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sábado, 29 de junho de 2013

A FRENTE POPULAR DO ACRE E A POLÍTICA DA FLORESTANIA

O povo do Acre deu um cheque em branco para a turma do PT em 1998. Ano este em que a Frente Popular tomou o Governo do Estado do Acre, de certa forma derrubando uma hegemonia de uma antiga oligarquia instalada no Estado. Sob a égide do legado de Chico Mendes e do desenvolvimento sustentado, nasce um novo conceito  para nossa acrianidade, até então conhecida de cidadão acreano, passou para o termo cidadão da Floresta.
A busca pela identidade é uma constante na vida das pessoas, e a questão da identidade funciona como uma liga, que mantêm unidas as comunidades. Assim, a princípio, o termo Florestania caiu bem para dá fusões identitárias a um povo, marcado por uma história fortemente inserida no contato com a floresta.
Com efeito, às causas da florestania precisava está em consonância com um projeto de desenvolvimento em bases de sustentabilidade, assim foi feito, ou vem-se tentando fazer até hoje, no Governo da Floresta.
Feito isto, para nós cidadãos acreanos, restavam-nos apenas assumirmos essa identidade definida, para que possamos melhor posicionar-mos no mundo.
Porém, como nos diz Baumam: “o pertencimento e identidade não têm a solidez de uma rocha”, não sendo garantido a vida toda, mas somente até quando o indivíduo se mantém fiel e manifestando aceitação às determinações de certo grupo.
No entanto, para nossa sociedade pós-moderna, onde como diria o próprio Marx:   “tudo que é sólido desmanchar no ar”, o mundo está totalmente fragmentado, não dando para se formar uma identidade tão coesa, de modo que essa argamassa denominada aqui, “Florestania” será  pouco consistente, para segurar as partes fragmentárias, desabrochastes, propondo-nos sempre alternância de forças imperativas: políticas, ideológicas e culturais.
A grande questão é: Será que temos uma história comum a todos, a ponto colocarmos todos os cidadãos num mesmo saco e fazermos um “bolo de florestania”. Ou, ainda  as identidades são flutuantes, onde algumas ficam ao sabor de nossas escolhas, mas outras nos envolvem e nos dominam pelo mundo e pelas pessoas em nossas volta.
Em julho de 2002, foi publicado um artigo na revista acreana do governo: Outras Palavras, tratando-se dessa Florestania no Acre, onde Elson Martins cita que: “ A Florestania pode ser um desses símbolos capaz de revolver questões atuais de produção, de educação, de comportamento, de valores éticos, de cultura, do bem estar geral das pessoas.”  Florestania, nesse sentido, assume a identidade local de nosso Estado, que por meio do pertencimento imposto, tem-se nesse termo renovado suas funções integradoras e disciplinadoras. Até mesmo a identidade nacional passa a está sobreposta a essa identidade local.
Percebemos que o Acre, com instauração do Termo Florestania, fecha-se para os anseios da modernidade, que prega nos dias atuais que: o Estado é livre e menos unificador. Mas ao mesmo tempo mais gerador de novas oportunidades, pois a sociedade está cada vez mais hoje voltada para a tese do liberalismo clássico, e uma dependência total ao Estado, tem que ser repensada, pois formam castas políticas privilegiadas.
Está claro que o atual governo age com maniqueísmo e sectarismo não aberto ao diálogo e a própria auto-crítica. Vivemos um tempo de liberdades sufocadas, fomentou-se e se ergueu uma castanheira, da qual os “machados” não conseguem dá nem sequer um pequeno golpe na inderrubável castanheira.
Podemos falar também do rolo compressor por que passa a gama de  trabalhadores deste Estado, lembra-nos o Estado Novo de Getúlio, com todos sindicatos nas mãos do Governo.
Certamente, se Chico Mendes estivesse vivo, discordaria dos rumos em que tomou seus ideais, ou do caminho que tomou o próprio partido, que outrora defendia as plataformas sociais e de desenvolvimento sustentável.
O fato é que o governo perdeu os brios com desmandos ocultos, e sobe uma plataforma essencialmente elitista, o partido tornou-se uma máquina de manutenção do poder. Enquanto no mundo pós-moderno, percebemos uma fragmentação das identidades, no Acre se vê o contrário. Ou seja, aqui essa visão de mundo implantou-se como Oficial e inquestionável. Somos negados de “ apreciar o universo do conhecimento com os olhos quase do humanismo, sem exclusão, capaz de apreciar o mundo justamente na sua variedade, riqueza e multiplicidade" de cores.
Aqui, estamos na contramão da história, ou se decretaram contrariamente o próprio fim de nossa história. Comumente vozes clamam com saudade de governos anteriores e de seus legados, mas não existe o antes, a história e os feitos de nossos políticos anteriores, digam-se de passagem, todos foram bem mais abertos e democráticos, dispostos ao diálogo, eles foram esquecidos. “Este é o melhor lugar para se viver”, claro, como diria Manuel Bandeira, desde que  sejamos amigo de rei.
No final do primeiro mandato do governo da Floresta, uma pesquisa feita pela REVISTA ISTO É, enquadrou a administração do  o governador eleito, engenheiro florestal Jorge Viana, empreendedor de ações que, em tese  o identificam como o legítimo sucessor de Chico Mendes, como sendo uma administração das melhores do país; porém não poderíamos dá tal credibilidade ao resultado desta pesquisa. Isto por que como sabemos esta pesquisa representava um resultado parcial, além do mais, em meio a toda essa onda propagandista e de autopromoção deste então: “Salvador da Pátria”, ou astro da Bandeira altaneira, não deve ser descartada uma possível manobra desta pesquisa a seu favor.
Como nos diz um dos ideólogos da idéia de Florestania: “o projeto de veiculação do discurso governamental e, naturalmente, construção e sedimentação ideológica da idéia da florestania não se limitou (nem poderia se limitar) ao veículo rádio, passando num segundo momento para o uso da televisão.”
Há muitos que dizem que o PT  veio à deriva da formação dos sindicatos rurais e urbanos no acre, aonde veio também fortemente marcado com movimentos classistas interessados em seu próprio umbigo, ou seja, interesses econômicos, políticos, conchavos e  forte clientelismo.  Outros dizem que tal partido instalou-se aqui no Acre, assume postura progressista e de vanguarda, mas esse grupo veio mesclado do legado da Arena e do MDB,  agora se auto-declaram os “eleitos Deus,” os iluminados. Alguns absurdamente chegam inclusive a afirmar que esta administração, que até então está no poder, já é a melhor entre todas outras que o Acre já teve. No entanto, para estes amigos da corte, gozadores de seus favores até pode ser; mas para àqueles que unicamente por sua postura neutra e desnudada, e por isso, têm  inimigos aplicando rigores dos cárceres da lei e da falta de liberdade: absolutamente não! A Hegemonia Petista não se abre para liberdade, bem como não temos o direito de dialogar com as várias tendências, pois crêem eles que com isso arquiteta-se uma conspiração opositora.
Está mais do que claro que precisamos fazer uma reavaliação deste grupo que se instalou no poder, onde na verdade de sustentável mesmo  para o povo, nada tem a oferecer; pois os aspectos de vida do povo tanto, no campo, floresta ou cidade não tem melhorado, haja vista que sustentabilidade é um direito de todos a uma vida mais digna. Assim, independente de nossas preferências políticas e ideológicas, faz-se necessário que sejamos realistas e preocupados, continuamente com àqueles que, sempre estão esperando a vida melhorar, e pelo contrário até piorou; pois bem sabemos que se abriu nesses anos de governo petista houve um fosso de desigualdade social,  e aumentou muito o desemprego. Não sejamos insensatos e fechados a ponto de não fazermos críticas diretas e indiretas, ou mesmo autocrítica, por mais que não arquitetamos ser oposição; mas simplesmente almejamos justiça social de fato e liberdade democrática. Sabemos infelizmente, que, antigos companheiros e baluartes da militância outrora organizada e quase todos companheiros outrora envolvido com a luta das classes trabalhadoras, se deixaram banhar nas águas pútridas das vaidades do poder e das delícias da ditadura do capital, enfim do poder sem pudor.
Sobre isso, Rosa Lexemburgo nos ensina: ”Não estamos perdidos. Pelo Contrário, venceremos se não tivermos desaprendido a aprender”. E em outra passagem da mesma autora temos: “liberdade somente para os partidários do governo, para os membros de um partido, por numerosos que sejam não é liberdade. Liberdade é sempre a liberdade daqueles que pensa de modo diferente.”
Ao analisar a figura de nosso atual grande “cacique” da política acreana, achamos até que não cometeremos risco de anacronismo ao “compará-lo” ao ditador da Rússia Stalin, ou até mesmo Luís XIV: o rei Sol, diante de tamanha sede, gosto pelo poder. Nosso ex-governador fazendo apresentação de um livro diz: “durante todo o período em que  governo do Estado do Acre, estou tendo a grande felicidade de poder celebrar junto com o povo acreano o Centenário da Revolução”. Ou seja, auto declara-se continuador de uma suposta Revolução Acreana. Em outra passagem temos: “Mas do que simples comemoração, todos esses eventos justamente com as obras e progressos desenvolvidos em nosso governo”. Nota que, nos lembra Luís XIV, quando dizia: O Estado sou Eu”. Também vemos aí, o mito de levantar estandartes aos heróis, ou colocando-se sob suas botinas, ou quem sabe viver à sombra deles.
Percebemos aí uma auto-intitulação dos iluminados, os propagadores da nova ordem no Estado.
Elegendo-se em cima de um discurso mentiroso e sob condições subjetivas, por exemplo: A VIDA VAI MELHORAR, o petista ambicioso demonstrou que soube muito bem trabalhar em cima da demagogia. Hoje passados seus dois mandatos e findo do mandado de seu sucessor, com o mesmo estilo, diga-se de passagem; porém não chega ao ponto de fazer o “DIP” acreano, e mandar prender e caçar loucamente algum engraçado que pinchava placas de  obras “faraônicas” e superfaturadas do governo, com o seguintes dizeres: “Só inaugura na eleição! E de fato era verdade.
E passado anos, a vida não melhorou, pelos menos para os que de fora ficaram do governo, tampouco se viu aí o tão sonhado progresso. Porém, se não foi ou está sendo desastroso, é pelo menos cômico para o povo acreano que não tem tempo ruim, hoje eles colocam um vendedor informal de desinfetante, por nome cabide, tirando-o do guarda roupa; acho que para desinfetar um pouco a nossa política.
Há quem grite troca o disco! A promessa principal do governo, da qual conseguiu obter nas urnas, mais da metade dos votos dos eleitores, foi a que geraria 40 mil empregos. Isto já é comprovadamente irreal, pois até agora não conseguiram gerar mais que alguns postos de trabalho temporário, portanto, esta promessa não cumprida constitui-se o calcanhar de Aquiles desse governo, bem como outro tantos desmandos. Pelo contrário, no Acre, a violência cresce, o desemprego, a fome, e tem merecida razão a oposição, agora tão tacanha e sufocada, que nos diz: “Até agora as principais metas do governo estão sendo empurrada com a barriga”.
Enfim, quase nada justifica essa tamanha popularidade de Jorge Viana, bem como de seu irmão Tião Viana, que prefaciando o livro de um historiador acreano conhecido, faz questão de apegar-se também ao mito do discurso fundador enaltecendo o governo Vianista, onde segundo ele, demagogicamente quase afirma que, qualquer outra força política pode nos apartar do caminho da luz, quando diz: “ ainda hoje, muitas são dificuldades que a classe política, comprometidas com um modelo de desenvolvimento sustentável e empenhada em assegurar ao povo cidadania, enfrenta para construir os alicerces de um governo justo e igualitário”. O fato é que o que vimos até aqui, foi e está sendo uma administração medíocre, onde todo governo construtor e aplicador da ideologia/cultura/política da florestania, se enquadraria, sendo-nos complacentes, como o seguinte governo: “O melhor dos piores e pior dos melhores”.
Isto posto, pergunto-me: Como sustentar essa falsa Sustentabilidade da Florestania? Sabemos que “sustentabilidade é o direito que todos deverão ter de organizar, reinvidicar, trabalhar, produzir e apropria-se integralmente de sua produção”. Volto-me novamente a Rosa Luxemburgo: “Com homem preguiçosos, levianos, egoístas, irrefletidos e indiferentes, não se pode realizar o socialismo”.
 Para refletirmos sobre esse tema não poderíamos  deixar de nos apegar a gênese da criação deste partido aqui no Acre. E sem dúvida nenhuma, foi um movimento organizado. O PT acreano pode até ter já ter tido uma história de luta, desde a sua criação com componentes e fundadores trabalhadores, mas nunca um partido destes. Nunca foi também, um partido socialista, mas populista e de massa. Aos trabalhadores sem tradição e expressividade, que se incorporaram aos quadros, alguns foram rechaçados, outros mortos na verdadeira luta, alguns expulsos, e outros ainda saíram do partido por conta própria. Quando em 81 forma-se o PT, com uma formatação de idéias totalitárias. E como quase toda formação de partido surge relacionada à idéia de autoritarismo, ingerência, eis o legado do PT. Contou com a participação de jovens de classes médias, e burgueses; os trabalhadores eram minoria, alguns tornaram bastantes conhecidos no meio político acreano e nacionalmente. O Partido que posteriormente tomaria o poder no Acre, demonstrou logo suas garras, voltando-se verdadeiramente contra os trabalhadores, e amordaçando a imprensa. Como diria George Orwell (Aqui no Acre) existe uma  revolução dos bichos. E o que escrevo é uma fábula contra a sociedade totalitária Petista no Acre.


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