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sábado, 7 de janeiro de 2023

TRABALHO E SAÚDE DOS AGENTES DE POLÍCIA CIVL EM RIO BRANCO-ACRE

 

UFAC-UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CFCH-CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO-BACHARELADO EM HISTÓRIA

 

 

 

 

 

KELTON MISAEL SILVA NOGUEIRA

 

 

 

 

 

 

TRABALHO E SAÚDE DOS AGENTES DE POLÍCIA CIVL EM RIO BRANCO-ACRE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RIO BRANCO-ACRE

2022


KELTON MISAEL SILVA NOGUEIRA

 

 

 

 

TRABALHO E SAÚDE DOS AGENTES DE POLÍCIA CIVIL DE RIO BRANOC-ACRE

 

 

 

 

 

 

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em História da Universidade Federal do Acre, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em História.

Orientador:

 

 

 

 

 

Rio BRANCO-ACRE

2022

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................p.04-06

1. UM BREVE HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DA POLÍCIA CIVIL......................................................................................................................p.05-08

2.     O ESFORÇO DO TRABALHO E AS CONDIÇÕES DA SAÚDE MENTAL DOS POLICIAL CIVIL DO ESTADO DO ACRE.........................................................p.09-26

3.      VIOLÊNCIA, DA ASSISTÊNCIA E TRABALHO SEMI-PROLETARIADO NO TRABALHO DOS AGENTES DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO ACRE......................................................................................................................p.26-32

4.  TERRITÓRIO DA TENSÃO E EXCLUSÃO: AGENTES DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO ACRE.....................................................................................................

CONSIDERAÇÃES FINAIS.......................................................................................

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

 

Este estudo parte de nossa curiosidade enquanto profissional da área de segurança pública do Estado do Acre há 14 anos e também por conta de que no curso de história sermos instigados a fazer questionamentos à realidade que nos cerca. Assim, optamos por pesquisar a respeito do profissional agente de Policial Civil no estado do Acre, em especial na cidade de Rio Branco onde se encontram a maioria das ações do Estado voltadas a esse público e onde seu trabalho se realiza com maior demanda, nessa pequena metrópole.

A execução desse trabalho livro se deu em de três fases: a) exploratória: período em que se teve o máximo de familiaridade com o objeto de estudo por meio de pesquisas bibliográficas, documentais e de campo, entrevista com funcionários ligados a área de atendimento na rede de assistencial ao policial, como psicólogos e assistentes sociais, com também antigos ex-funcionários e funcionários, com atenção ao relatos da época e o cenário atual que opera os agente de polícia, em destaque, ; b) descritiva: período em que se analisaram as fontes ou documentos e delas retirar vozes; c) explicativa: período em que procuramos explicar e dissertar essa monografia.

No campo teórico, fomos influenciados pela História Social e pesquisas ligadas área da Psicologia do Trabalho e os meandros da Medicina Social, com destaque a corrente de pensamento de autores, como: Agnes Heller, Cotidiano e História, Christophe Dejours, A Loucura do Trabalho e o Historiador Eric Hobsbawn, somado a isso, nós usamos do vasto material bibliográfico publicado no âmbito nacional, como também regional, e leitura de artigos publicados por pesquisadores e centro de pesquisa relacionada a área de Segurança Pública, não podendo deixar de ressaltar a minha carreira profissional na Polícia Civil do Acre, e vivenciados algumas da situações e o esforço árduo da profissão.

Ademais, retratar o ambiente das delegacias e setores relacionados a atuação do policial nas investigações, linha de frente, registro de ocorrência, seu funcionamento e desdobramento nos bastidores e seus emblemáticos problemas a serem solucionados, através de um olhar comprometido pela reivindicação sindical das condições de trabalho dos soldados policiais e um estudo sintético sobre a qualidade de vida, em todos os aspectos, em especial a condição mental, pois essa é constantemente desafiada pela contato com ambiente enclausuraste e rígido que trabalham, exigindo mais do seu físico.

Mas em resiliência, imparcialidade e controle emocional frente as diversas situações de violência, gerenciamento de crises e intervenção por força, quando necessária. Onde o cotidiano é um engendramento das manifestações de sociabilidades, lugar de conflitos visíveis e invisíveis nas relações de trabalho, por isso fizemos questão de trazer essa história esquecida dos policiais.

No primeiro capítulo, introduzimos um breve  olhar sobre as origens da Polícia Civil, como instituição ligada ao setor judiciário e atuação conjunta das polícias e sua história das ações promovidas de intermédio nos conflitos e ordenações que foram nomeadas ao longo da História do Estado.

No segundo capítulo, relatamos as primeiras ações de assistência psicossocial, com a criação do NAP(Núcleo de Apoio Psicológico), no ano de 2008, e sua evolução com a criação do CIAB(Centro de Intervenção e Apoio Biopsicossocial), juntamente, com uma rede de apoio de assistentes sociais e psicólogos e a manutenção do ACADEPOL(Academia de Polícia Civil).

Também buscamos analisar a inclusão de melhores condições para o ambiente de trabalho e analise das atividades policiais, seja na linha de frente, registro de ocorrência e organização de protocolos, inquéritos e intervenção armada. Por conseguinte, as consequências do estilo de vida profissional para a vida social, o acometimento de doenças psicossomáticas, em maior ótica, no levantamento de ideias a respeito da condição de saúde mental com a presença do estresse crônico e sofrimento ativo devido ao esforço diário e as estratégias de resistência ao convívio maçante ao um ambiente desgastante e rígido.

No terceiro capítulo, enfatizamos a condição de trabalho dos agentes de polícia em torno da falta de valorização maior pelo Estado e da própria Instituição, é levado em conta, a forma como o ritmo e modo de organização do trabalho afeta seu servidor público, e a resistência quanto uma cobrança para mudanças de políticas que priorize um ambiente que propicie o uso de habilidades e competências de cada profissional.

Por fim, no quarto capitulo, centra-se a respeito do agente policial, de modo individual, nas relações a dentro do trabalho, experiências e convívio diário com a equipe profissional das delegacias nos mais diversas situações  e a superação dentro do trabalho, em busca de animo e motivação na profissão frente as adversidades trazidas como mudanças do ritmo da vida particular e na própria saúde

 

1.      UM BREVE HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DA POLÍCIA CIVIL NO BRASIL E NO ACRE

 

A polícia no Brasil enquanto instituição surgiu um pouco antes da independência, mais precisamente a partir da chegada da família real portuguesa em                        10 de maio de 1808. Dentro do aparato repressivo do Estado deu-se uma divisão e logo criou-se a Secretaria de Polícia em 03 de dezembro de 1841 e esta foi o germe da Polícia Civil.

Desde cedo esta polícia aproximou-se do Judiciário, com o intuito de facilitar a justiça, ao passo que a polícia militar agia como uma extensão do exército, tanto que até hoje, um pouco dessas tradições são mantidas. A princípio houve uma dificuldade para esta instituição manter-se, pois no começo não haviam profissionais de carreira, apenas funções e atribuições dadas a certas pessoas distintas. 

A par da polícia preventiva, ostensiva, que se empenha vigilantemente em proteger a sociedade e seus membros, assegurando direitos, evitando prejuízos, prevenindo delitos e mantendo a ordem e paz pública, nasceu uma nova modalidade de polícia – a Judiciária – com finalidade de descobrir e perseguir criminosos que não foram contidos pelo policiamento ostensivo, colher provas, proceder a inquirir pessoas, tudo concorrendo para que a Justiça possa atuar” (FREYSSLEBEM, 1993, p.56).

Somente após algumas reformas, sobretudo as de 1841 e 1871, é que podemos dizer que essa Polícia se “libertou” do sistema judiciário, onde os cargos de chefe de polícia, delegado e subdelegado se tornaram incompatíveis com o exercício de qualquer função judicial. A partir, de então, todos esses policiais dos mais simples ao de mais alto escalão passaram a profissionais efetivados, carreiristas, especialistas.

Assim se deu a evolução da Polícia Civil, sendo que em 1988 a Constituição, em seu artigo 144, vai de fato impor a importância dessa instituição para o zelo da ordem pública e auxílio do poder Judiciário, do Ministério Público e de outras instituições.Com relação ao Acre, admite-seque a Polícia Civil acreana tenha surgido quando em meio a Revolução Acreana, Gálvez Rodriguez de Arias criou, pela primeira vez, estruturas parecidas com esta instituição.

Porém, bem sabemos que nos primórdios dos seringais os seringalistas já contratavam espécies de capatazes para mandar prender alguns “Zé da onça”, ou seja, pessoas que agiam com banditismo. Com Gálvez temos então os primórdios desta e de outras instituições:

“Em meio ao conflito entre brasileiros e bolivianos por este pedaço de solo, houve a necessidade de se criar um modelo de policiamento que, embora não tivesse a mesma estrutura da Polícia Civil, desempenhava função semelhante, com um quadro de “funcionários” (delegados e agentes), cuja principal função era manter a ordem e auxiliar as demais instituições que Gálvez criou como o Judiciário.” (Jornal Consultor Jurídico 200 anos da Polícia Civil Brasileira, Disponível em:<ConJur - Com duzentos anos de história, Polícia Civil já foi Polícia Judiciária>. Acesso em 08/02/2022 )

 

Muitas eram as atribuições da Polícia na época, atribuições que fugiam a questão de policiamento. Mas os Departamentos ou Municípios ao nomearem seus Juízes de Paz exigiam um grande esforço da Polícia Judiciária, a qual já apurava e fazia seus flagrantes e inquéritos. Porém imaginemos as muitas dificuldades que tinham nessa época. Assim só podemos pensar que eram terríveis “as condições precárias em que os pioneiros da Polícia Civil acreana trabalhavam, além de atestar a coragem e a força destes policiais que ajudaram a criar este belo estado chamado Acre.

Segundo consta, em um breve histórico em folheto panfletário (Revista Polícia em revista, nº. 001, ano 1, edição 2009, Rio Branco -Acre. 11p.), a criação da Polícia Civil do Estado do Acre ocorreu somente após 1985. Antes disso, quem exercia o serviço de guarnecimento era a Ex-Guarda Territorial. Embora, já existente na Constituição estadual, desde o ano de 1963, com os seguintes artigos abaixo:

“Art. 133. A Polícia Civil, instituição permanente do Poder Público, dirigida por Delegado de Polícia de Carreira e organizada de acordo com. os princípios da hierarquia e da disciplina, incumbe, ressalvada a competência da União, as funções de Polícia Judiciária e a apuração das infrações penais em todo o território do Estado, exceto as militares, sendo-lhe privativas as atividades pertinentes a:

I - polícia técnico-científica;

II - processamento e arquivo de identificação civil e criminal;

III- registro e licenciamento de veículos automotores e a habilitação de seus condutores;

IV - licenciamento de porte de armas.

Art. 134. A Polícia Civil é estruturada em carreira, verificando-se as promoções pelo critério alternado de antiguidade e merecimento.

§ 1º 0 ingresso na Polícia Civil dar-se-á na classe inicial das carreiras, mediante concurso público de provas e títulos, realizado pela Polícia Civil, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases.

§ 2º 0 exercício dos cargos policiais civis - privativo dos integrantes das respectivas carreiras.

§ 3º Os cargos da carreira de Delegado de Polícia serão providos por concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Acre, em todas as suas fases, dentre bacharéis em direito que possuam bons antecedentes e gozem de conceito social incontestável.” (BRASIL,1989)

 

A formação do quadro de pessoal da polícia judiciária ocorre no Governo de Jorge Kalume no ano de 1985, por contrato e sem concurso. A regulamentação da Profissão aconteceu por meio da Lei Nº 841/85, “Art. 49 HYPERLINK "http://www.jusbrasil.com.br/topicos/12487295/art-49-da-lei-841-85-rio-de-janeiro" - São dois os Tribunais de Alçada: um Cível e um Criminal.”

Sabemos que houve em anos posteriores, leis regulamentando o ingresso para o exercício das funções de agente de polícia, escrivão e papilóscopista, exigindo ensino médio, alei complementar nº 7/2012. Para Delegado foi exigido curso superior em Direito. Aos peritos e médicos legistas eram exigidos cursos superiores como requisitos para o ingresso na carreira.

O outro ponto refere-se a criação da Polícia Judiciária Acreana, tocando em seus atrasos e avanços. Percebe-se que esta polícia vem se modernizando, e sendo composta por novos quadros, com um melhor grau de eficiência no que se diz respeito a eficiência nas prisões e têm demonstrado um maior interesse na buscar de criminosos. E zeloso dever de garantir o cumprimento da ordem e da lei. E como diria Foucault (1999) é aparelho do Estado eficaz no disciplinamento punitivo, conjuntamente com outras instituições repressoras.

Isto é, aplicar a lei e tornar dóceis os avessos à moral da polícia, ao comportamento, valores e regras instituídas na sociedade. Conforme relata José Elias Chaul, um policial aposentado da Instituição, que passou por quase todas a funções de agente de polícia, delegado, corregedor diretor-geral, de Polícia e secretário de segurança Pública. Quanto às dificuldades iniciais da sua carreira, ressaltando que:

 

Atuar na polícia de antigamente era muito difícil, primeiro por que tudo era incipiente. O quadro de material humano era muito pequeno e não tinha treinamento. A gente trabalhava mais com a raça do que mesmo com a técnica. Não tinha perícia, não nada, a gente saia para uma diligência, por exemplo e não tinha como a família justiçar e se morreu, morreu no trabalho, né. (Senado Federal, Gabinete do Senador Geraldo Mesquita., p. 128.)

 

Com relação ao passado, o ex-policial aposentado Elias Chaul exprime sua opinião e passos que a Polícia Civil deu para uma maior qualidade, citando e elogiando a gestão do governador Rui Lino e a gestão atual: “O Zé Rui Lino foi um bom governador para a área de Segurança Pública. Ele adquiriu equipamentos, viaturas, pouca coisa, mas que serviu muito. E outro, foi Jorge Viana, que olhou com bons olhos, com carinho para as duas polícias do Estado, a Polícia Militar e a Polícia civil.

Figura 1 - Posto policial de Penápolis, em 1912.

Fonte: Os Anos do Conflito – José Paravicini, Cunha Matos, José Marques Ribeiro; vol. I; Marcos Vinícius e Arquilau de Castro Melo.

 

De fato, pode-se observar que a Polícia Civil vem se desenvolvendo, destacando a reposição salarial, Plano Bresser, PCCR, isto já na década de 1990, e entrando em outro milênio (2001), é criado a Lei Orgânica da categoria, ou das categorias, mas muita coisa ficou a desejar. Logo em seguida, na gestão do governador Arnóbio Marques (2007-2010) tem-se a criação da Secretária de Estado da Polícia Civil, e conseqüentemente maior autonomia na gestão dos próprios recursos.

Contudo, ainda são tão poucas para uma instituição que visa se modernizar diante da dinâmica crescente do crime. Na polícia civil faltam garantias de direitos, menos micro - penalidades, diminuir a burocracia e o autoritarismo interno e externo,

 

 

2.         ESFORÇO DO TRABALHO E CONDIÇÕES DE SAÚDE MENTAL DOS AGENTES  DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO ACRE

 

Primeiramente, devemos esclarecer que existe um enorme volume de pesquisas sobre esse tema, sobretudo, ultimamente perceberam nos estudos, as consequências doentias do trabalho em excesso.

Entre o trabalho dos policiais, observando como um trabalho vulnerável, desfazendo o mito de um policial superior a tudo. Vem-se se tirando a “carapaça” de “durão”, quase um “super-homem”. Nas últimas décadas, se desfez muito essa concepção. Sem dúvida, é um dos trabalhos mais estressantes, sempre em risco, em incertezas, iminência de morte no trabalho e fora deste. E ultimamente, havendo algum grande número de suicídios entre os agentes de segurança, esse trabalho também, é continuidade de três textos monográficos, abordando levemente esse tema, sem especificação.

Em 2008, foi criado o NAP (Núcleo de Apoio Psicológico), para atender os servidores da Secretária de Polícia Civil, posteriormente, evolui para maior atendimento de maior abrangência no Estado do Acre, passando a ser denominado CIAP (Centro de Apoio Biopsicossocial), com maior incidência de casos atendidos da clientela, incluindo até ao alcance de familiares de policias. Haja vista, que esse impacto doentio e mental, atinge diretamente as famílias desses profissionais.

“Após sete anos sem ter lugar fixo, o Centro Integrado de Apoio Biopsicossocial (Ciab) - setor responsável pelo tratamento psicológico dos servidores da Segurança Pública - ganhou uma sede em Rio Branco,  A coordenadora do local, Francisca Belém, explica que o trabalho é desenvolvido desde 2008 e costuma atender, principalmente, casos de depressão. A quantidade de casos não foi divulgada.” (Jornal G1-Acre, 2015. Disponível:<G1 - Centro para tratamento psicológico de policiais é inaugurado em Rio Branco - notícias em Acre (globo.com)>. Acesso em 10/09/2022)

 

A Senhora Hélia Maria, servidora da SEPC, relata que por4 muitas vezes perdeu o ânimo em ir para o trabalho. Tal como o início de uma depressão. Mas, hoje trabalhando no CIAB e após ter feito o tratamento sente-se melhor e mais disposta:

“Se não houver um tratamento, a depressão pode evoluir para um quadro de bipolaridade e, se a pessoa tiver predisposição, até casos de esquizofrenia. Também temos casos de síndrome do pânico, que é em decorrência do transtorno de estresse pós-traumático, inerente à profissão. É um trabalho essencial. Hoje, não é uma ideologia, mas uma necessidade" (. (Jornal G1-Acre, 2015. Disponível:<G1 - Centro para tratamento psicológico de policiais é inaugurado em Rio Branco - notícias em Acre (globo.com)>. Acesso em 10/09/2022))

 

Desde, o ano de 2015, o então centro vem evoluindo em suas ações, nesse interim, tivemos a oportunidade de entrevistamos a senhora Lediane psicóloga clínica uma das responsáveis dessa nova gestão CIAB, que está desde de 2019 no setor a qual nos conta que esse projeto de atendimento psicológico começou com a Doutora Belém, uma das funcionárias da Polícia Civil e primeira psicóloga a trazer um projeto de atendimento aos policiais, na época o projeto era chamado NAP ( Núcleo de Apoio Psicológico ) criado em 2008, posteriormente ou aproximadamente em 2014 ele virou CIAB ( Centro de Apoio Biopsicossocial) que teve maior abrangência incluindo o sistema integrado de segurança pública. 

Além disso, o CIAB trabalha com palestras, ações preventivas para o sistema de segurança pública, atendendo polícia civil, militar, IAPEN, Corpo dê bombeiros, Sejusp, Instituto Socioeducativo e outras. Percebemos assim que com a criação do Projeto NAP, ouve uma evolução, abrangência e maior atenção por parte do setor público com essas categorias que ajudam a cuidar dos problemas da sociedade.

Porém esse processo de integração e expansão houve um regresso nos atendimentos e disponibilidade de profissionais, pois mesmo sabendo que são agentes de segurança que tem em si um trabalho dos mais estressantes, cada um tem sempre sua peculiaridade, por exemplo, a questão na Polícia Militar da forte hierarquia profissional atrapalha o desenvolvimento dos atendimentos, assim como no corpo de bombeiros também, já na Polícia Civil existe estresses pós traumáticos, ocasionados pela rotina do trabalho e um processo de aprisionamento e convivência com doenças ocupacionais de cunho mental dentro e fora da Delegacia, como no caso dos investigadores ou policiais permanências que recebem presos e ocorrências super agitadas e também em risco.

Enfim para cada categoria deveria ter um nível de apoio psicológico específico é uma grama de profissionais de atendimentos preocupados com a qualidade de vida, com a segurança, com a recuperação psicológica, com melhores atendimentos médicos,ou seja, multidão de apoio para que esses profissionais não se sintam desprivilegiados e não reconhecidos no seu trabalho.

Recentemente soubemos na UFAC da existência de um Projeto que visa tratar esse processo de atendimento dos policiais civis no Acre, categorias como outras ou mais que as vezes não se alimentam direito, perdem o sono, tem problemas familiares e por se ausentarem da família precisam de muito apoio psicológico, religioso, além das conhecidas consequências trazidas pelo estilo de trabalho.  Conforme a citação de um estudo abaixo:

“O cansaço físico e a falta de equilíbrio emocional podem levar esses profissionais a assumirem atitudes irracionais durantes crises e situações caóticas. Assim, tais atitudes podem levar à falta de eficácia no desempenho do exercício profissional, expondo os policiais e a população em geral a perigos em potencial.” (SANTOS; OLIVEIRA, 2010, p.227).

E no estado democrático não seria justo deixarmos a mercê da sorte sem apoio suficiente do Estado de médicos clínicos, psiquiatras, já que muitos são os afastamentos médicos desses profissionais por doenças ocupacionais ou mentais.

Muitos policias hoje na sociedade moderna adquirem essas doenças psicossomáticas, sofrimento psicológico, depressão, e tantos outras doenças que os maltratam. Sabemos também que tem uma demanda muito grande de servidores que precisam de apoio, mas muito não chegam a ter atendimento por conta de preconceito, medo, bullying, ou de ser  inferiorizado, medo de ser fichado, discriminado, chamado de louco. Assim, muitas vezes, o governo fica afastando um a um, no Brasil são 43 afastamentos por dia de policiais em um nível aceleradíssimo de suicídio entre eles.          Ocorre que o problema da Violência está virando problema de Saúde Pública, como é citado nos seguintes termos:

[...] violência no cotidiano dos brasileiros não é só uma questão de segurança pública. Homicídios, acidentes e suicídios acarretam danos diretos ou indiretos à saúde física e mental de indivíduos e populações, o que levou o tema à agenda da saúde. Pelas múltiplas configurações que pode assumir (contra crianças, adolescentes, idosos, de gênero, raça, contra grupos étnicos, população de rua e LGBTQI+ etc.), violência é substantivo que se escreve no plural e demanda políticas e práticas de prevenção, enfrentamento e participação multiprofissional.(DE CARVALHO, Site Café História In:Centro de Estudos Estratégicos da, 2021, Disponível em:< Como a violência passou a ser vista como um problema de saúde pública após a redemocratização | CEE Fiocruz>, Acesso em 02/08/2022)

 

Percebemos também que para muitos, quando vai chegando a meia idade convivem com problemas de saúdes mais graves, portanto, maiores gastos, seja com a família, seja na tentativa de morar melhor e mais distanciado de facções criminosas. Sendo por conta dessa má qualidade de vida, muitos estão em seu terceiro ou mais casamento ou nenhum mais, sozinhos sem alguém que os cuide na velhice doentio mental e fisicamente. 

 

            Em um artigo de uma psicóloga do CIAB, aqui no Acre, se propôs a fazer um estudo sobre a mente policial do estado do Acre, mais espeficamente, os policiais militares, para tanto, ela fez uma pesquisa com um quantitativo com mais de 200 policiais, como idades de 25 a 50 anos. Nesse artigo, ela começa falando que a atividade policial, é permeada por constante perigo, ou seja eles vivem em iminência de violência, afligindo seu psicológico com consequências para o estado emocional dos agentes de segurança. Podemos dizer que entre os policiais civis e policiais militares, não há menor estresse e sim, trabalho diferenciado. Para as duas categorias, a necessidade de fazer horas extras, apontam para um maior risco, quase 50%, sentem-se emocionalmente cansados. De modo, que todo o apoio psicológico, é necessário, eles mesmo, consideram em grande parte, um trabalho estressante, nem sempre valorizado, pouco reconhecido.

 Assim, observam a necessidade de melhor qualidade de vida, não só nos auxílios salariais, mas uma melhor estrutura de acompanhamento individual e reconhecimento do estado. Haja vista, que há um sofrimento psicológico permanente. A autoria apresenta uma grande carga de estresse desgaste, e fica unanime diante a litetura especializada.

            Sem contar, que desde os primórdios, esse serviço ou semelhante a serviço de policial ou soldado policial, se deparam com grande rejeição da população e da sociedade. Porém, só são reconhecidos quando efetuam ações de proteção aos membros da sociedade. O fato, é que existe uma grande tensão e sobrecarga desses indivíduos, em seu aspecto físico, como primário. E entre os agentes de Polícia Civil, não é diferente, e por ele estarem em contato com o estresse contínuo, adquirem potencial para o adoecimento, que a feita no reajuste e revisão de suas atividades a serem estabelecidas, quando identificada o problema.

 Por isso, os psicólogos precisam criar uma rede protetiva e auxiliar. Uma vez, que os policiais, enfrentam diariamente as chagas da sociedade, brutal e assíduos embate com o mal da sociedade da violência, em sua forças para fazer o bom trabalho, eles arriscam de tudo, dar a nossa vida, estão sempre no limite. É factível, dizer que o Estado e seus representantes, que esses homens  que estão na linha da frente, esquecem, que são homens comuns com famílias, sonhos, projetos de vida e luta por uma vida financeira melhor e propensos ao adoecimento mental e as doenças físicas, reação ao ambiente exposto.

           Aqui, no Estado do Acre, que tenhamos que temos 70% pessoas com qualquer tipo doenças mental na Polícia Civil, e muitas não se tratam, além da objeção de motivos pessoais, não há alicerce maior à rede de cuidados e atendimento social, psicológico e médico. A autora, em questão, afirma que foi feito um levantamento em estudo, que a saúde mental destes, está diretamente prejudicando seu emocional, causando-lhes um sofrimento ativo, doenças ocupacionais que se desdobram em várias outras, ou seja, tal como Dejours, fala está havendo uma incessante loucura do trabalho. Tal artigo da Psicóloga e pesquisadora sobre a polícia local, ficou explicito o descontentamento com a profissão por parte dos policiais em foco, conforme é mencionado em trecho que se segue:

“[...] os policiais sentem vontade de mudar de profissão, as opções que apresentaram a maior porcentagem foram “às vezes” (39,62%) e “sempre” (27,35%). Em hipótese, seria indicado novas investigações a respeito do que levariam os profissionais ao desejo de mudar de profissão e se sentirem desvalorizados. Denota-se que abrir um espaço para ouvir os profissionais, poderia ser uma estratégia eficaz para compreender os possíveis desapontamentos dos policiais.”(PINTO&LIMA, 2021, p.54)

 

Para que haja, prevenção ou políticas públicas com planos e ações para uma melhor qualidade de vida, aqui na região do Acre, culturalmente bastante violenta, consideramos que temos traçar várias estratégias para melhoria da saúde mental, aliando psicologia ao trabalho policial, só assim teremos mais eficiência para a sociedade que tanto espera e necessita de uma policia civil saudável e compromentida. Isso tudo, é constatado com os novos atendimentos psicológicos, tanto para os policiais militares, bombeiros, funcionários da SEJUSP e outros. A docente, afirma que a entrada dos ramos da psicologia, acentua o sofrimento e consequentemente, priveligiar categorias despriveligiadas.

 Um policial rápido e eficaz nas duas decisões rápidas exigidas pelo trabalho, tem que ter ciência do limite, e consciente na tarefa de gerenciamento de crises  e fazer o uso da força progressiva, ter êxito e viver bem, no ponto de vista da qualidade de vida e aproveitamento da sua folga, lazer e laços de convívio familiar. Entre outras formas da qualidade de vida, que inclui a alimentação, regulação do sono e outros benefícios.

O serviço policial, não é serviço para iniciantes, majoritariamente técnico e prescritivo, em consonância ao risco de vidas, sendo assim, entende-se que não terá a benfeitoria de “protetor”, o policial civil, assim como qualquer servidor público, precisa de apoio e cuidados, respaldado por a garantia de direitos de sua valorização como profissional, mas também como ser humano. 

Enquanto, o policial, em vista que trabalha em um ambiente muitas vezes não favorecido seja pela estrutura envelhecidas, prédios sucateadas e falta de insumos policiais, observa-se então que a Instituição Policial, vai sendo “ ruim entre as pernas”, mesmo com todos os avanços e investimentos para o setor pelas frente de  governo atual do Acre, resultado de gestões, que se preocuparam ao planejamento de gastos itinerários e falta de monção para equipes de assistência e cuidados ao policial, restringindo ao  programas realizados pelo CIAB, por evidente, que seja é necessário recursos necessários para ajuda do policial e consciência de adoecimento pelo trabalho, não adianta fustigar.

Quanto a inserção dos policias nas instituições, nota-se que muitos adentram pelo mito do bem contra mal, as condições socioeconômicas, vocação policial e natureza. Enfim, é por aceitar um sistema de valores que converte sua função nesse papel social, também por ser a mais fácil oportunidade a ser encontrada, porém, a maioria não sem sequer, consciência da responsabilidade e carga aqui juram aceitar, numa polícia marcada pela não-modernização e desvalorização, servindo também para o âmbito nacional da maioria das policiais em atuação no Brasil, com relação a aceitação do acompanhamento psicológico, aqui no Acre, existe uma certa rejeição, também, comparando com as todas polícias de modo geral, o índice de suicidios, é menor, embora, sabemos que na policial, exista um número de suicídios bastante elevados, vou levantado se o trabalho policial, tornam um pessoa fria, insensível e distante de sentidos, de acordo com a pesquisa, 36% dos policiais acreditam nessa afirmação, talvez sendo fruto do próprio sofrimento trazido pelo trabalho. Mas se comparando, com outras polícias, o índice aumenta de forma expressiva.

Em relação, a natureza de trabalho da polícia civil, ele chegou ao seu status hoje, pela repreensão e levantamento de ações preventivas e investigativas, trazido pelo avanço da criminalidade no Estado e inserção de grupos faccionados, assim, o estado proporciona quanto às frentes de governos de uma década atrás, investimento em tecnologias, aumento das vagas de concursos e capacitação profissional com domínio de técnicas, atividades e cursos.

             Por consequência, observa-se um encargo maior na atividade policial, a partir do momento que o Estado assumem uma postura de modernização e urbanização em massa, a organização de uma equipe policial, foi fundamental nos últimos anos para conter o aumento da violência nos anos 2013 à 2015, com criação de planos de controle, levantamento de dados a respeito da criminalidade e mortes violenta, armamento pesado e entre outros setores da policial ligada a embate direto com meliantes. Essa rápida equiparação do órgão de segurança público do estado, aparenta ser apenas para uma mudança de opinião pública, bom olhar referente aos outros estados, porque quando se busca uma investigação a respeito da Policia Civil do Estado do Acre, há uma grande discrepância, pois com já sabemos os ambientes das delegacias e seus entornos, são mal cuidados e alguns deteriorados.

Foi no somente no ano de 2021, que houvera as primeiras realizações de melhoria estrutural, mas restringida as regionais de maior incidência de caso. Somado a isso, existe o corpo policial ativo que embora equipada com armamento, equipamentos e insumos para os protocolos de diligências, o policial em si, não foi assegurada com mesma proporção os serviços ofertados pelo órgão principal de assistência, o CIAB, que pouco intensifica ainda estruturas de atendimentos no cuidado desses agentes de segurança, que parecem bastante ocupados mais números positivos, e os policiais são muitas vezes usados como máquinas descartadas pelas instituições.

Devido ao grande fluxo de policiais cadastrados, além da falta de equipe de assistência médica e grupos de cuidados e analise individual do policial, somada a coleta de dados para incentivos a novas pesquisas para melhoria e satisfação do policial, como profissional- Semi-Operário seu dever é só cumprir ordem, servir, e arcar com as consequências de suas doenças ocupacionais. Tal como o Ex- Coronel Paulo Cezar. Na função de Secretário de Segurança Pública, falou querendo resultados: “são polícias caras”, referindo as Polícias Civis e Militares. Mas o CIAB, mesmo sem total apoio  tem demostrado seu sucesso, conforme as falas da Psicóloga que trabalha dentro do serviço de atendimento público, Lediane relata abaixo:

 

“O Ciab, nas ações, quando a gente vai numa instituição fazer uma roda de conversa, palestra sobre saúde mental. A gente foca muito nisso, na importância de cuidar da saúde mental, e quais são os prejuízos para a saúde mental, se ela não cuida dela. Para prevenir que esses afastamentos aconteçam que as mortes aconteçam. Tentamos a todo tempo estimular e desenvolver para cuidado da saúde mental.” (Lediane, 30 anos)

 

“É importante, a gente trabalhar, mesmo como poucos recursos para evitar que chegue o mal mental com maior gravidade. Então, a gente foca muito nisso, para evitar que os afastamentos e mortes aconteçam em decorrência de algum problema mental.  Para gente trabalhar nisso, de forma preventiva para evitar que atinja um nível extremo.”

 

Porém, houve uma regressão na estrutura de atendimento, sobre tudo, com a retirada de médicos e clínicos-gerais, deixando somente os psicólogos, sendo que esses profissionais carecem de um atendimento contínuo e boa qualidade de vida, até onde sabemos, não existe no Acre, um trabalho/pesquisa dentro da Instituição da Polícia Civil do Acre, onde comprova que tal trabalho.

Em suma, dos cargos mais subalternos e agentes de polícia com contato direto com a violência, provoca um adoecimento mental e psicométrico, nesses funcionários, mais especificamente, esses policiais, que muitas das vezes, se dá conta do seu adoecer e morte no setor pessoal da Instituição, onde parentes brigam por pensão do falecido.

De modo, que se comprova com isso o desprestigio dessa categoria, pretendemos fazer um trabalho interdisciplinar, focando na Historia Social, Sociologia do Trabalho, Psicologia Social, Psicopatologia e Saúde Mental, mas sempre seguindo a mesma linha de estudo desta Instituição Policial e seus entes, como seu funcionamento. Acreditamos que preencheremos, assim uma lacuna, e também servirá para indicações de futuras politicas públicas de atendimento à esses sujeitos.

Às vezes, é perceptível que tais sujeitos desaparecem do nada, chegando a sua finitude da vida, de forma normal, mas não podemos esquecer. Onde o trabalho causar-lhe-ás pessoas envolvidas que dão até mesmo, literalmente, sua vida, prejudicando sua família pelo labor intensivo. Sendo bastantes proativos e assumem a ideologia de “super-homens”, a qual não precisam ser tratados, onde sua missão precisa esta acima de tudo: supressão do tempo de lazer recreativo, cuidados com a saúde e busca por melhor qualidade de vida.

É verdade, que o interesse pelo tema, começou, logo após, concluí o segundo curso de História (Licenciatura e Bacharelado), e se fortaleceu depois pela entrada no curso de Licenciatura em Filosofia-UFAC, onde além minha experiência de trabalho de 5 anos na Penitenciária Dr Francisco de Oliveira Conde, também posteriormente de ter trabalhado no IML, no ano de 2015, enfim de uma jornada profissional de quase 20 anos nessa instituição de segurança do Acre.

Mas foi o contato com as disciplinas de Psicologia da Educação, ao que devo aos honorários professores, conclui que ficou uma lacuna a ser explorada nas minhas monografias a respeito a Policia Civil no Acre.

A dimensão psicológica da atividade e labor ativo, em especial, como se dá as vivencias dos agentes de polícia civil, dentro de suas referidas atribuições, mediante a pressões e esforços para a realização do trabalho e a objeção feita sobre do valor de “cidadão de bem” e “protetor”, e os estímulos gerados pelos policiais para se protegem dos possíveis danos para sua saúde mental e expressão na vida cotidiana. Tal como a pratica de esportes, estudos e atividades acadêmicas, amparo por valor moral ou religioso, trazidos por aqueles que congregam em alguma religião. Ou, mesmo pelos caminhos impostos do consumo de álcool e outros entorpecentes o, que são considerados fatores agravantes para sofrimento psíquico.

Por outro lado, fica confirmado que a falta de estruturas formais para melhorar as condições de trabalho a ser realizado pelo policial, traz consequências penosas ao controle emocional e a realização eficiente do seu trabalho. O fato que é uma constante que a maioria dos policiais sejam estressados, e emocionalmente, descontrolados, como nos diz a passagem das pesquisadoras (PINTO&LIMA, 2021):

“Compreende-se que a conduta do Policial deve ser sempre ilibada, inclusive fora do expediente, devendo manter o controle apropriado nas ocorrências policiais. Contudo, em conformidade com Oliveira e Santos (2020) a clareza na atuação e o desempenho com equilíbrio deve ultrapassar o cansaço físico e emocional, já que tais fatores podem influenciar de forma negativa a conduta apropriada, podendo ocasionar intolerância e falta de controle.” (PINTO&LIMA, 2021, p.58)

 

 

 Daí o interesse por esse estudo num ambiente policial em combate com a lei que precisam de não somente de ações repressivas, mas de assistêncial com amparo aos policiais nos termos médicos e socias de uma melhoria na qualidade de vida do policial, como também trazendo beneficios para um convivencia familiar saudavel, enfim diversas outras promoções de políticas públicas que solucione esta situação social e de controle com a Violência a serem destacadas pelo trabalho.

Nosso objetivo é, acima de tudo, conhecer a percepção dos agentes policias sobre o trabalho, acomentimento do sofrimento psicopatologico em vista a violência e os conflitos que ocorrem e sobre as ações dos agentes de policias civis de Rio Branco-AC.

   É verdade, que o modo de organização do trabalho e as tarefas operacionais se dão inerente ao ambiente fornecido ao trabalhador. Nesse caso, especifico, o policial, que em nosso Estado, envolve as delegacias de Rio Branco e suas regionais no interior, apresentam as condições de estruturais dos prédios, devassadas. Com alguns resquícios do passado e salas mal ventiladas, setores de trabalho sem recursos fundamentais e com grande demanda de colaboradores na área administrativa, exigindo o desvio da função de trabalho dos funcionários e seus cargos, logística lenta e mal –distribuída que causa monotonia nos policiais.

Em parte, podendo ser culpa do órgão governamental, mas deveras a equipe de administração das delegacias. Não existe autonomia de recursos para as delegacias, por isso, é de costume faltar recursos materiais que afetam a segurança e o desempenho de um atendimento de qualidade. Ato este que fere a legislação do policial, pois as unidades são inadequadas.

 

Ainda mais, há a falta de amparo à garantia de benefícios e acesso aos serviços relacionados à assistencial social, médico e psicológico e valorização por parte da Instituição, que não agrega de forma cabível a colação acadêmica, quantidade de anos dentro da instituição e incentivos aos cursos preparatórios de formação do policial posicionando os profissionais, como os agentes, apenas como servidores de “mão operacional”, desvalorizando suas qualidades na implementação de propostas de ações dentro do aparelho de prevenção, intervenção investigação próprio natureza da polícia civil, trazendo efeitos para um fulgente sofrimento psicológico e desanimo no trabalho.

 

Hoje, na prática, de fato para tal depreciação do serviço policial, pelo ente público, não só do Estado, como no país, está elencado, no fato de se constitui um emprego para as “baixas patentes”, ou “desfavorecidos” de agrados educacionais maiores. Tendo em vista que a maioria dos seus quadros se compõe de todas as classes sociais para ocupar posições onde haja mais qualidade de vida.

 

Porém, apesar da proteção do serviço público dado pelo emprego lhe garantir estabilidade, é consonante a presença das intempéries do trabalho, as pressões do corpo físico, mentalmente nervosos, comum ao todo esforço laboral e contínuo. O agente policial é visto como “máquina de combate ao crime e deturpação”, colocando em estado de completa estupidez, esquecendo do lado humano. Vemos um dilema acerca de viver com quantidade empregatícia ou viver na plena “proletarização”. E tal com Marx fala a respeito do trabalho:

 

“A economia política oculta a alienação na característica do trabalho enquanto não analisa a imediata relação entre o trabalhador (trabalho) e a produção. É evidente, o trabalho produz coisas boas para os ricos, mas produz a escassez para o trabalhador. Produz palácios, mas choupana para o trabalhador. Produz beleza, mas deformidade para o trabalhador. Substitui o trabalho por máquinas, mas encaminha uma parte dos trabalhadores para um trabalho cruel e transforma os outros em máquinas. Produz inteligência, mas também produz estupidez e a cretinice para os trabalhadores.” (MARX, 2001, p. 113). 

 

            Não podemos esquecer, que dentro do trabalho, é evidente há pulsante prova das suas condições psicológicas frente aos diversos cenários que enfrentam, não só pela violência ou cenas de crimes, mas pelo a contradição da instituição que deveria apoia-la, mas esquece alguns em “cadeiras cativas”, num isolamento, fazendo do trabalho apenas um meio de subsistência, não há qualquer preço pelo que faz e dúvidas acerca de sua potencialidades e Estilo de Vida, que segue , peça- chave para ao acometimento de depressão e  que deteriora o cérebro, causando em todas as funções que ocupam doenças psicossomáticas também, além do risco de vida constante. Tal como mencionado por (RODRIGUES, 2008):

 

“(...) A saúde positiva estaria associada à capacidade de apreciar a vida e resistir aos rios são os hábitos que contribuem para influenciar o bem-estar pessoal e consequentemente o Estilo de Vida, destacando-se, a atividade física regular, a nutrição equilibrada, o controle do stress, o cultivo dos relacionamentos e os cuidados preventivos com a saúde (NAHAS,2001)”. " apud ( RODRIGUES, p. 26 )

 

Em suma, o trabalho dos agentes de Polícia, em qualquer delegacia da capital do Estado, não apresenta padrões dentro do que seria recomendado ao exercício pleno na sociedade acreana, estes trabalhos são exercidos em condições precárias, prédios sucateados, grande demanda de serviços, pressões e ambiente de estresse para o profissional, se não há atenção necessária, pode produzir exclusão, que faz ao policial, já com algum tipo de condição psicopatológica ou predisposição natural, decorrido ao historio familiar, ou mesmo de origem congênita.

O ambiente policial, em si já é um ambiente que exige dos profissionais as capacidades necessárias para precaver de situações que possam anular ações requisitórias por motivos de cunho pessoal, algo inviável no que se refere a transparência do serviço público. Nesse âmbito, desde a convocação dos candidatos aprovados são feitos testes psicométricos e avaliação de exames periciais a respeito de viabilidade física e mental dos ingressos dos cursos de academia. Ao passo, sabemos, que em consideração do status das doenças mentais, são difíceis de serem analisadas por inteiro, e pode se agravar se não foram cauteladas por agentes de saúde e profissionais da área psiquiátrica, por efeito, ocasionar a deterioração da saúde psicológica:

 

Quanto mais penosa e insalubre forem às condições de trabalho às quais o individuo esteja submetido, maiores são as possibilidades de adoecimento e diminuição da qualidade de vida. Nesse contexto destacam-se os profissionais de segurança pública, que no exercício de sua profissão, desenvolvem atividades que por si só já consistem em risco iminente para a vida. Aliado a isso, poucas condições de trabalho, cobranças dos superiores ou órgãos subordinados bem como da sociedade, acentuam estes riscos e os tornam 20 candidatos em potencial a serem indivíduos doentes física e psicologicamente. (RODRIGUES, 2008, p 19)

 

De fato, o trabalho policial, apesar de todas as dificuldades que se encontram e a falta de valorização perante as instituições governamentais, cabo as consequências desgastantes se que traz a vida do indivíduo e a inerências de patologias, seja ela de ordem física, pelo desgaste do corpo frente às atividades operacionais: acidentes de trabalhos, doenças crônicas, como doenças vinculadas ao sistema circulatório vascular, diabetes, hipertensão arterial, e úlceras. Tal como, a saúde mental, pela síndrome de Bernout, transtorno bipolar e estresse crônico.

Sob outra ótica, o trabalho assume uma fronteira de vivência cotidiana, onde o policial atuante acredita na sua importância para sociedade e no papel cumpridor de defesa da família. Não há dúvidas, que para maioria dos agentes policias existem uma realização própria, mesmo pelas dificuldades trazidos pelo trabalho, lá existem, existem alegrias, companheirismo no trabalho e decepções. É perpassado por uma existência, a qual a atividade policial, é vista, como lugar de reconhecimento, prazer do oficio e a naturalização de condições de convivência.

Nesse cotidiano, o policial inscreve, a sua “mão” e conhecimento para cumprimento das atividades a serem direcionadas, mesmo que haja monotonia, o profissional constrói suas raízes, onde se faz as realizações da vida diária, são hábitos do dia-dia e possibilidades de relações de amizade e convívio grupal, assumem representações e as identidades para o viver e modela sua forma de enxergar o mundo, bem como os sentimentos dados no mundo

 

 É indubitável, notar que o policial, para apartar do sentimento de desgosto ou desprazer pelo que faz necessita de gerar simbologia a respeito da atuação nos movimentos intensos na instituição, seja pela vitória do seu esforço, o uso do diálogo entre os civis para mediação de partes e a intervenção policial na detença de infratores ou pessoas privadas de liberdade.

 

De fato, a segurança pública, é fundamental para progresso de uma sociedade, de forma a gerar fortalecimento das garantias de resguardo da vida, fortalecimentos das entidades democráticas e proteção. Assim, faz necessário fazer das vivências policiais e os esforços diários, as penúrias, deve ser o ponto de partida da interpretação pelo funcionário, é necessário dissociar a realidade para seu ponto de vista de ideário, um olhar “avessado”.

Em suma, se faz o modo de reconciliar a vida dura policial para algo idealizado, necessidade de superação. um coração de um policial tem que ser forte, mais que o corpo e a mente. De fato, as diversas experiências, frustrações e expectativas, entre outros sentimentos, como também a religião, contribuem para inibir a manifestação de sofrimento e dor, pois a história de vida de cada um explica em muito uma enfermidade atual.

A relação de vida cotidiana não está “fora” da história.  Mas no “centro” do acontecer histórico: é a verdadeira essência da substância social. Assim, o pensamento da Filósofa Húngara Agnes Heller toma de forma unanime a importância do estudo das sequencias de relação trabalho-cotidiano de uma delegacia,  a qual é marcado por conflitos, trabalho e esforço dos que atuam como agentes de polícia, determina as funções e atividades a serem cumpridas, Tal como explica a filosofa Agnes Heller:

[...] conhecimento na vida cotidiana, o processo de interiorização desse conhecimento pelo aparelho cognoscitivo, a sedimentação e a tradição, a legitimação dos universos simbólicos, os mecanismos de manutenção desses universos, a organização social para a manutenção desse universo, a sociedade como realidade subjetiva, a interiorização da realidade, a socialização. Estes elementos possibilitam a construção da cotidianidade. " (HELLER, 1992 ,p 23)

 

A respeito da qualidade de vida, a saúde, é primeiro passo para promoção de bem-estar, sejam ele físico e mental; na regulação de atividades físicas corporais, prática de esporte e corridas, manutenção na dieta alimentar, como mental; atividades motoras que envolvam as práticas de leitura, somado ao apoio de acompanhamento psicológico, rodas de interação entre pessoas, testes preliminares e desenvoltura emocional.

 

No entanto, é observado que há uma discrepância do que é recomendado à realidade da maioria dos profissionais de segurança pública, em destaque, aos policias civis, uma vez boa parte do quadro policial, principalmente aqueles que trabalham em escala de plantão ou mesmo diário, não praticam atividades físicas, ou se sim restringem aos poucos.

 

Uma vez, que a renda familiar financeira não torna possível a entrada em clubes e academias, como também o tempo e o canso, já que o trabalho é massivo, e muitas vezes competindo ao policial, funções que são de natureza pública, como o setor administrativo e comunicação com público. É interessante, notar que mesmo a vida ativa do policial, principalmente no setor de operações e intervenção, como também as exigências do corpo físico saudável para cumprimento eficiente de suas ações.

 

No que se refere ao Estado do Acre, não oferece nada diretamente ligado ao esporte e clubes de academia, só tendo uma denominada Acadepol, localizada no 1* Distrito da Cidade, de fatos a sobrecarga do trabalho em atividades extracurriculares prejudica a entre em atividades de lazer físico e recreação. Na verdade, observa que a Instituição do Estado, assim como a maior parte do país, não preza pelo fortalecimento de políticas públicas de Qualidade de Vida dos policiais em gerais.

 

Mas quando voltamos ao tema principal: Saúde Mental, se encontra um verdadeiro descaso na elaboração de unidades de serviços de atendimento e prestação da assistência social, com deveres as medidas de intervenção psicológica com prevenção, esse é um problema comum em muitos estados, aqui temos representante o NAP (Núcleo de Apoio Psicossocial), nomeado como (CIAB) (Centro de Apoio Biopsicossocial).

 

Quando se fala em prevenção, é preciso enfatizar que os serviços de apoio psicológico ofertados devem ir além da atuação quando o problema já está instalado e compreender uma série de ações que podem incluir desde a sensibilização dos profissionais e gestores quanto à importância dos cuidados em saúde mental, passando por estratégias de melhoria na comunicação e nas relações em geral, até a atuação em focos específicos, tais como na questão da morte por suicídio e apoio a famílias de morte violenta em trabalho ou fora deste.

 

Em contrapartida, há em certo sentido nas corporações da policial civil, a ideia de “naturalização” do adoecimento mental, o policial precisa deixa de se tomar sentimentos, é necessário anular ou ignorar as dificuldades do trabalho, que estava vinculado desde a decisão, e não há que se possa fazer, a não ser ao atendimento médico, muitas vezes até pago, algo que deveria de papel público. Certamente, essa visão deve impregnar no suporte de equipes de psicológicos e assistentes sociais, ainda preconizados e a resistência na proposição de políticas públicas de cuidado mental, tem se valido nas relações de trabalho, há tempos. Tal como relata (DEJOURS,1987):

 

“A questão fundamental aqui colocada diz respeito à localização do processo de anulação de um comportamento livre, operação mais difícil do que a observação direta de um comportamento abertamente patológico ou desadaptado. A anulação é muda e invisível. Para conhecê-la, é preciso ir à sua procura. Projeto temerário, talvez, descobrir o sofrimento operário, não somente desconhecido fora da fábrica, mas também mal conhecido pelos próprios operários, ocupados que estão em seus esforços para garantir a produção.” (DEJOURS, 1987, p.26)

 

            Em tais situações o estresse a que está submetido um policial civil, ou melhor, um agente de polícia seja ele colocado em qualquer setor e mais especificamente em Rio Branco-Acre é muito intenso, pois lidam com o sofrimento humano, mesmo que sofrimento e emoções alheias. O que provém muitas vezes de dirigirem no tumultuado trânsito da capital e pelo fato de estarem no limite, arriscando suas vidas e viverem em constante conflito visível e não visíveis. Embora o estresse seja um constante estado quase que natural para o policial, não é uma doença, por mais que se aumente a cada dia o número de atendidos no NAP – Núcleo de Atendimento Psicológico da Secretaria de Segurança. Quanto a isso, os autores abaixo tornam a mencionar sobre tal assunto:

 

A saúde do trabalhador deve ser avaliada dentro dos aspectos ocupacionais físicos, químicos, biológicos, mecânicos, ergonômicos, psíquicos e sociais. Além disso, o trabalhador necessita de uma abordagem holística, visto que, para detectar um individuo doente, o especialista precisa atentar para uma serie de características, como a tarefa executada no trabalho, o ambiente de trabalho, as relações interpessoais, os hábitos de sono e alimentares, a aptidão física, entre outros.” (MENDES E LEITE, 2004, p.60) 

 

Em relação ao trabalho dos agentes de polícia sejam em qualquer setor de segurança ou em qualquer delegacia da capital ou Interior do Estado, ou mesmo pelo interior do Acre por completo, estes trabalhos são exercidos em condições precárias, prédios sucateados, grande demanda de serviços, pressões e ambiente de estresse e adoecedor para o profissional,

            No ambiente de trabalho dos agentes policiais, é perceptível a missão precípua do Órgão está estampada logo na parede de entrada: "Garantir ao cidadão uma investigação rápida e imparcial, por meio do emprego eficiente de técnicas científicas e serviços de inteligência, contribuindo para a efetivação/efetividade da Justiça."

            Logo para quem busca serviços do órgão policial, depara-se com atendimento em que comumente ficam um ou dois policiais para atender o público dando-lhes informações; operando comunicação via rádio sobre os acontecimentos, crimes e acidentes em tempo real; também estes policiais fazem observação diária e prestam segurança predial, do estacionamento e alguns outros serviços improvisados.

O fato é que, esses policiais estão quase em desvio de função, pois encaram o atendimento ao público e contatos com as rotinas de diversos profissionais, como a Policia Militar e, muitas vezes, aflitos pela circunstância de perda de seus entes queridos, somado a todo incremento ativo das ações responsáveis pelo policial. Tal como levantamento de inquéritos policiais, mediação entre os civis e atividades de enfrentamento com meliantes, em diferentes delegacias especializadas, tal como a DEFLA (Delegacia de Flagrantes), DPTC (Departamento de Policia Técnica e Científica), DEPCA e outras setores regionais, as quais ele realizam o cumprimento das suas funções e estressoras.

            Costuma-se dizer que o ambiente da Polícia Civil é um local "carregado". Pois se convivem deliberações, chamadas de atendimento e prestação de serviço, ao passo do enfrentamento direto com a violência ou até restos mortais, junto as precárias estruturas de instalação, materiais tecnológicos e a insalubridade dos ambientes de entorno, trabalho envolvendo “rolos”, perigos, mortes e seus desdobramentos.

Há ainda, sem dúvida, um constante choro e ranger de dentes, uma dor do medo da morte violenta e inesperada, que abalam os familiares envoltos nos casos investigados e em análise da polícia. Desse modo, é exigido do profissional, as capacidades de imparcialidade e controle emocional, de forma a criar barreiras mentais e resiliência para bom aproveito do trabalho.

            No entanto, as dificuldades do trabalho e esforço aliado as condições psicológicas de cada presente no ambiente laboral, é necessário dar apoio ainda maior ao que carece ser os cuidados da saúde mental no trabalho e apreciação de maior qualidade de vida, tal como o incentivo ao acesso de serviços de saúde mental, como o Núcleo de Apoio Psicossocial, abertura de espaço de treinamento físico e esportes práticos, como encontrado na Acadepol, mas observar ainda pouco contato de incentivos promovidos pelos entes do governo para junção maior no que se refere ao adoecimento mental.

            Para tentar refazer um pouco da História a respeito desse órgão de segurança.  É admissível uma frente de pesquisa ligada a área de segurança pública, tema este que está na crista da onda, como alguns projetos no ano de 2022. Por exemplo, projeto é desenvolvido por pesquisadoras do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva e do curso técnico subsequente em Segurança do Trabalho focado na diretriz de base direcionada a coleta de informações e dados a respeito dos policias militares. É facultável, ainda intuito de expandir para enfoque em outras áreas, juntamente, com algumas iniciativas municipais do atendimento psicológico em redes comunitárias e bairros, mas certamente são tímidas.

Mas ainda, o interesse da pesquisa para o segmento público, pois, estamos atualmente diante de uma forte onda de violência em nosso estado e no Brasil em geral. Então todo o desdobramento dessa violência vai parar na pressão, no intenso trabalho sobre pressão, e a exposição ao sofrimento alheio sobre os agentes de Polícia, pode prejudicar na sua condição psicológica. Tão importante para um trabalho que se exige a desenvoltura e controle mental para os diversos cenários de atuação, seja interna ou externa dos setores policiais, a compreensão e estudo do caso, pode ajudar no fortalecimento das iniciativas de promoção do cuidado da vida e medidas de prevenção do esforço penoso em ambientes fechado como as delegacias e unidades prisionais.

Assim, é sempre necessário, fazer um estudo que venha a levantar o perfil, o volume e as causas do adoecimento mental dos policias civis. Dessa forma, o intuito é partir do presente, ou seja, das problemáticas do presente e ir para o passado ainda um pouco recente, dando-nos respostas e quem sabe até fazer certas previsões em conexões com os elementos de pesquisas encontrados, na tentativa de contribuir para resoluções ou apenas refletir a realidade da categoria do agente na Polícia Civil, que ao mesmo tempo precisa ser valorizada no aspecto de trabalho e a composição de medidas de prevenção ao agravamento na condição psicopatológica, muitas vezes já presente, logo na inserção recente na função de policial

Entendemos que se faz necessário uma pesquisa, onde há uma lacuna até agora, e muitas relevâncias. Enquanto funcionário do quadro dessa Instituição policial há quase 17 anos, bem como enquanto licenciado e bacharelado em História, adquirimos além da curiosidade, muita criticidade de nossa realidade. Também sabem que a História desse Órgão é uma História esquecida, ou seja, a Polícia Civil não tem contado e registrado todo o trabalho, contribuição e relevância das ações e dos de funcionários, que por este Órgão têm passado.

 Para resgatar a história da , pelo menos em parte, essa seria uma História do Imaginário, das mentalidades, social, cultural e etc... mas o foco maior é a História Vista de Baixo, dos trabalhadores, das condições de trabalho, em especial a compreensão na vida do policial no trabalho e a vida cotidiana, ao passo do efeito dos seus modos de viver e a expressão para com a condição psicológica em permanente prova, como agentes policiais, que trabalham na procura de vestígios de crimes ou dos que perderam a vida violentamente.

 

 Apesar da categoria, ser de suma importância para o mundo-investigativo-policial. No entanto, estranho e negativamente ainda são bem desvalorizado. Para confirmarmos isto, basta vermos a condição dos policiais civis em ativa, quando falam sobre o contato os corpos diários, remoção em todos os estados ou situação destes, risco de contaminação, discriminação, pressão, baixo salário, condição de vida física e psicológica afetada. Assim, com um trabalho desse, vamos saber como é o dia-dia dos funcionários e seus dilemas desse contato brutal com a violência.

Metodologicamente falando, esse tema tem toda possibilidade de ser elaborado, podemos trabalhar de diversas formas: através da História Oral, entrevistando os funcionários sobre seu trabalho e cotidiano. Para esse trabalho, podemos entrar em contato, com alguns chefes de repartições, basicamente falando sobre a sua busca de mais direitos dos funcionários mais subalternos numa tentativa de melhorar suas condições de vida.

Também entraremos em contato com uma vasta pesquisa bibliográfica, pelo acesso aos arquivos, fazendo o devido recorte temático, temporal e espacial; tendo acesso aos prontuários e fichários do Órgão, Laudos e outra documentação, e pelas imagens iconográficas e pesquisas de conteúdos digitais.

 

3. VIOLÊNCIA, DA ASSISTÊNCIA E TRABALHO SEMI-PROLETARIADO NO TRABALHO DOS AGENTES DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO ACRE

 

Nas últimas décadas, estamos vivendo um aumento expressivo da violência urbana em nossas cidades. Tanto que aquele velho ditado, ou aquela velha concepção de polícia vs ladrão, já não faz sentido. Os policiais, em virtude da pressão do serviço e da dinâmica dos criminosos e organizações estruturadas para a “engenharia” do crime, fazem com que os serviços policiais seja, além de alto nível estressante, tenha também uma exigência cada vez maior.

 Passamos a ter uma sobrecarga sobre os agentes de segurança, provocando um processo de adoecimento mental frequente sobre os policiais, desdobrando muitas doenças psicossomáticas, ou seja, doença físicas do corpo. Uma doença leva a outra, um mal-estar leva a outro, até que um triste mal súbito lhe alcança pelo desgaste. Senão, vejamos abaixo:

“O policial lida com riscos reais e imaginários, na profissão. Assim, o sofrimento e o estresse apresentam agravamentos e mesmo quando imaginários, podem desencadear respostas de alerta e até mesmo levá-lo à morte. Benevides-Pereira (2002) admite que os profissionais que trabalham em funções diretamente na assistência dos outros, estão suscetíveis ao estresse. Os sintomas podem ser definidos da seguinte forma: fadiga constante e progressiva, dores musculares, distúrbios do sono, perturbações gastrintestinais.” (DEOLIVEIRA&DOS SANTOS, 2010, p. 26)

Muitos pensadores, enxergam a classe policial de agentes de segurança pública, como uma força repressora do Estado, um trabalho, digamos, mais um trabalho não produtivo, “que está contribuindo para a sua pátria”. e nada mais. Mas, ultimamente fica claro, que tais agentes de segurança, mesmo não sendo força de reserva do exército, se inclui como classe “semi-proletariada”, ou, seja quase operária..

”Ficou historicamente comprovado que é difícil contestar e impedir a consciência de classe, já que ela surge natural e logicamente da condição proletária, pelo menos na forma elementar de "consciência sindical", isto é, o reconhecimento de que os trabalhadores como tais precisam organizar-se coletivamente contra os empregadores, a fim de defender e melhorar suas condições como operários assalariados. (HOBSBAWN, 2000, p.76),

 

Em ressalva, o trabalho manual exercido por qualquer profissional de modo coletivo em contato ativo com grupo de pessoas, é consciente, e para o policial, não seria diferente, o seu o esforço diário, adequação do corpo físico em prontidão ao oficio, o cotidiano gera costumes e sentimento de pertencimento a instituição, como estivesse ligada a ela. Tal como relata o autor abaixo:

O trabalho manual coletivo é, por tradição, uma atividade bastante ritualizada, profundamente entrelaçada com a estruturação ritual das vidas dos indivíduos e das coletividades sociais, os ciclos das estações do ano, enfim, os ritos de passagem e tudo o mais. Tanto os lugares de trabalho quanto os grupos de trabalho são estruturados e. com frequência, coesos” (HOBSBAWN, 2000, p.88)

 

Esse trabalho, é de natureza de reclame sindical, de lutas por direitos, tal como direito de qualidade de vida, saúde, onde, nos traz à tona, questionamentos, sobre as consequências do trabalho de agentes de segurança. De modo, que faz parte, do que Dejours, intitula no seu livro, a Loucura do Trabalho, e suas consequências no âmbito classista de uma polícia sobrecarregada, e com muita falta de atenção e sem o respaldo necessário na defesa de direitos.

O fato é que o trabalho dos servidores policiais precarizou-se e trouxe o sofrimento psíquico para o trabalhador, a presença esfugente das dores na saúde e traumas à natureza física, não mudou muito vistas a realidade cabível dos então agentes de segurança da capital rio branqueasse e do país, por parte da maioria em ativa. A Matrix, a Máquina ou o Sistema Moderno atingiu a todos o excesso de trabalho e a necessidade de ser proativo, tecnológico e dominador de várias habilidades e resoluções de respostas, tal é descrito abaixo:

Nova tecnologia de submissão, de disciplina do corpo, a organização cientifica do trabalho gera exigências fisiológicas até então desconhecidas, especial- mente as exigências de tempo e ritmo de trabalho. As performances exigidas são absolutamente novas, e fazem com que o corpo apareça como principal ponto de impacto dos prejuízos do trabalho. O esgotamento físico não concerne somente aos trabalhadores braçais, mas ao conjunto dos operários da produção de massa.” (DEJOURS, 1987, p.21)

 

Percebemos, uma ineficiência e descuido para com estes servidores/trabalhadores, pois muitas vezes, se deparam com problemas carregados de não-resolução por parte da família, sociedade e do estado. Logo, não estarão de pronto para qualquer resolução de agente existente cotidianamente. Pois, se encontram também desestabilizados, querendo recurso e apoio. Podemos dizer que a vida de um policial. É sobretudo uma vida mal vivida, marcada por um estresse crônico:

“O estresse pode ser entendido como o desequilíbrio entre as demandas do trabalho e a capacidade de resposta dos trabalhadores. Fatores estressantes como um ambiente de trabalho perigoso, baixo controle sobre o processo de trabalho (cumprimento de ordens), frequente contato com o público (atendimento da comunidade geral), longas jornadas de trabalho (em razão da escala), recursos insuficientes, insatisfação com a atividade e a remuneração, dificuldade de ascensão profissional, além da exposição ao sofrimento alheio e a problemas familiares, estariam relacionados ao sofrimento ou distúrbios psíquicos e, no caso dos policiais, todos esses fatores estão presentes.” (MINAYO; SOUZA, 2003).

No livro de Isaias Pessoas intitulado A Loucura e as Épocas, temos bem o perfil das situações nos homens e nas mulheres que propiciam a manifestação e condição das loucuras ao longo da história. Assim, podemos citar a passagem abaixo, como uma condição de ser policial e passar pelas as mazelas de um homem simples e comum e desassistido, segue o trecho:

Entre os homens as causas físicas principais são os contínuos excessos alcoólicos, os repetidos excessos venéreos, os hábitos solitários e uma alimentação muito copiosa. Entre as causas morais estão as brigas domésticas, as perdas de dinheiro, os trabalhos do espírito e as decepções das ambições. Para as mulheres as causas físicas mais frequentes são a chegada da primeira menstruação, as irregularidades menstruais, a gravidez, o período pós-parto, o momento da menopausa, o abuso dos prazeres venéreos e o onanismo. É no caso das mulheres que a ação das causas morais é mais evidente." (PESSOTI, 1994, p.49)

 

            Pelo presente escrito do autor, vemos a confirmação da natureza e semelhança operária do policial que vive, seja por condições precárias, treinamento insuficiente e técnicas obsoletas, entre outros fatores, resultam, ao fim em desperdício de energia e exaustão de recursos humanos e matérias. Dito de outra forma, o trabalhador envolvido em atividades consideradas de risco, com é o caso de policiais, eletricistas, mergulhadores e garimpeiros.

            Hoje, as maiores reclamações dos trabalhadores são quanto a aquisição de possíveis doenças mentais, tais como depressão, transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia, estresse pós-traumático, síndrome de pânico, ansiedade e outros. Isto porque vivemos em um mundo em que o trabalhador tem que ser mais competitivo, resiliente, produtivo e habilitado em diversos domínios do conhecimento da área e técnicas de ofício.

            Para o policial, não é diferente, ele executa um trabalho maçante administrativamente e operacional, ou seja como em todos é necessário múltiplas habilidades, e em consequência disso, é necessária que o policial precisa de condiciona a adaptar frente as dificuldades.

“Essa noção é fundamental, na medida em que leva as análises, tanto provenientes dos sindicatos quanto dos especialistas, a se preocuparem com um aspecto da saúde que consideramos, hoje: em dia, indevidamente limitado. O alvo da exploração seria o corpo. Também as análises económicas criticas do sistema capitalista argumentam suas teses sobre a exploração a partir do corpo lesado, do corpo doente, da mortalidade crescente dos operários em relação ao resto da população.” (DEJOURS, 1987, p.23,)

 

            O agente precisa lidar com riscos reais e imaginários, que a profissão exige. O agravamento, às se torna acentuado, à medida que faz o cotidiano na delegacia, ou fora dela nos setores especiais, como o combate a mão armada e a levantamento e organização de dados, protocolos de emergência, denúncias

Muitos das vezes, não há uma reação saudável do organismo, suficiente para o embate do agravamento, seja pelo estresse e sofrimento psicológico. Portanto, de fato esses profissionais que trabalham, estão suscetíveis a doenças associadas ao estresse, como fadiga constante e progressiva, dores musculares, distúrbios do sono e entre outros.

Em analise, a respeito da cadeia de funcionários da polícia civil entre os delegados, peritos criminais, agente de polícia e outros, percebemos que essas categorias estão no mesmo trabalho, onde se tem impacto semelhante, sobretudo no que diz respeito a insatisfação da falta de reconhecimento e a obtenção de diversas doenças psicossomáticas ou mentais. Notadamente, verificamos isso na afirmação abaixo:

“Sinais de adoecimento físico e níveis elevados de estresse são frequentemente encontrados em policiais, sendo os sintomas psicológicos apontados como os de maior prevalência. Estes profissionais apresentam maiores riscos de desenvolverem estresse pós-traumático (resultante da maior exposição a traumas) e síndrome de Bernout (resultante da forma como está organizado o trabalho). Tais características também aumentam o risco para problemas psicossociais, como representações conflitivas da profissão e baixa auto-estima, e suicídio” (DEOLIVEIRA&DOS SANTOS, 2010, p. 26)

 

Os profissionais da área de Segurança Pública, de modo geral, têm algumas características e hábitos semelhantes em sua maioria, tipo:  fumar; idade entre 29 e 45 anos, quase em sua maioria, tem graduação e algumas pós=graduações. Em relação ao ganho salarial entre 5 a 11 mil e 500 reais, trabalha em uma carga horária de 44 horas semanais, onde tem exigência de habilidades ou manuseamento com sistema de computação. Enfim, o trabalho requer autoridade de decisão e iniciativas próprias.

Comumente sofrem falta de respeito entre os colegas, de modo que, correndo riscos no trabalho e fora do trabalho, sentem depressão, variação de humor, consequência do nervosismo, e prejuízos para circulo particular, sente desregulamento do sono, há muitos casos de suicídio entre os policias.

O policial, mesmo, com a carapaça de durão, ele tem uma vida fragilizada, muitas vezes tem problemas financeiros, problemas familiares, alimenta-se mal, diversas pesquisas comprovam que diante da exigência psicológica desencandeiam doenças físicas que comprometem a saúde e qualidade de vida desses trabalhadores. Conforme, a citação abaixo:

[...] a vulnerabilidade das condições de saúde é frequente na rotina de trabalho desses profissionais e o reconhecimento de situações de tensão e fragilidade é ofuscado pela pressão de muitos delegados em sustentar uma imagem de “fortaleza” que não sucumbe frente às dificuldades. Para Dejours (1992), os trabalhadores tendem a controlar a doença diante de atividades profissionais adversas, desenvolvendo, coletivamente, defesas psicológicas que permitem que o trabalhador as domine, e em algumas situações, tenha menos consciência do seu adoecimento. (OLIVEIRA, G.M., ARAÚJO, T.M., and CARVALHO, F.M, 2014, p.60)[

    TERRITÓRIO DA TENSÃO E EXCLUSÃO: AGENTES DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO ACRE

 

                O trabalho real do policial é bem mais complexo do que está determinado por lei. Podemos dizer que é um trabalho mental e manual. Geralmente para ser um bom policial tem que ser arrojado, frio e racional entre tantas habilidades e qualidades que são inerentes a esta função. O policial é reflexo de sua polícia, pois é representante do Estado, e mesmo estando sempre no limite, deve manter uma postura honrosa, exemplar e até educadora.

                Optamos para elaborar este trabalho no campo da História social que dá visibilidade para as classes sociais e os grupos sociais, fazendo ‘recorte de relações humanas’, e seus sofrimentos e patologias, bem como traz a tona os modos de organização da sociedade, os sistemas que estruturam as diferenças, sobretudo, as diferenças sociais, relacionando várias formas de sociabilidade. Pois é através dessa forma de se fazer História que podemos fazer apontamentos de baixo para cima, falar com precisão e dá voz aos excluídos, grupos populares, minorias, sindicatos, marginais, enfim fazer outra História dessa categorias de trabalhadores “subalternos”, quanto tantos outros..

               Como nos diz Belestreri (2000), que foi Secretário de Segurança Nacional, e costuma em suas palestras defender o policial e tê-lo como um agente envolvido na construção da realidade, uma profissão dentre tantas que verdadeiramente se poderia passar alguma transformação social. Para ele, o policial é eminente educador e que por ele passa as principais questões da sociedade, pois a população que o busca lhe ver como referência ou “um pleno educador”.

              Embora muitos desconheçam, mas grandes e muitas são as habilidades que os policiais deveriam ter: emprego adequado no uso de arma de foco, ser proativo, ser flexível, estar propenso à mudança, ter sentido de oportunidade, ser aberto à inovação e à criatividade, ter atitude de suspeição, ser versátil, ser amistoso, ser curioso, ser observador, ser cauteloso, ser gerenciador de crises, ter paciência, enfim, são trabalhos variados que requer habilidades diversas, controle emocional, espírito de iniciativa e etc...

Na Polícia Civil Acreana existem os agentes com diversas qualidades, competências distribuídas em diversas funções, destes as administrativas, motoristas e auxiliares de peritos, trabalhos na recepção/atendimento e serviços gerais. Existem diversos agentes de polícia desviados de função por diversos motivos, inclusive o de saúde.

Mas a função principal dos agentes refere-se à investigar atos ou fatos que caracterizem ou possam caracterizar infrações penais e suas principais funções consistem em: Assistir a autoridade policial no cumprimento das atividades de polícia judiciária; coordenar ou executar operações de natureza policial; executar intimações, notificações policiais; dirigir veículos automotores em serviços, ações e operações policiais; executar demais serviços de apoio à autoridade policial; executar outras atividades decorrentes de sua lotação.

Com relação ao conceito de Trabalho, diversos são os teóricos que ousaram pensar sobre este termo e prática: desde aqueles que relacionaram o trabalho com escravidão até aqueles que afirmaram que o trabalho seja único e simplesmente fonte de auto- realização e proporcionador de autopromoção e felicidade aos seres humanos.

A Bíblia afirma que o trabalho veio por causa do pecado humano, e este agregou o esforço e o cansaço ao trabalho, sendo que pouco importa se isso se dá por tecnologia dura ou leve, rígida e sistematicamente hierarquizada ou não. Pouco importa se os homens inventaram métodos, fabricaram instrumentos, máquinas, robôs para realizar trabalhos mais elaborados com até menos cansaço. O certo é que, o esforço e a preocupação mudam de lugar, mas não desaparecem. O ser humano vai evoluindo em diversas tecnologias, eliminam algumas doenças e dão origem a outras. Então vejamos o que dizem alguns estudiosos abaixo sobre o sobre o assunto:

Para Freud (1987), o trabalho é até mesmo um dos caminhos  melhores para a felicidade. É do através do trabalho que o homem entra em contato com a realidade social, transforma e é transformado por ela. É a partir dacompreensão do mundo do trabalho que podemos compreender a nós mesmos.

Segundo Dejours (1989), o trabalho pode assumir um caráter patogênico ou estruturador.  Patogênico            quando há consequências nefastas à saúde mental do trabalhador. Estruturador quando há condições de favorecê-la. 

Para Ferreira e Mendes (2003), o trabalho propicia como última finalidadea própria sobrevivência física, psicológica e social do trabalhador. É umapossibilidade de expressão da subjetividade individual e da construção de umasubjetividade no trabalho, que permite saúde e não o adoecimento ao atribuir osentido do trabalho como prazer. O trabalho nesse sentido, seria tão somente uma oportunidade de auto-realização, uma forma de se manter-se vivo e feliz.

Segundo Karl Marx: o trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza” (1988, p.202).

Mas nem todos têm essa visão sobre o trabalho marcada por excesso de otimismo. Vejamos o alemão Karl Marx, afirmavam que o trabalho, quando não é fator de realização humana, é, ao contrário, fator de escravidão e alienação”. (1988, p. 45). Ele dedicou sua vida ao estudo do trabalho e do capitalismo. Segundo ele:

 

No processo de trabalho a atividade do homem efetua, portanto, mediante o meio de trabalho, uma transformação do objeto de trabalho, pretendida deste o princípio (...) O trabalho gasta seus elementos materiais, seu objeto e seu meio, os devora e é, portanto, processo de consumo. (...) O meio do trabalho é uma coisa ou um complexo de coisas que o trabalhador coloca entre si mesmo e o objeto do trabalho e que lhe serve como condutor de sua atividade sobre esse objeto. Ele utiliza as propriedades mecânicas, físicas, químicas das coisas para atuar como meios de poder sobre outras coisas, conforme seu objetivo. (MARX, 1988, p.60)

 

Já Fordismo de Taylor que estabeleceu o trabalho em série e alienado nas fábricas: da racionalização, cujo objetivo é o aumento da produtividade com economia de tempo; toda a produção era cronometrada, pois o operário tinha um tempo estabelecido para executar cada tarefa. Neste tipo de produção, o trabalhador é submetido a um trabalho com gestos rotineiros e não tem qualquer iniciativa: ele não pensa e nem cria, só realiza as funções estabelecidas. É neste sentido que o trabalho se torna uma tortura, fonte de sofrimento para o trabalhador, que se submete apenas porque precisa trabalhar e sobreviver, já que ele não tem a chance de criar ou de transformar nada. E, assim, também é o trabalho moderno, nada proporcionador de saúde e realizador na maioria das vezes, muito menos auto promovedor de felicidades. Mesmo assim ninguém vive sem o trabalho por mais que ele seja muitas vezes explorador em excesso e adoecedor, ele constitui o melhor meio de sociabilidade humana.

 

Mas voltando aos trabalhos dentro do Departamento de Polícia Técnico-científica exercida pelos agentes de polícia civil. Para Marx existe o trabalho proletário e produtivo ou seja o que produz verdadeiramente a mais-valia na fabricação de determinado produto. Também tem os diversos trabalhos não produtivos que, pode ser qualquer trabalhador: um professor, um bancário, um agente de polícia e tantos outros. Mas o fato é que no Capitalismo Neoliberal quase todas as profissões vem perdendo renda, condições de trabalho e se proletarizando Inclusive os agentes de polícias estão entre ter um emprego proletarizado e o desemprego e proletarização geral.

Assim, podemos dizer que tais agentes de polícias sofrem um processo de alienação, adoecimento por conta das precárias instalações e os fatores estressores e outras imposições que estão sujeitos, tal como Marx afirma: “quanto menor a alienação de seu pessoal, mais eficiente será a organização. Os operários satisfeitos trabalham mais e melhor do que os frustrados” (1964, p. 9).

 

Os dispositivos de poder numa visão foucaultiana, ou seja, os constituintes do poder vão compor as formas de controle social, atuando nos espaços visíveis ou não, por meio de mecanismos coercitivos que controlam até os supostamente “loucos” ou “marginais”, ou seja: reprimindo qualquer desvio de conduta. Destarte, a polícia e demais instituições de controle social estabelecem os sujeitos que compõem o negativo da ordem. São estes órgãos que controlam. E que muitas vezes adquirem comportamentos “hitleristas” ou “fascistas”, mas, na verdade não passam de proletários a serviço do “status quo”, semi-operário que têm profissões de risco tanto quanto, um eletricista, um mineiro, onde acresce o sugamento de suas energias e convívio com muita tensão, estresse e doenças ocupacionais diversas. A esse respeito podemos afirmar algo parecido na citação abaixo:

Nesse contexto destacam-se os profissionais de segurança pública, que no exercício de sua profissão, desenvolvem atividades que por si só já consistem em risco iminente para a vida. Aliado a isso, poucas condições de trabalho, cobranças dos superiores ou órgãos subordinados bem como da sociedade, acentuam estes riscos e os tornam candidatos em potencial a serem indivíduos doentes física e psicologicamente. (RODRIGUES, 2008, p. 19-20)

            O objetivo é impor a disciplina e transformar pessoas incivilizadas em corpos dóceis. Na realidade são estruturas de adestramentos, e uma delegacia É parte dessa estrutura, tanto para as pessoas detidas, como para os funcionários que, de maneira nenhuma, querem ter semelhanças em suas identidades, mas têm pela condição social, pela dependência que têm do emprego. Tal qual uma espada colocada em diversas pessoas, uma sobre das outra e todos sob o comando da majestade. Ou seja: como alusão a uma passagem do livro Arte da Guerra de Sun Tzu. Em forma de metáfora esta passagem mostra como disciplinar seus “soldados” ou funcionários.

Por mais que queiramos negar vivemos essa eterna vigilância hierárquica que está disseminada em todas as formas de relações modernas de trabalho, inclusive na esfera técnica - administrativa. Onde toda relação social é de poder.

            Analisando, selecionando, interpretando as entrevistas dos agentes, constatamos atos de uma memória oculta que vêm à tona quando perguntados. Essa memória constitui o social, o dia-a-dia de trabalho, o econômico, o cultural, as resistências, as visões de mundo, enfim as representações sociais, tal como uma forma de desabafo destes trabalhadores da área da segurança pública. Nessa ótica:

 

[...] destacam-se os profissionais de segurança pública, que no exercício de sua profissão, desenvolvem atividades que por si só já consistem em risco iminente para a vida. Aliado a isso, poucas condições de trabalho, cobranças dos superiores ou órgãos subordinados bem como da sociedade, acentuam estes riscos e os tornam candidatos em potencial a serem indivíduos doentes física e psicologicamente. (RODRIGUES, 2008, P. 19-20)

           

            Há quem diga que nunca se trabalhou tanto, isto porque a riqueza e frutos inventivos da humanidade têm se multiplicado, mesmo em meio a uma enorme desigualdade econômica e social alarmante. Todavia, a máquina do “progresso” também é a “máquina da demência” gerando ao mesmo tempo uma sociedade patológica, do desconcerto e da inversão de valores.

Nesse sentido, o serviço policial é considerado o que proporciona ao profissional um grau avançado de estresse.

 

Daí o fato de a condição fronteiriça vivenciada pelos agentes penitenciários [ou de polícias] torná-los desacreditáveis em alguns contextos extramuros, nos quais, trazer a público sua condição de custodiado pode torná-los depositários de um estigma, num movimento de deslocamento do estigma que originariamente cerca os presidiários. Em um segundo momento, os agentes penitenciários tornam-se passíveis de outro tipo de estigma decorrente de psicopatologias do trabalho, tais como: insônia, nervosismo, depressão, estresse, paranóia, dependências químicas. Donde passam a ser estigmatizados pelos próprios colegas de profissão, pelos quais passam a ser chamados, pejorativamente, de “xaropes”, “beberrões” ou “gardenal”. (SILVEIRA, 2009, p. 8)

 

Posteriormente, assumiu o comando do sindicato o jovem Itamir Lima que efetuou alternância de poder e a abertura para novas ideias, e mesmo representando um novo momento e uma nova geração da polícia civil, e ainda ter definitivamente concluído em sua gestão o PCCR - Plano de Cargos, Carreira e salário, mesmo assim, houveram muitas perdas salariais não supridas, pois o mesmo recusou-se ao artifício da Greve e fez uma gestão mais na base da diplomacia, Ganhos tivemos na última gestão do PT, mas a luta é um movimento e não pode ser ou ficar parado, pois aí estão o leão da inflação, a dinâmica do crime e novas pautas sindicais, incluindo a recuperação da saúde mental.

Entendemos que os policiais civis e até outros policiais deveriam fazer greves quando necessário, para garantir seus direitos, se revoltarem legalmente contra a situação que lhe é imposta. Embora saibamos que sem a polícia é um mundo de caos.

Mas vocês me poderiam dizer que têm tanta gente ganhando um salário mínimo, e esses é que sofrem e precisam mais? É, mas sabemos também que não estão sujeitos a levar balas no peito e ou na “cara”, sujeitos também a viver sempre no limite, à pressões terríveis, junto a fatores estressores, sem plano de saúde se caso acontecer o não óbito em trabalho; bem como tema necessidade de estar fugindo de bandidos ou seja tentar morar de certa forma afastado de tanta bandidagem, correm muito risco, sendo que a média salarial nacional quase não passa de uns três salários mínimos. Ao passo que estão sujeito a todo tipo de doenças, comprar remédios e muitos não chegam nem a se aposentar, pois na média vivem pouco mais de 53 anos, sofrem com doenças arteriais, do coração e mentais e convivem com um salário de miséria, sobretudo em algumas regiões, cito: aqui no Acre onde os bens básicos necessários à vida são altíssimos.

É notório que a polícia vem se modernizando, e sendo composta por novos quadros, e um melhor grau de eficiência em seu zeloso dever de garantir o cumprimento da ordem, da lei e da paz. E dizer isso, não desmerece todos “velhos” companheiros que levaram e levam esta polícia conduzida pelos seus trabalhos e experiências.

Mas será pouco consistente hoje, pois somente este Sindicato, não representa uma frente a um governo de pouca negociação. São muitas pautas e específicas de cada categoria: as falta de reposições de perdas salariais, os desníveis salariais, correção de injustiças, regressões de letras, aumenta de interstícios de tempo, com mudanças, melhores condições de trabalho, assistência Jurídica, luta para diminuir as micro penalidades impostas aos servidores, tal como um resquício do Período Militar Brasileiro, faltou-se efetivar uma lutar por uma melhor assistência médica aos servidores. Ou seja: lutar pela saúde do servidor bem como, a falta de uma série de outros benefícios, inclusive aposentadoria com integridade salarial e outros benefícios trabalhistas que os arautos dos capitalistas e os “abutres e raposas” velhas querem mexer, pois bem sabemos que a luta pelo trabalhador é uma lutar atenta, constante, onde se usam todos artifícios necessários.

Assim, “Se nada der certo”, como dizem os jovens no modismo que sejam policiais civis, agentes de polícia, desviados de funções sendo: vigias de prédio, motoristas de perícias, motorista em qualquer situação, atendentes ao público, auxiliares de serviços gerais, “guardinha qualquer”, como muitos assim os chamam; enfim, “paus mandados”, desvalorizados e outros pejorativos dados à função. E tal como afirmamos entrar para Polícia Civil e assim fazer carreira para quem teve a sorte de estudar um pouco mais, parece ser ainda mesmo essa “barca furada”.

Há quem diga que nunca se trabalhamos tanto como na sociedade moderna. Isto por que a riqueza e frutos inventivos da humanidade têm se multiplicado, mesmo em meio ha uma enorme desigualdade econômica e social alarmante. Mas a máquina do “ progresso” também é a máquina da demência gerando ao mesmo tempo uma sociedade patológica, do desconcerto e da inversão de valores.

Cremos que os grupos de sindicatos e direitos humanos deveriam defender: Trabalho decente! Essa máquina a vapor da era da quarta revolução industrial, pensam apenas em lucros e em máquinas e esquecem o humano.

Em nossa sociedade o comercio têm evoluído infelizmente para meio sofisticados de enganação muitas vezes. E mais e mais pessoas vivem esse mundo do consumismo a flor da pele, mesmo não podendo ainda inserir-se, por isso, trabalhamos, ou melhor, são obrigados a trabalhar intensamente, ocasionando doença de trabalho.

Vivemos num mundo estressado: “no trânsito todos os dias, trabalhar muitas horas por semanalmente, sofrer cobrança do chefe, cônjuge, filhos e amigos, ter problemas com o orçamento, viver relações familiares complicadas” e outras relações imbricadas uma nas outras, enfim vivemos sob o olho do poder e numa sociedade da servidão e do controle.

Temos missão de sermos proativos em excesso, até o máximo de nossa capacidade, no entanto, não ganharmos suficientemente para suprir todas nossas necessidades vitais. E ainda vivemos em meio a espertalhões que não medem os golpes baixos a nos aplicar, fazendo nos como escada para objetivos escrotos. Todo cuidado é pouco, pois os sem carácter estão em proliferação.

Ainda têm aqueles que não atingindo a maratona do consumo desejado, onde a capacidade do ter torna-se quase infinita e extremamente necessária, ingressam no trabalho informal ou enveredam para pequenos delitos.

O fato é que somos vigiamos e podemos estar classificados sem saber entre “as classes perigosas”. Nada de ócio sem culpa, temos serem homens e mulheres múltiplos. Assim, todo atraso, doença, vida pessoal, não são mais considerados, vivemos sendo castigados por tudo, por qualquer atraso de poucos minutos com descontos, demissão, opressão, humilhação e esporros.

Com efeito, não somos bem humanos, somos sujeitos do sistema de servidão moderna, onde a lei estar contra a justiça em muitos momentos. Onde muitos só nos ver como mão-de-obra, de modo a não poder falhar uma vez. E caso não produza mais a porta é serventia da casa.

Com efeito, não somos bem humanos, somos sujeitos do sistema de servidão moderna, onde a lei estar contra a justiça em muitos momentos. Onde muitos só nos ver como mão-de-obra, de modo a não poder falhar uma vez. E caso não produza mais a porta é serventia da casa. Não podemos deixar de dizer que os policiais não sofram um processo de “prisionização” por estarem em alguns em “cadeiras cativas”, num isolamento que deteriora o cérebro, causando em todas as funções que ocupam doenças psicossomáticas também, além do risco de vida constante. Conforme relatos descritos abaixo:

 

(...) A saúde positiva estaria associada à capacidade de apreciar a vida e resistir aos rios são os hábitos que contribuem para influenciar o bem-estar pessoal e consequentemente o Estilo de Vida, destacando-se, a atividade física regular, a nutrição equilibrada, o controle do stress, o cultivo dos relacionamentos e os cuidados preventivos com a saúde (NAHAS,2001). " (apud RODRIGUES, p. 26 )

 

“[...]relação homem-trabalho pode gerar um estresse crônico com aparecimento de sintomas, se a percepção do ambiente de trabalho não for prazerosa e o trabalhador não sentir segurança no seu emprego [...] As principais causas são: o excesso de trabalho, a execução de tarefas sob pressão, a ausência de decisões no processo produtivo, as condições ambientais insatisfatórias, a interferência da empresa na vida particular, a falta de conhecimento no processo de avaliação de desempenho e promoção e a falta de interesse na atividade profissional desempenhada" (RODRIGUES, 2008, p.31)

 

Por mais que queiramos negar vivemos essa eterna vigilância hierárquica que está disseminada em todas as formas de relações modernas de trabalho, inclusive na esfera técnica -administrativa. Onde toda relação social é de poder.

            Analisando, selecionando, interpretando as entrevistas dos agentes, constatamos atos de uma memória oculta que vêm à tona quando perguntados. Essa memória constitui o social, o dia-a-dia de trabalho, o econômico, o cultural, as resistências, as visões de mundo, enfim as representações sociais, tal como uma forma de desabafo destes trabalhadores da área da segurança pública. Nessa ótica:

 

[...] destacam-se os profissionais de segurança pública, que no exercício de sua profissão, desenvolvem atividades que por si só já consistem em risco iminente para a vida. Aliado a isso, poucas condições de trabalho, cobranças dos superiores ou órgãos subordinados bem como da sociedade, acentuam estes riscos e os tornam candidatos em potencial a serem indivíduos doentes física e psicologicamente. (RODRIGUES, 2008, P. 19-20)

           

            Há quem diga que nunca se trabalhou tanto, isto porque a riqueza e frutos inventivos da humanidade têm se multiplicado, mesmo em meio a uma enorme desigualdade econômica e social alarmante. Todavia, a máquina do “progresso” também é a “máquina da demência” gerando ao mesmo tempo uma sociedade patológica, do desconcerto e da inversão de valores.

Nesse sentido, o serviço policial é considerado o que proporciona ao profissional um grau avançado de estresse.

 

Daí o fato de a condição fronteiriça vivenciada pelos agentes penitenciários [ou de polícias] torná-los desacreditáveis em alguns contextos extramuros, nos quais, trazer a público sua condição de custodiado pode torná-los depositários de um estigma, num movimento de deslocamento do estigma que originariamente cerca os presidiários. Em um segundo momento, os agentes penitenciários tornam-se passíveis de outro tipo de estigma decorrente de psicopatologias do trabalho, tais como: insônia, nervosismo, depressão, estresse, paranóia, dependências químicas. Donde passam a ser estigmatizados pelos próprios colegas de profissão, pelos quais passam a ser chamados, pejorativamente, de “xaropes”, “beberrões” ou “gardenal”. (SILVEIRA, 2009, p. 8)

 

Por mais que o governo federal tenha investido, por certo tempo, na capacitação do policial, concedendo oportunidade deste melhorar a remuneração, desde que concluídos alguns cursos por ano pela internet (SENASP), o fato é que o PRONASCI, um programa de bolsa foi suspenso, além do mais, este não conseguia preparar todos os policiais, pelo fato de muitos não terem acesso a esta oportunidade. A este respeito, Fernando José Morais referindo–se à situação do interesse pelo preparo de policiais na instituição, afirma que:

 

Isso é positivo por dois motivos, primeiro porque esses policiais mais novos já aprenderam o suficiente com os Agentes antigos sobre a forma como a instituição funciona; segundo porque eles (os policiais jovens) significam “renovação”, já que se formaram sob uma nova sistemática jurídica, e por isso, são mais comprometidos com a Instituição. Isso não significa que os Servidores mais antigos não tenham esse compromisso social e jurídico, mas eles se formaram num tempo diferente, cujas perspectivas eram outras, onde a função primordial deles era defender o Estado e não a Sociedade, como ocorre atualmente. '' (NOGUEIRA, 2015, p 47-48)

Em tais situações o Estresse a que está submetido um policial civil, ou melhor, um agente de polícia seja ele colocado em qualquer setor e mais especificamente no DTPC de Rio Branco-Acre é muito intenso, pois lidam com o sofrimento humano, mesmo que sofrimento e emoções alheias. O que provém muitas vezes de dirigirem no tumultuado trânsito da capital e pelo fato de estarem no limite, arriscando suas vidas e viverem em constante conflito visível e não visíveis. Embora o Estresse seja um constante estado quase que natural para o policial, não é uma doença, por mais que se aumente a cada dia o número de atendidos no NAP – Núcleo de Atendimento Psicológico da Secretaria de Segurança. Quanto a isso, os autores, abaixo tornam a mencionar sobre tal assunto:

(...) o estresse no ambiente de trabalho geralmente está relacionado com a organização das tarefas. As principais causas são: o excesso de trabalho, a execução de tarefas sob pressão, a ausência de decisões no processo produtivo, as condições ambientais insatisfatórias, a interferência da empresa na vida particular, a falta de conhecimento no processo de avaliação de desempenho e promoção e a falta de interesse na atividade profissional desempenhada”. (RODRIGURES, p. 31)

 

 

A saúde do trabalhador deve ser avaliada dentro dos aspectos ocupacionais físicos, químicos, biológicos, mecânicos, ergonômicos, psíquicos e sociais. Além disso, o trabalhador necessita de uma abordagem holística, visto que, para detectar um individuo doente, o especialista precisa atentar para uma serie de características, como a tarefa executada no trabalho, o ambiente de trabalho, as relações interpessoais, os hábitos de sono e alimentares, a aptidão física, entre outros (MENDES E LEITE, 2004)  (RODRIGUES, 2008, p. 35)

 

 

Estes trabalhadores vivenciam em seu cotidiano o embate entre o conjunto de prescrições e exigências para a realização das tarefas, e a disponibilidade dos recursos materiais e tecnológicos, concedidos ou negados conforme políticas institucionais. No confronto entre o que lhes é exigido e os meios de que dispõem para realizá-lo, esses servidores mobilizam seus próprios recursos emocionais, cognitivos e físicos (DE JOURS, 1999) " (RODRIGUES, 2008, p. 37)

 

Segundo Fernando Morais em sua monografia de 2007, que têm como título: A Educação do Policial Voltada Para a Cidadania: A Aplicação dos Direitos Humanos pelo Servidor Policial Civil, a qual têm as seguintes reclamações e são semelhantes aos policiais do Estado do Acre, sobretudo agente de polícia civis do Estado::

 

1)“Preparo psicológico do policial devido ao alto índice de stress do trabalho” ; 2)“Melhor qualidade de vida ao Policial (casa própria, material de trabalho e recursos)”; 3) “Investimento na qualificação dos profissionais tanto em relação à qualificação profissional, quanto pessoal”; 4)“Respeito ao Policial, a família do policial civil, remuneração adequadamente e dado o tratamento para que possa exercer sua função com qualidade”; 5) “A administração tem que vir para a Regional ver as dificuldades dos Policiais. Os Policiais do interior trabalham mais do que os Policiais da capital, já que tiram plantão corrido “24hs” e trabalham no expediente”; 6) “O policial deve ser bem remunerado e incentivado a se instruir; o conhecimento deve ser um diferencial para que o policial possa ascender hierarquicamente. Atualmente os policiais não se instruem porque têm dificuldades financeiras. Não podem arcar com os custos da educação e tem que ocupar seu tempo com trabalhos informais para complementar sua renda”; 7) “Remuneração digna ao policial civil”; 8) “Respeito ao Policial, a família do policial civil, remuneração adequadamente e dado tratamento para que possa exercer sua função com qualidade”; 9) Deveria ser aplicada a norma de “40hs” de trabalho ao Policial Civil, pois no interior ele trabalha em plantões e no expediente”; 10) “Uma reciclagem  para quem teve na CADEPOL(Sic)”; 11) “Nós Policiais, deveríamos ter uma orientação maior com relação a padronização dos serviços prestados por uma unidade policial”; 12) “O Policial estar satisfeito com a vida Policial (...) com Chefia, acreditando que alguém se interessa pela Polícia.”  ( MORAIS, 2007, p. 74-79)

 

 

O trabalho é o centro de sociabilidade e de identidade, das rotinas em questão mostram como isso pode construir uma linguagem em que comunicamos uns com outros, sendo isso uma maneira de nos adaptamos a todas as formas de esforço mental e físico.

 

            A lógica irônica é que o trabalho o torna adoecedor do próprio e pouco proporcionador de saúde para os trabalhadores. As relações com as maquinas ou instrumentos motores é pela lógica é compreender o que uma determinada maquina ou sistema faz com aquele que a manuseia, os agentes sofrem com isso, eles sabem quem é o causador desse problema, mas não sabem como deve agir e se podem, gerando uma rotina cansativa que aliena e desenvolve no trabalhador/policial uma serie de complexas ergonomias regidas ou relação das máquinas, ambiente aos trabalhadores.

 

 

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

 

            Esse pequeno estudo foi uma tentativa de o porquê da necessidade de um levantamento de estudos a respeito da atuação dos Policiais Civis no Acre do ponto de vista da História e Psicologia em torno do trabalho que a realizam nos setores designados para sua função, seja na ativa ou realização de trabalhos protocolados, estão em esforço contínuo para garantir o beneficio da sociedade acreana e os agentes governamentais.

De fato, que não observamos essa reciprocidade de forma proporcional, mesmo com avanços recentes com o fortalecimento de políticas de saúde mental e cuidados ao policial, nas áreas médicas, assistencial e psicológica. Há muito que se fazer e prioriza, uma rede que integre regiões mais afastados do Estado e elaboração de setores para atendimento ao policial.

 Além disso, é necessário, modificações dentro da estrutura de trabalho com criação de novas agendas de organização de acordo com a especialização do policial, como também, torna uma carreira progressiva, que não esteja aliado ao simples aumento salarial, na qualidade de vida e redução do estresse crônico.

Só sabem verdadeiramente, o que é ser policial, alguém do ramo, ou que convive com esse servidores, ou seja, pela drama e reclames abordados nesse trabalho, percebemos “rapadura é doce, mas não é mole, não só trabalha quem quebra pedra, muito longe disso, determinadas profissões, essa tem um poder desgastante, sobre tudo quando desemparadas e desassistidas.

Afirmamos, a importância do breve estudo como esse, no incentivo de políticas públicas, algumas soluções nível de luta sindical, além do salário, gera políticas publicas de assistência e saúde desses agentes de segurança, também, percebemos um certo ineditismo, e uma contribuição acadêmica, política e social, neste curto trabalho, encenando aqui uma discursão, sobre o assunto, ainda em fase inicial.

Mas aqui no Acre, terra de ânimos quentes, terra marcada pela contaminação da violência, desde os primórdios, e que desdobra em uma violência como pão de cada dia é uma matriz de problemas,  onde  é preciso que autoridades governamentais e representantes do Estado estejam engajados na estrutura da saúde, da educação, da cultura e segurança, e debater francamente os males das doenças ocupacionais.

                       

 

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