais, como a atenção direcionada pelo Gabinete Político, na organização de
empreitadas para alivio da situação, seja em mudanças já destacadas no texto, e
incentivo ao Frente Higienista, apoiada por alunos e professores das Faculdades
de Medicina O autor, logo abaixo descreve uma breve analise dos impactos epidemiológicos
estimados ao longo das províncias, no ano de 1850.
“Em setembro de 1849, irrompeu uma epidemia em
Salvador, atribuída à chegada de um navio americano que não havia cumprido as
rigorosas medidas impostas na "Carta de Saúde". A partir daí, a febre
amarela alastrou-se para diversas cidades portuárias, atingindo a capital do
Império, Rio de Janeiro, em 1850, quando morreram 4.160 pessoas (Figura 1).
Configurava-se um grave problema de saúde pública no país.”(COSTA Et Al, 2011,
p.10)
Um
marco importante, decorrido dos avanços da Medicina da época, foi a descoberta
do processo de vacinação, por Edward Jenner, no ano de 1796, quando em seus
experimentos descobriu a capacidade do organismo produzir defesas imunológicas,
quando presente a inoculação do patógeno, já enfraquecido,
Não,
por acaso, em 1846, foi fundado a primeira instituição cientifica de medicina
aplicada, denominado Instituto Vacínico do Império com a participação da parte
adjunta da Faculdade de Medicina, a qual consistia numa das primeiras campanhas
de distribuição e ação de vacinação para população, embora fosse vista com
certa rejeição e contravenção, para população mais pobre, quanto as classes
abastadas.
O
levantamento político a respeito da saúde pública viria se consolidar, também
devidos aos surtos de Varíola, devido aos uns casos isolados que apareceram na
região do Santos e a parte oeste do Rio de Janeiro, onde da mesma forma que a
Febre Amarela, apresentou uma taxa alarmante de letalidade e propagação rápida,
consistindo no contato indireto e direto com o doente. De fato, nefasta onda
epidêmica variólica e entres outras nos trópicos tupiquinis, assustou as
autoridades governamentais e proprietários de escravos, pois sua mão de obra,
estava sendo dizimada e acometida do males, deixando os enfermo,
impossibilitando para o trabalho, e acirrando com a própria economia brasileira.
Nesse
sentido, houve, em meados da década de 1840, a elaboração do quadro especial de
médicos e a inauguração das primeiras unidades hospitalares e postos de
atendimento aos doentes, embora em quantidade menor que a demanda precisava,
fazendo que o Estado Brasileiro, obrigasse o uso emergencial de liceus,
faculdades, igrejas, em especial as Santas Casas de Misericódia, o cenário de
calamidade pública e seus efeitos danosos à sociedade da época.
Por fim, chegamos nos vindos de
1860-1880, embora vários avanços tenha se mostrado eficientes na ciência, ainda
assim, pendurava a questão de como se dava o funcionamento e dinâmica das
patologias em todas suas instancias, na época, desde os lances do período da
Idade Moderna, acreditava-se que as doenças estavam associadas a transmissão
pelo ar através das miasmas, substancias geradoras produzida abiogenética
devido a putrefação de organismo e liberações de odores orgânicos por águas
paradas e várzeas sujas.
Mesmo,
sendo uma concepção errônea, quando voltados ao nosso tempo presente, temos que
crer até o período da Medicina Moderna, foi eficiente na forma do ser-humano,
estar atento, aos cuidados com a limpeza pública e organização do espaço de
convívio social, ainda assim tinha efeito, quando consideramos as etapas de diagnóstico,
prevenção e associação dos agentes microbianos, como causa das patologias. Nessa
época, em toda a Medicina antes das descobertas e pesquisa de Louis Pauster e
Robert Koch, vigoravam a ideia de doenças ligada às “miasmas” e as condições
climáticas, ou seja, a variação de temperatura e as condições ofertadas em
certos períodos do anos, davam a crer que o ar e o ambiente propiciava
sazonalmente a proliferação dessas doenças, algo repercutiu nos centros
acadêmicos de estudo ao longo do mundo, e no país, sendo palco para várias
disputas, no Brasil, não era de se esperar.
Todavia,
havia a suscetibilidade da ideia, nos centros acadêmicos e instituições ligadas
à medicina, como a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro que o ambiente sumariamente quente e úmido do
país, poderia ser causa dominante das hepatologias tropicais e as doenças
infectocontagiosas, sendo assim, não havia qualquer possiblidade para o
controle e eficenciencia de politicas sociais e assistência pública, até mesmo
o desenvolvimento nacional, como todo, havia uma condição de “improdutividade”
e incapacidade relacionado aos trópicos, ficando à margem do progresso
cientifico e imitação à maneira europeia.
No
outro lado da disputa, que viria a ser por (EDLER,2002) e destacado por
(BENCHIMOL, 2000) o movimento tropicalista, mais precisamente na ordem
cronológica, os tropicalista baianos, um grupo de médicos, que se organizaram,
em 1866, percursores do estudo de etiologias, estando a mercer da fronteira de
pensamento das miasmas/germes e micróbios. No cerne do ideário propagado por
eles, reiterava que a diversidade de endemias tropicais e o quadro etiológico e
nosologico, como todo, podia fornecer relance de politicas progressistas para
prevenção e controle das patologias, que o desenvolvimento nacional , como tudo
podia ser possível com a neutralização preventiva e a factível adaptabilidade
positiva dos seus habitantes e estrangeiros europeus.
A Escola Tropicalista Baiana, como
assim proferido no livro de divulgação do movimento, pode ser considerada
percursora, embora, apresente segundo alguns autores, certo distanciamento às
instancias do caminho percorrido por Oswaldo Cruz e expoentes com Adopho Lutz,
o primeiro, no Instituto de Manguinhos e o Instituto Bacteriológico de São
Paulo, no combate intelectual de ideias errôneas da higiene baseada, junto a
frente de sanitarização médica do meio urbano, no começo da década do século
XX.
A referida, se propunha ao estudo
esquemático geral baseado em investigação cientifica na analise dos quadros de
contagio, distribuição e evolução epidemiológica, como também a primeira
empreitada no estudo hepatológico e parasitológico infeccional encontradas na
região portuárias e interurbanas dos arredores da cidades baianas. No quadro
constituinte, embora, ainda se fizesse presente em outros grupos menores, no Rio
de Janeiro, (BENCHIMOL, 2000), se destacam: Otto Wucherer (1820-1875), José
Francisco da Lima Silva (1826-1910) e John L. Paterson(1820-1882).]
Como grupo, eles se reuniam em
sessões gerais, onde a qual havia a discurssão, troca de ideias e exposição de
periódicos, relacionadas às questões médicas, deve se lembrar nessa época, a
propagação de ideias relacionadas à Teoria da Evolução por meio da Seleção das
Espécies, em 1859, cientificistas e positivistas. Todo esse cenário recaia
sobre o país, nas camadas médias urbanas no Brasil Império, naquela época, e
parece que os tropicalistas, tomaram para si essas ideias, junto ao seu
pioneirismo médico, o centro das atenções, se localizava na Santa Casa de
Misericórdia, em Salvador, onde era palco da analise microscópica, investigação
clínica, diagnóstico e estudos dos sintomas e efeitos dos agravantes médicos.
“As ideias liberais e cientificistas, e o
interesse pelo positivismo e o evolucionismo compartilhados pelo grupo estavam
se difundindo entre as camadas médias emergentes em Salvador e em outros centros
urbanos do império escravocrata. Segundo Peard, foi o novo modelo científico,
que deslocava a atenção do meio ambiente para etiologias parasitárias
específicas, que deu uma "clara e poderosa" identidade aos
tropicalistas baianos.” (BENCHIMOL, 2000, p 270)
Em seus trabalhos associados, houve
um passo importante na reconsideração da causa etiológica do clima e a teoria
miasmática para às etiologias parasitológicas especificas, sendo fortalecida
por investigações de estudos em série ligadas aos agentes causadores, de
doenças relevantes, como a Ancilostomíase e a Filaríose. Também, se estabeleceu
uma rede de contato e interação transatlântica por meio de correspondências ,trocas
de espécimes de estudos e proposições teóricas com cientistas e médicos, que
posteriormente, marca dentro da disciplina de estudo clinico e Medicina
Tropical.
Por fim, os
tropicalistas, visavam em seu estudo, a construção de um modelo de conhecimento
médico, que não só vigoraria na Bahia e do Rio de Janeiro, mas que servisse de
modelo para mudança dentro do saber médico ligado a instituições de ensino
médico dos país, no centro das atenções da esfera estatal, com a inserção da
criação de um conhecimento original sobre as doenças tropicais. Por meio
intermédio das sociedades anônimas, periódicos jornalísticos e publicação de
artigos, eles conclamavam a reabilitação de perspectivas voltadas ao campo da
saúde pública no Império.
Em
conta, uma mudança radical no posicionamento politico, cultural e social da
época, que visasse o progresso nacional e uma sociedade justa e igualitária,
onde pode ser visto nos estudos, como Otto Wucherer, que trabalhavam a respeito
do estado de saúde e condições de acesso ao diagnóstico e proposição de métodos
profilático de acesso aos escravos, ex-escravos e a camada rural mais pobre,
além de contribuições de pesquisa embriológica e patógenas, até a extinção do
grupo em meados de 1880.
“Várias sociedades e periódicos médicos,
existentes àquela época no Rio de Janeiro, além de postularem a necessidade de
se incrementarem as pesquisas sobre os nossos males, visando reabilitar a
imagem insalubre do Império perante as nações européias, incentivavam e
divulgavam a produção científica local. Entretanto, o espectro da Escola
Tropicalista impediu que boa parte dos intérpretes de nossa medicina
oitocentista percebesse a extensão com que as novas idéias sobre as etiologias
parasitárias se amalgamaram com as etiologias climatológicas e raciológicas,
fecundando o solo médico brasileiro a partir da segunda metade da década de
1860”(EDLER, 2002, p.380)
A contribuição da Escola Tropical
Baiana é discursivel, embora haja algumas controvérsias, principalmente, por
não instituírem um programa especializado, portanto, não trazerem consigo
seguidores do movimento cientifico, mas ainda assim, vários membros fundadores
e participantes, depois da deposição do grupo estiveram a frente de pesquisa e
docência nas faculdades de medicina.
Nesse interim, que findou com a
abolição da escravatura, em 1888, e a instauração da República, foi procedido
uma reforma do ensino médico na capital imperial do Brasil, da qual estava como
linha de frente, o médico e cientista Domingos José Freire, ele desempenhou
papel importante na fundação da Medicina Experimental, umas da suas importantes
contribuições.
Foi em 1879, frente a quase duas décadas
penosas de aumento epidêmico da febre amarela, que ocorria sazonal, o
pesquisador carioca, postulou que germes/agentes microbianos, são responsável
pela doença, e propôs remédios farmacêuticos para medida de tratamento. Em
relação, a Febre Amarela, propôs a primeira vacina com inoculação de uma alga
microscópica “Cryptococcus xanthogenicus”, o seu trabalho na analise estatística
e influencia acadêmica, permitiu a oferta da vacina de Freire do ano 1883 até
1894.
Embora, o sucesso de sua
personalidade, com participação em congressos e conferencias internacional a
respeito de saúde e controle da Febre Amarela, acabou que com as pesquisas em
avanço de Carlos Finlay, a respeito da proposta feita em 1897, da qual
determinaria os mosquitos, como principal agente propagador da patologia, e
usava os mosquitos como imunizantes vivos que eram inoculados dentro dos tubos
vacinatórios.
Assim, observou-se um total
descrédito aos empreendimentos feito pelos sul-americanos, tal como o Domingos
José Freire, no uso de alternativas de prevenção e métodos profiláticos e o
médico mexicano Manoel Carmona y Valle, descoberta e descrição de um novo
bacilo transmissor da doença. Nas investigações sobre a Febre Amarela, no verão
de 1879-1880, até a produção e estudos clínicos a respeito da vacina, em 1883,
ele encontrou diversos percalços para a produção da vacina (BENCHIMOL, 2000,
2001) entre quais: o acirramento com seu colega de trabalho, João Batista de
Lacerda, que mudou os rumos da investigação, na descrição contra corrente, de
um novo micróbio causador: Fungis febris, com a variante fenotípica critica
fabrae, da qual possibilitou a identificação de um polimorfismo, que batia de
frente a questão do reconhecimento da espécie, e possível resistência aos
testes providos, no laboratório por eles, essa problemática entrava em voga o
conceito de evolução, que era assunto da época.
Nós atentando a linha de raciocínio, a respeito,
relacionada à evolução da saúde pública, observamos as primeiras noticias a
respeito de endemias rurais e interurbanas, ao longo do território nacional no
período que antecede a instauração da Primeira República, para a afirmação do
levantamento de estudos pelas escolas de medicina no movimento higienista e a
prática da medicalização e políticas públicas para época, referente ao combate à
insalubridade e projetos interurbanos que visavam proporciona áreas mais
abertas e a construção de valas e fossas sanitárias.
No entanto, observamos a regulação das atividades
médicas, sanitárias e preventivas no campo da saúde, somente nas zonas
portuárias, em consideração a sua importância para a economia do país no século
XIX. Tais medidas são destacadas, por:
“[...]
as práticas instituídas para enfrentar a epidemia constavam de desinfecção dos
navios, quarentena, cuidados especiais com os enterros e velórios, medidas sanitárias coletivas
que incluíam 1 aterramento de valas e limpeza de esgotos, dentre outras. O
êxito alcançado com a campanha motivou o governo a organizar a defesa sanitária
do país. Pela Lei nº 598, de 14 de setembro de 1850, foi criada uma Comissão de
Engenheiros para promover melhorias sanitárias e uma Junta de Higiene Pública
com o papel de propor as medidas necessárias para a conservação da saúde
pública, sendo incorporados a ela os estabelecimentos da Inspeção de Saúde dos
Portos do Rio de Janeiro”(COSTA Et Al, 2011, p.12)
Com a proclamação da República, em 1889, chegamos ao começo
de uma nova ordem politica que configuraria no cenários de poder, grandes
latifundiários de terra nas região de Minas Gerais e São de Paulo, com a
instituição do federalismo, e portanto, marcaria a posição do Estado
Brasileiro, o cenário do inicio do século, era de uma nova era de esperança
para a humanidade, sonho da racionalidade, e o cientificismo, foram marcas
importantes. Também, não podemos esquecer, importantes descobertas das ciências
médicas, tal como: o reconhecimento da teoria dos germes e sua associação com
as doenças, por Louis Pasteur.
2.2
– As Missões Sanitárias e Científicas do combate às “Febres Paulistas” na
Primeira República
É fato, que o projeto de
urbanização e reformas nas cidades, em especial naquelas dentro do foco do
poder político, tais como o Rio de Janeiro e São Paulo, remetem ao período
imperial, mas várias situações acabaram adiando a realização do planejamento à
realidade. Nesse sentido, o governo recém-instalado, na década de 1890, buscou
em suas iniciativas, afirmar a preocupação na elaboração do corpo de ação por
de entidades financiadas pelos governos estaduais, para inovação das áreas
residências, redes de comércios e prédios públicos.
Além, do fortalecimento das medidas de vigilância
sanitária, isso era reforçado pelos surtos endêmicos de doenças nas zonas
rurais, que passavam posteriormente, devido as atividades comerciais e
movimentação interurbana. Isso é relatado pelo autor:
“O
decreto federal de 30/XII/1891, no inciso II do art. 2.° 7, assim determinou:
"II -Passarão para os Estados as despesas com os governadores ou
presidentes e secretários e com o serviço de higiene terrestre nos respectivos
territórios". Começa aqui a história dos serviços estaduais de saúde
pública no Brasil. O governo do Estado teve necessidade de implantar
imediatamente seus serviços saúde pública. A Lei n.° 120, de 28 de outubro de
1891, criou a Inspectoria Geral de Higiene do Estado, aparelhada para o
saneamento do meio, fiscalização profissional e combate às doenças
transmissíveis.” (MASCARENHAS, 2006, p.04)
Frente às necessidades impostas pelos agravos que
se proliferavam no estado de São Paulo na segunda metade do século XIX, e com o
desenvolvimento da medicina experimental, em 1892 foi fundado o Instituto
Bacteriológico, seguindo o modelo do Instituto Pasteur.
Naquele momento, duas correntes
estabelecidas pela instituição eram: a primeira voltada à pesquisa
microbiológica, ao desenvolvimento de técnicas e métodos, e à formação e
aprimoramento de recursos humanos neste campo; a segunda, focada na produção de
imunobiológicos com aplicação profilática, terapêutica e diagnóstica.
As atividades prestadas pelo Instituto
Bacteriológico, mantinha-se ligadas aos objetivos da saúde pública, interessado
na adoção de um modelo sanitário dentro dos limites das zonas portuárias,
compatíveis aos projetos de infraestrutura, promovidos na cidade paulista, como
também na região de Santos e portos de extradição de mercadorias.
Sendo assim, era necessária a contratação de
colaboradores, responsáveis pela avaliação de status e condições do envio de
produtos de mercado, tudo estava atrelado pela direção do médico e cientista Adolpho
Lutz e seus colaboradores que exercia as atividades laboratoriais, direcionava
os serviços sanitários e trabalhos de cunho exploratório para elucidação da
forma epidemiológica de doenças, como a febre amarela, cólera e peste bubônica
e entres “febres paulistas”.
Em destaque, podemos ressaltar os projetos de
inovação urbana, elaborados nos fins do anos de 1903 para 1906, no comando
presidencial por Rodrigues Alves, que propôs e deu ordens nas instâncias
federal com o e na esfera estatal, com execução de ações de intervenção e
promoção de medidas com Francisco Pereira Passos, prefeito do Rio de Janeiro, a
qual coibiu na melhoria de ruas, construção de prédios públicos em terrenos
desalojados, reforma dos portos, limpeza pública, saneamento público e entre
outras.
Assim,
observou-se uma reavaliação da gestão administrativo do poder político, a
respeito da viabilidade sanitária e a reconstrução estrutural carioca, processo
moldado em vertigens da desigualdade social, pobreza e entre outros problemas
sociais, que excluíram à população mais pobre. Tais ações descritas, são esclarecidas,
logo abaixo:
“Na visão de reforma de Rodrigues Alves, a
modernização do porto era concebida como a obra de maior relevância. As demais foram
concebidas em função desta, pensada como o centro do plano de intervenção
urbana federal. É o que podemos depreender da mensagem do Presidente da
República ao Congresso Nacional, em 3 de maio de 1903, quando abordava este
assunto: As condições gerais de salubridade da capital, além de urgentes
melhoramentos materiais reclamados, dependem de um bom serviço de abastecimento
de águas, de um sistema regular de esgoto, da drenagem do solo, da limpeza
pública e do asseio domiciliar.[...]” (AZEVEDO, 2003, p.49)
Nesse aspecto, observamos através da
revisão breve da evolução histórica da saúde pública até o contexto do
movimento sanitarista do início do século XX, uma mudança do cenário a respeito
da implantação de instituições de pesquisa médica no Brasil adjuntas às esferas
públicas das ações preventivas, terapêuticas e tratamento da população. Em
adição, ao trabalho cientifico na notificação, diagnósticos e analise
cientifica da evolução epidemiológica das mais diversas endemias, manifestadas
nas zonas rurais até o fluxo intermitente para regiões com insalubridade e
condições à prospecção dos agentes etiológicos. Dentro disso, os pesquisadores
entravam em contato com questões relacionada à negligencia do poder público
frente as populações rurais e interurbanas em vulnerabilidade.
No alvorecer da “Belle Epoque”, houve a fundação de uma
nova escola com novos atores que entraria em cena, para diretriz de serviços de
assistência pública, ligada ao campo das analise clinicas, pesquisa
microbiológica e abertura expositiva do campo bacteriológica com Ascenção de
jovens médios, que pisaram e estudaram no laboratório de Domingos Freires.
Entre eles se destaca, como fonte de estudo, a figura do medico sanitarista
Oswaldo Cruz, entusiasta do ideário pasteuriano, ele fomentou a ação de frente
contra as doenças, tais como: Febre Amarela, Malária que acometiam à população
interurbana no final do século XIX.
Perante, recomendações e indicações de professores e
orientadores, entre se destaca o próprio Adolpho Lutz, a qual trabalhou em
conjunto, no Instituto Bacteriológico de São Paulo, renomeado pelos
republicanos, como Instituto Domingos Jose Freire que era ligado ao Serviço
Sanitário de São Paulo e Diretoria-Geral dos Serviços de Assistência Pública,
junto aos seus orientados, trabalhavam na publicação de dados a respeito do
estudo etiológico da doenças e quadros médicos, que enquadravam os doentes,
onde eram recebidos, tratados e diagnósticos.
As
experiencias, somado a sua formação acadêmica, foi importante para o jovem
bacteriologista, pois no final de 1899, foi estabelecido a criação do Instituo
Soro terapêutico Federal, em estilo do formato do Instituto Pasteur e a
construção arquitetônica de estilo mourisco, situado na Fazenda de Manguinhos,
Zona Norte do Rio de Janeiro. Inaugurada originalmente para fabricação de
soros, terapias médicas e compostos vacênicos. É evidente, que a elaboração e
trabalho da Instituto colaborou junto a reforma da saúde pública, no efetivo da
montagem de quadros laboratoriais e equipes clinicas, ligado ao desenvolvimento
da saúde pública no país.
Sob
o comando de Oswaldo Cruz, o instituto tomou para si a responsabilidade em
parte, com a reforma sanitária que combateu as epidemias, entre a peste
bubônica e a Febre Amarela. E logo, ultrapassou os limites da capital carioca,
para como açaõ expedicionário de cientistas e pesquisadores nas regiões
contíguas do país. Nesse, optamos por esclarecer parte da evolução das
pesquisas das patologias tropicas e o papel das missões frente ao
desenvolvimento da saúde pública no país. Entre patologias, a que se destacou
no quadro clinico, inclui a Febre Amarela, assim como ressalto às outras
doenças de mesma virulência, tão quanto ou igual a abordadas.
A Febre Amarela, é uma
doença infecciosa grave causada por um vírus do gênero flavivírus, transmitido
por mosquitos pertencentes aos gêneros Aedes (principalmente Aedes aegypti) e
Haemogogus. A maioria dos casos é assintomática ou apresenta sintomas
leves. No entanto, podem ocorrer casos raros de formas graves da doença,
que podem levar a insuficiência hepática e renal, manifestações hemorrágicas e
icterícia, que deu origem ao nome “amarelo”, e até levar à morte.
A doença é um arbovírus e ocorre na África e nas
Américas. Na África, pode ser transmitida tanto em áreas urbanas quanto
selvagens. No Brasil, o último caso urbano ocorreu em Sena Madureira,
Acre, em 1942. A infecção ocorre quando uma pessoa que nunca contraiu febre
amarela ou foi vacinada, ou seja, uma pessoa desprotegida, entra em áreas de
mata e é picada por um mosquito infectado. Ao contrair a doença, a pessoa
pode se tornar uma fonte de infecção no meio urbano. Além dos humanos, primatas
não humanos também podem ser infectados pelo vetor (mosquitos), desenvolvendo
febre amarela e infectando outros vetores silvestres, participando assim do
ciclo silvestre como reservatório da doença.
Portanto, primatas não humanos funcionam como
“sentinelas”, e o isolamento do vírus da Febre Amarela em carcaças desses
animais indica a ocorrência de epizootias (circulação do vírus) na
região. Por ser uma arbovirose, a febre amarela depende do vetor a ser
transmitido - não há transmissão direta de pessoa para pessoa.
No Brasil, segundo as pesquisa de (BENCHIMOL, 2000),
(IDEM, 2009) e (FIKEMAL, 2002), os incidentes endêmicos do arbovírus, foram
elencando como uma doença perigosa e urgência nacional, que pendurou desde o
período de colonização do Brasil, ano de
1650 e surtos isolados ao longo da região paulista no final de 1869. Embora já
houvesse a manifestação quanto ao medidas de profilaxia e até o surgimento dos
compostos vacínios, já relatos no texto monográfico, mas eles eram insuficientes
e fracos na composição preventiva e na medicação aos doentes, frente uma taxa
de mortalidade e o desconhecimento do mecanismo de contagio.
Temos que lembrar que até a afirmação dos estudos
de Adolpho Lutz e outros pioneiros, os clínicos associavam a predisposições do
clima, indivíduo e a putrefação “miasmática”. A citação colabora ao argumento
levantado do impacto da Febre Amarela na Política e entre outras áreas :
“No
caso das Américas, a febre amarela, em fins do século XIX e início do século
XX, era considerada o grande desafio de política sanitária, especialmente no
que se refere ao comércio entre as nações. Em parte, desempenhou no continente
americano papel similar ao do cólera na Europa. Foi uma das doenças mais
marcantes da história da saúde pública brasileira, com impactos sobre os
processos políticos e o desenvolvimento científico no país” (FIKEMAL, 2002, p.36)
A narrativa história da descoberta da forma de transmissão
da Febre Amarela, foram alvos da formulação da teoria de transmissão de
mosquitos por Carlos Juan Finlay, em 1880-1881 e a demonstração ocorrida pelo
laboratório de Walter Reed, em 1900, embora episódios que apresentam uma faixa
de tempo maior esperado, graças aos testes biológicos e cenário envolto na
ocupação de Cuba pelos Estados, a qual milhares de combatentes, acabaram
falecendo devido as complicações da Febre Amarela. Por fim, no ano 1900.
No mesmo ano, 1900, já era fato que a transmissão ocorria
nos mosquitos, ficando a o Teoria de Finlay, por
meio do mosquito Stegomyia fasciata (rebatizado
de Aedes aegypti em 1926), que demorou a receber
reconhecimento frente ao pensamento médico da época, nessa instância, houve várias
obras experimentais promovidas por Adolpho Lutz e o médico Emilio Ribas, que
comprovaram de forma definitiva a teoria havanesa. Pondo assim os estudos dos
ensaios publicados foram postos à prova, acabou que o nome de Carlos Finlay,
acabou sendo reconhecido.
No final, produziu mudanças significativas no modo de estrutura
dos serviços de profilaxia, deixando de lado a desinfeção dos ares, para o
combate direto do mosquito e seus lugares de reprodução, tais como água parada,
consequente, reforço na estrutura sanitária. Também, evitou trazer gastos a
respeito de isolamento de pacientes e desinfecção massiva, ganhando crédito
pelo governo paulista. Já que a doença tratada era causa por um agente
etiológico vetorial.
“Já
a partir de janeiro de 1901, as comissões sanitárias que atuavam no interior de
São Paulo incorporaram o combate ao mosquito ao repertório híbrido de ações
destinadas a anular tanto o contágio como a infecção da febre amarela. Em
Ribeirão Preto (1903), abandonaram-se as desinfecções, prevalecendo a “teoria
havanesa” como diretriz soberana, ao mesmo tempo que Emilio Ribas, diretor do
Serviço Sanitário de São Paulo, e Adolfo Lutz, diretor de seu Instituto
Bacteriológico, reencenavam as experiências dos norte-americanos (dez.
1902-maio 1903) para neutralizar as críticas dos médicos alinhados com a teoria
de Sanarelli”(BENCHIMOL, 2001, p.39)
Apesar do sucesso da reivindicação
experimento da teoria culicídica, (culicideos, classificação do grupo de
mosquitos hematófagos injetores na região salivar dos agentes de ordem
microbiana), principalmente, devido a impossibilidade da identificação
microbiana, por ser de infecção viral, dificuldades na fabricação do componente
das vacinas, que só estaria firmadas as base em 1936, com a identificação do
agente viral e a pregação publicista com medo gestado devido à imprensa da
época, quanto a segurança da exposição de medicamentos. Essa polêmica, estreitou
o acirramento entre adeptos da corrente culicidea, tal como Belissário Pena e
Oswaldo Cruz e a oposição dos “não convencidos”, adeptos da teoria “miasmática”
No final, a corrente dos
“entusiastas” prevaleceu assim com Oswaldo Cruz, chegaria a indicação como
responsável-chefe da segurança sanitária e saúde pública, junto a frente da
Comissão de Engenheiros, responsáveis pela frente higienista e remodelagem do
espaço urbano. No quesito “oswaldiano”, em 1903, foi fundado o Serviço de
Combate a Febre Amarela, com determinação dos setores epidemiológicos ao longo
do passo do Rio de Janeiro com a coordenação de brigadas paramilitares
destinado ao controle reprodutivo dos mosquitos, aliado a avaliação pericial de
residências e as condições de salubridade, que poderia ser polo reprodutivo.
Em algumas vezes, gerando invasão de casas e domicílios para a perícia
sanitária, muitas vezes objeto de incômodo, isso quando era interditada para a
dissolução e derrubada das humildes casas, consideradas dentro das medidas
“energéticas.” Enfim, ações colaborem para redução acentuada no número de caso,
e pela primeira vez, houve uma notificação entre mais diferentes classes
sociais, sobre a importância de notificar, caso alguém ficasse enfermo, os
procedimentos necessários para eliminação da água parada e cuidados com a
eliminação do lixo, entre outras medidas cautelares. Tal, como ressalta:
“A
febre amarela foi a primeira doença de notificação obrigatória no Brasil. A
vigilância sanitária foi aplicada no sentido literal de fiscalização, mediante
a organização dos serviços de saúde com a indicação de hospital de referência
para o atendimento dos doentes, elaboração de boletins estatísticos e a
supervisão das atividades realizadas casa a casa. Além disso, por meio dos
"Conselhos ao Povo", eram dadas orientações e esclarecimentos à
população sobre como evitar a doença, contando com a participação de todos para
eliminar os 1,4 mosquitos.”(COSTA Et Al, 2011, p.23)
Nos anos, que se seguiram, o sucesso do programa de
controle epidemiológico e as ações contundentes do General “Mata-mosquito”, removeu
o estado alarmante da doença infectocontagiosa, tornasse em estado de controle
e estável, de acordo com a base estatística e contagem numérica da época. Assim,
como outras, em destaque, como a difteria, combatida primeiramente por Adolpho
Lutz, está ainda nos tempos imperial associado à antiga Província de São Paulo.
Nessa ótica, é perceptível a organização das primeiras
descrições dentro de bancos de estudos do Instituto Oswaldo Cruz, ou Instituto
de Manguinhos, a respeito da epidemiologia, condição ambiental e considerações
a respeito da segurança sanitária e as condições de vida das populações que
viviam no cerco rural e interurbano, que incluía atividades laboratoriais,
desenhos e representações cartográficas. O conhecimento científico estava ao
parecer da organização das práticas sanitárias da época e método profilático,
deixado pelo legado de Oswaldo Cruz, até sua morte em 1910, se mantivesse vivo,
ainda em organizações da gerencia dos serviços de saúde pública.
Apesar da
mobilização quanto ao estudo e aplicação de um modelo sanitário, estivesse a
par das condições e trabalho regional na interligação da zona rural para os
surtos epidêmicos nas cidades, que desenvolviam, ao berço da industrialização
brasileira, ainda estabelecia o modelo tipo campanhista, com campanhas
sanitárias pontuais.
Assim, observou ainda a persistência de
endemias agora restritas ao interior do país, nas zonas rurais até final de
década de 1920, doenças associadas à intervenção humana em grandes áreas
florestais, como exemplos descritos em (BENCHIMOL, 2000), a construção de
estradas ferroviárias que ligavam ao oeste de São Paulo do Brasil até o Porto
de Santos, companhias mineradoras no Rio de Janeiro e entre investimentos de
infraestrutura comercial e do próprio interesse do Estado.
CAPITULO
3: Saúde Pública e Desenvolvimento das Políticas Públicas Sanitárias no Acre
3.1-Evolução da Saúde no Território
Federal do Acre e Amazônia Ocidental
Na região Amazônica, em meados de
1870, houve um interesse sobre as Terras, onde se localiza, a região do Acre,
tal como Sena Madureira e os arredores da região do Senador Guiomard, como
outras partes da Amazônia Ocidental devido ao uma quantidade expressiva de
arvores detentoras do Latéx, material usado para produção e aplicação da
gumifera. Nessa linha, o povoamento e fundação humana, se estende nos
primórdios da fundação, do Seringal Empreza, nas margens do Rio Acre, como
também no período de 1880-1900, até formação dos seringais, estrutura formada
por assentamentos, loja comercial e relação de trabalho extrativista, sob
comandos de proprietários das terras, denominados seringalistas.
No
outro lado, existia os trabalhadores de campo, denominado, chamados
seringueiros, em sua composição majoritária, no que se refere ao 1 Ciclo da
Borracha (1878-1915), formada por retirantes nordestinos, provindos da regiões
do Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Nortes, na qual traziam suas famílias, que
constituía de casais sem filhos ou progenitores, ou mesmo homens solteiros,
nada que prendesse à terra hostil e secura árdua, fugindo dos períodos de seca,
que assolavam à região.
Já
estabelecidos, os “brabos”, assim como era chamados, os iniciantes na “fabrica”
da extração da borracha e produção gumifera, eles orientados das suas suas
atividades e deveres do patrão, como seu chefe. É claro, que a imagem que
traziam nas embarcações precárias que vinha dos portos, era bem diferente em
contato com a realidade material.
Era
estabelecida uma relação de trabalho semiescravo, a qual o seringueiro estava
obrigado a não só realizar trabalho, mas envolto dependência total ao patrão,
no que refere as casas mercadoras, que vendia e ofertavam todos os produtos
necessários, tais como alimentos, armamento e equipamentos de trabalho, a qual
os “livreiros” e chefes das casas, fincavam preços acima do valor justo
incididos nas mercadorias, que deveriam ser pagos referente a quantidade por kg
produzida de goma de borracha e dias de trabalho.
Juntamente, com a imposição de práticas de
violência e castigos, caso houvesse descumprimento dos alocados, além de atos
contra a integridade física das famílias do rebelde, além da proibição, quando
a produção agrícola e letramento, pois podia apresentava ameaça quando a
finalidade da mão de obra implantada.
Assim,
ao ritmo de esforço do trabalho em regime fechado e o isolamento perneteado, a
composição dos seringueiros estabelecia seus valores, crenças e ritmos sociais,
agora em junção à terra verde e úmida da floresta tropical. A respeito disso
fazia-se necessário estabelecer as condições de enfrentamento por meio das
vivencias no ambiente de trabalho penoso para a sobrevivência na selva.
Nesse
sentido, é ciente que as “enfermidades” e “males”, causada pelo acometimento de
doenças, frisavam na própria adaptação local da população, de forma a amenizar
a penúria, usando para isso das fontes naturais, que a floresta podia
apresentar e o alicerce da filosofia religiosa, em junção ao sincretismo
religioso, da religião cristãs e cultos espirituais indígenas.
Sabemos,
também, que antes da vinda do “homem moderno”, havia agregados populacionais
locais, formados por povos indígenas com diferentes etnias culturais, que já
faziam o uso da terra, para a sociedade da época, era considerada “floresta
virgem” e uma parte do país inóspito e inexplorado, longe do movimento
incessante das cidades e áreas urbanas. Na verdade, para eles, forneciam
condições de sobrevivência com domínio
dos saberes de terras dominada por árvores frutíferas, rios naturais que podiam
fornecer uso de recursos terapêuticos com uso de plantas e ervas medicinais,
unidos em uma associação cultural e religiosa com presença nas tribos. Tal como
descreve, o autor abaixo:
“Em
um primeiro momento constituíam-se em práticas desenvolvidas por populações
indígenas, a partir de uma intensa relação com a fauna e flora existente nos
territórios que ocupavam. O padre francês Constant Tastevin tratou sobre esses
saberes e fazeres em relatório produzido durante viagem ao rio Tarauacá, no ano
de 1926. Conforme o religioso, o uso de plantas e ervas fazia parte do
cotidiano das populações locais, que as utilizavam para o tratamento de uma
diversidade de moléstias: Os índios conhecem um monte de remédios, todos eles
extraídos de vegetais da floresta. (TASTEVIN, 1926, p. 193).”(Apud De Souza,
2014, p.220)
De
fato, os primeiros contatos entre as tribos indígenas e os imigrantes
nordestinos, se mostraram um cenário recorrente de lutas e embates a respeito
financiado pelos proprietários de terra, a fim de promover a extensão do
terreno destinado ao trabalhos na seringa, com uso da força da violência,
derrubadas das locações indígenas entre tipos de violação de direitos a essa
população, que tangiam até a década de 1910, que segui até o fim do 1 Ciclo da
Borracha, mesmo com redução da perseguição aos índios
Mesmo,
diante desse contato expropriador, houve relações de troca de informações entre
indígenas, que começaram a ser integrar a sociedade acreana, trazendo os
saberes da roçagem do plantio agrícola,
criação de animais e cultivo de frutas, que ainda vigoravam nas
proibições dada pelos seringalistas. O processo de aproximação foi peça-chave
para expansão das artes de cura ligada a floresta, conjunto, se constituiria em
parcela da população de trabalhadores rurais, seringueiros, agricultores e
descendentes de indígenas.
No que condiz ao preparativos dos curandeiros,
haviam o implemento do remédios caseiros, uso de drogas e beberagens drásticas,
entravam em ação e foram a única forma acesso da população carente e
trabalhadora braçal tinha acesso até a instituição dos primeiros centros de
assistência pública.
Voltando
ao tema da evolução histórica da formação do Acre, devido a negligência da esfera
federal, quanto a regulação das atividades administrativas para unificação do
território jazido da floresta amazônica, no alvorecer da produção da borracha
no mercado internacional, intensificava-se a migração ocupacionais no
território de terras bolivianas ocupada por brasileiras.
O
governo boliviano, na busca do aproveito da região interiorana lucrativa,
ementava uma ação expedicionária para tributação fiscal e instituição de órgãos
de oficio judicial para avaliação das terras ocupadas por brasilieros, causando
o acirramento com seringalistas, somado-se a constituição do “Bolivian
Syndicate”, por empresários ingleses, estadunidenses e representantes
governamentais da Bolivia, que visava o arredamento e um efetivo de processo de
ocupação boliviana, na finalidade de propor um órgão responsável pela
instituição de empresas que cobrariam impostos sobre a produção gumífera, virou
alvo de “antigosto” dos seringalistas radicalizados na região, acentuado pelo
incompleto parecer do Estado.
Por
conseguinte, gerou motivos suficientes para a culminação das primeiras revoltas
armadas e levantes contra a Bolívia no processo de luta da anexação territorial
do Acre no processo “revolucionário” acreano, nas figuras de Luíz Galvez
Rodrigues Arias, José de Carvalho e Plácido de Castro, embora sabemos que o
sentimento de patriotismo e espirito de luta não fosse compartilhado por todos.
Tal como descreve a respeito das lutas em prol do Acre, mencionado pelo autor.
“O final do século XIX e
início do século XX foram caracterizados por diversas insurreições contrárias a
presença boliviana. Uma delas foi liderada por Luiz Galvez Rodrigues Arias,
espanhol naturalizado brasileiro que, de acordo com Freitas Nobre,
“encontrava-se no Acre escondido com o título de explorador de seringa, a fim
de chefiar o povo acreano” São fartas as evidências de que Galvez recebera
recursos do Estado do Amazonas8, através do governador Ramalho Junior, para
organizar um levante no Acre. Freitas Nobre fala na vultosa quantia de
quatrocentos contos de réis mais um considerável “arsenal bélico””(DE SOUZA,
2014, p.34)
No interim da
Revolução “Acreana”, os levantes comandados, agora pelo gaúcho Plácido de
Castro, a fim de exercer o ofício de agrimensor e experiência na Revolução
Federalista, no exercício de comando da mesma, junto com apoio financeiro dos
seringalistas da região do interior do Xapuri e os sucessivos embates com
exercito boliviano, menor em quantidade e os desafios sendo vencidos até a
tomada de Puerto Alonso, no dia 24 de Janeiro de 1903 até o fim dos conflitos
com a assinatura do Tratado de Petrópolis, a qual o Brasil anexaria o
Território do Acre à
Coube, então a
organização baseada no estatuto jurídico, houve em 07 de abril de 1904, a
divisão do Território em três Departamentos: Alto Juruá, Alto Purus e Alto
Acre, com nomeação de prefeitos e o corpo jurídico, com a instalação de prédios
públicos, a maioria feito a madeira e telhado de piaba, onde era realizado o
trabalhos do funcionários públicos.
De acordo com (SOUZA,2014), o Acre, nos
primeiros anos do século XX, sofreu com os surtos endêmicos de doenças e hepatologias
tropicais, doenças que afetam o fígado, de agravadas pela prejuízo das
resistências orgânicas devido ao estilo de vida e esforço laboral dos
habitantes locais, principalmente, a população seringueira, dentre qual se
destacam pelos médicos avalistas e os prefeitos departamentais, dentro dos
registros, se destacavam: Beribéri, Febre Amarela Impaludismo(Malária) e casos remitentes
de Varíola, essa na região do Alto Purus.
Em todo as regiões
departamentais, podia se encontrar uma quadro “nosológico”, em sua maioria, de
acordo com a pesquisa bibliográfica(IDEM,2014), dominada pela Malária. As
prefeituras departamentais, no primeiro momento, não se mostraram dispostas à
promoção de políticas, voltadas ao ressarcimento das condições de saúde da
população local. Esse cenário, só começou a mudar, a partir do aumento
expressivo dos casos de doentes que “rangiam” pelos sintomas levados pela taxa
de mortalidade, em especial, nos seringais e sítios rurais, a maioria das
vítimas já jaziam da vida no caminho “tortuoso” para os considerados “serviços
médicos” instalados na Vila de Penápolis, atual Rio Branco, e Sena Madureira.
Também, temos que a
acreditar a mudança da postura do Governo Federal no Território Federal à crise da borracha, que daria os indícios no
final de 1913, com a passagem do Instituto Oswaldo Cruz no Território, a partir
do contrato assinado pelo órgão superintende do Ministério da Agricultura,
Transporte e Comércio, para uma avaliação das condições de trabalho e saúde por
parte da população “nortista” e estudo via diagnóstico sobres as condições
sanitárias do Vale Amazônico.
Já era conhecido na
época, as intervenções do Poder Público, junto ao empreendimento da ação expedicionário
de médicos e avalistas sanitários ao longo dos “sertões” do Nordeste e o
interior rural na investigação do quadros clínicos, taxa de proliferação de
surtos endêmicos e condições referente a instala das patologias e verminoses,
que afligiam à população já afetada pela condição de pobreza e subemprego, na
década de 1910 até 1920. Diante do fato, esse mesmo olhar seria dado, a parte
da Amazônia Ocidental como parte para sua verdadeira “integração” nacional, à
medida que visse ação de sanear, junto a imposição de centros de assistência e
serviços para acolhimento, avaliação médica e tratamento, que viria se instalar
oficialmente, só no começo da segunda metade do século.
Podemos
pontuar que, as figuras do médicos e sanitarista, viria a ser a representação
formal das autoridades governamentais distantes, traria consigo as atividades
ligadas a Saúde Coletiva, esgotamento sanitário e combate às endemias rurais.
Na citação abaixo, o autor menciona o relato da análise dos expedicionários e
cientistas, quanto os fatores determinantes para o agravamento das doenças e
entre outros relatórios dizia a respeito do quadro calamitoso da região
Amazônica.
“Ressalte-se que, no
decurso da expedição, os médicos/pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz
fizeram diversos questionamentos a preceitos que predominavam na região, para
explicar os quadros mórbidos existentes, principalmente os que acusavam o
clima, a alimentação deficitária e o uso excessivo do álcool, como os maiores
responsáveis pela etiologia das doenças que atacavam impiedosamente os locais
(IOC, 1913). Compreendiam os membros da comissão, como pode ser observado na
introdução do relatório de 1913, que o impaludismo se constituía no principal
problema da Amazônia, seguido pela leishmaniose e a ancilostomíase. A
propagação dessas doenças, assim como de outras que se manifestavam de forma
mais branda, caso do beribéri, decorriam da ausência de medidas profiláticas já
“metodizadas pela ciência” (SOUZA, 2014, p.21)
A visão seria a
respeito das causas etiológicas das doenças, quanto ao agravamento foi compartilhada
pelo pensamento dos administradores dos Departamentos do Território e entre
seus habitantes, pelo menos aqueles que estavam ao ligadas ao segmento social político
da época. Em relação ao consumo das bebidas alcoólicas, eram comum, o habito do
alcoolismo entre os seringueiros, acreditava-se que seria forma de “apaguizar”
os percalços da vida solitária, difícil e penosa. Além da crença errônea, que o
álcool ingerido poderia eliminar a manifestação da bicheira ou mal. Também,
estava entre as causas, a alimentação precária, geralmente a base do que
ofertada pelos armazéns ligados ao seringais, comoa base primária: Carne Seca,
Farinha de Mandioca e conservados, sendo proibido intermitente o plantio de
cultura agrícola e o acesso às frutas e legumes, era raro e muitas vezes com
alta taxa.
Assim, era comum o
estado de subnutrição e falta de componentes vitamínicos, encontrado nos
alimentos, que era permeado pela presença do estado anêmico, doentio e
“preguiçoso” desses trabalhadores, entre
outras considerações pontuadas pelos membros da expedição, quanto a presença de
quadro comum em várias partes do país.
É indubitável, que na
visão dos governantes, uma mudança da perspectiva por parte das autoridades
federias, frente a crise da Borracha, com parecer em 1904 e em alta no final de
1912 devido a instalação dos seringais do Sudeste Asiático, em especial na
Malásia, para suprir essa demanda que afetava a administração dos seringais e a
fonte econômica da República do Estados Unidos do Brasil. Portanto, uma frente
de ação responsável pela inspeção, desinfeção e estudos das condições de acesso
ao saneamento e limpeza pública, era vital na concepção da parcela das
autoridades dos departamentos e a opinião nacional para retorno do Brasil, ao
cenário da produção extrativista.
Foi nesse cenário,
houve nos Departamentos Acreanos e em boa parte do Vale Amazônico, que incluía
as cidades de Pará, Amazonas, Roraima e comunidades organizada no entorno da
floresta impetuosa e de clima tropical, a inspiração para a construção das
medidas de vigilância, contagem dos casos, construção de valas e melhoria na
viabilidade das fossas artesanais. Além da oferta de medicamentes, tais como os
sais de quinina, para tratamento da malária ofertado nos centros de comando de
assistência e elaboração de quadros de enfermeiros, cuidadores e médicos,
trazidos pela herança “oswaldiana” e o legado dos pioneiros do estudo da
Infectologia Tropical e clínica médica nas comissões de estudo e pauta para a
reivindicação de movimentos futuros em prol do saneamento na Amazônia.
“A
comissão envolveu-se com os problemas de saúde da população, pois em todos os
lugares os cientistas realizaram atendimentos aos doentes, fizeram exames
microscópicos e aplicaram medicamentos. Além disso, aplicaram também as
técnicas científicas na coleta de insetos, no registro fotográfico de doenças,
na realização de autópsias e nas observações semiológicas das doenças e dos
parasitos. As informações também foram adquiridas mediante ‘entrevistas’ com as
autoridades locais sobre a economia, a organização social e cultura, e dados
epidemiológicos; a consulta em cartórios sobre os dados de nascimento,
mortalidade e migração” (SCHWEICKARDT&LIMA,
2007, p. 28)
Por fim,
adiante na história da formação do Acre, o governo local tomou
consciência da importância da instalação dos primeiros centros de assistência
médica, postos de saneamento e entre medidas que foram fundamentais para o
Aparelhamento do Estado, entre medidas que evocam para o período de 1940,
com uma reformulação política e
administrativa do Território Acreano, era pulsante a necessidade da “mudança”
cívica. Na abertura do caminho para a
criação de espaços “modernos” e condições para uma urbanização efetiva, para a
evolução da categoria de faixa territorial para estado, como também em outros
estados amazônicos, em vista à melhoria da saúde do povo amazônico por meio do apoio da campanha sanitária e os
serviços profiláticos do meio rural.
É sabido perante a
bibliografia relacionada a área da saúde e história, tal como (NEGREIROS, 2009),
o discurso fundador da frente higienista na região, os primeiros indícios de
saúde relacionada ao Vale Amazônico com a existência de representativos da
saúde, a partir de 05 de Setembro de 1850, na recém-formada Província do
Amazonas com a separação da Província do Grão-Pará, a construção dos serviços
de Inspeção Sanitária e espaços hospitalares. Ainda assim, no campo da saúde na região, era observada
uma limitação da capacidade e dominado por estruturas deficitárias quanto aos
prédios. Mesmo sob o resguardo do Regulamento da Junta de Higiene Pública,
fundada no estado, a partir de 1854.
Em tese, estabelecia
ações que envolviam a melhoria e oferecimentos dos serviços de saúde, era
presente uma centralização das ações nas capitais, ditas como importantes ao
funcionamento da economia escravocrata da época, seja no viés de emprego da
atividade inspecionaria da via da saúde portuária, vacinação e disposições
gerais. Mas a realidade, é severa, os serviços sanitários não atendiam de forma
homogênea diferente partes do país, em especial as províncias amazonenses, tal
como o Pará e partir Amazonas.
Esse cenário, tão
perturbador, só seria revitalizado a da exploração do látex da região Norte, a
qual os portos de Belém e Manaus, foram estrategicamente equiparados para a
empresa Gumífera no envio das mercadorias às outras partes do Mundo. Assim,
houve um financiamento significativo às condições da limpeza e desinfeção da
região portuária e uma revitalização significativa das ruas, calçadas e
construção de obras pública, com um “olhar” mais atento a essa região, na
crença embutida numa reforma estrutural e organização administrativa.
Mas é fato, que a
população de baixa renda, tivera pouco aproveito das inovações tecnologias,
também e ainda presente, a falta do saneamento básico e oferta eficiente do
atendimento médico-hospitalar, isso pendurou até começo da década de 1910, como
bem sabemos, mas deixou a essência no cerne do poder público para promoção da
mudança na melhoria da oferta dos serviços de assistência pública envolto da
saúde. A autora menciona os empreendimentos públicos no Amazonas, no começo do
século XX, envolvia uma proposta de saneamento, limitado e contínuo das marcas
de exclusão contra a classe pobre, restringida somente a Manaus:
“Manaus
sofreu remodelações em diversos espaços, como a construção dos prédios com
fachadas em estilo neoclássico, a edificação do Teatro Amazonas, de igrejas,
praças, bosques, aterramento dos igarapés, calçamento, etc. Os bairros da elite
localizavam-se no centro da cidade e nas imediações; a imposição de normas para
construção dos edifícios seguia a finalidade de atrair e impressionar os
investidores estrangeiros[...]”(NEVES, 2008, p.36)
O
final de 1920, assim como no período das primeiras décadas, houve um intenso
debate e estudos acerca da qualidade da saúde coletiva, consoante a pesquisa
médica no combate a insalubridade regional, junto a proliferação de doenças. De
fato, o cenário para debate, posicionaria os médicos sanitárias e cientistas às
autoridades públicas nas campanhas e estratégias políticas para promoção da
saúde pública, agora como maior destaque ao ambiente rural e campestre.
No
que tange, ao estado do Amazonas, as vindouras ações dos sanitaristas e as
campanhas da Profilaxia, desde seu início, enfrentava a problemática regional que
vigoraria palra implantação efetiva de
um plano de saúde pública na região amazônica devidos aos fatores onipresentes,
tais como a extensão territorial, os lotes de áreas dominadas por selva
impenetráveis e a dispersão dos habitantes.
A
efetivação das campanhas sanitárias, findaram a partir da analise regional e
elaboração de relatórios das atividades (SCHWEICKARDT&LIMA,2007)
das Campanhas de Saneamento e Profilaxia Rural no Estado do Amazonas, 1922,
feito pelo médico cearens, Dr. Samuel Felipe Domingues Uchôa. Em 1919, foi
nomeado médico da comissão de limites do Brasil, em especial, o território no
Alto Jurua e entre atividades de pesquisa até a indicação com chefe da comissão
que executará as campanhas sanitárias. Até, sua convocação como coordenador da comitiva,
em 1921, na identificação das áreas e proposição para a pesquisa e formas de
solução para estado calamitoso que vivia as regiões interurbanas de Manaus.
“As
campanhas sanitárias visavam a sanear os 26 municípios que compunham o estado
do Amazonas. Ao longo do relatório do Dr. Samuel Uchoa, chefe do Serviço de
Saneamento, percebemos que a maioria das ações sanitárias concentrou-se nas
áreas urbana e suburbana de Manaus. A economia forte da borracha propiciou a
remodelação da cidade de Manaus. Entre os projetos de urbanização do período da
Belle Époque amazonense, a rede de esgotos e o abastecimento de água apareciam
como serviços prioritários nas propostas políticas de saneamento.” (IDEM, 2008,
p.36)
A partir de
relatos jornalísticos e revisão bibliográfica referente à época amazônica,
(IBIDEM, 2008), a autora desenvolve o pensamento consoante as iniciativas
provido pelo órgão” campanhista de 1920, em adição à estrutura organizacional,
quadro de funcionários técnicos e avaliação pericial para implantação da
desinfecção e esgotamento sanitário que além da organização de trabalho das
medidas a serem trabalhadas na conjuntura manauense em seus espaços e entorno
semiurbano, junto a estrutura de habitação e condições gerais da vitalidade
frente ao abandono e negligência das populações marginalizadas pela
vulnerabilidade econômica pelo acometimento das diversas patologias (BENCHIMOL,2001).
Nesse
sentido, havia, a convicção dos pioneiros, que a promoção das atividades de “sanear,
medicar e prevenir” no dialeto médico-sanitarista, com tradição, poderia trazer
o desenvolvimento e progresso da população, vista como propensão ao estado
degradante de abandonado, a falta do sentimento patriótico e a falta de
civilidade, obedecendo preceitos médicos corretos, seria possível uma revolução
do “jeito de ser do amazonense”.
A organização dos trabalhos,
resumidamente, era baseada na ação investiga dos inspetores rurais que
dialogavam com os grupos que viviam no local, juntamente a prestação do
conselho, quanto as atividades serem exercidas e esclarecimento das medidas a
serem tomadas. Depois, disso, a equipe de avaliação médica, entrava em ação a análise
das condições de infraestrutura, tendo a proposta quando a criação de redes de
drenagem, criação de valas, desinfecção das várzeas e fontes de água parada, na
eliminação de agentes vetoriais, junto uma avaliação da condição do solo e o
estado de habitação, onde verminose e agentes parasitários, dos mais variados,
podiam se alojar ao corpo dos habitantes, a qual poderia degenera o quadro de
saúde da população local, como todo.
Os conjuntos de ações da Comissão,
junto ao progresso de mudanças de intervenção urbana, já levantavam em conta a
importância das questões sanitárias, não visando o planejamento dos esgotos e
da distribuição da agua, muito embora, focasse de forma desigual, atendo-se aos
bairros centrais, dominadas pelas elites da época. Ao ponto, que nos bairros
periféricos e localizados nas margens de bairros periféricos, não havia um
investimento considerado, sendo desconsiderados nas reformas de engenharia
sanitária. Observa-se, também, mesmo nas regiões consideradas nobres, havia um
desconta mento da população exprimidas em versos pelos jornais da época, devido
a falta da manutenção, precário calçamento, exposição de dejetos humanos nas
calçadas e a presença incipiente nos arredores das vias públicas de quantidade
de mosquitos e relatos de infecção via alimento e contato com água insalubre.
Diante, disso a
Comissão, via-se no trabalho a frente da condição vulnerável dos bairros do
distrito amazonense, somada a pendurada falta de recursos e investimento na
melhoria e ação dos médicos sanitários e equipes de perícia médica, devido ao
desprestigio da exploração da borracha e os efeitos das crises econômicas. A
citação abaixo, colabora com o argumento descrito:
“A
crise econômica tornou-se a justificativa para a falta de serviços de diversas
ordens em Manaus. Frente à situação caótica em que se encontravam alguns
bairros manauaras, as primeiras ações de saneamento se voltaram para as áreas
suburbanas para só depois partir rumo ao interior do estado. As instalações
sanitárias faziam parte das ações básicas planejadas por parte da Comissão
sanitária para o melhoramento e a desodorização do espaço urbano, ações que
também pretendiam aplicar no meio rural. O próprio Belisário Penna, quando
pensou nas estratégias para o ―Saneamento do Brasil‖, chamava atenção para a
importância da construção de fossas e latrinas, lembrando da conveniência de se
fechar acordos de baixo custo para um orçamento que era curto.” (SCHWEICKARDT&LIMA,2007,
p. 32)
Por fim, apesar das
dificuldades quanto ao estabelecimento dos serviços, a Campanhas e
Saneamento e Profilaxia Rural, obteve alguns sados positivos, com a
construção e instalações sanitárias de fossas, limpeza pública das vias pública
inspeção sanitária de produtos. Junto, ao fortalecimento das medidas de
profilaxia ao combate aos mosquitos transmissores da Malária e Febre Amarela e
relativo progresso no combate aos surtos endêmicos de verminoses que afligiam a
população. O sucesso dessas medidas e a evolução do combate aos quadros
mórbidos com efetivo sucesso nas cidades de Manaus e Pará, foram vitais para o engajamento
político e civil, no começo de 1930, para incentivo e a mobilização na reforma
urbanista, que recaiu sobre a região Norte. Em especial, como fonte, o Acre
No território Acreano, houve a
destituição do comando das prefeituras departamentais, com a convocação da
Administração Unificada, que remetia por meio da indicação da parte executiva
federal, tal como o Presidente da República, responsável por nomear, junto, as
lutas em volta do Movimento Autonomista, incentivado por funcionários,
comerciantes, seringalistas e políticos. Com início, no ano de 1904, quando a
população local, residente no Cruzeiro do Sul, “derrubou” o Departamento do
Alto Juruá, com a destituição do
prefeito, no que ficou conhecido na época, como “Revolta dos Cem Dias”. Além de
outras revoltas regionais na região de Rio Branco e Sena Madureira, no ano de
1918, sendo todos reprimidos de modo severo pelo governo federal.
Desse modo, houve uma queda do
interesse, a partir de 1922, relacionado a autonomia do Acre, não por causo, a influência do projeto
de saneamento amazônico e as tentativas, que posteriormente, se mostraram
ineficientes, de tentar desenvolver condições da saúde da população acreana,
mas deixaram um legado quanto a questão do discurso de “sanear” e a frente
higienista para promoção e desenvolvimento socioeconômica do então Território
Federal, incentivada pelos governadores que prosseguiriam do ano de 1920. Entre
eles se destacam, de acordo o Historiador Sergio Roberto de Souza, na tese de
mestrado, denominado: Fábulas da
Modernidade no Acre: A Utopia Modernista de Hugo Carneiro da Década de 1920,
o governo de Hugo Carneiro, com
inicio em 15 de Junho de 1927 até 8 de Dezembro de 1930,
Assim,
foi elaborado na ementa governamental de Hugo Carneiro, as ações
intervencionistas elencadas na “sanitarização” do Território, junto as voltadas
ao esgotamento sanitário. É claro, que na raiz do programa desenvolvido findou
uma “resistência” quanto as benfeitorias a serem realizadas nos bairros
afastados e distantes dos centros públicos. Para SOUZA, 2009), o final do
século XIX, graças ao avanço do trabalho médico e desenvolvimento de
diagnósticos precisos e a revolução da ciência microbiológica e analise
laboratorial, de tal forma que as autoridades públicas e organizadores dos
espaços urbanos.
De fato, a incumbência das medidas a
respeito da limpeza geral das cidades e bairros, vinha empregando do ideário
das doenças contagiosas, devido a putrefação do ar. Com as “miasmas” e a causa
“etiológica” associada ao estilo de vida
dos indivíduos pobres habitantes de casebres, fez-se a crer pelas elites
locais e os próprios estatistas do territórios causada pelo contato com os
pobres, sujeitos sociais com tendência ao estado degradante, deturpação da
ordem moral e a proliferação dos mais diversos tipos de enfermidades.
Um
exemplo na institucionalização social em aproveito da higiene e ordem do
discurso da saúde foi referente ao isolamento dos hansenianos, relatados pelo
autor (SOUZA, 2009).
“Após isolar os
hansenianos em suas residências, Hugo Carneiro procurou agir conjuntamente com
os setores que classificou como “representativos” da cidade de Rio Branco,
buscando, junto à iniciativa particular, recursos para a construção do novo
leprosário. As ações filantrópicas ganharam corpo com a criação da Liga de
Defesa Sanitária que angariou quantidade considerável de recursos e conseguiu
estrutura suficiente para isolar os hansenianos a, pelo menos, 6 km da cidade.”(SOUZA,
2009, p.30)
A
Hanseníase, também conhecida como lepra, é uma doença infecciosa crônica
causada pelo Mycobacterium leprae . A doença afeta
a pele, os nervos periféricos, as superfícies mucosas do trato respiratório
superior e os olhos. Sabe-se que a hanseníase ocorre em todas as idades,
desde a primeira infância até a velhice. A lepra é curável e o tratamento
durante os estágios iniciais pode prevenir a incapacidade.
A presença
dos “leprosos” e moribundos acometidos pelas mais diversas moléstias,
geralmente se encontravam nos subúrbios das cidades, perambulando entre as ruas
e encalços nos municípios. A maior parte provida dos pontos de contágios em
seringais e áreas isoladas do interior acreano, o doente manifestava algum tipo
de sintoma. Tal como dores no corpo e pequenos tumores cutâneos ao longo do
baço, barriga e membros superiores e inferiores, diante disso, era a feito
vistoria sob o comando do chefe do seringal, quando se constava o mal, ele era
encaminhado ao um assentamento distante das locações de trabalho.
Na situação de
haver uma “melhoria” na qualidade
de vida do infeccioso, ele posto
num trabalho e recebia apoio na oferta de alimentos, medicamentos e ajuda ao
ríspido “enclauseramento” que era acometido. Caso, não estivesse estabelecido a
saúde e não trabalhasse, ele era posto fora do trabalho, sem auxilio ou ajuda,
a não ser que tivesse vínculos familiares, não havendo condições, não restava a
não ser vivendo nas linhas marginais dos polos habitacionais, junto ao status
de “morador de rua”, “amaldiçoado” entre outros adjetivos.
É fato, (IDEM, 2009) que a chegada
de Hugo Carneiro e sua comitiva administrativa, se deparou que com a livre-circulação dos doentes, mantendo
contato direto pessoas infectadas. Além do claro, estado deficitário da engenharia
sanitária da antiga “Vila de Penapólis”, nomeada para Cidade de Rio
Branco, provocou o sentimento escuso e
estranheza, percebeu a necessidade da elaboração da profilaxia da cidade e um
projeto de isolamento de doentes, na justificativa de que os infectados podia
trazer risco de contaminação para a população. Nesse aspecto, o então
governador, consegui, junto ao apoio das elites locais para concretizar seu
plano de modernização.
A perspectiva, para a elaboração de
quadro sanitário e responsável pelo isolamento, foi difícil, uma vez que as
dificuldades inseridas no isolamento domiciliar, já recomendado no inicio da
ordem campanhista e retificado pela ação de controle policial que desautoriza e
afirmava por meio do uso da força a saída do hanseniano, fora do seu
estabelecimento, de fato, os esforços para detenção em domicilio se mostraram
em sua maioria fracassados e falta de cuidados envoltos na assepsia das
localidades ocupada pelos leprosos.
O próximo passo, seria na construção de um isolamento
distante da área urbana de Rio Branco ao cobraria alto investimento do setor
público na questão da saúde. Algo, incabível devido aos gastos já jazidos no
orçamento anual do Estado, vendo-se obrigado ao apoio de atos filantrópicos,
que levaram a construção dos primeiros alojamentos e pavilhões de isolamento
dos leprosos. Além da organização da equipe de trabalho realizado pelas
enfermarias e assistência primária, tendo concluído as obras no final de 1928,
junto ao estabelecimento da Liga de Defesa Sanitária do Acre, que prontificou
sob as condições requeridas satisfazer, ou pelo a ação de tentativa nos
quesitos da ações de saneamento básico
A influência da Junta Administrativa
de Governadores foram essenciais para a realização dos serviços mobilizadores
para prevenção de doenças, junto uma modernização da área interurbana do centro
rio-branquese, que intecendia o meio rural, com a criação de animais dentro de
residências, estilo de madeira cortada e telhados de paúba, na forma de
casebres. De fato, a modernização no começo de 1930, modernização contraditória
e contigua, que não abrangeu as linhas geográficas da parte interioranas.
Posteriormente, ao
longo da década de 1940, iniciou-se um 2 Ciclo da Borracha(1930-1946), agora as
migrações eram incentivadas pelo Governo Federal da época, com a subida de
poder com o Presidente Getúlio Vargas e sua associação com os Estados Unidos na
Segunda Guerra Mundial e a demanda material da produção de borracha, afirmando
acordo com o início do Movimento “Soldados da Borracha”.
A composição dos migrantes era bem diversificada, com várias pessoas de
diferentes regiões brasileiras, classes sociais e culturas lubrificadas pela
intensiva propaganda de exploração na Amazônia e enriquecimento rápido na
região, como também o apelo nacional de um possível “Conquista ao Oeste”, em
destaque ao reconhecimento das dimensões territoriais e geográficas.
Nesse interim, as redes de sociabilidade e as famílias já concentrava em
grande quantidade no Acre e haviam criado um ambiente cotidiano, mesmo com o
enfrentamento continuo e as intempéries no trabalho no Látex. Mas mesmo assim
era um ambiente em continua formação com a criação dos primeiros comércios,
carpintarias e restaurantes ao redor, principalmente na região de Rio Branco e
parcialmente em Xapuri. Tal como definido pelo professor Martinello:
“Enquanto o primeiro movimento
migratório havia sido organizado, de início, à maneira tradicional com os
sertanejos (...) este novo contingente ampliou-se e "enriqueceu-se"
com outros elementos regionais desconhecidos e estranhos ao próprio meio e à
história econômica e demográfica da Amazônia, cariocas do morro e da cidade,
fluminenses de Niterói e do interior do Rio, capixabas de Vitória do Espírito
Santo, baianos de Ilhéus e de Salvador, pernambucanos de Recife, mineiros da
capital e das serras. De todas as classes, cores, profissões e idades.
Ferreiros, carpinteiros, engraxates, choferes de caminhão, operários de
fábricas e usinas, cansados das máquinas e seduzidos pela oportunidade de
conhecer, à custa do governo, terras e paisagens distantes; trabalhadores
braçais e agricultores, cujo sedentarismo não podia vencer a emoção psicológica
da aventura há muito recalcada e comprimida, eis a grande "arca de
Noé" que formava esta segunda leva de "soldados da borracha"
“(MARTINELLO, 1985)
Assim, objetivando a obedecer os
Acordos Internacionais, feito pelos dois países americanos, aliado ao esforço
no “front” de guerra, em 1942, resultou no processo e recrutamento de
trabalhadores para as atividades extrativistas dos seringais, orientado pelo
órgão do Serviço Especial de Mobilização dos Trabalhadores para a
Amazônia(SEMTA) que exerceria a atividade na seleção e cuidados dos homens a
com composição majoritária de homens jovens nordestinos, em função da procura
de melhoria das condições sociais e saída do cenário de seca, agravado pelas
estiagens que ocorriam com relativa intensidade na década de 1930.
Na pesquisa, promovida por
(HOCHMAN&MIRANDA, 2021), é um relato acerca do exercício e organização das
atividades dos médicos e funcionários de assistência social vinculados ao órgão
de saúde pública, através da seleção por meio do estudo clinico, na emergência
de diagnósticos, exames e testes sanguíneos para os padrões das enfermarias do
período, na seleção de saudáveis e capazes, dentro das condições de saúde ofertadas.
Junto, a preparação de atestados relacionado a capacidade laboral, no
prontuário do bem-estar físico e ajuda nutricional ao sertanejo, encarregado
pela missão patriótica de defender seu país. Por conseguinte, a formação em
massa dos primeiros “batalhões” de guerra da borracha, nos primeiros anos de
comando da SEMTA, de imigrantes nordestinos.
É sabido que a guerra proporcionou à
Amazônia, retomada do prestigio, perdido nas primeiras décadas do século XX,
também foi motivo para a justificativa de “colonização” do norte, propagada
através dos discursos do Presidente Getúlio Vargas, no período em que tomara
centralização do poder da esfera executiva, por meio de uma Ditadura.
A
organização de um plano de povoamento coerente e visando a eficiência das atividades
e exercícios da tarefas vinculadas ao domínio da terra verde e exploração da
borracha, houve a necessidade da elaboração de um plano de saúde pública para a
região, de forma a oferecer elementos necessário para adaptabilidade do
“soldados” nordestinos e vitalidade nas difíceis jornadas que percorriam.
Anda, é recorrente a abordar o legado do empreendimento de mobilização de
trabalhadores(IDEM, 2021)
no envio dos batalhões aos órgãos de superintendência na região do Pará e
Amazonas, onde era ofertado aos “soldados”, o kit básico e marmitas de
alimentação, já na viagem, era imposta o primeiro desafio da inserção nos
trabalhos da seringa. Na citação abaixo, é relatado o como se deram progresso
do programa de imigração interna nordeste para o norte.
“O
contrato de encaminhamento elaborado pelo SEMTA e assinado pelos ‘soldados da
borracha’ oferecia assistência médica e sanitária, social, educacional e religiosa
às suas famílias mediante descontos de seu vencimento, se assim fosse desejado
pelo trabalhador (“Contrato de encaminhamento”, 1943). O núcleo de Porangabussu
teria caráter provisório até a construção de um local definitivo, que ocorreu
com o núcleo permanente do Cocorote, criado apenas em 1943 (Gois, 2013, p. 71).
Os pousos e núcleos deveriam ser espaços administrados pela racionalidade
médica, pautada por ordem, disciplina, regras de higiene pessoal e corporal,
que, muitas vezes, entravam em conflito com as nucleadas.” (HOCHMAN&MIRANDA,
2021,p.04),
Por fim, o fluxo
migratório de trabalhadores, diminuiria, à medida do sucesso dos países da
frente dos aliados, que incluíam (Estados Unidos, Inglaterra, França, entre
outros), até final da guerra em 1945, havendo a destituição do Programa SEMTA e
entre outras entidades responsável pela organização da frente de migração
interna. A conclusão da etapa latente da Borracha, deixaria suas marcas
invioláveis do processo sobre os “desbravadores” e “soldados”, com o índice de
mortalidade, de mais de 40%, causado pelas eminencia de doenças, ataque por
feras e até acirramento com os proprietários do estabelecimento dos seringais,
causado pelo descumprimento de ordens entre outros.
No
ano de 1943, mencionado por (NEGREIROS, 2011) estabeleceu acordos firmados para
a constituição de distritos sanitários, comandados pela Serviço Especial de
Saúde Pública, em áreas estratégias que situavam o ambiente rural, lugar
referido como “berço” dos mais tipos de surtos endêmicos e infecção parasitária
de alto nível, isso ligado ao trabalho sanitários e ao entornos das estradas
que ligavam a disposição dos postos de seringais, ao longo do Vale Amazônico,
que incluía, o Acre, na capital, Amazonas, Pará e localidades adentro da floresta
tropical. Tal como destaca a afirmação abaixo:
“O
SESP pretendia -- como uma das mais importantes atribuições -- sanear a
Amazônia, maior fonte de borracha da América do Sul. Pata tanto, prestaria
assistência médica aos trabalhadores recrutados, enviados aos seringais,
através do Programa de Migração, como também nas hospedarias e pousos de
Fortaleza, Belém e Manaus, tendo em vista os altos índices de malária, febre
amarela e doenças entéricas, dentre outras, que atingiam os trabalhadores nessa
região[...]”(NEGREIROS, 2011, p.51)
No
ano de 1940, aflorava a ideia de busca pela autonomia do Acre, movimento que
lutava pela elevação do Estado do Acre, do Território para Estado, embora já
estivesse em umas das razões de “luta” da classe urbana e letrada do Acre,
frente ao ambiente rural dominante e analfabeto. Nesse sentido, em 1946, o
Território Federal recebia a visita da a comitiva do novo governador do Acre, o
militar José Guiomard dos Santos, escolha do governo federal baseado em suas
experiências em outros territórios da federação.
O governo, durou de 1946-1950,
carregado do espirito quase “modernista” da Hugo Carneiro, a Junta
Administrativa foi responsável por iniciativas de cunho realizador e
urbanistas, junto a criação dos serviços de atendimento à população, liga ao
cuidados da assistência pública. Embora, sabemos que as iniciativas do
movimento de saúde, eram ínfimas, a maioria destinada ao centro rio-branquese.
3.2-
A Construção do Sistema de Saúde no Estado Acre e Relações Intergovernamentais
da Política de Saúde (1989-2018)
O processo de intervenção das
autoridades governamentais, no estado do Acre, em relação a saúde pública,
tomaria vigor a partir da evolução da gestão da saúde pública no Estado
Brasileiro, dos movimentos populares de “democratização” da saúde e lutas
politicas do cenário em prol da melhoria das condições de vida da população a
partir da década de 1970. É evidente, que as politicas públicas de saúde
promovidas pela esfera federal e municipal, sempre tiveram em prol da ação
intervencionista ao agravamento de incidentes contra a condição de vitalidade
da população. Entre as medidas levantadas pelos ativistas, eram garantir o saneamento básico, elaborar ações para a
prevenção de doenças e criar medidas para evitar e tratar epidemias. Da qual seria somada as funções
atribuídas aos sanitaristas, assim como a criação do Sistema Único de Saúde
(SUS).
Em 1986, foi realizado o VIII
Conferência Nacional de Saúde, a qual foi a consolidação do movimento
sanitarista, e seus membros, junto a disposição para o embate político, em um
período de revogação de direitos e censura, como foi a instauração do Período do
Regime Militar(1964-1989), presidido por Sérgio Arouca, que na altura era o
presidente da Fundação Oswaldo Cruz.
Segundo (PAIM, 2009), (PAIVA& TEIXEIRA,
2014) o ideário do movimento sanitarista, visava fazer críticas a pratica da
medicina intervencionista nas instâncias de problemas, apesar da solução
prontificada, ela era culpada pela crises de saúde durante o autoritarismo.
Enfatizando a questão democrática do acesso aos programas oferecidos pelas
unidades especializadas, com a implantação periódica dos serviços da frente
médico-hospitalar, campanhas de vacinação e profilaxia, terapêutica hospitalar
e medicalização e acesso ao conjunto da equipe clínica, como todo.
Também, fora levantado por
(IDEM,2009) nos debates do grupo em prol da importância da Reforma Sanitária, a
respeito da prática da pesquisa científica para desenvolvimento do banco de
estudos e avaliações de cunho original sobre os problemas e necessidades
importantes para o indivíduo-comunidade, com foco, em especial na orientação da
prática da saúde coletiva atribuída a todos profissionais. Atualmente, devido a
inúmeras inovações na área da saúde pautada nos princípios científicos que é a
integração ao cotidiano integrante das unidades de saúde.
Nesse sentido, o Movimento de
Reforma Sanitária Brasileira (MRSB), fincou a importância do cuidado coletivo
da saúde do cidadão e construção de etapas vinculadas ao trabalho de pesquisa
médica. Assim, entende-se a importância de dar ênfase ao método científico como
caminho para desenvolvimento da pesquisa científica para que assim se alcance
os objetivos traçados para dar visibilidade de informações que possibilitem as
práticas profissionais conscientes e dentro de critérios a serem organizadas
pelas sedes administrativas. Tal, com menciona o autor:
“Já
o ‘processo’ da Reforma Sanitária brasileira, entendido como conjunto de atos
relacionados a práticas sociais – econômicas, políticas, ideológicas e
simbólicas – pode ser analisado especialmente após a 8ª CNS, com a implantação
dos Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde (Suds), a instalação da
Comissão Nacional da Reforma Sanitária (CNRS) e o desenvolvimento dos trabalhos
da Assembléia Constituinte, Constituição de 1988 e conjuntura pós-88. Desse
modo, o processo da Reforma Sanitária brasileira pode ser analisado na
conjuntura da transição democrática e no período pós-constituinte.” (PAIM,
2009, p.31)
As influências do Movimento Sanitarista, foram chave para evolução e
ampliação do aparelho médico do Estado Brasileiro, que graças ao trabalho e
esforços de membros da sociedade civil, cientistas, médicos e políticos, a
concretização, para que no ano de 1988, por
ocasião da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, foi
instituído no país o Sistema Único de Saúde (SUS), que passou a oferecer a todo
cidadão brasileiro acesso integral, universal e gratuito a serviços de saúde,
desde procedimentos ambulatoriais simples a atendimentos.
No que tange, as práticas engajadas
na implementação dos programas de assistência médica sob a direção do SUS no
Acre, a concentração das ações envolta das políticas públicas com a proposição
de ementas para a construção de postos de saúde, enfermarias, laboratórios
clínicos e setores de prevenção, cuidado e tratamento médico. É evidente, que o
Sistema Único de Saúde, junto ao período de pós-constituição de 1988, o cenário
do corpo político da saúde.
Houve
um fortalecimento da administração municipal, junto, a uma abertura das
instâncias políticas no apelo por da reunião das comunidades e populares,
através de um canal de ligação e contato com autoridades governamentais. Os
pesquisadores (KLEIN&ZIONI, 2013), descreve como os processos regulatórios
referente a instauração da coletivas de serviços para uma organização das
instituições de pesquisa médica e saúde no país, aliado no incremento das
responsabilidades contribuíram para abertura do caminho constitucional
percorrido para implementação efetiva do sistema.
“O
processo de regulação da política de saúde, que implantou o SUS, teve um marco
organizacional com a Portaria Ministerial no 234 de 07 de fevereiro de 1992 e
outro avanço importante com a Norma Operacional Básica 1993, que orientava o
gerenciamento da descentralização dos serviços. Assim iniciaram-se as Comissões
Intergestores, no âmbito federal a “Tripartite” e nos estados as “Bipartites”.
A mesma Norma operacional promoveu uma reorganização institucional com o
envolvimento das dimensões políticas, sociais e culturais. O texto afirmava que
a efetivação da descentralização pressupõe diálogo, negociação e acordos entre
os atores envolvidos no sistema.” (KLEIN&ZIONI, 2013, p.601)
É fato, que os serviços públicos em
meados da década de 1990, levaram a implementação do setor público no comando
majoritário dos serviços básico da esfera de saúde. Junto a isso, de acordo com
(IDEM,2013), foi estabelecido visava as funções de coordenação dos planos do
Sistema Unificado e Descentralizado da Saúde (SUDS) pela Secretaria de Estado
da Saúde do Acre, nas atividades e conduta elaboradas com associação as
estruturas municipais que ofereciam os espaços de unidades assistências,
trazidos pela herança do extinto SESP, com alocação das fontes de financiamento
e transferências entre as esferas de governo, bem a elaboração do projeto
sanitário no quesito de trabalhar na melhor forma possível diante dos entraves,
já enfrentados em governos anteriores do antigo Território Federal do Acre.
No ano de 1990, visando ao incentivo
a ampliação do SUDS na estrutura de administração dos serviços à comunidade,
foi criada Lei n*923, de 11 de Dezembro de 1989, que reorganizou as funções e
atribuições gerais quanto as ações ofertadas no campo de cuidado médico-hospitalar
e assistencial social, as regionais de Brasiléia, Rio Branco e Cruzeiro do Sul.
Na regionais subordinadas pela SUDS, foi elaborado as diretorias-gerais,
responsável pela administração financeira de recursos, assessoria técnica e um
quadro de médicos, que incluíam um clinico-geral e três especializados em
áreas, em destaque aqueles especializados para exercício das atividades
clinicas, instalação do setor de vigilância sanitária e entre disposições.
Todos ligados ao alcance nos bairros e comunidades próximas.
As medidas implantadas, foram
estabelecidas no governo estadual de Flaviano Melo, de 15 de Março de 1987 a 2
de Abril de 1990, a partir da convocação do discursos voltado ao plano de
governo para saúde voltadas às regiões do interior e construção das estruturação de complexidade intermediária entre
as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e as portas de urgência hospitalares, onde
em conjunto com estas compõe uma rede organizada de Atenção às Urgência. Em
adição, ao incentivo a busca de estudos voltados a coleta de dados e
informações referente aos analise dos dados epidemiológicos e reformas nos
órgãos de inspeção e vistoria, junto a oferta do atendimento básico oferecido,
tendo como base os paradigmas da realidade acreana.
É discutido, a implantação dos serviços médicos, a implantação da prática
baseada em evidência tem sua origem no movimento da medicina baseada em
evidências, que é definida como o uso da melhor da evidência para tomar decisão
sobre o cuidado individual do paciente, de forma consciente, explícita e
criteriosa. Requer habilidades que não são tradicionais na prática clínica. O
autor (KLEIN, 2009), descreve o plano de ações realizado no referido governo e
o discurso da prática e amparos por meio da interiorização do trabalho ligado
ao SUDS e entidades governamentais
“O SUDS do Acre foi implantado sob o governo estadual de Flaviano Melo
no período de 1987 a 1991. Este governo apresentou no seu plano de trabalho um
discurso segundo o qual o Acre tinha a necessidade de buscar soluções próprias
para os seus problemas e as mesmas deveriam ser voltadas para as realidades
locais. Para a saúde o plano de governo propunha a interiorização e
descentralizações das ações. Para a assistência à saúde havia a previsão da sua
concretização nas unidades sanitárias, a partir das mais simples[..]”(KLEIN,
2009, p.103)
Ao longo do desenvolvimento das políticas
de saúde ligada a Secretária Estadual, houve impasses, ao modo da gestão
administrativa que estava ligada fortemente ao cpro político no final de 1990,
no que tange, a respeito do Partido do Movimento Democrátio Brasileiro, PMDB,
no Acre, referente ao quadro de funcionários dos setores ligadas à saúde, com a
discordâncias relacionado a uma atenção maior, distribuição e alocação do
financiamento dos serviços e postos de saúde nos centro, em detrimento nos que
localizavam no interior. Juntamente as denúncias pelos profissionais da área
técnica, quanto ao desvio de verbas e “favoritismo” de parentes e amigos
próximos aos dirigentes dos postos, com a oferta desigual de fichas e críticas
ao trabalho e abusos de poder provindo da parte da diretoria e do próprio secretário
da época.
Sendo palco para os jornais da época
e discursos calorosos quanto ao controle e gestão de trabalho nas unidades
médicas com a participação do sindicato da época, dos trabalhadores rurais e
seringueiros, quando a disponibilidade dos serviços médicos na regiões de
Xapuri e Brasiléia, a crise de 1985-1990, se agravara com a morte de lideranças
políticas, tais como: Chico Mendes e cenário de agravante econômico da alocação
federal de financiamento, espectro esse que vigorou até a década de 2000.
A respectiva saída do secretário da
saúde e equipe de trabalho, foram rapidamente solucionadas com a entrada e
posse de uma nova secretaria e reorganização para retomada dos trabalhos da
equipes sanitárias e o conjunto técnico em conformidade as diretrizes e comando
do órgão governamental de saúde, a qual com os custos obtidos pela entrada da
nova comitiva administrativa e problemática que já sido em pauta, já há alguns
anos da falta da capacidade resolutiva das redes de serviços, ineficiência da aplicação
das medidas entre outras medidas.
A avaliação governamental da época,
em 1991, considerou a implantação do SUDS, como bem-sucedida na sua missão da
integração dos serviços de saúde na região do interior. Mas, foi observa
durante a avaliação, reclamações a respeito da demora no atendimento e escassez
de trabalhadores nas enfermarias, farmácias e atendimento básico. Os recursos
fornecidos pela esfera federal, foram definidos como “limitados”,
“desarticulados”. Além disso, o sistema de dados da Secretária Estadual de
Saúde, era pequeno e as regionais contempladas ficaram limitadas a
descentralização e execução dos serviços em sua totalidade, somente na região
de Rio Branco, e a presença assídua de doenças infecciosas ligada a tuberculose
e verminoses associadas a precariedades do esgotamento sanitário.
A
mobilização na promoção de um novo regimento em substituição ao SUDS,
incorporando o Sistema Único de Saúde, em relação ao Acre, foi na tentativa de
priorizar as transferências federais do trabalho e planejamento para a esfera
estadual, como uma forma ingressante de incentivo e “oportunidade” aos
administradores de recursos, para dar garantia de reformas estruturantes dentro
dos espaços internos das unidades hospitalares e estrutura de baixa e média complexidade
na oferta do tratamento médico.
Os artigos da Constituição de 1989,
referente a saúde e a conjunção da sociedade em harmonia com o poder público e
representantes da autoridades médicas e serviços comunitários, na formação do
Sistema Único de Saúde, já tinha servido de influência para que em 1992, fosse
a homologado a nova Lei Orgânica da Saúde e continuidade do que referia o texto
de resolução da Norma Operacional Básica. Assim, o Acre, cooptou aos planos
governamentais subsequentes para a aplicação municipal das responsabilidades
das ações de saúde nos âmbitos locais, elencada na oferta das condições
necessárias para o estado saudável do cidadão
“A regulamentação do SUS no Acre teve momentos distintos, com acordos
estabelecidos via convênios, entre as esferas de governo, nas quais os repasses
de serviços e atribuições da esfera federal para a secretaria estadual
estendiam a descentralização de serviços para os municípios. Foram
estabelecidas novas relações com as esferas municipais que aderiram ao novo
sistema e o processo de descentralização dos serviços foi desencadeado no
estado. Além disso, a regulação do SUS no estado teve um momento importante na
elaboração da Constituição Estadual de 13 de outubro de 1989.”(IDEM, 2009, p.
109)
A implantação do SUS no Acre, jazia
no momento de fervor e tensão nas disputas eleitorais, quando na transição do
militarismo para o período, conhecido República Nova, onde houve a abertura do
multipartidarismo e a convocação das eleições diretas. O cenário da época,
apresentava os grandes adversários. O primeiro grupo, fruto de lideranças do
ARENA do regime militar, que posteriormente seria identificadas como o Partido
Democrático Social, posteriormente, vinculado ao PMDB. Já o segundo grupo,
nasceria a partir de 1990, mas teria suas raízes fincadas no ano de 1992,
denominado Frente Popular do Acre, liderada pelo Partido dos Trabalhadores. A
disputa eleitoral dos candidatos em conflito, estavam Edmundo Pinto, PDS e
Jorge Viana do PT da Frente Popular do Acre. No final, o Partido dos
Trabalhadores (PT), acabou que engrenado em duas derrotas sucessivas perdidas
frente a coligação adversária. Por fim, O PMDB representou a “colina” direita
nos mandatos do governo do estado, até o fim do mandato do Governador Orleir
Camel, coligado, ainda na frente PMDB-PDS.
A formação dos convênios com o
governo federal, foi um passo importante no comprometimento afirmado pelos
estados às instâncias federais com a regulamentação da infraestrutura do SUS
para os municípios. No respeito aos preceitos da descentralização motivaram os
atores políticos estaduais dominantes a tecerem relações de interação com
políticos de poder local como instrumento necessário para orientação da
descentralização dos ser viços, junto a “interiorização necessária nas gestões
municipais ao longo do Alto Acre e outras regionais, junta a equiparação dessas
para comodidade doe instalação do espaços de atividade do exercício da saúde
com a contratação do quadro técnico e especializado, como avalistas médicos,
enfermeiros e assessoria. Mas, segundo o autor (IBIDEM, 2009), havia
contrassenso ao que era divulgado na mídia governamental quando comparado ao
quadro real do setor público da saúde e uma possível limitação de recursos ao
investimento, não somente da saúde, como em outras áreas. A citação abaixo,
colabora:
“Os
acordos com os municípios para a descentralização dos serviços não tiveram os
repasses financeiros e apoios esperados entre 1993 e 1994, por esse motivo as
secretarias municipais de saúde reduziram suas atividades. Em Dezembro de 1994,
uma Comissão Técnica de Transição Governamental avaliou os serviços de saúde e
constatou um atraso no processo de descentralização. Na avaliação dessa
Comissão a origem do atraso estaria no funcionamento ineficiente da Secretaria
Estadual de Saúde. Os problemas levantados foram: a alta rotatividade de
secretários desta pasta e suas equipes visto que, nos quatro anos anteriores,
seis secretários ocuparam o cargo; falta de um Plano Estadual de Saúde que
definisse claramente as políticas e as atribuições da esfera estadual no SUS[...]”
(KLEIN, 2009, p.117)
A partir do ano de 1997, a frente
politica dominante, teria sua derrota, pois em 1998, houve a nomeação de Jorge
Ney Viana Macedo Neves, ao longo da sucessivas derrotas, ele propôs em
propostas de ementas, propôs um discurso apaguizador dos ânimos que não
elencasse uma postura radical, no desenvolvimento do governo pautado na postura
reformista, garantia de benefícios sociais e melhoria das condições para
estabilidade da classe trabalhadora e convivência itinerante com empresários
pecuaristas e as elites, em prol do sindicalismo e apoio do Capital Social.
Tendo forte influência no ente governamental do estado (NASCIMENTO, 2015), no “vianismo”, expressão cunhada pela
oposição política que remete ao período de governança nas diferentes esferas do
poder político, junto ao seu irmão Tião Viana, que vigora durante praticamente
20 anos (1998-2018).
Em relação, a questão da saúde
pública acreana, o governo no ato da posse em 1999, encontrou um cenário de
crise dessa área fatídica na qual observou a organização do SUS, encontra-se em
estado deficitário numa aparente negligência. Da qual, por razões estratégicas
se limitou a estrutura de serviços em Rio Branco e Cruzeiro com capacidade de
atendimentos complexos com estruturas intermédia entre as Unidades Básicas de
Saúde (UBS) e as portas de urgência hospitalares, onde em conjunto com estas
compõe uma rede organizada de Atenção às Urgências.
Em relação as estruturas dos
serviços e órgãos vinculadas a Secretaria Estadual de Saúde, na época , de
acordo com o relato de jornalistas, reclamações dos comunitários e
apontado pesquisas (NASCIMENTO, 2015),
(KLEIN, 2009), encontrava-se em uma situação “caótica”. O conjunto do material
de apoio dos agentes de saúde, enfermeiros e médicos, encontrava-se em estado
de precariedade. Não havia sistema de controle dos gastos e investimentos
devido aos repasse estavam a mercer da própria sorte.
Nesse sentido, a implantação do SUS
no Acre, junto aos regimentos estaduais e acordos de convênio ao estado
federal, não condiziam a realidade material com a ineficácia do sistema
operante, no começo da década de 2000. Nesse sentido, o gestor prontificou para
“reconstrução das estruturas físicas e operacionais para o progresso dos
principais indicadores de saúde pública, assinados pelos “reformistas” do
modelo de desenvolvimento sustentado.
Sabe-se que os anos que sucederam o
governos petistas, no período iniciado em 2004, com a reeleição do Jorge Viana
até 2009, foram marcados como relativo u emepe sucesso na alocação de recursos
financeiros e planejamento de ações com inovações na área da saúde com a tomada de
decisões pautadas em princípios científicos ligado aos cuidados com base da
associação familiar comunitária integrada aos ritmos de vida, produtos e motivo
de interesses sociais da população dependente dos serviços do SUS; relacionado
diretamente com os domínios do saber político na envergadura do acesso aos
serviços médicos com a forte intervenção Estado quanto as prioridades. Tal como
descreve a citação abaixo:
“Conforme
visto acima, a alocação de recursos financeiros para as políticas sociais
ocorre de acordo com o modelo articulador do plano plurianual do governo
federal e para o SUS essa alocação completa-se no processo regulatório da
política de saúde que integra as relações intergovernamentais estabelecidas
pelo pacto federativo brasileiro, representado nas três esferas de governo.
Para a Secretaria Estadual de Saúde do Acre há negociações importantes com a
esfera federal de governo e esta é uma articulação capaz de ampliar ganhos para
os serviços de saúde. [...]”(IDEM, 2009, p.29)
No entanto, no
começo dos anos de 2010, houve um assíduo decréscimo da mobilização das
políticas do campo de assistência à saúde coletiva e amparo das estruturas
médicas constituídas pela Frente da Floresta. Por exemplo, segundo (NASCIMENTO,
2015), reclamações de funcionários públicos, políticos e a própria população
vieram a tona, no que diz respeito ao campo da saúde pública, da qual a partir
do ano de 2011 a 2013, houve a desinstalação de leitos hospitalares,
maus-tratos e humilhações no processo de atendimento.
É
destacado, nos textos jornalísticos da época, no relato. Além, do acesso ao
saneamento básico, como direito humano na garantia da seguridade da vida, que
segundo pesquisas, a capital do Acre, localiza-se nas últimas posições, embora
a pesquisa, seja referente ao ano de 2012, ele permanece o quadro frente ao ano
de 2023. Como a noticia, colabora com argumento baixo:
“O novo estudo confirma que o país
mantém sem serviços de água tratada quase 35 milhões de habitantes, sendo 5,5
milhões nas 100 maiores cidades (população da Noruega). Em todo o país, temos
aproximadamente 100 milhões de pessoas sem acesso à coleta de esgotos, sendo
21,7 milhões nesses maiores municípios, o que corresponde à população do Chile.
O Brasil ainda não trata metade dos esgotos que gera (49%), o que representa
jogar na natureza, todos os dias, o equivalente a 5,3 mil piscinas olímpicas de
esgotos sem tratamento. Nas 100 maiores cidades, em 2019, descartou-se um
volume correspondente a 1,8 mil piscinas olímpicas diárias. Rio Branco, no Acre,
está entre as capitais mais mal colocadas no ranking do Trata Brasil.”
(Disponível em: https://ac24horas.com/2021/04/27/rio-branco-esta-entre-as-capitais brasileiras-mais-mal-colocadas-em-ranking-de-saneamento-basico/)
A inserção do governo da Frente
Popular, apoderou-se no discurso junto ao camadas populares e incentivo ao
amparo social dos trabalhadores, temos que nos deter da raiz do surgimento no
final de 1970, da organização de comícios e associações de trabalhadores
rurais, agricultores e seringueiros retirados das suas locações, devido a
apropriação de grandes lotes de terra para a pecuária e expulsão das famílias
dos seringueiros destinada a outrora, borracha, esquecida no tempo.
De
forma, que o partido político, como estratégia de elencar o apoio popular e
estabelecer uma “espécie” de conexão do ideal revolucionário, dos sonhos dos
autonomistas e a “bravura” dos homens que estabeleceram sua origem na seringa e
no trabalho do campo, frente a exploração do seringalista, que configurava na
visão dos partidários, a representação das elites e seu poder que limitou o
progresso e desenvolvimento do estado. Nessa linha de raciocino, o vianismo,
representaria o desenvolvimento alternativo de um projeto governamental que
combateria os prejuízos de cunho social com a inserção das periferias da
cidade, do “agregado populacional”
O
Governo da Floresta, definido pelo governado Jorge Viana, se apropriou dos
termos de “florestania”, causa social, sustentabilidade, “acreanidade” e entre
outros, no intuito de realizar uma “revolução” moderna no cotidiano dos
acreanos. O discurso da frente para uma revolução ao ser “acreano”, já era algo
que já vinha vinculado aos grandes “reformadores” categorizados nos folhetins,
como pioneiro da modernização. Nesse caso, ligado ao campo da saúde pública,
aos exemplos de Hugo Carneiro, José Guiomard dos Santos e entre outros, já
citado ao longo do texto. Em conformidade, segue o trecho abaixo:
“
Sendo assim, o discurso é meramente fantasioso, já que sua finalidade era
deixar esses “povos da floresta” 13 onde já estavam. Para uma grande parte dos
brasileiros, a Amazônia ainda é uma grande área desconhecida do país. Distante,
geograficamente, dos centros de decisão da política brasileira, a região vem
sendo trazida a público em nome de uma floresta, que em um breve futuro pode
ser a salvação mundial. No início do mandato de governador de Jorge Viana, ele
passou a anunciar que seu governo era o Governo da Floresta para os povos da
floresta. Esse político se apropriou dos termos florestania, sustentabilidade,
acreanidade, entre outros, no intuito de realizar uma reviravolta no cotidiano
dos acrianos”(NASCIMENTO, 2014, p.27)
Assim, a autora discute a partir de
relatórios, trabalhos de divulgação por parte da assessoria até os artigos
vinculado ao Gabinete da Imprensa, no tempo estimado de 2006-2015, ele elabora
argumentos fundados na analise discursiva dos textos, da qual prioriza na
analise ao estado de funcionamento e gestão trabalhada nas instituições ligada
a saúde pública no estado. Nesse aspecto, ele cogita que o “modelo de saúde”
aplicado sob a jurisdição do SUS, apesar do sucesso na implantação de programas
de combate aos surtos endêmicos nas regionais do Alto Acre e Vale do Purus,
apesar da reformulação dentro no aparelho administrativo, que na primeira
década, mostrou-se eficiente a frente de programas governamentais anteriores.
A
razão para o “desbanque” da Frente Popular Acreana, estaria associado a crises
no setor de financiamento da saúde, ausência do fiscalização e transparência
dos serviços realizadas na estrutura de menor grau até as portas de urgências,
incluindo aproveito de benfeitorias para amigos e familiares nos setores de
direção destas unidades e gastos públicos na nomeação de profissionais e
organização de cargos comissionados.
Pois,
como define a escritora: “As inovações em
políticas de saúde em relação à assistência da saúde são uma proeza difícil,
especialmente porque, em uma era de mudança global, as transformações
sistemáticas desafiam os valores e as práticas predominantes, requerem assumir
compromissos significativos a respeito dos recursos e muitas vezes implicam
riscos políticos”(NASCIMENTO, 2014, p.16). Diante, disso em 2018, houve a
derrota na reeleição do governador Tião Viana, para por um “acaso” do destino o
sobrinho de Orleir Cameli, o engenheiro civil Gladson Cameli, com coligação
pelo PP, pelo Partido Progressista tomou posse, até 2022, onde vigorou na disputa
contra o adversário Marcus Alexandre, filiado ao PT, sendo derrotado
Diante
do relato histórico, mas ao mesmo atual sobre a evolução das políticas públicas
de saúde no Acre e parte da Amazônia Ocidental, apontaremos questões
relacionada as atividades e laboratoriais no comando da saúde pública e gestão
das mesmas no Acre. É evidente a importância dos testes laboratoriais na
prática clínica. Apesar da consideração quanto as atividades clinicas e
prescritivas feitos agentes e saúde, junto ao profissional médico, o trabalho
não seria por completo, se não fosse a contribuição das informações oriundas do
laboratório, peça-chave na tomada de decisões quando ao estado de saúde do
paciente.
Historicamente,
o ambiente do laboratório, fui fundamental para evolução da Medicina, sendo
ele, responsável pelo desenvolvimento da medicina experimental, que visava, a
partir do final do século XX, com as pesquisas de Robert Koch e Louis Pastuer,
a associação da teoria dos germes quanto a proliferação de doenças infecciosas,
vinculada ao nascimento da Microbiologia e Biologia Celular aplicada,
Na
qual, fora objeto para a ação do homem em oferecer possibilidades do combate
aos agentes biológicos, que desde o início da Humanidade, traziam a figura da
“morte”, vinculadas aos diferentes de problemas ligada. Até a influência do
legado “pasteuriano” para identificação de patologias do eminente ambiente
tropical do Brasil, com as pesquisas de Domingos Freire até o legado da
Instituição de Manguinhos, atual Fundação Oswaldo Cruz, junto a necessidade da
implantação da pesquisa médica para diagnóstico, tratamento e profilaxia nos
quadros epidemiológicos que afligiam as populações.
Nesse
sentido, a política pública de saúde, dominante era predominada da perspectiva
reducionistas, findada somente a intervenção preventiva nos casos de
proliferação e alto contagio, com baixo investimentos dos sistemas de prevenção
da saúde, que recaiu até o período de autoritarismo brasileiro, com o regime
militar. Até a chegada do movimento sanitarista no Brasil, no final dos anos
70, a qual os prositores do movimento conceberam um modelo assistencial
originalmente, de forma regionalizada e hierarquizada, vem sendo mantido,
devendo ser adequado aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS)
nas esferas municipal, estadual e federal do governo.
O
nível local é a unidade, mais simples, com atividades básicas necessárias ao
programas de saúde local. Ao nível estadual (LACEN´s) cabe a coordenação da
rede estadual, inclusive dos laboratórios regionais dentro das competências
legais, e ao nível federal cabe a coordenação das redes que compõe o Sistema
Nacional de Laboratórios de Saúde Pública. A citação abaixo, reflete o
pensamento da época, a respeito da necessidade da elaboração do programa de desenvolvimento
da pesquisa laboratorial, o médico do movimento, João Pessoa de Paula Carvalho, retrata:
“O
objetivo final deve ser a criação de um serviço completo de laboratórios de
saúde de forma gradual e progressiva. É conveniente a apresentação de alternativas
que facilitem uma decisão bem fundamentada. As alternativas deverão basear-se
nos recursos disponíveis e nas prioridades. O esquema clássico que tem dado
bons resultados é o da estrutura piramidal com laboratórios de distintas
categorias a distintos níveis e cujo número vai diminuindo à medida que aumenta
a complexidade e a importância dos serviços que prestam. O plano deverá prever
a colaboração entre os distintos setores de serviço de laboratório, tanto no
plano vertical como no horizontal, bem como a cooperação entre outros serviços
de saúde de todas as categorias [...]”(CARVALHO, 1976, p.196)
Nesse sentido, de acordo com
(CARVALHO, 1976), os laboratórios no âmbito do serviço nacional ou estadual da
saúde, teria papel na contribuição de estudo nas etapas do trabalho clinico,
representando a eficiência do trabalho nos hospitais e postos de saúde, à
medida que reduziria os custos do paciente com a permanência, facilidades na
medicação, oferta ambulatorial sem necessidade da internação e diminuição do
risco de erro no diagnósticos e prescrição do receituários e exames .
Assim,
como os membros da Reforma Sanitária Brasileira, o autor acredita na associação
junto ao trabalho das universidades e apoio às residências médicas de formados
da área de Enfermagem, Saúde Coletiva e Medicina. De forma, a garantir o papel
da extensão universitária para os hospitais locais, na contribuição da força de
trabalho em prol dos exercícios das garantias cidadãs.
Nesse
sentido, a descentralização do Sistema Público de Saúde Pública, seria
responsável pela democratização e acesso à preservação do bem-estar do cidadã,
junto a elaboração de centros de estudos e formalização de bancos de dados a
respeito de levantamentos epidemiológicos, programas de acesso ao saneamento básico
e profilaxia interurbana à população, vigilância sanitária e desenvolvimento
científico das áreas da Biomedicina, Clinica Médica, Biologia Experimental e
entre campos vindouros relacionado à áreas de saúde.
No
cenário atual, o SUS, é responsável pelo rede de funcionamento dos laboratórios
desde o final da década de 70, (CARVALHO, 1976), (SANTOS, 1997) os Laboratórios
de Saúde Pública (LSP) foram organizados de forma hierarquizada, segundo os
níveis de complexidade das ações desenvolvidas em sua concepção original.
Entende-se por “Sistema Nacional de
Laboratórios de Saúde Pública” (SNLSP), os quadros de laboratórios de Saúde
Pública pertencentes à União, aos Estados, aos Municípios, organizados conforme
seu grau de complexidade e hierarquizados por agravos e/ou programas, com a
finalidade de desenvolver atividades laboratoriais ao longo do país.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
BARROS, José D’ Assunção. Como fazer
um projeto de pesquisa. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2008.
BENCHIMOL, Jaime
Larry; SILVA, André Felipe Candido da. Ferrovias, doenças e
medicina tropical
no Brasil da Primeira República. História, Ciência e Saúde –
Manguinhos. Rio de
Janeiro: v. 15, nº 3, p. 719 a 762, jul. – set. 2008.
BENCHIMOL, Jaime
Larry. A história da microbiologia e a história da saúde pública no Brasil.
Revista Ciência & Saúde Coletiva, 5 (2): 265-292, 2000.
ROSEN, George . Uma história da saúde
pública. São Paulo: Hucitec, 1994. 423p.
DE OLIVEIRA, A. L. (2016). História da saúde no
Brasil: dos primórdios ao surgimento do SUS. Revista Encontros
Teológicos, 27(1). https://doi.org/10.46525/ret.v27i1.198
PAIM, Jairnilson
Silva. Uma análise sobre o processo da Reforma Sanitária brasileira. Saúde em
Debate, Rio de Janeiro, v. 33, n. 81, p. 27-37, jan./abr. 2009.
NEGREIROS, Marcelus Antônio Motta
Prado de. Trajetórias e memórias sobre a saúde dos soldados da borracha em
seringais do Acre. São Paulo: USP, 2011. 189f.
MARTINELLO, Pedro. A
Batalha da Borracha na Segunda Guerra Mundial. Rio Branco: EDUFAC, 2004.
Sidney et al (org.). Artes e Ofícios de Curar no
Brasil. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2003.
SOUZA, Sérgio Roberto Gomes de. 'Desnervados,
desfibrados e amarelos' em busca de cura: saúde pública no Acre territorial
(1904 a 1930). 2014. Tese (Doutorado em História Social) - Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo,
2014.
SOUZA,
Sérgio Roberto Gomes de. Malária como Estigma Dos “Trópicos”: Amazônia
Reinventada pelo Discurso Da Ciência na segunda década do Século XX. R
CHALHOUB,
Sidney. Cidade Febril: Cortiços Epidemias na Corte Imperial. São Paulo:
Companhia das Letras, 1996.